segunda-feira, 26 de abril de 2010

Curtas estapafúrdias vol VI - Baratas tontas

Enfª directora para os enfermeiros do Serviço urgência - Vocès são muito desorganizados, parecem umas baratas tontas!

Ora, o que se entende por barata tonta?! É um "bicho" que tem muitas patas, logo anda demasiadamente rápido, mas é tonta porque às vezes parece que não sabe para onde vai.
Neste caso do SU tem alguma lógica, de facto andamos demasiadamente rápido e às vezes parece que não sabemos para onde vamos porque temos 3 ou 4 coisas da nossa competência para fazer, mais 2 ou 3 que não são da nossa competência e depois temos que decidir rapidamente entre 3 ou 4 coisas, qual delas é a mais prioritária! São muitas coisas para uma barata!!! Ó Melga desaparecido! Ajuda aí por favor!
Portanto eu como sou uma pessoa de bem, depreendo que quando a senhora directora disse (mais ou menos) isso que vos acabo de dizer, estava a referir-se a "baratas tontas" neste sentido de que temos tanto trabalho, num serviço tão desorganizado, que às vezes andamos tontos... Ou então sou mesmo parvo e ingénuo.

Agora uma coisa que não compreendo é como é que a senhora directora conseguiu chegar a esta conclusão, se nunca (ou quase nunca) por lá é vista.... acho que tem a extraordinária capacidade de omnipresença... Ou então sou mesmo parvo e cínico.
Parvo tá visto que sou...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Curtas estapafúrdias V - Distúrbios do aparelho genital


Na triagem...

Jovem - Tive com a minha namorada a hfbjfhiqi e forcei demais o blaqnec e agora tenho 2 talos no blaqnec e doí-me...
Enfermeiro - Quer dizer que teve relações com a sua namorada e agora tem uma lesão no pénis?!
Jovem - Nãaoo! É na piça mesmo!

É por isso que este país não anda pra frente, com tanta ignorância. Também alguém já mais velho queixou-se igualmente de distúrbios do aparelho genital.,

Alguém já mais velho - Sr. Enfermeiro, tenho dores (com sua licença) nos colhões

Ao menos foi educado... podia ser pior

sábado, 17 de abril de 2010

O senhor que esperava por otorrino, parte II

















Recordam-se daquele senhor que esperava por otorrino? (ver post)

Reconhecio-o apenas pelo olhar.
Olhos verdes de cor e cinzentos de expressão.
Expressão absorta e triste,
daquela tristeza que mexe com o menos sensível.
A barba baça e farta enchia-lhe o rosto,
comia-lhe a boca a disfarçar a ausência de sorriso
Não encontrava motivo para sorrir,
talvez não sorrisse há meses.
Agora já não esperava por otorrino,
esperava a morte

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ele há cada um...

