segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2013...

Não sou muito de mensagens de Natal nem de Ano Novo. Se formos a ver, foi, é e será uma época de hipocrisia. Vemos na TV as perguntas típicas: quais são os seus desejos para o novo ano? Saúde e felicidade para todos, são as respostas. No entanto, todos sabem que não vai ser para todos. Cada vez há mais pobreza, mais desemprego, mais isolamento, mais doenças psiquiátricas, portanto saúde e felicidade há-de ser para alguns. 
Lamento que não seja uma mensagem optimista, eu bem tentei, mas também devem estar fartos de ler mensagens optimistas!
Sejam felizes e lutem pela felicidade dos que vos rodeiam.
Criatividade, energia e dinamismo, devem ser as palavras-chave para 2013... é o que vos desejo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Episódios de urgência I


Sr. João o seu problema é muito grave, você tem que cá ficar!
Não fico doutor.
O senhor não tem noção! O seu problema é mesmo muito grave, você pode morrer!
Eu tenho que ir a casa, tratar de uns assuntos, amanha volto.
Amanha volta?! Você pode nem chegar a casa homem! Tem que se tratar com urgência!
Não... eu assino o termo.
Insistiram 3 médicos, insistiram os enfermeiros, até o taxista insistiu:

Sr João, ouça o sr doutor! Você tem que cá ficar!
Não, vamos embora.
Ouça, as suas coisas lá em casa depois resolvem-se! Eu não quero perder um cliente!

Após meia hora de insistência, o Sr João não mudou de ideias e foi para casa.
Mas no dia seguinte lá voltou, tal como prometera.
Pelo menos até ali a história teve um feliz final

Fica aqui uma nota de apreço a todos os taxistas que levam idosos ao Serviço de Urgência e se preocupam com a situação por vezes delicada dos seus clientes, tratando-os muitas vezes, como se fossem seus familiares.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Opiniões VII - O Orçamento de Estado para os enfermeiros


Publico um texto que me foi enviado por email, que achei muito interessante e que considero importante para o conhecimento de todos. 

Por João Alves (postado no Facebook)

Matemática. Detesto, mas não há duvida que é uma ciência exacta. O Orçamento de Estado que foi aprovado para 2013, prevê uma redução de 100% para 50% e de 50% para 25%, das horas que qualidade ( Tardes, Feriados, Noites.. ), para os profissionais de Saúde. 



 Os Médicos já assinaram há dois meses um acordo de revisão salarial, que se traduziu num aumento de salário brutal para fazerem 40 horas, portanto, nao estao muito preocupados. Alias, o seu bastonário que falava dia sim dia nao, ha muito que nada diz, estão bem, portanto.

  Ou seja, mais uma vez, quem vai pagar somos nós os enfermeiros, que nos hospitais somos maiorais, mas só nas canções das praxes, porque na realidade, mais uma vez somos nos que vamos sofrer um corte brutal de salário, somos nós que continuamos a ser licenciados e a receber como bacharéis, somos nós que continuamos com a carreira de pantanas e sem perspectivas de melhoria, antes pelo contrario.

  Caros colegas que fazem tardes, noites e fins de semana, por esses hospitais fora, saibam que para o ano, vão perder entre 150 a 200 euros no vosso salário, saibam que por cada feriado, por exemplo, passado longe da vossa família a cuidar da família dos outros, será recompensado com 12 euros, e isto é o máximo que vão poder receber extra num turno...
Face a este corte brutal nos salários, a nossa querida Ordem dos Enfermeiros, vai aumentar as quotas, vamos passar a pagar 10 euros, como foi aprovado, numa assembleia que mais uma vez, ninguém foi, mas isso agora não interessa nada. Voltemos a matemática. Ora bem, se formos 60mil enfermeiros, como acho que somos, a pagar cada um por mês 10 euros, dá a modica quantia de 600mil euros por mes que entra na Ordem, 7 Milhões por ano. De certeza que a Ordem precisa desses 7 milhões, porque afinal são tantas e tão boas as coisas que fazem pela nossa profissão.

  Para acabar, gostava de te dizer, a ti, Enfermeiro, que de uma vez por todas tomes consciência que o SNS não funciona sem ti, e que se a ti nos juntarmos nós, temos força suficiente para exigir o mínimo de respeito, respeito do Governo, respeito dos sindicatos e o respeito da Ordem, porque se virmos bem as coisas, o Governo existe porque existimos nós enquanto cidadaos, os sindicatos existem porque existimos nós, e a Ordem só existe e sobrevive porque existimos nós, e nunca o contrario. 


 Indigna-te, revolta-te, e exige.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O papel do enfermeiro-chefe nas novas realidades dos sistemas de saúde.


No penúltimo post surgiram alguns comentários sobre a importância (ou falta dela) dos enfermeiros-chefes. Tendo em conta que os comentários foram na sua totalidade negativos e dado a importância do tema, achei que deveria levantar a discussão aqui neste post.
O tema poderia ser: "O papel do enfermeiro-chefe nas novas realidades dos sistema de saúde.", parece o tema de um congresso, mas não é. Será que o enfermeiro-chefe é um inútil, como alguns referem no post referido? Será que é fundamental nas dinâmicas dos serviços?
Na minha opinião, se algum dia decidissem acabar com as chefias em enfermagem, seria um desastre para a enfermagem e para os sistemas de saúde, seria recuar dezenas de anos, não tenho dúvidas disso. Agora, claro que há enfermeiros-chefes que se acomodaram, que falam mais do que o que fazem, com preferidos, manipuladores, etc. Também há enfermeiro-chefes que mantêm essa categoria, mas que efectivamente não o são na prática,  o que eu não concordo de todo. Poderá ser para muito controversa esta minha ideia, mas para mim, quando alguém perde determinado estatuto, por qualquer motivo que seja, não pode continuar a ser remunerado, segundo um estatuto que não desempenha.
No lado oposto, temos enfermeiros-chefes que lutam diariamente pela melhoria nas equipas e nos serviços, que são líderes no verdadeiro sentido da palavra, que impulsionam e intervêm na formação em serviço, que são justos, dinâmicos e defensores das suas equipas e dos seus elementos (quando assim o exige).
Sintetizando, para mim, o papel do enfermeiro-chefe é fundamental nas dinâmicas das equipas, o segredo está em saber adaptar-se às novas realidades, conjugando o crescente totalitarismo das administrações hospitalares, com a autonomia da classe de enfermagem.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Enfermeiros que quiseram ser médicos

