domingo, 31 de janeiro de 2010

Enfermeiros, classe profissional ostracizada in Jornal "O Público"


Finalmente uma boa defesa de alguém que não é enfermeiro. É triste no dia da manifestação ouvir num programa de antena aberta na TVI 24, pessoas a falarem de enfermagem sem o mínimo de conhecimento de causa. É o reflexo do povo que somos. Deixo-vos com este artigo do Jornal "O Público", é um pouco extenso, mas ao menos serve para nos sentirmos um pouco mais entendidos.
Não sou enfermeiro. Sou jurista. Enfermeiros, classe ignorada De há uns tempos a esta parte temos vindo a assistir ao envolvimento quase messiânico da imprensa e, naturalmente, dos visados, na questão do estatuto dos docentes e, ultimamente, da sua avaliação, com evidentes consequências nas respectivas carreiras. Não se questiona a legitimidade nem a oportunidade de tais empenhos, muito menos o relevo social de tal classe profissional que, de resto, alcançou recentemente os seus objectivos. O que curamos aqui de advogar é evidenciar uma classe profissional esquecida e, ultimamente, explorada sob vários prismas, a qual, pelos vistos, e como a mais recente imprensa reconheceu, corre o risco de ser prejudicada com aquele sucesso. Referimo-nos aos enfermeiros. Constatamos, antes de mais, uma aparente contradição: tratar-se de classe profissional reconhecida e acarinhada casuisticamente quando confrontada em ambiente hospitalar ou similar e à qual se reconhece a dedicação, o carinho, a entrega até à exaustão e com forte componente emotiva, percebendo-se o desgaste profissional, com cargas horárias exageradas e, na maioria das vezes, com horários descontinuados, com noites sofridas. Em contraponto constatar-se que é uma classe profissional a que não é conferida uma digna contrapartida estatutária. Estes profissionais são licenciados, alguns com mestrado, academicamente ao nível de todos os outros profissionais licenciados (docentes, licenciados em história, psicologia, biologia, filologias, etc… etc…). Porém, o Estado, na perspectiva dos diversos serviços, ainda não interiorizou que os enfermeiros têm de ter idêntico tratamento aos demais licenciados, desde logo ao nível remuneratório e evolução de carreira. Não se compreende como o Ministério da Saúde e outras entidades continuem a equiparar, na prática, os enfermeiros a meros bacharéis e não licenciados que são e a permitir que estes profissionais, trabalhando 40 horas semanalmente, a que acrescem sempre turnos diferenciados onde se incluem os nocturnos, aufiram salários singelos, sem acréscimos dignos e, pior, sem um horizonte de evolução de carreira, particularmente quanto aos jovens enfermeiros, curiosamente, os academicamente mais habilitados. Bastará atentar mensalmente na listagem dos aposentados do Estado e comparar as pensões dos enfermeiros (em fim de carreira, note-se!) com os demais licenciados, particularmente com os docentes (educadores de infância e professores do ensino secundário), para se concluir quão injustiçados aqueles têm estado. Não se trata de censurar o que se atribui aos demais profissionais referidos, longe disso, mas tão somente usá-los como termo de comparação próximo para alicerçar a afirmaçãode que os enfermeiros têm sido efectivamente o parente mais pobre dos licenciados, e, na prática, não reconhecidos como tal, sobretudo, há que dizê-lo sem constrangimentos, quando são os que têm uma função física e psicológica mais desgastante comparativamente com os demais, à excepção dos médicos. Só quem não conhece o meio hospitalar pode não estar de acordo. Veja-se o tratamento do Estado a estes profissionais neste simples exemplo que me foi transmitido: consta que nas forças armadas os enfermeiros licenciados são os únicos licenciados que enquadram a classe dos sargentos enquanto todos os demais (seja qual for a licenciatura) enquadram a classe dos oficiais. Porquê? Pergunto: a licenciatura em enfermagem, com forte componente científica, merece menor qualificação que outra qualquer licenciatura (história, psicologia, filologia, etc… etc…?). Porque não se lhe atribui, como aos demais licenciados, idêntica qualificação? Estamos, sem dúvida, num Estado/sociedade onde complexos socioprofissionais se mantêm como há 40 anos, com uma agravante: Há 40 anos ao enfermeiro bastava a formação pouco mais do que básica. Hoje, além do 12º ano da área de ciências, como para qualquer licenciatura em ciências, exige-se uma licenciatura técnico/científica. Exige-se dedicação plena e exige-se elevada responsabilidade profissional. Em contrapartida uma mão cheia de muito pouco e infelizmente cheia de desilusão. Esta intervenção é apenas um contributo para que uma classe profissional (dos enfermeiros) obtenha a mesma atenção e reconhecimento atribuídos a outras classes profissionais que têm dominado o espectro político e jornalístico. Especialmente neste momento em que os responsáveis políticos não só não efectivam uma justa revisão da respectiva carreira, no mínimo equiparando-a às carreiras de técnicos licenciados e docentes, como, pasme-se, apresenta uma nova proposta que mais não é senão uma diminuição daquilo que se apresenta actualmente injusto e indigno para estes profissionais LICENCIADOS. Isto deve-se, quiçá, ao facto desta classe profissional não ter elementos seus ocupando lugares no poder político ou dele próximos e influentes nem servir de objecto jornalístico apetecível(?). Mas é também por estes motivos que o dever de cidadania efectiva numa democracia também efectiva e não meramente formal me impõe este dever de intervir por esta via, além de outras que assumi.
Por Jjunior