Há uns tempos atrás, um dito "jornalista" do Expresso, escreveu um "artigo" sobre a greve de enfermagem, que penso que tenha sido do vosso conhecimento, pois foi muito badalado. As palavras entre-aspas, traduzem a minha natural ironia. Quem me conhece, sabe como é. Por isso, esse senhor é tudo menos "jornalista", ou seja, insulta a sua classe e escreveu tudo menos um "artigo", pois chegei ao 2º paragrafo e decidi parar, porque achei que não valia a pena perder o meu tempo com alguém tão ignorante e vazio de pensamento. É como quando eramos putos e eramos pressionados e ofendidos pelos mauzões e alguém nos dizia, "deixa lá não ligues, que não vale a pena, não merece". Para quem não conhece, fica então o "artigo" do Senhor Henrique Raposo, no Jornal Expresso, que também perdeu toda a credibilidade. Já não se fazem jornais e jornalistas como antigamente, qualquer dia o Expresso torna-se no 24 horas.
Agora talvez não conheçam a resposta do sindicato ao mesmo senhor Raposo. Apesar de extensa vale bem a pena, tem algumas passagens que me fizeram rir (no bom sentido)
Aqui fica:
"Os Enfermeiros SÓ EXIGEM O QUE LHES É, JUSTO!
Entendeu o Jornalista Henrique Raposo escrever sobre os enfermeiros e a luta que desenvolvemos
entre as 12 horas do dia 29 de Março e as 8 do dia 1 de Abril. Escrever sobre a profissão de outros
não é problemático ; mas escrever como foi o caso, sem qualquer rigor mais do que colocar em
causa os enfermeiros e a profissão de enfermagem, põe em causa o trabalho dos restantes colegas
jornalistas que, sobre a greve dos enfermeiros, fizeram um trabalho exemplar.
Porque o seu desconhecimento sobre a profissão de enfermagem é por demais evidente e para
que, no futuro, no respeito pelo que é obrigado a fazer ‐ informar os seus leitores – importa que
saiba:
I. A greve dos enfermeiros iniciou‐se às 14 horas de segunda‐feira e apenas no horário
programa da tarde, o que significa que na maior parte dos hospitais a greve só se
iniciou às 16 horas e, na generalidade dos centros de saúde porque os horários
programa só incluem o período da manhã, ainda que assim o quisessem, os
enfermeiros estiveram impossibilitados de aderir à greve. E perguntar‐se‐á o Sr.
Jornalista, agora, a razão pela qual a greve foi convocada desta forma. A resposta é
simples. Porque com o sentido de responsabilidade que sempre temos, decidimos que
depois de um fim‐de‐semana deveríamos permitir a existência de um período de
tempo em que os serviços pudessem se reorganizar, restabelecer stocks de
medicação, de roupa, etc. Com o mesmo objectivo a greve terminou às 8 horas de
Quinta‐feira. Neste contexto, cai por terra a sua apreciação leviana de que os
enfermeiros iriam ter “uma semana” de férias como ousou escrever ainda que saiba
(espero) que os enfermeiros trabalham por turnos e PRESTAM SERVIÇOS MINIMOS
quando em greve.
II. “Fazer reivindicações sem sentido é o desporto do nosso sindicalismo”. Não sei que
sindicalismo é que o sr. professa mas não será certamente o sindicalismo que o
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses desenvolve e, mais uma vez, a sua
argumentação revela tanto de desconhecimento como de falacioso. Importa que saiba
que o vencimento que invoca de 1500 euros para um jovem médico, em pré‐carreira,
que não desenvolve exercício autónomo…. não toma decisões, ou seja, está a
concretizar mais uma parte da sua aprendizagem, é na realidade, de 1850 euros. O
contraponto disto são os enfermeiros que quando iniciam as suas funções já o fazem
de forma autónoma, são capazes de decidir e de assumir a responsabilidade pelas
decisões que tomam. O Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros –
Decreto de Lei nº 161/96 de 4 de Setembro ‐ é muito claro: “Enfermeiro é o
profissional habilitado com um curso de enfermagem legalmente reconhecido, a quem
foi atribuído um título profissional que lhe reconhece competência científica, técnica e
humana para a prestação de cuidados de enfermagem gerais ao indivíduo, família,
grupos e comunidade, aos níveis da prevenção primária, secundária e terciária.”
Afirma ainda o Sr. Jornalista que “um licenciado na função pública não pode ganhar
1200 logo à partida (se ganhar o país enlouqueceu).” Parto do pressuposto que não é
licenciado e infelizmente fico com a certeza que enquanto cidadão desconhece as leis
do país (sabe que tem o dever de as saber) mas pior é ser jornalista e… não as saber.
Que informação fidedigna poderão esperar os leitores do Jornal Expresso, vindas de
si? Sr. Jornalista, o início da Carreira Técnica Superior da Administração Pública são
1201,48 e o Governo anterior legislou – Lei 12‐A/2008 de 27 de Fevereiro – e
reafirmou na Lei do Orçamento (2009) que “nenhuma entidade empregadora pública
pode oferecer menos que aquele valor a um licenciado”. Sr. Jornalista, o “país só está
louco” porque se permitiu que o valor da Carreira Técnica Superior diminuísse dos
1360 euros para estes míseros 1201 euros. O País está louco porque permitimos,
TODOS, que o valor do trabalho diminua de forma administrativa… O País está louco
porque temos pessoas que se julgam competentes para escrever o que pensam, sem
saberem o que estão a pensar… Escusado será dizer que, se é licenciado, e no mínimo
não está a ganhar 1201,46 então, lute por isso.
III. “Ressentimento classista contra os médicos”. Porque razão haveriam os enfermeiros de
terem ressentimentos contra os seus colegas de trabalho??? Os enfermeiros
desenvolvem intervenções autónomas ou interdependentes no âmbito das suas
qualificações. Prescrevem cuidados de enfermagem e são os únicos responsáveis por