Não... não se trata daqueles enfermeiros que foram para enfermagem, porque não conseguiram medicina e que por isso, vivem frustrados, com atitudes de pseudo-médicos. Isso daria um outro post, possivelmente mais extenso e... seco.
Todos conhecemos ou ouvimos falar de alguém que terminou o curso de enfermagem e depois mudou de rumo e inicia o curso de medicina. São enfermeiros que, por um qualquer motivo, quiseram ser médicos. Ao contrário do exemplo referido no primeiro parágrafo, louvo estes enfermeiros ou futuros médicos. Das duas uma, ou viram que enfermagem estava nas ruas da amargura e fugiram a sete pés para um curso mais "rentável" digamos assim, ou seguiram o caminho que sempre idealizaram, mas que por força das "mega-médias de acesso ao ensino superior" não tinha sido possível até então.
Dei então por mim a imaginar uma conversa de café com um destes colegas. Não me perguntem porquê, porque não há motivo. Partíamos do suposto que seríamos amigos e que por isso seria alguém confiável.
Perguntava ao meu amigo(a) médico(a):
 - Imagina o 1º contexto: Estavas numa enfermaria e corrigias o modus operandi de um enfermeiro que efectuava um penso. Ele, orgulhoso, respondia - "Eu é que sou o enfermeiro e sei como fazer pensos". Qual seria a tua resposta/reacção?
 - Imagina o 2º contexto: Estavas numa mesa do Bar do hospital, com colegas do internato complementar de cirurgia e cirurgiões. O cirurgião mais respeitado e por sinal teu avaliador, dizia convicto: "Os enfermeiros são uns inúteis, não percebem nada de cirurgia". Qual seria a tua resposta/reacção?

Qual seria? Seria a de um médico que outrora fora um enfermeiro, ou a de um médico que ocultava o facto de ter sido enfermeiro?
É o que dá imaginar conversas de café.......

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Conversas de elevador.

Então não viste que era o Ti Manel?
Não o reconheci, estava deitado, ainda por cima pálido.
Tá pálido, porque tá aqui no hospital, não apanha sol... que ele ainda trabalhava no campo!
Olha e agora deu-lhe um AVC, já viste? E se veio do piso 8 é porque a coisa não tá boa.
Lá estás tu, não tem nada a ver o piso 8!
Claro que tem, se fosse o 5 ou o 3 seria bem melhor!

Reflexão/conclusão: Agora é que eu percebo por que é que algumas vezes os doentes e familiares insistem para saber o piso para onde vão internados... quanto mais se sobe, mais grave é o caso.
Pelo sim, pelo não, mais vale ocultar...


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A propósito do Helicóptero de Macedo


Esta semana, nos meios de comunicação social, passou a notícia de que iriam retirar o helicoptero do INEM a Macedo de Cavaleiros. Pareceu-me ouvir também que este heli tinha sido como uma prenda pelo fecho do SAP ("Urgência") daquela região e que agora também queriam acabar com ele. Este facto tão descabido levou-me a pesquisar e encontrei de facto a confirmação no DN:

"Nova vaga de encerramentos de SAP (serviços de atendimento permanente) vai surgir este ano, envolvendo 20 serviços do Norte e centro. O primeiro passo será a entrega de 3 helicópteros de emergência até Junho a três municípios."

"É, aliás, graças aos helicópteros de emergência pré-hospitalar que o mapa actual das "urgências" deverá sofrer alterações previsivelmente ainda no primeiro semestre de 2009. Cerca de 20 SAP, centrados nas regiões Norte e Centro, poderão estar em condições de fechar à noite ao longo deste ano, graças ao contributo de três novos helicópteros, admitiu ao DN fonte do Ministério da Saúde."

"Os helicópteros, que visam garantir que nenhum doente em necessidade fique a mais de uma hora de um serviço de urgência, "devem potenciar soluções de transporte não apenas para aqueles três concelhos, em particular, mas para uma vasta área envolvente", explicou a mesma fonte. É por essa razão que o ministério espera que aquele simples reforço de meios de transporte possa ter um impacto significativo, permitindo o encerramento de muitos mais SAP"


Alguém por favor me explica o que é que um helicóptero tem a ver com um SAP? 
Será que eu é que estou a ser o ignorante? Ou serão aqueles senhores e senhoras lá do Ministério da saúde?? 
Como é que um Heli pode compensar o fecho de um SAP?? O primeiro não é para tratar situações emergentes de vítimas em risco de vida, em situações graves de trauma e doença súbita e o segundo não é para assegurar cuidados de saúde básicos a uma comunidade, inserido nas premissas vigiar, prevenir, tratar e bla bla?? 
Por favor, alguém me esclareça, porque começo a ficar com dúvidas se não estarei a enburrecer.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Manifestação Deficientes indignados. Apoia e divulga!



Amigos, mais uma vez vamos para a rua para lutar pelos nossos
direitos. Desta vez iremos fazer uma vigília em frente à Assembleia da
República, no próximo dia 2 de Outubro e e só sairemos de lá quando
tivermos respostas às nossas reivindicações.

Não podemos ficar indiferentes e permitir que casos como este da nossa
amiga continuem a existir

Se não puderem estar presentes divulguem por favor.




POR UMA VIDA DIGNA

Viver não é só respirar.

Também é poder trabalhar, sair com os amigos, estudar, namorar, ir às
compras onde nos apetecer, poder sair de casa sem necessitar de ajuda.

Mas tudo isto, e muito mais, é-nos negado unicamente por termos uma deficiência.

Ao cortar 30% no orçamento para atribuição de produtos de apoio, o
governo tomou uma decisão que, objectivamente, contribui para o
agravamento das condições de vida e de saúde da população com
deficiência. Produtos de apoio são cadeiras de rodas, sondas,
próteses, etc., sem os quais é impossível vivermos.

Todos os anos há centenas de pessoas com deficiência a quem são
negados os produtos de que necessitam para compensar as suas
incapacidades. Muitos são aqueles que nem sequer se candidatam porque
são logo avisados pelos serviços públicos de que não existe verba.

Isto tem de acabar.

A lei é clara. “Atribuição de forma gratuita e universal de produtos
de apoio”, é o que está escrito! Será muito difícil o governo perceber
o que quer dizer “gratuito” e “universal”?

REFORÇO IMEDIATO DO ORÇAMENTO PARA ATRIBUIÇÃO DE PRODUTOS DE APOIO.

A gravidade desta situação é ainda maior dados os baixos níveis de
rendimentos disponíveis (63,2% dos agregados familiares que integram
pessoas com deficiência têm menos de 800 € de rendimento mensal, 27,6%
não ultrapassam os 403€) e os custos acrescidos que as pessoas com
deficiência têm de suportar para viver (estes custos, dependendo do
tipo de deficiência, variam entre 4.103€ e 25.307€ anuais) que não são
nem de perto nem de longe compensados.

Para fazer face a esta situação são urgentes, entre outras medidas: o
aumento das prestações sociais, como as pensões de invalidez, apoio de
3ª pessoa, subsídio de dependência, etc.; promoção de condições de
vida independente e escolha de projecto de vida; apoio ao emprego e o
cumprimento das quotas estabelecidas na lei; reposição dos benefícios
fiscais que foram eliminados pelo governo de José Sócrates.

AUMENTO DAS PRESTAÇÕES SOCIAIS E REPOSIÇÃO DOS BENEFÍCIOS FISCAIS.