domingo, 24 de janeiro de 2010

Voltamos à carga...


Há mais de uma semana atrás, tinha escrito o seguinte nos meus rascunhos, "Aproxima-se nova greve. Costumamos dizer novo ano, espírito renovado, porém pressinto que os espíritos andam saturados."
Hoje, para meu regozijo, tenho que alterar este "rascunho". Assiste-se a um novo movimento, muitos de nós parece que finalmente acordaram e decidiram mexer-se contra este insulto à classe de enfermagem. Será que já foi tarde?? Tenho finalmente a impressão que a greve e a manifestação de dia 29 vão causar mossa no Ministério. É já noticia que largas centenas de enfermeiros se dirigem para Lisboa e a adesão à greve promete ser bastante significativa. Será que o pessoal vai aguentar o barco? Que é que vocês acham? Sentem-se capazes?? É que isto vai começar a apertar!! Já não andamos a brincar às greves... o caminho aponta para medidas radicais?? Estão prontos?? Eu apesar de estar saturado com tudo isto, tal como o colega que de seguida escreve (post abaixo), estou pronto e irei até às últimas consequências, porque não gosto que me ofendam. E tu? Vais até às últimas consequências? Ou vais querer continuar a ser explorado? Vê lá se acordas!! (esta última é só para alguns)

Opiniões IV - A realidade aos olhos da experiência



Recebi em comentários, o seguinte testemunho, que achei ser do vosso interesse.
"Há 30 anos que sou enfermeiro. Ao longo destes muitas foram as vezes em que me apeteceu deixar de o ser. Com a Carreira Especial de Enfermagem, mais uma vez me apetece deixar de o ser.
Gosto do que faço. Sei fazê-lo bem. Profissionalmente, sou reconhecido pelos meus pares (e não só) como responsável, competente, autónomo e idóneo. O meu 2º emprego é a nível domiciliário, como profissional liberal e dou-me muito bem (quantidade de trabalho e remuneração do mesmo). Por isso, o meu ego está bem em cima. Por isso vou continuar a ser Enfermeiro.
Mas .... de modo algum me revejo nesta Carreira. Acho-a desmotivadora. Ignora todo um passado. Favorece o apadrinhamento. Retira o mérito.
Sempre me mantive nas lutas sindicais, quer aderindo às greves quer participando nas manifestações (ajuntamentos) frente ao MS, embora não seja sindicalizado (mas isso é outra história). Greves que muitas das vezes nada tinham a ver com os meus interesses, mas que visavam defender os mais novos.
Sinto-me defraudado pelos sindicatos. Não conseguiram transmitir para o exterior as reais dificuldades negociais e não souberam (ou não quiseram) envolver os pares.
A minha preocupação não é com os vencimentos (que não acautelaram). É com o reconhecimento que a nível do governo é dado à formação pós base. Como querem obter o reconhecimento da população ? Os enfermeiros continuam a vender-se barato (alguns até trabalham de borla).
Os (novos) enfermeiros não participam na vida sindical. Mas como os motivaram para essa vertente? Como se identificam eles com os sindicatos? Numa reunião havida recentemente na instituição onde trabalho, barraram a entrada aos mais novos porque "não tens as cotas em dia"; "ainda não és sindicalizado". Suou um pouco a reunião maçónica. Felizmente que os conteúdos foram iguais ao do comunicado que tinham distribuído 15 dias antes. Assim todos ficamos informados.
Ordem, Sindicatos, Escolas; Públicos e Privados. Cada um preocupa-se com os seus interesses particulares. Nunca houve tanta ignorância, (digo falta de informação), desmotivação e divisão como agora. Falta um elemento aglutinador que não se vislumbra no horizonte.
O desemprego na enfermagem é uma realidade cruel que pelos vistos há interesse em manter - pelo menos para os privados é maravilhosa esta situação. A migração é uma realidade. Do Norte para o Sul e para essa Europa fora. Uns são enfermeiros, outros "servents" mas ambos ganham honestamente o seu ordenado.
Qualquer dia, já que tenho que trabalhar até andar de bengala, também emigro - só pelo gozo de conhecer outras gentes.
Desculpem se alguém se sentiu "atacado" ou ofendido. São desabafos de um cota cada vez mais desiludido com o rumo da profissão e com os novos profissionais (são bons, esforçam-se, chegam mal preparados, mas procuram aprender e evoluir)."

