domingo, 28 de janeiro de 2018

SuperNasty


Recentemente a SIC apresentou um formato de programa "pedagógico" (as aspas estão a negrito) já utilizado noutros países europeus. Intitula-se SuperNanny e logo a partir do lançamento virou do avesso o Facebook.
Confesso que o meu primeiro impacto foi de que aquilo parecia interessante, talvez pudesse aprender algo, aproveitar alguma ideia, mas depois comecei a pensar - Há aqui alguma coisa que não bate certo, isto não parece muito legal, muito ético. 
Depois com o desenrolar do programa, quando chegamos ao apogeu do caso, com os berros da criança, definitivamente percebi, que aquilo que estava a ver era incorrecto, era um erro.
A primeira e principal questão que se coloca é a protecção da criança. A protecção da sua imagem e da a sua identidade. Os pais nunca podem partir do pressuposto que aquela criança, quando for maior, vai aceitar que a sua privacidade fosse assim exposta. A SIC que pense nas consequências que a revelação da identidade da criança poderá trazer. Todos sabemos que as crianças são más (quando querem) entre elas.
Outra questão que me pareceu muito estranha... Não acham que havia por ali muita encenação? Se uma equipa de filmagem entrasse nas vossas casas, por muito terroríficos que fossem os vossos filhos, eles não se comportariam com mais cuidados, tendo em conta os estranhos e o aparato??!! Enfim, é só um palpite...
Percorrendo o assunto no Facebook encontrei esta sublime sugestão, que republico, com as devidas autorizações da autora:

"Cada um dos que concorda com o programa "SuperNanny" vai colocar aqui o nome completo, data de nascimento, morada e contacto telefónico.
Cria-se desde já uma base de dados de futuros voluntários para um programa chamado "Super-Olddy" onde os vossos filhos chamarão uma especialista em Gerontologia, para os ajudar a saber lidar com as dificuldades que a vossa velhice lhes trará.
Vai ser giro ver-vos a babar e a gemer e chegar ao final do programa já com a troca de fralda feita e sem refilarem!"

Como o assunto prometia, eis que um Tribunal do sul decide, estes dias, suspender o programa. Da minha parte merece um aplauso, afinal a justiça portuguesa não é tão fraca como às vezes parece. 
A SIC apresenta o seu lamento e acrescenta que na Suécia e Reino Unido o programa é aceite! 
Poderíamos responder-lhes - Então vamos propor o envio de alguns juízes portugueses para lá, porque algo não está bem no sistema judicial daquele lado...

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Opinião sobre actualidade - O ano começa quente!



Bom dia a todos! Antes de mais gostaria de vos desejar um 2018 repleto de felicidade, saúde e dinheiro, necessariamente por esta ordem.

A Ordem dos Enfermeiros convocou uma AG com 48 horas de antecedência, sendo que um dos dias era feriado. Resultado: num momento importante para a enfermagem, estiveram presentes 0,1% dos enfermeiros.
Considero um erro grave de planificação, agora se foi ou não propositado, fica ao vosso critério, eu guardo para mim a minha opinião sobre isso. (Subscrição do Comunicado)
Os "famosos" especialistas anti-SEP do Facebook, rapidamente foram encontrar outro assunto, que para mim é um não-assunto: o SEP não se pronunciava sobre as fotos e posição dos colegas de Faro, que revelavam as degradáveis condições nos serviços.
Não aprecio exercer papel de advogado, mas não lido bem perante discurso incendiário e injusto.

Vi na TV e internet, intervenções e movimentos sindicais (do SEP para ser mais específico) sobre esta grave temática. Vi na Guarda, vi em Guimarães e vi em Faro.
Ao longo dos anos tenho visto os avisos constantes à tutela por parte deste sindicato sobre a elevada falta de enfermeiros por este país fora, quer em cuidados saúde primários, quer em secundários. Todos sabemos que mais enfermeiros não vão apagar estas lamentáveis imagens, mas iriam minimizar e muito.
Que me recorde, desde há uns anos a esta parte, estas imagens repetem-se, não é de agora, não é só em Faro! É um pouco por todo o país. Deixemos de nos virar uns contra os outros e concentremo-nos na: denúncia e solução. 
Mas atenção à forma como a denúncia é feita. Se por um lado é importante haver impacto, por outro a legalidade deve ser uma das nossas prioridades. Com as imagens trazidas a público, houve de facto um bom impacto porque o assunto está a ser debatido, mas também houve o mau impacto com muitos a condenarem o facto de enfermeiros fotografarem doentes naquelas deploráveis condições. Algumas reacções foram exageradas, outras foram legitimas. A denúncia deverá ser feita pela via legal. Temos a Ordem, temos o Marcelo, temos a comunicação social. Não devemos assumir um papel que compete aos media. Quem é que não se recorda, ainda a bem pouco tempo, de uma câmara oculta ter entrado num hospital e filmado condições semelhantes? Eles que façam este trabalho "sujo", caso contrário o cidadão condena e não apoia a enfermagem.
Os sindicatos têm que se focar na falta de enfermeiros nos serviços, que consequentemente conduz à degradação das condições para os doentes. E é o que acho que têm feito. 
A Ordem, por sua vez tem nas suas prioridades a defesa das melhores condições para o utente, que podem (em grande parte) ser alcançadas com mais profissionais. O assunto é o mesmo, a abordagem é que é diferente. A Bastonária já se pronunciou sobre esta matéria e tocou num ponto importante, que se prende com o facto dos hospitais "esconderem" doentes e "limparem" serviços, quando alguém importante passa.

Continuemos a fazer o que nos compete! Na saúde só vejo os enfermeiros a tomarem atitudes sobre isto. Nem tudo está mal na enfermagem!