É por tudo isto que nos vamos bater. Costumam chamar-nos cidadãos
invisíveis. Pois agora vão ter-nos bem visíveis a lutar pelos nossos
direitos.

DIREITOS HUMANOS NÃO SÃO REGALIAS

Eduardo Jorge

domingo, 23 de setembro de 2012

Tv Enfermagem - uma nova parceria


Tive a honra de receber um convite da Tv Enfermagem para uma parceria.
Vamos ver como corre... espero não desiludir... e espero a vossa ajuda!! 
Vá, aproveitem e façam sugestões de reportagens, contribuam para o crescimento deste nosso Canal. 
Quem ganha somos nós!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Afinal ajudámos o João a decidir!

Depois de no último post mostrar-me amargo e revoltado com a estupidez de algumas pessoas, regresso para mostrar o lado inverso. Também existem pessoas que sabem o que é a gratidão, que sabem o que é ajudar o próximo.
Há meses recebi um email de um jovem que me pedia para escrever sobre enfermagem e se esta seria uma boa escolha para curso superior, atendendo ao momento decisivo das suas opções para o futuro. Procurei de imediato elucidá-lo sobre os prós e os contras e pedi inclusivamente a ajuda de todos os nossos leitores.
Passadas umas semanas, recebo este email:

"Boas Guilherme! Lembra-se de mim? falámos à uns meses quando lhe pedi informações acerca de enfermagem, na altura estava com dúvidas se a deveria seguir academicamente.
Pois bem, depois do tempo que dispensou para me ajudar, elaborando um resposta exaustiva e com bastantes informações que foram realmente úteis, achei que no mínimo era seu direito dizer-lhe a área em que entrei. Acabei por seguir Cardiopneumologia, contudo quero que saiba que a sua ajuda foi preciosa, pois apesar de não ter seguido enfermagem, fiquei sensibilizado com os problemas pela qual passa, desrespeito, falta de dignidade e valor que não lhe é reconhecida.
Admito que isto teve influência na decisão, apesar de cardiop. não estar a atravessar melhores dias... mas afinal o que está neste país? só mesmo futebolistas...
Mais uma vez, com a sua ajuda consegui tirar duvidas a colegas, fiquei a conhecer melhor a profissão em si mesma e acredite que apartir de agora a enfermagem passa a ter mais alguém a apoiar as suas causas.
Resta-me desejar-lhe as maiores felicidades e sorte com a sua profissão.
Um abraço :)"


A resposta: "é com orgulho que leio o teu mail. Fico feliz em ter sido útil. Desejo-te as maiores felicidades e na minha opiniao fizeste uma boa escolha.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O maior insulto alguma vez visto à enfermagem

Fonte: Cogitare em saúde

Peço-vos para lerem este "Requesito" do IEFP (Instituto do emprego e Formação profissional do Ministério da economia e emprego).
Todos os enfermeiros com orgulho pela sua profissão e todos os cidadãos que defendem a qualidade dos técnicos superiores de saúde devem lê-lo.

Que reflexões perante este insulto?

A vida tem-me ensinado muito nos últimos tempos. Cada vez encontro mais ignorantes e imbecis. Como é possível que um funcionário do Ministério da economia e emprego, publique algo tão insultuoso. 
A enfermagem, ao longo dos tempos tem lidado (mal ou bem), com vários tipos de ofensas. Não se trata de vitimização, é mesmo assim e quem está na saúde, sabe que sim. Ao longo dos tempos fui assistindo a diferentes tipos de ofensas, mas acho que este atingiu o pico das ofensas, "um enfermeiro para limpar a casa e tratar do jardim"?! Por favor, mas o que é isto??? Não consigo ficar indiferente perante isto, leio e releio e percorre-me um aura pelo corpo, que talvez seja melhor não descrever o que me apeteceria fazer com ela, caso tivesse frente a frente com este(a) imbecil.

Vou tentar a via mais diplomática, vou criar uma Petição e quem se sentir indignado como eu, que assine, uma "Petição pelo pedido de desculpas do IEFP aos enfermeiros Portugueses"

em breve a divulgarei
Cumprimentos a todos


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Enfermeiros a CIT vencem a "Batalha dos suplementos"

Chegou ao fim a discriminação e exploração dos enfermeiros a CIT. 
Como todos sabem, desde (aprox.) 2005, a administração da ULSAM decidiu pelo corte dos suplementos aos enfermeiros a CIT, criando um clima de completa injustiça e desigualdade na classe.
Após vários anos de luta e quando a maioria desistia, já nem sequer imaginando a reposição da verdade, eis que surge a boa nova. Os enfermairos a CIT vão receber os suplementos da mesma forma que os seus colegas dos antigos quadros da FP, com os respectivos retroactivos desde o início do ano corrente. (Vejam aqui a notícia)
Por esclarecer estão os retroactivos desde o período em que se verificou o corte... 2005.

Vale sempre a pena acreditar, vale sempre a pena lutar.

NOTA: para quem desconhece, suplementos referem-se às horas de turno noturno, fins-de-semana, feriados, períodos em que os profissionais de saúde estão ao serviço do cidadão.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Momento decisivo para Enf a CIT na ULSAM


Dia 3 de Setembro, representantes sindicais dos enfermeiros com Contrato Individual de Trabalho, vão reunir com o Conselho de Administração da ULSAM. O resultado que se espera é o pagamento dos suplementos de acordo com a lei referida na imagem, com os respectivos retroactivos. Caso contrário, está já convocada uma greve para os dias 5, 6 e 7 de Setembro.

Esperemos que se chegue a um entendimento, pois trata-se de (mais uma) luta pela justiça e igualdade de direitos...

Boa sorte a todos!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Todos os anos a mesma história... época de férias, época de exploração.

Por um anónimo.

O maior "roubo" do hospital de Viana e Ponte de Lima prende-se com o que está a acontecer no departamento de medicina. Existem profissionais a aguardar renovação do contrato há mais de dois meses e os serviços sem capacidade para satisfazer as necessidades de cuidados necessários para os doentes que continuam a ser internados. Todos os responsáveis têm conhecimento mas até agora nada fizeram. Não estou a falar dos responsáveis mais próximos das equipas,na sua maior parte têm-se desdobrado para conseguirem as soluções possíveis ajudando as equipas e permanecendo junto das mesmas. Existem muitas outras pessoas a quem cabe a tomada de decisão, mas nem sequer aparecem para explicar o que está a acontecer, depois de tanta asneira junta.....essas pessoas ainda lá continuam e nunca são responsabilizadas por nada...e a culpa continua sempre a ser dos outros. Existem horários com débitos de mais de 1000 horas de cuidados e com trabalho extra programado que se depararam em plena época de férias com a espera da renovação dos contratos.....e a solução está sempre a ser imputada aos mesmos, àquelas equipas que dão o seu melhor para cuidar dos doentes que continuam a ser internados. É uma VERGONHA o que está a contecer, nunca se verificou um tão grande desrespeito pela cultura organizacional como agora. Desrespeito pelos profissionais e pelos doentes...e não estou a falar do contexto do nosso país...a culpa não é da crise.....a culpa nesta situação tem rosto e nome.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Roubos nos hospitais


Como se combate o roubo nos hospitais por parte dos seus funcionários?

