quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Daqui a uns anos seremos enfermeiros medíocres


Actualmente, quer a nível interno, quer externo, somos conceituados. Já fomos elogiados publicamente por diversas individualidades e temos o respeito (da maioria) dos portugueses, lá fora a imagem é semelhante, já que somos requisitados por várias países, desde europeus a asiáticos.
Daqui a uns 10, 15 anos esta imagem vai começar a desvanecer e daqui a uns 20, 25 anos seremos enfermeiros medíocres. E porquê que tenho esta premonição?
É preocupante actualmente a qualidade dos alunos finalistas em enfermagem: conceitos teóricos muito fracos, postura, interesse e comunicação abaixo do razoável, destreza e capacidade técnica zero. Claro que há excepções, mas a maioria é assim.
As escolas têm responsabilidades? Têm também, porque parece-me que estagnaram na formação, desinvestiram no aluno. Será porque em poucos anos aumentaram exponencialmente o número de alunos admitidos (para depois irem para o desemprego)?
Actualmente o aluno quando lá chega, sejamos realistas, é um aluno a razar o medíocre, que entra para enfermagem com médias de 10, 11. É claro que este aluno pode tornar-se um excelente enfermeiro, mas também passou a tornar-se mais provável não o ser, comparativamente há uns bons anos atrás. Há uns bons anos atrás, entrava-se para enfermagem com médias de 15, 16 e até 17! É incontornável a diferença entre estes dois tipos de aluno, a nível de interesse, motivação, capacidade, conhecimento, postura, etc..
No meu tempo, nos estágios, havia maior investimento, interesse e iniciativa do grupo de alunos, havia também maior aproximação dos professores aos campos de estágio. Agora vê-mo-los apenas numa reunião inicial, intercalar e final, sem que o acompanhamento na prática tivesse sido feito, sem que se apercebessem sequer que um aluno finalista chega a um campo de estágio sem ter praticado técnicas básicas de enfermagem e pior que isso, sem ter noções de como é que elas são aplicadas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Alguém me convence a votar na Ordem?


Aproximam-se as eleições para a Ordem dos Enfermeiros.
Há uns dias escrevia de forma categórica que não ia votar. Hoje já coloco algumas reticências nessa afirmação.
Nunca votei, sempre achei e continuo a achar que temos uma Ordem fraca, irrelevante, nunca vi muita acção nem protagonismo, apenas viagens, obras imponentes, luxos e anúncios infelizes. Por isso sempre tive à margem das decisões, o que não é de todo correcto, mas a desmotivação falava mais alto para a abstenção e só o facto de entrarem todos os meses milhares de euros naqueles cofres, para sabe-se lá o quê, deixava-me e deixa-me revoltado.
Nunca fui nem sou anti-Ordem, tenho a perfeita noção que é necessária para a evolução da enfermagem, que a sua criação surgiu pela vontade e movimento dos enfermeiros, mas a visibilidade e o impacto que ela tem tido, junto dos enfermeiros, é quase zero. Todos os comentários que fui recebendo ao longo destes anos, em relação a aspectos que envolvem a Ordem, por parte de pessoas de confiança e com conhecimento de causa, nunca foram nada abonatórios, pelo contrário. Será que vai ser mais do mesmo ou haverá mudança?
Talvez esvazie a mente e leia os programas de cada um, talvez não...
Caso haja algum que se comprometa a reduzir pelo menos para metade o valor das quotas, avisem-me!

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Regulamentos de horários - Queremos ou não queremos?


Ainda em dia de aniversário do Blog, levanto a discussão a temática do regulamento de horários de enfermagem, que tanto se tem falado por estas bandas.
Tanto nos preocupa que levou a uma enchente ao auditório do nosso Hospital, para esgrimir factos e opiniões com dirigentes do SEP, enchente essa que nunca se terá verificado para discussão de outros assuntos tão ou mais importantes para a enfermagem. Enfim, percebe-se e não se percebe.

Pontos a reter:

1- Em enfermagem, os turnos de 12 horas são ilegais e o sindicato, neste caso (SEP) não pode defender uma ilegalidade, por isso e por outros atropelos denunciados, propôs um regulamento de horário, que foi avaliado pela Administração e, pelo que consta, será implementado.

2- Todos os enfermeiros têm as suas preferências, uns preferem fazer turnos de 8 horas, outros 12, outros até nem se importariam de 24. Uns não querem fazer noites, outros não querem fazer tardes. Uns são rigorosos e exigem uma folga a seguir a uma noite, outros não se importam de trabalhar, porque até têm outro emprego e precisam de ceder, para receber. Todos têm o seu direito, mas para que seja possível conciliar os direitos e deveres de cada um, terá que haver um regulamento justo e abrangente, que contrarie o que demasiadamente se verifica, que se prende com o facto de uns serem persistentemente beneficiados em detrimento de outros, no que concerne à equitatividade de turnos.

3- Todos gostaríamos de estar mais dias em casa. Com 35h/semana e turnos de 8 horas já é complicado, mas ainda se torna, com 40h/semana. Os turnos de 12 horas iriam minimizar este prejuízo, mas todos temos que ter a noção e está estudado e comprovado, que turnos que ultrapassam as 8 horas são um risco para o utente e profissional, devido ao cansaço. E todos sabemos o desgaste a que muitas vezes estamos sujeitos.

4- Cada serviço, mediante a sua especificidade e motivação da equipa, pode em conjunto com a Administração, chegar a um "acordo" sobre a tipologia de horário. Poderá eventualmente acordar em turnos de 12 horas, mas em caso de problema grave associado à prestação de cuidados de saúde por um enfermeiro, nem Ordem nem Sindicato virá em defesa. Além disso, em caso de denúncia e visita da ACT, quem come a fava é a instituição.

5- Todos estes problemas terminariam e (quase) todos iríamos passar novamente a preferir turnos de 8 horas, se as 35h/semana regressassem. Esta é a batalha que se mantém a nível sindical e judicial e que muitos ilustres já defenderam para a função pública. É uma batalha muito nossa, porque sabemos que temos uma profissão de maior desgaste e por isso só com união e horizontes alinhados lá regressaremos.