eles. Ainda, os “enfermeiros têm uma actuação de complementaridade funcional
relativamente aos demais profissionais de saúde, MAS dotada de idêntico nível de
dignidade e autonomia de exercício Profissional “(artº 8º, ponto 3, Dec‐Lei nº161/96).
Significa isto, que nas equipas pluridisciplinares existe campos de intervenção dos
diferentes profissionais com um único objectivo: reabilitar a pessoa doente. Mas mais,
os enfermeiros têm uma visão da pessoa doente de forma holística, no seu todo,
integrado na família e na comunidade. Nós não nos limitamos a olhar para a situação
patológica que levou ao internamento de uma pessoa. Por isso, importa falar com o
doente e com os seus familiares. Importa conhecer os seus hábitos de vida e tentar
minimizar o seu desconforto e fragilidade enquanto internado. Por isso os enfermeiros
estabelecem contacto com os seus colegas, nos centros de saúde quando há
previsibilidade de alta de um doente. Porque importa saber quais as condições das
famílias para receberem um familiar doente e para que os cuidados de enfermagem
possam ter continuidade, independentemente, do local onde são prestados. Por isso,
a maioria das visitas domiciliárias deste país são feitas por enfermeiros, apesar da
ausência de quaisquer condições, na maior parte dos casos. Mas os enfermeiros VÃO
e ESTÃO e FAZEM e SABEM FAZER! O único ressentimento que poderíamos ter é a
subvalorização de todas as carreiras do sector da saúde e o ressentimento de ainda
haver, em pleno século XXI, pessoas como o sr. Jornalista cuja concepção das
profissões e dos seus profissionais é feita à luz de valores culturais há muito
ultrapassados.
IV. Finalmente, caro sr. jornalista existem a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde 39600
enfermeiros. No 1º Congresso de Enfermagem, em 1972, dizia o Dr. Adelino Amaro da
Costa, em representação do governo de então, que Portugal deveria fazer um esforço
para em 1980 ter cerca de 40.000 enfermeiros no SNS (Serviço Nacional de Saúde).
Sugestivo não? Saberá o sr. uma das razões de tal afirmação? Certamente que não
mas com uma ajuda na reflexão será fácil: os enfermeiros são os que, por estarem
mais próximos das pessoas e por desenvolverem o que acima descrevi – têm uma
visão holística da pessoa, intervindo durante todo o seu ciclo vital, do nascimento até
à morte – significa que cuidam das pessoas ainda que saudáveis, ensinando‐as a terem
hábitos de vida saudável, ou seja, actuam na prevenção. Esta intervenção autónoma e
fundamental dos enfermeiros permitiu, também, que todos os indicadores do nosso
Serviço Nacional de Saúde melhorassem significativamente colocando‐o entre os
melhores do mundo. Isto mesmo foi reafirmado pelo responsável da OMS‐Europa,
aquando da sua visita a Portugal há três semanas a mais. Também disse que para a
sustentabilidade do SNS era necessário admitir mais enfermeiros e isto, por um lado,
Portugal continua a apresentar a média mais baixa da Europa a 15 de 1
enfermeiro/1000 Habitantes e por outro, porque a orientação major da Organização
Mundial de Saúde para as próximas décadas é… a prevenção!
V. Neste contexto, Sr. Henrique Raposo uma pergunta terei que lhe fazer tendo em conta
que a sua preocupação apenas se prendeu com o valor salarial dos enfermeiros,
comparando‐os com outros: SE EM PORTUGAL CONTINUA A EXISTIR UMA CARÊNCIA
ESTRUTURAL DE ENFERMEIROS; SE OS ENFERMEIROS QUE EXERCEM FUNÇÕES NOS
HOSPITAIS, nomeadamente nos serviços de internamento de Medicina, Cirurgias e
Ortopedias, ESTÃO A SER UTILIZADOS A 153% e em alguns casos a 200% (dados do
Ministério da Saúde); SE na rede dos Cuidados Continuados, na maior parte dos casos,
existe 1 enfermeiro por turno, para 10, 20 doentes totalmente dependentes (na sua
maioria); SE NOS CENTROS DE SAÚDE FALTAM CERCA DE 5000 ENFERMEIROS (de
acordo com a orientação da OMS de 1 enfermeiro para 200 famílias);
VI. Se ainda assim, o nosso SNS está entre os melhores do mundo apenas poderá tirar uma
conclusão: que os enfermeiros sendo o maior grupo profissional do sector da saúde,
ainda que a carência exista, são também os que mais concorrem para a obtenção de
ganhos em saúde da população portuguesa e… por isso os maiores geradores de
riqueza.
VII. Neste contexto, só exigimos o que é justo e, neste caso que a riqueza que produzimos nos
seja redistribuída e, para que registe, sob a forma da valorização do nosso trabalho de
acordo com as qualificações que temos desde 2000 – LICENCIATURA – à semelhança
com o que já aconteceu com outros sectores profissionais
VIII.OS ENFERMEIROS têm o DIREITO de exigir e CONSEGUIR que a sua CARREIRA, Especial e
de GRAU DE COMPLEXIDADE 3 (o mais alto da Administração Pública) se inicie ao nível
remuneratório de outras carreiras semelhantes, não só pelo atrás expresso mas
também porque têm uma profissão cuja natureza é de risco e penosidade. Não será
do seu conhecimento mas há evidência escrita e publicada que os enfermeiros são de
entre todos os profissionais da saúde, aqueles que, em média, não atingem os 65 anos
de idade, MORREM ANTES; são os que apresentam mais problemas osteo‐articulartes;
maior incidência de abortos espontâneos; maior incidência de infertilidade masculina
e feminina; problemas gástricos; problemas relacionados com o sono; depressões;
saberá, por acaso, que é dos cursos onde existe maior taxa se abandono no primeiro
ano devido ao confronto com a morte, na maior parte das vezes, o 1º confronto de um
jovem com a morte
A Direcção Nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses

Lisboa, 5 de Abril de 10

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A era da PSP, SMS, PS, HI5

Cada vez mais a palavra instituição assume um papel mais importante do que a palavra família. É moda as crianças serem institucionalizadas na creche, no infantário, na escola, na piscina, na música, no OTL... São tantas que não se admirem que as crianças nem cheguem a aprender a viver em familia e pior de que isso, não se admirem que nos enfiem num lar mal tenhamos 65 anos e mais de três medicamentos para tomar por dia...
Assusta ver todos os dias as famílias a tentar inventar doenças para justificar o internamento dos idosos. Acho que se agora é assim, daqui a vinte anos quando esta nova era da "playsation" for adulta... estes jovens "autistas" que mal chegam aos cafés, aos restaurantes, só se calam quando os pais lhes enfiam a PSP à frente... é assustador. As crianças de hoje socializam, ou por SMS ou através das redes sociais...
Onde será que vamos parar...

Por Enf Warchild

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Institucionalizado



Há uns dias chegou uma senhora idosa à Urgência, a carta de referência dizia "problemas na institucionalização". Aparentava uma demência e não se sentia bem no lar, não estava no seu habitat natural, não estava "institucionalizada". Esta é uma das palavras que figura no meu top ten de palavras mais aterradoras. Uma outra é infanticídio... outras virão.

Quando surgiu este episódio da senhora que "não estava institucionalizada", veio-me logo à memória um dos filmes da minha vida, um filme de baixo orçamento que é considerado por muitos um dos melhores filmes de sempre - Os condenados de Shawshank. Isto porque lembrei-me de imediato daquele senhor que vivia há mais de 40 anos na prisão, este sim, estava "institucionalizado" acabando por se suicidar quando libertado. Morgan Freeman, temendo estar também a ficar "institucionalizado", demonstra aqui, nesta grandiosa cena, a sua total indiferença pela decisão de continuar preso ou ser solto. A meu ver uma das melhoras representações de sempre, que nunca esquecerei e que me fez ver o filme possivelmente e sem exagerar, umas 4 ou 5 vezes ( só é pena não ter encontrado legendado). Quem não viu recomendo, apenas contei uma pequena parte, que por acaso é previsivel, mas nada mais conto, vejam apenas, o que não acredito que ainda não o tenham feito.