Desaparecem as coisas mais incríveis no nosso hospital: desde computadores, armários, mesas a caixas de iogurtes, medicamentos e fraldas.
A instituição, a meu ver, pouca responsabilidade tem... só se tivesse verbas para colocar video-vigilância em todo o lado, porque as coisas desaparecem dos sítios mais inóspitos.
Os ladrões variam pelas diferentes classes profissionais, todos sabem quem são, mas tudo continua igual.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cartaz polémico às portas da cidade


É duro dizê-lo, é duro lê-lo, mas é a realidade... então com o símbolo das Festas d´Agonia, como pano de fundo, ainda mais duro é.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Motivos da estagnação da Enfermagem no séc. XXI

Não se assustem com o título, não se trata de nenhuma tese de Mestrado, mas até bem que poderia ser.

Como todos sabem, enfermagem atravessa uma crise sem precedentes, não é novidade para ninguém.
Quem são os responsáveis?
Governo, Ordem e Sindicatos, não necessariamente por esta ordem, contudo os principais responsáveis somos nós, enfermeiros.
Fomos nós que há anos atrás perdemos a oportunidade de ficar a ser remunerados como licenciados, pois haviam muitos pruridos em recém-licenciados passarem a ganhar mais que profissionais com carreira, seria melhor esperar que todos os bacharéis acabassem o trágico Ano Complementar... como diria um bom amigo, BOOOOAAA!
Fomos nós que pouco unidos e visíveis estivemos no momento das negociações da carreira e depois é a carreira que se vê, ou nem se vê.
Fomos nós que sempre fomos muito macios em época de manifestações e greves.
Somos nós que sempre estivemos dispostos a alimentar guerrinhas inúteis entre sindicatos e a descredibilizar sem fundamento, as suas actividades. Leio comentários pelos Blogs e ouço frequentemente acusações que me tiram do sério, "Ai, o meu Sindicato é o maior, o outro não vale nada.", "Estes gajos do sindicato são uma cambada de incompetentes, não fazem nada.", "Ai não sou sindicalizado, porque não vale a pena, nunca conseguem nada"

Parem mas é de reclamar e façam alguma coisa pela vossa classe profissional!


terça-feira, 7 de agosto de 2012

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

As diferenças entre professores e enfermeiros


Na semana passada via na TV uma professora do quadro, com a sua situação profissional segura e assegurada, a lutar numa manifestação, pelos seus colegas que passam por um momento de injustiça devido ao horário zero. Pensei... nunca vi disto em enfermagem, UNIÃO.

Quem não se lembra também da mega-manifestação de professores, que causou tumulto na opinião pública e muito amargo de boca ao governo? Pensei... nunca vi disto em enfermagem, FORÇA.

Quem não conhece aquele senhor de bigodinho da FENPROF, que tantas vezes aparece a falar na comunicação social? Já repararam que os professores falam a uma só voz, com uma única e poderosa plataforma sindical (FENPROF)? Penso... nunca vi disto em enfermagem, COORDENAÇÃO

PENSEM NISSO TAMBÉM

 Robin dos Hospitais, um enfermeiro contratado

domingo, 22 de julho de 2012

Bastonário é uma figura de estilo

Para que serve um Bastonário?
Qual o seu poder?
Que influência exerce nas decisões do estado?

Depois de recentemente ter constatado que, após o apelo do Bastonário para que se reduzisse em 10% as vagas para o acesso à licenciatura em enfermagem, tudo continua na mesma, ou seja, não se registou nenhuma redução de vagas, só posso concluir que o Bastonário é uma figura talvez de estilo, onde a influência que ele exerce nas decisões do estado é ZERO.

Portanto, o número de enfermeiros desempregados continuará a aumentar, a emigração continuará a aumentar e as escolas públicas e privadas continuarão a encher os bolsos. Estamos a investir em formação para depois exportá-la... Parabéns Portugal! Os outros países agradecem.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Sindicato dos enfermeiros (SE) envergonha a classe de enfermagem


Leiam com atenção este post publicado no Cogitare em saúde.

Já leram? Leiam tudo e com atenção, é que seria importante todos os enfermeiros saberem quem é que nós temos a representar sindicatos de enfermagem.

Como é que há pessoas tão baixas e malvadas?!

Para mim em nada me interessam as cores dos sindicatos e muito menos todas estas "guerrinhas sindicais" que muitos alimentam e que são um dos principais motivos para enfermagem estar como está hoje. 
Estou profundamente incrédulo e estupefacto em constatar que um dos sindicatos que representa a minha classe profissional, desceu tão baixo, é inimaginável o quão baixo desceu. Podia ter sido qualquer um, que a minha opinião manter-se-ia, mas não, foi o Sindicato dos Enfermeiros (SE) que envergonhou duramente a classe, numa atitude reles, de enxovalho público a uma enfermeira, no site oficial do seu sindicato. 
A Sr. Enf Paula Maia que se demita, o SE se ainda quer sair disto com alguma dignidade, que emita um pedido de desculpas público, tenham vergonha na cara, é mau demais para ser verdade. 
Já li este triste episódio várias vezes e ainda estou para acreditar em como é que é possível terem feito o que fizeram.
Depois aparecem alguns frustrados nos comentários do post, a criticar a questão da colega, a pôr em causa a sua carreira, a defender o SE e como se não bastasse, a atacar o SEP que não é chamado para esta matéria. É por estas e por outras que Enfermagem está como está, só nos atacámos uns aos outros, só nos rebaixamos.
Por muito desconexa que possa ser a sua questão, nunca, mas nunca deverá ser tornada pública. E pior que isso é a resposta provocatória e irónica que lhe dão. Já pensaram que cada serviço de saúde tem as suas normas, procedimentos, que por muito mal que tenham sido formulados, estarão enraizados há anos?? 
Haja o mínimo de respeito... 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Problemas psiquiátricos aumentam nos enfermeiros


Tenho reparado num fenómeno muito preocupante para a enfermagem e por inerência, para a população em geral. Nos últimos anos aumentaram significativamente os "casos psiquiátricos" nos enfermeiros. Não é preciso muitas investigações e estatísticas para chegar a esta conclusão, está aos nossos olhos.
Vemos enfermeiros em estados de depressão, cabisbaixos e deprimidos, outros em estados de "negação crónica", onde tudo está sempre mal, onde um simples diálogo com quem quer que seja, será uma discussão, um conflito, outros em estados de loucura... loucura mesmo (*); vemos baixas prolongadas e recorrentes e eu questiono-me, quando é que chegará a minha vez?? Sim!... Não tenham dúvidas que há uma grande probabilidade de chegar a nossa vez, não tenham dúvidas que com o aumento dos anos de serviço, aumentam as probabilidades de enlouquecer-mos. Até aqueles que nós vemos como exemplo da pureza e integridade mental não escapam.
Temos uma profissão de desgaste rápido, de risco e absentismo elevados e todas estas más notícias para a profissão (desde há uns anos a esta parte), não ajudam em nada para a harmonia, paz de espírito, qualidade de trabalho, satisfação e motivação profissional que tanto se deseja e necessita, em enfermagem... e não só.
Fico preocupado porque penso demasiadas vezes que a minha sanidade mental enquanto profissional de saúde, não vai ser eterna. Fico preocupado porque custa-me ver estes enfermeiros doentes a "cuidarem" de outros doentes.

