domingo, 29 de setembro de 2013

Se eu mandasse no hospital.


Se eu mandasse, não permitia que houvessem funcionários que passassem mais tempo em conversa e passeio pelos serviços, corredores e bar, do que propriamente a trabalhar.

Se eu mandasse, não permitia que houvessem serviços com o dobro ou triplo de funcionários do que aqueles que efectivamente são necessários. Pelo menos recolocaria esses funcionários (a mais) em locais onde seriam úteis, desviando-os de um serviço onde se atropelam uns aos outros.

Se eu mandasse não permitia que novos assistentes operacionais (novos também em experiência e idade) fossem admitidos e colocados a fazer tarefas consideradas leves, enquanto que outros com problemas de saúde incapacitantes e com atestados para trabalhos moderados, permanecessem, desde há vários anos, em locais onde o trabalho "mais pesado" é exigido e constante. Um exemplo gritante passa-se no Serviço de Urgência, onde permanecem várias assist. operacionais com os tais atestados para trabalhos moderados, que se recusam (e bem provavelmente) a fazer qualquer tipo de trabalho "mais pesado" e como decerto compreendem, num serviço de urgência, o trabalho é maioritariamente pesado.

Se eu mandasse eliminava com os atrasos sistemáticos (em 30 - 60 minutos) de entrada em serviço de determinadas especialidades médicas. Diga-se em abono da verdade, Medicina Interna cumpre horários, por que razão pediatria e ortopedia, não cumpre?

Se eu mandasse eliminava com as saídas de serviço antes do estipulado, por grande parte dos clínicos gerais. O turno acaba efectivamente às 20h, mas para alguns, acaba sistematicamente às 19:30.

Se eu mandasse estabelecia regras rígidas nos tempos para refeição de todos os funcionários. Não se admite ver enfermeiros, médicos e assistentes operacionais abusarem sistematicamente no tempo que têm para a pausa de refeição.

Falo como contribuinte, para contribuintes. É isto que vejo, uma fraca gestão de recursos humanos, uma passividade com certos hábitos enraizados, uma permissividade à calaceirice. 
Depois não se admirem com os cortes de pessoal... é que depois paga o justo pelo pecador. Os cortes que muito são falados no panorama nacional, são indiscriminados, não distinguem o trabalhador do calaceiro, o corte é radical.
Por hoje fico por aqui...

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Opiniões IX - A vergonha das faculdades de medicina


O espaço "Opiniões" são comentários de visitantes, que considero relevantes. O meu único trabalho é editar um pouco o texto e eventualmente fazer um título, como este. 
Para mim é um prazer ter este espaço no PDDSE, por isso convido-te para opinar. 

Desta vez uma anónima, que é licenciada em enfermagem, mas que agora estuda medicina, oferece-nos um excelente testemunho sobre o que é que os médicos pensam dos outros profissionais de saúde e a cultura que perdura e é transmitida pelas faculdades de medicina... promete.

Sou licenciada em Enfermagem e actualmente sou aluna de Medicina. Muitas vezes em aulas da faculdade, os próprios professores durante as aulas fazem uma espécie de "lavagem cerebral" aos alunos sobre o quão magnifica é a Medicina e o quão importante é num serviço hospitalar, por exemplo. Como se fossem os donos do mundo... Apercebo-me muitas vezes que falam da Enfermagem e dos outros profissionais de Saúde com um certo desdém até. 
Apesar de ser muito acarinhada pelos meus colegas de curso de medicina, sei que eles me vêem como uma "enfermeira frustrada que entrou em medicina". 
Para os meus colegas de curso de enfermagem, sei que eles me vêem como uma espécie "de traidora da enfermagem", portanto, posso dizer que as palavras de colegas de enfermagem de encorajamento, neste novo desafio, foram poucas, muito poucas mesmo. 
Contudo, pela minha experiência académica, sei que ambas as profissões completam-se e bastante... Muitas vezes em conversas de café, realmente oiço pessoas a dizer que os enfermeiros são uns inúteis, mas prontamente respondo sempre que os enfermeiros podem ser os maiores aliados dos médicos porque podem antecipar muitas complicações e são também os melhores gestores nos serviços.
Que adianta o melhor cirurgião do mundo operar cem pacientes numa semana se depois não existem enfermeiros nas enfermarias a dar continuidade aos tratamentos e a gerir planos de altas?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

ASAE no Bar do Hospital?


Circula no hospital a notícia de que a ASAE fez uma inspecção no Bar do hospital. A ASAE não sei se terá sido, mas que vi por lá uma senhora a fazer umas anotações e pedir o livro de reclamações, vi.
Umas horas depois o Bar fechava, com um papel à entrada a dizer "em manutenção".
Os bolos, pães e afins foram "oferecidos" à Urgência e o pessoal aproveitou.
No dia seguinte já estava aberto. Tentei perceber o que tinha mudado e, a olho nu, nada vi, tudo parecia igual.
Já há muito tempo que andava para falar do Bar do hospital, mas pelo facto de nós, portugueses, lidarmos mal com a crítica, passava de assunto. Agora talvez seja um bom momento.

Antes de mais devo dizer que tenho imenso respeito e consideração pelas funcionárias do Bar.
A principal responsabilidade pelo fraco funcionamento do Bar é, na minha opinião, de quem gere.