14 de Janeiro de 2010 00:12
Anónimo por obrigação, cadaverisquisito@hotmail.com por opção

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Carta ao Presidente da República


Mais uma forma de protesto que me chegou por email:

"Será que o Presidente da República sabe? Será que ele tem noção do que se passa com a nossa profissão, com a nossa Carreira e como estamos a ser humilhados pelo Governo ???
Podemos e devemos questionar isso directamente. É para isso que ele está lá. Para escutar TODOS os Portugueses.E nós somos Portugueses.
Por isso proponho, que cada um de nós, em nome individual mostre a sua indignação, raiva, revolta ou outro estado de alma que atravesse neste momento face ao que os enfermeiros estão a passar.
É fácil. Basta clicar aqui


Eu cliquei e enviei a seguinte carta,

Ex.mo Sr. Presidente da República

Venho por este meio comunicar-lhe a minha extrema indignação com a forma como o governo português lida com o processo negocial da carreira dos enfermeiros portugueses. A situação está a deteriorar-se gradualmente, na proxima semana haverá muito provavelmente uma greve de 3 dias e futuramente, caso não haja avanços nas negociações, os processos de luta irão continuar e radicalizar. Falo em meu nome pessoal e em nome de todos os meus colegas que se sentem frustrados por a sua licenciatura não ser considerada como tal. Falo como enfermeiro na verdadeira essencia, que apenas quer contribuir para o bem estar da comunidade e que quer a todo o custo evitar as consequências negativas para as pessoas, de todos os processos de luta, que já há demasiado tempo têm vindo a acontecer. Com o poder que lhe é conferido, peço-lhe para intervir e pedir esclarecimento da situação vergonhosa que se passa nas dezenas de reuniões negociais. Não permita que haja enfermeiros portugueses a serem remunerados a 3 euros por hora, não permita o descalabro de desemprego que se tem vindo a verificar, quando o nosso país carece em demasia de cuidados de enfermagem em pleno. Não permita a descriminação que os enfermeiros estão a ser sujeitos em relação a outras classes de funcionários públicos.
Atenciosamente
Guilherme de Carmo


Agora, se não quiseres ter muito trabalho e concordares com o que foi dito, copia e cola. Ou então faz a tua própria carta. Mas faz!... nada perdes. E já agora não te esqueças também de fazer greve

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carta à ministra


Aproxima-se nova greve, as formas de luta intensificam-se e diversificam-se. Uma que achei interessante chegou à minha cx de correio. Trata-se de uma carta de indignação endereçada à ministra. Vamos lá entupir a correio electronico do MS!

"Colegas, face aos recentes eventos que envolvem Ministério da Saúde e Enfermeiros, o MS INSULTA a classe de Enfermagem com propostas salariais VERGONHOSAS!!"

"Estão já agendados 3 dias de greve (algo que não acontece no nosso país há cerca de 20 anos!), nos dias 27, 28, e 29 deste mês.
Como o tempo é de luta, solicito aos colegas que ENTUPAM o Ministério com as nossas palavras de revolta. Imprimam a carta que reenvio em baixo, e enviem-na ao Ministério da Saúde. Perderem uns 40 cêntimos e 5 minutos, não será pedir muito..?!
Todos sabemos que, esta situação de não sermos pagos como licenciados, perdura há mais de 10 anos!!
Uma década de contratempos e malabarismos do Governo, creio que já chegam para encher a cabeça de qualquer um!