Vocês já pensaram por que é que rapidamente esgotam os stocks de comprimidos de diazepan no Serviço de Urgência??? Ok, o povo também anda a enlouquecer e muitos são prescritos, mas muitos outros vão para consumo da casa, para consumo próprio de enfermeiros e médicos. 
Posto isto, deixo-vos uma questão, 
Como anda a vossa sanidade mental? 


(*) loucura mesmo é quando não se bate mesmo nada bem da cabeça, com aqueles comportamentos a razar o  obsessivo-compulsivos e/ou paranóico, para ser mais científico.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Enfermagem bateu no fundo.


Agora penso que muitos de vós, entenderá o porquê do título e sub-título deste Blog. 
Não deve haver um enfermeiro que não sinta vergonha por tudo isto que se está a passar. Se já antes, as notícias de enfermeiros a trabalhar de graça e a tostões, nos deixavam estupefactos e revoltados, imagino agora, COM ENFERMEIROS NO SNS A RECEBER 4 EUR/HORA.
É uma vergonha para o país, é uma vergonha para a Ordem, é uma vergonha para os sindicatos, é uma vergonha para nós, enfermeiros. 
Isto bateu mesmo no fundo... custa-me fazer este tipo de comparações, mas profissionais de saúde licenciados a receber menos que uma empregada doméstica?!
Isto já não vai lá com petições, manifestações ou "grevinhas"! 
Colegas, acordem! É um insulto grave à classe, isto é greve a 100% por tempo indeterminado, para estourar! Este é o momento para enfermagem, de uma vez por todas, se unir e dizer BASTA! É agora, ou então esqueçam um futuro melhor. Por este caminho, para os que já têm anos de carreira, o futuro será pior. 
Lutem pelos que estão a chegar, lutem por vós!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Enfermagem intercontinental II


Olá enfermeiro Guilherme, nesta tarde de quinta-feira, me vi em reflexão sobre meu papel quanto enfermeiro e inevitavelmente lembrei-me do nosso contato anterior. Em saudosismos fui ao teu blog e li o primeiro post presente: "ALERTO PARA O CONTEÚDO DA MENSAGEM DO BASTONÁRIO A PROPÓSITO DO 10 DE JUNHO". Triste esta situação putefra ao qual a enfermagem está. Me entristece saber que esta é uma dura realidade não apenas nas Terras Lusitanas, mas também nas latino-americanas. Sou graduado há mais de ano e até o momento não consegui um emprego, ou pior um subemprego. Vivo de aulas esporádicas para enfermeiros em cursos de atualização e preparatórios para concursos e processos seletivos. O Brasil não está a passar a mesma crise financeira que se alastra pela Europa, mas estamos em forte crise de desemprego, principalmente para a saúde.
As vezes me sinto envergonhado por dizer que sou enfermeiro, afinal nada consegui e tão pouco conseguirei por um bom tempo. Tenho a cada dia tentado acreditar e ter esperanças que na luta sindical, na luta trabalhista e formação de profissionais críticos esta dura realidade irá mudar, mas as esperanças estão por fim. O Estado Brasileiro humilha seus professores, devasta suas universidades, escolas e colégios.
A nossa educação acadêmica já passou por momentos gloriosos, nossos serviços de saúde, sejam eles públicos ou particulares também. Enxergamos emergências lotadas, falta de verbas, materiais, altos índices de mortalidade materna, mortalidade infantil e não por falta de recursos, mas pela má administração e corrupção dos nossos governantes.
A promiscuidade política está a destruir um país, uma nação...
Queria saber de ti amigo de longas léguas além mar, ainda tens esperança na enfermagem? Acredita que um dia teremos um lugar ao sol?

Abraços fraternos,

Enf. Thiago Fiel

Olá Thiago, é com emoção que leio as tuas palavras. Partilho e tua tristeza e revolta e lamento do fundo do coração. 
É tal e qual como dizes, a responsabilidade é dos nossos governantes incompetentes. Cá em Portugal vivemos uma crise na enfermagem (e geral) muito por culpa do excesso de vagas para estudantes de enfermagem, para as escolas encherem os bolsos e só agora, passados 10 anos, é que se lembraram que talvez fosse melhor diminuir em 10% as vagas para admissão para estudantes de enfermagem... enfim.
Não tens que te sentir envergonhado, porque tens uma profissão das mais dignas que existe, uma profissão de excelência, pena é toda essa situação que vives, mas como se diz por ai, vamos torcer para que as coisas dêem uma volta! E vamos ter esperança que sim, caso contrário vens para Europa e cá encontras trabalho (mas não em Portugal :( ).
Esperança na enfermagem??! É uma boa questão... um lugar ao sol, nem num futuro muito longínquo imagino, nem para os enfermeiros, nem para muitas outras classes, talvez só para os gestores e administradores... mas acredito que vamos melhorar, porque piorar mais que isto, acho que é difícil, pois neste momento parece que estamos no fundo, mas como diriam muitos pessimistas, "isto ainda não é nada e ainda vai piorar..." a ver vamos.

Um grande abraço e que tudo corra pelo melhor!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

ALERTO PARA O CONTEÚDO DA MENSAGEM DO BASTONÁRIO A PROPÓSITO DO 10 DE JUNHO

Por: Ana

"Está tudo doido?

Na mensagem do Bastonário para os enfermeiros da Diáspora (http://www.ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Paginas/MensagemBastEnfermeirosDiaspora10junho2012.aspx) a propósito do dia 10 de junho de 2012 e falando da necessidade de empreendedorismo face ao problema do desemprego na Enfermagem apontando o exemplo da Enf.ª Isabel Santos Melo cita o Enf. Germano Couto mais um "curioso" exemplo:

"Têm surgido exemplos desses também em Portugal. Um deles em Miranda do Douro de duas jovens enfermeiras que resolveram transformar uma situação de desemprego numa oportunidade, trabalhando voluntariamente a troco de casa e alimentação. Não julgo que essa seja uma situação que se deva prolongar indefinidamente, mas reconheço o espírito de abnegação e empreendedorismo destas profissionais e que gostaria de destacar. Tenho esperança que esta situação precária venha a dar lugar a uma situação condigna."

Mas está tudo doido? Um exemplo de mendicidade em que 2 jovens Enfermeiras trabalham a troco de comida e roupa lavada é apontado como um exemplo de empreendedorismo???
Eu chamo a isto uma situação de desespero e nunca empreendedorismo. Quererá por ventura o Enf. Germano Couto mais exemplos destes???