Há alguns anos atrás o Bar foi remodelado, criando dessa forma uma infraestrutura capaz de trazer melhorias na qualidade geral, porém não se verificou melhoria nenhuma. 
A ASAE terá lá ido para fiscalizar e penalizar incumprimentos em questões de higiene e conservação de produtos, eu aproveito a deixa e vou "penalizar" a alimentação e os preços. 
As ementas não mudam, não há variedade e originalidade. A qualidade nutricional é fraca, arroz e batatas fritas é o acompanhamento permanente e diga-se, igualmente fraco. Vegetais, pouquíssimos, já para não dizer que não há opções para vegetarianos. 
Cada vez há mais inovação na alimentação, programas de TV e até canais sobre novos conceitos em culinária, porque não utilizar algumas ideias?? 
É de lamentar, um Bar de um hospital que deveria dar o exemplo em nutrição, ter ementas pouco saudáveis. 
Os preços das refeições são aceitáveis, mas os preços de todos os restantes produtos, são exageradamente elevados, para um estabelecimento que tem regalias financeiras, em comparação com os estabelecimentos comerciais do exterior. Ou seja, (corrijam se estiver enganado) não pagam impostos, ou pagam menos impostos, não pagam renda e têm centenas de sócios, que pagam mensalmente 1,5 eur, sócios esses que são os clientes e funcionários do hospital. 
Não é por isso de estranhar, que cada vez se vêem menos clientes, muitos (cada vez mais) optam pela marmita trazida de casa.
A crise veio ajudar para a queda, mas a falta de qualidade e inovação também. 
O Bar, mesmo a praticar preços mais baixos, poderia ser um dos estabelecimentos de restauração mais rentáveis da cidade. Provavelmente já é um dos mais rentáveis e talvez por isso, quem gere se acomodou, mas ainda mais poderia ser, já que tem um bom espaço e tem um enorme potencial de clientes, que não têm grande leque de opções. 
Tudo isto que acabo de dizer é partilhado por muitos funcionários do Hospital, por isso, espero que, caso os responsáveis tenham conhecimento deste post, o vejam como uma crítica construtiva e não destrutiva. O meu objectivo é que os responsáveis revejam as estratégias/objectivos, procurem a mudança, para a satisfação do cliente, que sou eu e muitos outros como eu.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Só mais uma coisinha Sr Bastonário...


Depois de rever o último post, um dos mais visualizados desde sempre no PDDSE (agradeço à página "Enfermeiros" do Facebook), chego a conclusão que ainda ficou algo por dizer ao Sr Bastonário.
Além disso, parece que esta discussão sobre a Triagem de Manchester (TM), vai continuar.
No programa da manhã da TVI, ouvimos mais um médico a criticar a TM.
Pareceu-me não ser tão ignorante como o Sr Bastonário da Ordem dos médicos (OM), mas mesmo assim deixou claro que a TM seria melhor, se fosse feita por médicos. Seria uma TM onde, de uma forma muito rápida (!!!) o doutor conseguia perceber a história clínica e fazer uma avaliação geral do doente, para assim decidir para onde deveria encaminhá-lo! Fantástico! Apenas se esqueceu, o coitado, que tem 1 ou 2 minutos para triar e que tem 15 ou 20 pessoas lá fora à espera. Ia ser bonito. 
A resposta surgiu por parte de uma enfermeira convidada (peço desculpa, mas não anotei nomes de ninguém) e, apesar de não ter tido possibilidade de ouvir tudo o que disse, pelo menos achei que tinha mais argumentos do que o nosso Bastonário da OE. Só torci o nariz quando a senhora disse que as pessoas vão à Urgência para serem atendidas por médicos e não por enfermeiros. O que seria dos doentes se nós não os atendêssemos?... bom saiu-lhe mal, talvez fosse a pressão da situação.
A questão do desemprego dos médicos, como justificação para o ataque do Bastonário da OM, veio à baila e, de facto dou razão a um anónimo que dizia que, tal como os enfermeiros, os médicos estão a começar a sobrar em Portugal e agora procuram desesperadamente agarrar funções, que no passado não lhes interessavam para nada.

Finalizando então o Memorando, para o sr Bastonário e seus colegas,

O que o Sr. Bastonário da OM se esqueceu de referir é que há colegas seus que medicam e pedem exames sem ver o doente! Que medicam e pedem exames, apenas com a descrição da queixa efectuada pelo enfermeiro da TM! 
Questiono então, se a TM é mal feita pelos enfermeiros, como é que alguns dos seus colegas a valorizam de tal forma, ao ponto de nem olharem para o doente para decidir o que é que lhe vai ser feito!!??
Fazendo um pequeno desvio, o Sr Bastonário que me explique também, o que dizer a um doente que nos diz: "Vai-me dar uma medicação, Sr enfermeiro? Mas eu ainda não fui visto pelo medico! Só passei pelo enfermeiro da triagem!! Hilariante não? Mais uma vez, quem dá a cara a situações embaraçosas, são os enfermeiros

Sr Bastonário, Sr Ministro lanço-lhes um desafio: meio ano de TM feita por enfermeiros e outro meio ano feita por médicos.
No final vamos analisar detalhadamente os resultados, reclamações, intercorrências, tempos de espera, erros forçados e erros não forçados (como no ténis) e depois falámos.
Mais uma vez e para que fique claro, os enfermeiros não se opõem que os médicos façam TM, opõem-se é que a façam, enxovalhando e tentando correr com os enfermeiros.