Defendam a vossa profissão. Lutem pelo que merecem!
Não percam esta oportunidade de se manifestarem!!
Só nós podemos reivindicar o que merecemos!
"

CARTA À MINISTRA DA SAÚDE ANA JORGE (redigida pelo SE):
Ministra: Ana Jorge
Morada: Av. João Crisóstomo, 9, 6º -1049-062 Lisboa

Exma. Sra. Ministra da Saúde
Dra. Ana Jorge

Assunto: Enquadramento dos Enfermeiros

Senhora Ministra

Não posso deixar de demonstrar a minha INDIGNAÇÃO e REVOLTA perante a proposta de remunerações e transições que o seu Ministério da Saúde (MS) apresentou à FENSE (SIPE – Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem e SE – Sindicato dos Enfermeiros) em reunião decorrida no passado dia 11 de Janeiro de 2010.

É INQUALIFICÁVEL QUE O MS, NO DECURSO DE UM PROCESSO NEGOCIAL, APRESENTE AGORA UMA PROPOSTA MAIS RECUADA RELATIVAMENTE À QUE JÁ TINHA ENTREGUE EM SETEMBRO, QUANDO INCLUSIVAMENTE, EM NOVEMBRO, A SENHORA MINISTRA ADMITIU QUE ESTA CONTINHA INJUSTIÇAS QUE TINHAM QUE SER ULTRAPASSADAS. INADMISSIVELMENTE, A SUA FORMA DE ULTRAPASSAR ESTAS INJUSTIÇAS MATERIALIZOU-SE NUMA OUTRA QUE HUMILHA, DESRESPEITA E DESQUALIFICA NÃO SÓ OS ENFERMEIROS COMO A MINHA PROFISSÃO.

É de todo INACEITÁVEL, entre outros aspectos, que o MS:

• Proponha que a remuneração base para os enfermeiros que venham a iniciar funções seja de 995,51€, abaixo do que hoje já auferem -1 020,06€ e do que aufere qualquer licenciado das carreiras gerais (1 201,48€); NÃO ADMITO A DESVALORIZAÇÃO DA MINHA FUNÇÃO SOCIAL, DA ENFERMAGEM, que a Sr.ª está a promover;
• Proponha que na transição para a nova grelha salarial, não tenha ganhos económicos. Ou seja,
estamos a ser penalizados pelo esforço da aquisição de níveis habilitacionais superiores – Grau de Licenciado, com acréscimo de competências que daí lhes adveio e mais responsabilidade, nomeadamente, no levar por diante as reformas no sector que o Ministério da Saúde está a implementar – INQUALIFICÁVEL;
• Não proponha qualquer revalorização económica para os Enfermeiros Especialistas e da área da Gestão, impondo, inclusive, a sua descategorização /mudança de funções (da gestão para a prestação) dos actuais Enfermeiros Chefes e Supervisores – INTOLERÁVEL;
• Proponha um Rácio para Enf.º Principal sem qualquer fundamento e totalmente desenquadrado das necessidades dos Serviços – INADMISSÍVEL;
Como tal, ao subscrever esta missiva, EXIJO TRATAMENTO DIGNO E RESPEITO na defesa do que sei que sou e da minha profissão, demonstrando-me disponível para aderir a todas as formas de luta que venham a ser decretadas pelos Sindicatos que visem o repúdio da inconcebível e humilhante proposta apresentada pelo seu MS.

Janeiro de 2010

Assinatura: Guilherme de Carmo Vasconcelos Tell

Podem enviar para: gms@ms.gov.pt
Eu já enviei a minha

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Curtas estapafúrdias lll - Matreirices do Sistema Nervoso Central


Sr José (após ter acordado do sono inquientante da sedação) - O Pinto da Costa morreu... Afirma categórico.
Enfermeiro - Nao! Quem é que lhe disse isso?!
Sr José - Morreu, morreu... O Pinto da costa morreu. Responde igualmente convicto.
Enfermeiro - Nao morreu nada! Está enganado. Se tivesse morrido, era luto nacional!
Sr José - Humm... Então foi o Salazar!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Carta da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros ao Pai Natal