É assim que se luta pela dignificação da Classe?

É reconhecendo como "normal" a mendicidade na Enfermagem e até "maquilhando" a mesma adjectivando-a pomposamente com palavras como "abnegação" e "empreendedorismo" que conseguiremos um reconhecimento e justa remuneração do nosso trabalho?

Vários têm sido os Colegas que se insurgem contra esta situação. E agora vemos o nosso Bastonário elogiar esta situação? Já ficaria descontente com a inexistência do repudiar desta situação mas vejo-me agora chocada com o ELOGIO que o Enf. Germano faz.

Passamos a ter uma situação de mendicidade (pois é disso mesmo que se trata) com o carimbo de aprovação, pasme-se, da Ordem dos Enfermeiros."

sábado, 9 de junho de 2012

Sabe o que é o olecrâneo?


História real...
Entra na Triagem, um miúdo de 9 anos com pinta de intelectual, acompanhado pela mãe.
A mãe explica,
Caiu a brincar, tem uma ferida no cotovelo, nao consegue esticar o braço.
E ele completa,
Devo ter fracturado o olecrâneo

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A todos os enfermeiros: Vamos ajudar o João a decidir o seu futuro.


Recebi este email, o qual me orgulho de publicar,

"Muito bom dia! Sorriso rasgado Peço desde já desculpa por não me identificar, mas peço que me compreenda, pois não fico muito à vontade em lhe dar a minha identidade, sem ofensa alguma. Obti o seu mail apartir do blog porquedeixeideserenfermeiro.blogspot.pt (admiro muito os seus post's). Sou estudante do 12ºano, no distrito de Setúbal e como tal este é ano da minha candidatura ao ensino superior.
Eu tenho interesse em seguir Enfermagem, contudo as informações que encontrei na internet não me desfazem por completo as dúvidas acerca do curso e da profissão e a maior parte da informação são páginas brasileiras. Gostaria de saber qual o seu lado positivo da enfermagem, o bom da profissão que o fez levar a segui-la. Gostava também de esclarecer um dúvida que me intriga bastante: o quão é preciso ser psicologicamente forte para poder seguir esta área, isto é, sei que na profissão fazem tratamentos com pacientes que podem ferir a sensibilidade e aos quais eu tenho dúvidas se seria capaz de os realizar tais como traqueostomias ou sondas vesicais. Aos enfºs estes processos também lhes "fazem impressão" contudo têm a capacidade de se abstrair do sofrimento do paciente e meter as impressões de lado ou simplesmente têm uma mente forte e aguentam tudoMais uma única pergunta, como é o dia-a-dia do enfermeiro? As rotinas, o convívio com os colegas, etc etc.. Seria muito importante para mim que me pudesse responder, se assim entender, pois eu não tenho alguém próximo que exerça a profissão e que me pudesse explicar todas estas dúvidas.

Muito obrigado! Sorriso


A MINHA RESPOSTA:
Olá! Antes de mais trata-me por tu! Vou tratar-te por João, para ser mais fácil a comunicação, não leves a mal! Não sei se és M ou F, mas caso sejas F, penso que as F's não se incomodam tanto como os M´s na eventual troca de sexos. 
É de facto gratificante receber este pedido de ajuda de um jovem que está numa fase muito importante da sua vida e por isso, faço desde já o apelo a todos os enfermeiros que se interessam pelo futuro dos nossos jovens, a responder a estas simples questões que o João coloca.
João, fiz um "apanhado" de posts desde o início deste Blog, que te poderão interessar e levar a perceber as vantagens e desvantagens em optar por seguir a carreira de enfermagem. Muito provavelmente, caso leias, vais levantar muitas reticências e pontos de exclamação/interrogação em relação à enfermagem, isto porque muitos dos posts são de crítica, lamentações, desabafos, ou seja, aspectos negativos, mas deixa que te diga que a enfermagem também tem alguns aspectos positivos... (curioso que primeiro escrevi "muitos", mas rapidamente corrigi para "alguns") que também são mencionados neste Blog.
Vou então, por ordem cronológica, referir os posts e depois é só consultares na barra lateral direita "Arquivo". Ao clicares vais ter acesso aos comentários dos leitores, o que também é importante, pois não te deves "fiar" só na minha opinião ;)


Enfermagem Multi-usos (OUT/2008)
(Dis)Stress em enfermagem (NOV/2008)
Natal dos hospitais II (DEZ/2008)
Os artistas dos hospitais (DEZ/2008)
Quem cuida quem (Abril/2009)
Desabafo de 1 enfermeiro (Abril/2009)
Um dia na vida de 1 enfermeiro da admissão (4 episódios) (JUN/2009)
Enfermeiros atirados aos leões (AGO/2009)
Opiniões II - A crise na Enfermagem (OUT/2009)
Nervos à flor da pele (NOV/2009)
Ganhem juízo (NOV/2009)
Opiniões III - Evidências e lamentações (DEZ/2009)
Enfermagem, classe profissional ostracizada in Jornal O Público (JAN/2010)
Os desabafos de um enfermeiro açoriano (JUN/2010)
Opiniões VI - A mãe enfermagem (JUN/2010)
A erosão nos hospitais (JUL/2010)
A década da decadência VOL I, II e III (OUT/2010)
Reconhecimento (JAN/2011)
O elogio de Miguel Portas aos enfermeiros (MAI/2011)
Finalistas mal preparados (MAI/2011)
Os enfermeiros são os que mais levam nos dentes (JAN/2012)


Estes posts provavelmente vão responder-te directamente a algumas dúvidas tuas, no entanto haverá outros que abordam questões relacionadas com a enfermagem de uma forma mais periférica. 
Agora respondendo directamente às tuas questões: Fui para enfermagem com algum receio, pois como qualquer jovem da tua idade, não tinha noção do que é ser enfermeiro. Houveram pessoas que me aconselharam e que me disseram que a enfermagem era uma profissão bonita e que tirando o curso, depois poderia optar por vários caminhos dentro dessa área. Este facto não deixa de ser verdade, enfermagem é uma profissão muito digna e pode ser muito interessante e há vários caminhos a seguir. Caso tires o curso, depois podes optar por uma especialização (p.e. saúde materna, pediatria, reabilitação, psiquiatria, etc, etc), no entanto o problema é que a carreira de enfermagem em termos "legais", sofreu duros golpes e hoje em dia, não se abrem vagas para estes enfermeiros especialistas (apesar de haver trabalho a fazer), nem são reconhecidos, nem recompensados monetariamente como tal. Ou seja, muitas vezes são aproveitados as habilitações destes enfermeiros pelas instituições, mas o enfermeiro não vê o retorno do seu investimento, porque não é pago como especialista.
Quem possui aquela vertente humana, que é o gosto de ajudar alguém, proporcionar o bem-estar e aliviar o sofrimento, a dor, então enfermagem será uma boa opção. Esse é o lado positivo da enfermagem, incluindo aqui, o proporcionar uma morte digna à pessoa. A morte não pode ser encarada como o lado negativo. O enfermeiro deve construir a capacidade de saber lidar com a morte, ajudando a tornar este processo menos doloroso para a pessoa e seus familiares. Temos que ter presente que a morte é um processo natural, nascemos, vivemos e morremos, tão simples como isso. A morte inesperada e em idades improváveis é bem mais difícil de enfrentar, no entanto, de um modo geral, os elementos das equipas apoiam-se uns aos outros. Enfermagem também é muito isso... o espírito de equipa, caracterizado pela partilha, confidência, camaradagem. Claro que também há chatices, como em todo o lado.
O lado positivo da enfermagem também é a sua diversidade de áreas. Podes trabalhar em diferentes contextos e em poucos o trabalho é rotineiro, repetitivo e monótono. Quanto mais souberes, quantos mais conhecimentos tiveres, mais diversificado é o teu trabalho, mais partido disso tira o doente.
Quanto à questão que colocas do "psicologicamente forte", penso que as pessoas mais sensíveis ao sofrimento do outro devido a intervenções invasivas, conseguirão ser enfermeiros, sem dúvida alguma. Lembro que no meu primeiro dia de estágio tive que sair da enfermaria após ver um doente com uma ulcera de pressão (aquelas "lesões" que aparecem a doentes acamados por tempo prolongado), com o passar do tempo, fui-me habituando, passou a ser normal. O importante é perceber que com um bom plano, as coisas vão melhorar e que com prevenção, não voltarão a surgir. Plano e prevenção são duas palavras-chave em enfermagem.
Nenhum enfermeiro aguenta tudo. Às vezes pode parecer que aguentam, mas temos que ter a noção que é necessário descomprimir para o nosso bem-estar físico e mental. Pode haver alguns que se abstraem ao sofrimento dos outros, ao ponto de nada fazerem para o aliviar. Esses serão os maus profissionais. Mas há aqueles que têm a capacidade de se abstrair, mas saber agir, aí é que está o segredo. Nunca deverás levar o sofrimento dos outros para casa. Sofrimento faz parte da vida humana e há sofrimento no mundo muito mais intenso do que aquele que hás-de ver enquanto enfermeiro, num hospital português/europeu.
Quanto ao dia-a-dia do enfermeiro e o convívio, depende do caminho que segues. Imagina que vais para um Centro de saúde, terás um horário mais fixo e regular, muito provavelmente trabalhando de 2f a 6f, eventualmente alguns sábados, com umas folgas pelo meio da semana e isto sempre trabalho diurno. Se fores para um hospital, eventualmente vais trabalhar por turnos, podes ter que trabalhar num domingo ou feriado, durante a noite, no Natal , Páscoa, passagem de ano (mas nem sempre claro, roda por todos). A nível de carga semanal, até não nos podemos queixar, está definido por lei que o horário de trabalho para um enfermeiro são de 35h semanais. Há profissões onde trabalham muitas mais horas. O convívio depende do espírito das equipas. Há boas relações entre enfermeiros e entre enfermeiros e médicos, mas também há maus ambientes, como em todo o lado. Depende muito das chefias, das condições de trabalho que são criadas e do volume de trabalho. Quantas mais condições de trabalho tiveres, quanta mais segurança em trabalho, volume de trabalho adequado, sem ser excessivamente elevado, melhor é o ambiente e relação profissional.
O teu trabalho depende sempre do bom funcionamento de outras categorias profissionais. Quando os profissionais são poucos, o caldo pode-se entornar.
João, espero que tenha sido esclarecedor. Alguma questão cá estarei!
Boa sorte, abraço!
G.

sábado, 12 de maio de 2012

Publicidade ao enfermeiro



Antes de mais, neste dia especial para a enfermagem, o meu abraço a todos os enfermeiros que se preocupam pelo bem-estar do doente e por melhorar no exercício das suas funções. Deixo-vos com um comentário de uma colega acerca do anúncio lançado pela OE.

(...) Mesmo assim espero que publique o meu "grito de alma": A pensar no Dia Internacional do Enfermeiro, a OE criou (ou ao que parece copiou dos Colegas Brasileiros) um spot publicitário (de gosto duvidoso - algo que poderá ser constatado pelos comentários que tecerei em seguida sobre o mesmo) de 30 segundos que passará 68 vezes em 4 canais diferentes de TV ( 2 em sinal aberto e 2 em cabo ) e que há de passar inúmeras vezes em 189 Salas de Cinema. 
Perante tantos números que nos são dados a conhecer no site da OE, só quero saber mais um número: quanto custa esta brincadeira? Como é que num País em Crise como o nosso, em que há gente a passar fome, doentes que não têm dinheiro para os medicamentos e para taxas moderadoras, com tantos Enfermeiros desempregados e outros tantos a verem-se forçados a emigrar como é que se cai neste ridículo? 
O que hão de dizer as pessoas quando ouvirem os Enfermeiros a reclamar por melhores salários, melhores condições de trabalho, a afirmar que há muitos Enfermeiros no desemprego e outros que emigram? Que legitimidade há para reclamar quando um Spot de 30 segundos (que já de si não deve ser barato- equipas criativas, equipas de filmagem, actores) e todos os tempos de antena e espaços publicitários em salas de cinema? Um Spot que terá custado largas dezenas de milhares de Euros para dizer o quê? Que os Enfermeiros querem um abraço ou que estão cá para dar um abraço? Se o País não estivesse na Crise em que está e a situação dos Enfermeiros Portugueses fosse outra seria a primeira a apoiar, mas assim? Quando tudo aperta o cinto passamos a ideia que não podia estar mais errada de que os Enfermeiros estão tão bem que até podem dar-se ao luxo de gastar largas dezenas de milhares de Euros em marketing e publicidade. Isto fora todo o que demais se fará. Meu Deus! Será que a Direcção da OE perdeu o juízo? Será que não há bom-senso? Não viram que durante 6 anos o Sócrates e tantos outros políticos antes deste viveram da fumaça do marketing mas que obra concreta nada? Que de concreto só mesmo o que custou todo o circo! E que fomos nós fazer? Embarcamos na mesma onda, que credibilidade teremos para dizer as dificuldades da nossa Classe? Será que vamos ter uma Ordem que vive de aparências e imagem? É isso que, e não as ideias e os factos, hão de melhorar as condições dos Enfermeiros. Que loucura! Mas neste fim-de-semana, mesmo com os seus parcos vencimentos todos os Enfermeiros vão poder ir ao cinema pois apresentando a Cédula Profissional nas bilheteiras da Zon Lusomundo vão poder ter o seu bilhete por 50% do preço normal. Assim não ficam desculpas para que TODOS os Enfermeiros vejam o Spot que a OE fez para o DIE e a OE dizer que o Spot foi um sucesso. Nesta espécie de pescadinha de rabo na boca quero agradecer à OE por lutar por aquilo que realmente importa... um bilhete de cinema por metade do preço (uma espécie de pagamento a todos para que se possa ver todo o trabalho que os narcisos têm feito). 
 Agradeço ao Colega Enf Guilherme do Carmo a publicação do meu comentário

e eu agradeço o teu comentário! A minha opinião,
Concordo com algumas questões lançadas pela colega. Seria importante saber quanto custou esta brincadeira, que decerto foi paga com o nosso dinheiro, com as nossas quotas, que tanto nos custam a pagar (pelo menos a mim, bem me custa). Se custou pouco e foi financiada por outras entidades, ainda estou como o outro, apesar de ser um anúncio fatela, ok valeu. Se custou bem mais que isso, ai dou toda a razão à colega.
Agora falando do anúncio em si.... bahhhh.. mau gosto, podiam ter sido mais originais... mãozinha da grávida sobre a mãozinha da enfermeira, o avozinho enfermeiro a puxar a cadeira de rodas, já a passar a mensagem que vais trabalhar até à terceira idade... subtis os gajos..   