Esta é só para enfermeiros! Mas não somos todos?!!!
Querido Pai Natal, Sou eu, a "Migusta", como tens passado? Andas melhor das lombalgias? Desculpa ainda não ter mandado nenhum Enfermeiro para te administrar uns anti-inflamatórios mas, acontece que não há ninguém disponível... Além disso o rácio da OCDE é de 12 Enfermeiros por cada Pai Natal, o que é quase impossível de te conceder, pois nos dias de hoje encontrar Enfermeiros disponíveis para trabalhar, é como encontrar uma nota de 20 euros aqui na sede da Ordem...
Este ano portei-me bem, por isso a minha lista de presentes vai ser mais comprida do que o costume. Não sei te lembras, mas no ano passado, só pedi uma coisita: “mais Enfermeiros!” Realmente tive mais Enfermeiros, o problema é que as quotas são baratas e preciso ainda de mais... pois, como deves saber, estas "obras" cá na Ordem não são pagas com ar e vento, não é? Sabes, tive um sonho: sonhei que Portugal um dia terá muitos Enfermeiros. Tantos, que os rácios não serão traduzidos mais pela razão enfermeiro/utente, mas sim por utente/enfermeiro. Quero mais Enfermeiros!
Noutro dia fui ao hipermercado. Estava muito calor lá dentro e senti-me mal. Uma empregada simpática (do hipermercado), perguntou pelos altifalantes se havia algum médico ou Enfermeiro lá presentes para ajudar... Não apareceu nenhum médico, mas enfermeiros estavam muitos. Acho que só o homem do talho é que não era Enfermeiro. (...)
Cá na Ordem vai tudo bem. Tenho mais empregados novos! Até o jardineiro tem o curso de Enfermagem! Isto só traz vantagens: noutro dia vi-o pela janela a dar um sermão de ética aos peixinhos do lago aqui do jardim! Isto faz-me lembrar uma coisa ridícula que me aconteceu noutro dia: veio cá um "totó" a dizer que era Enfermeiro e que estava no desemprego... Perguntei-lhe logo se era para os apanhados! Ele disse que não! Vê-se logo que ele não percebia nada de rácios, enfim... aparece-me aqui cada um! Onde já se viu um enfermeiro desempregado?!
Ando um pouco triste. O meu gato anda doente. Levei-o a um Enfermeiro veterinário, daqueles que eu ainda me manifestei contra, mas de nada valeu, ou melhor ninguém me ligou, ele até era bom rapaz... Era ainda estagiário, andava a estudar o modelo de Nancy Roper para cães e não me pôde ajudar muito! Sabias que já dei um nome ao meu gatinho? Chama-se "Rácio". Gosto de animais. Na semana passada comprei um papagaio. Ensinei-o a falar, já sabe dizer "Quero mais Enfermeiros!" Agora a ando a ver se ele aprende a dizer "Quero inflacionar as quotas!" A menos com os meus animais de estimação tenho paz. Nem me quero lembrar do outro dia, em que fui visitar um hospital e tive de fugir pela janela, pois quando olhei para traz vinham umas centenas de Enfermeiros a correr em direcção a mim com cara de poucos amigos! Livra!! Não os entendo. O que é que eles querem? A maior parte deles ganha melhor que uma mulher-a-dias!! (sem desprimor para estas) (…)
Bom, não te quero aborrecer mais, mas este ano queria ainda mais Enfermeiros! E se fosses amigo, deixavas abrir mais duas ou três escolitas de Enfermagem. Tenho uma amiga ali perto de Pitões das Júnias (fronteira com Espanha) que diz que lá ainda não há escolas de Enfermagem. Foi uma desatenção minha! Há lá estábulos porreiros! Davam bons campos de estágios de obstetrícia: treina-se nos cavalos! É tudo a mesma coisa! O estágio de ortopedia podia ser na mercearia do Ti Rodrigo! As escadas são escorregadias, e muita gente parte lá as pernas e braços! Vai ser uma maravilha!
Abraços.
P.s. Pai Natal, é verdade que estás a pensar em ingressar em Enfermagem?"
Autor: Doutor Enfermeiro (2007) mas ainda se aplica aos dias de hoje...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Guerra entre aliados



O ambiente da nossa equipa está a deteriorar-se. Tal como se previa num anterior post, a equipa está mesmo a ruir. Já não se nota o espírito de entreajuda, que nos caracterizava, agora é mais o espírito de "cada um que se amanhe".
Em OBS, com o serviço continuamente carregado, com doentes ventilados a olho, cada um se defende com as armas que tem, do ataque do invasor. O invasor é a urgência geral, por sua vez bombardeada ininterruptamente por doenças ou pseudo-doenças. E aqui também, igualmente com as armas e estratégia militar de cada um, procura-se aliviar o campo de batalha, escoando os feridos o mais rapidamente possível, levando ao aperto do hospital de campanha (OBS). É isso mesmo meus amigos, estamos em guerra! Soldados e cabos já começaram a disparar e a guerra promete durar. Que se emita um tratado de paz, tratado este que partirá da boa vontade dos tenentes e generais. Será que estes se entendem? Vamos esperar que sim... caso contrário haverão baixas evitáveis no campo de batalha. Esta das baixas saiu-me bem... estou a ficar perito em trocadilhos