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Cuido do seu idoso durante o dia ou à noite...


Encontrei esta relíquia cultural na montra de um estabelecimento comercial.
É um retrato claro do significado do idoso para a sociedade... um fardo, sem querer generalizar obviamente.
Quando li, só me lembro de pensar que uma altura também vi um anúncio que dizia "Cuido do seu cão, dou-lhe banho, faço a tosquia e levo-o a passear".
Eu em casa tenho um idoso, um cão e um papagaio... será que me cuida do papagaio também??

quarta-feira, 2 de maio de 2012

CIPE na Unidade Polivalente? Bom ou mau?

Apartir do momento em que a Unidade Polivalente se tornou um serviço autónomo, várias foram as mudanças. A que mais impacto teve para os enfermeiros foi a implementação da CIPE. Ouvem-se muitas críticas, na sua totalidade negativas, por isso achei importante levantar a discussão.

  • Será que a implementação da CIPE veio melhorar a qualidade de cuidados prestados ao doente?
  • Será que a implementação da CIPE veio retirar tempo ao enfermeiro? Tempo este fundamental para a vigilância do doente, permissa primordial num serviço de observação ao doente crítico.
  • Será que se justifica a implementação da CIPE, num serviço onde os doentes permanecem em média 24h?


Gostava de saber a opinião daqueles que trabalham na área, mas também de todos os outros, deste ou de outros contextos.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ex-maqueiros já dão banhos!

Já por aqui se defendeu a existência de uma única categoria de Assistentes Operacionais, onde homens e mulheres fazem o mesmo. 
Legalmente é isso que está preconizado, mas na prática, pelo menos no nosso Hospital de Viana, ainda existe o trabalho para homens e o trabalho para mulheres.
Mesmo assim já se assiste a alguns avanços, que num passado bem recente, não passavam pela cabeça de ninguém, já temos homens (ex-maqueiros) a fazer todo o trabalho de um Assistente Operacional na Unidade Polivalente, antigo OBS. 
Colaboram nas higienes de doentes, nas limpezas entre todas as outras funções.
São apenas 2, mas já é qualquer coisa!
Triste é o facto de estes 2 elementos serem colocados um pouco à margem por alguns colegas e serem alvo de chacota. 
É esta a mentalidade que temos.

Obrigado Miguel!

Tenho admiração e estima por muito poucos políticos. Este senhor é um deles. 
Não é apenas por ter reconhecido a enfermagem, mas pelos seus princípios e pela sua frontalidade. O país perdeu um homem inteligente, íntegro e verdadeiro. 
Até sempre e obrigado Miguel! 

 Já em tempos tinha publicado estes vídeos, mas nunca é demais repetir.


 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Serviço de Obstetrícia de Viana em risco de fechar

Com as recentes notícias do fecho da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, saliento também o risco de fecho do Serviço de Obstetrícia de Viana. Com todas estas políticas economicistas, com encerramentos de Unidades, Serviços, Hospitais e Centros de Saúde pelo país, há um risco considerável de fechar.
Consta que se não forem atingidos os 1500 partos anuais, haverá essa possibilidade e o que parece ser uma realidade é o decréscimo constante de partos ano após ano, pelos motivos que todos conhecem. Os últimos dados eram de 1800, quando num passado recente ultrapassava os 2000 (que me corrijam em caso de erro)
Obviamente todos esperamos que algo não aconteça, pois trata-se de um serviço de referência, com elevado nível de profissionalismo.

sábado, 7 de abril de 2012

Curtas estapafúrdias Vol. X - "Sabe onde estamos?"

Hoje ouvi uma muito boa na Pequena-cirurgia...
A médica tentava algumas respostas de um senhor que tinha caído. Perguntava alto, ou porque o doente ouvia mal, ou simplesmente porque já é aquele nosso hábito de falar alto para os doentes (pensando que todos ouvem mal).
A dada altura perguntou: "Sabe onde estamos? O que lhe aconteceu?" Devido à ausência de resposta, insistiu: mais alto, "Sabe onde estamos?". "Estamos na Arábia Saudita", ouviu-se a resposta num tom sereno.
Resultado: risada geral na sala de espera.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Hospital de Braga Escala (Grupo Mello) - A polémica mantém-se...


A discussão em torno do novo Hospital de Braga reacendeu. Achei importante publicar as palavras de um dos seus funcionários:

"Sou também uma profissional de saúde no hospital de braga e exerço a minha profissão há muitos anos. Confirmo tudo o que o vosso colega aqui "confidenciou" e partilho a mesma insatisfação.
Se quisessem averiguar a sério como realmente este hospital funciona, bastava questionar profissionais de outras classes... a voz de descontentamento é a mesma!!
Transformaram o nosso hospital velhinho numa máquina de fazer dinheiro e apenas actuam com esse fim.
Tenho conhecimento que por exemplo na área dos meios complementares de diagnóstico, foram criados protocolos completamente absurdos, sobretudo na área de atendimento do SU, em que os doentes são literalmente depositados em salas de observações com a agravante de, inicialmente preparadas para apenas receberem 18 pacientes, sobrelotarem a capacidade para 40!!!! A esta situação assisti eu.
Se um paciente recorre ao SU, hoje, faz 3 exames à entrada (protocolo criado): análises clínicas, RX tórax e electrocardiograma.
Se voltar no dia seguinte, volta a fazer os mesmos exames: nem se dão, muitas vezes ao cuidado de verificar os resultados anteriores.
Grande parte dos médicos triadores contratados por esta administração, não sabendo ler os exames radiológicos (um simples RX), pede uma TAC (porque tem sempre relatório)submetendo os pacientes a doses de radiação brutais, sem necessidade!
Estas situações são constantemente relatadas com a crescente revolta dos profissionais dessa área.
Quanto às chefias... estão de acordo com esta política escalabrosa de gestão! Pudera!!!
Todos eles recebem acréscimos/prémios no seu salário ao fim do mês e têm parque pago.

Cumprimentos,
Funcionária pública insatisfeita