quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Um enfermeiro ateu


Após a controvérsia lançada pelo livro de Saramago, surgiu o mote para reflectir sobre um tema nunca antes falado, talvez por me sentir inseguro ou relutante, talvez pela complexidade do assunto – a religião.
A melhor forma que encontrei para dissecar a religião foi contrapor os seus prós e contras, analisando o seu reflexo nos povos. Nada mais poderia fazer, porque só fiz a primeira comunhão, portanto nem sei o que fez o Caim, nem sei quem era o Abel, nem muito menos o Moisés. Estou mais interessado na obra dos nossos Nobels da Medicina e literatura, ou na obra do Eusébio e do Johann Cruyff.

Nunca li a bíblia (apesar de, desde há algum tempo, ter alguma curiosidade), prefiro a FHM e não sei qual o papel do papa, ou se o terá, prefiro estar mais interessado no papel da Ministra da saúde.
Encontrei a síntese ideal para a minha teoria, numa frase proferida por Saramago, na célebre entrevista com Judite de Sousa, que ao citar Hans Küng, um teólogo suíço, encontrou forma de complementar a sua tese ateísta: “As religiões nunca serviram para aproximar os seres humanos uns dos outros “. É a grande verdade… Ou melhor, o seu oposto é uma grande mentira - as religiões serviram sempre para aproximar os seres humanos uns dos outros. Como diria um blogista que visitei agora mesmo, o mundo seria muito mais pacífico se todos fossem ateus.
E tu, o que é que tens a dizer sobre isto? A religião é importante para a tua vida profissional e pessoal? A religião e enfermagem deveriam ser inseparáveis? O enfermeiro deverá delinear a sua linha de actuação, o seu método, baseado na religião? Deixo-vos com a tabela que a meu ver, expõe os aspectos positivos e negativos da religião. De um lado a fé, como se costuma dizer, a fé move montanhas, é capaz de impulsionar o individuo, gerar optimismo e capacidade de enfrentar problemas da vida, tanto nos crentes como não crentes. Por exemplo, eu tenho fé que o Benfica ganhe a Liga Europa, mas não sou crente.
Por outro lado temos os aspectos negativos e só os mais ingénuos é que terão dúvidas sobre esta conclusão. É evidente que todo o ódio, guerras, etc.. não são unicamente inteira responsabilidade da religião, mas também o são.
Passei 3 noites a tentar perceber como colocar uma tabela no blog de forma simples, por isso ao menos dêem uma vistinha de olhos, ok?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Foi comprar cigarros e nunca mais voltou...


Parece um título do Jornal O crime, mas não. Trata-se da realidade no Hospital de Viana. Temos um digníssimo médico que muitas vezes, em serviço, lembra-se de passar do estado sólido a gasoso, ou seja, tem a invulgar capacidade de se evaporar, de desaparecer em serviço. Há relatos fidedignos que asseguram que vai prestar serviço(s) para outras freguesias e noutros departamentos. Questiono se os responsáveis não têm conhecimento da situação, ou fingem não ter??! Alguém que me esclareça p.f.
Obrigado.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Morangos com pimenta




Assusta-me pensar como serão as nossas crianças/adolescentes no futuro. Liga-se a televisão, vemos desenhos animados parvos e violentos (que é feito das Aventuras de Tom Sawyer, do Dartacão, da Alice no país das Maravilhas e do Benji e Oliver?!); séries tipo CSI's, NCIS's e outras que tais, onde o crime é o cenário principal (volta MacGyver, que saudades!); Concursos musicais género Ídolos e Nasci pra cantar ou Só um pode ganhar, onde se apresenta o mundo virtual da fama aos principais alvos, crianças e jovens, sedentos de protagonismo e afirmação (volta Bota Botilde, estás perdoada!) e por último temos o ex libris da parvoíce da televisão nacional, a novela Morangos com açucar, que já lá vai na 8ª ou 9ª série e promete ir para a 47ª ou mais, onde os putos são malcriados com os pais e entre eles, comem fastfood e os melhor sucedidos, nesse vazio conto, são aqueles que são mais bonitos, têm mais pinta e sabem cantar ou dançar, (já não se produzem novelas tipo, Meu pé de laranja lima, Roque Santeiro e Tiêta do Agreste). Aii a Tiêta.. Tiêta do Agreste, Lua cheia de tesão, É lua, estrela, nuvem, Carregada de paixão.. ops, desculpem já estava a cantarolar.

Bom adiante, mas perguntam vocês o que é que isto tem a ver com enfermagem??! Tem tudo.. cabe ao enfermeiro proporcionar uma boa saúde infantil, e como tal, educar, principalmente os pais, encontrando alternativas ao lixo da TV nacional (salvo raras excepções). Como estamos na época do download, que saquem As Aventuras do Tom Sawyer, olha eu vou fazê-lo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O senhor que esperava por otorrino


Nota prévia: Convém mais uma vez relembrar que esta e todas as outras histórias/crónicas são baseadas em factos reais e que todos os nomes nelas contidos são fictícios. Isto para não se pôr em causa questões de sigilo profissional, como de forma injusta e injustificável se mencionou num anterior comentário. Será importante realçar que esta e todas as outras histórias nunca têm como objectivo denegrir a imagem de quem quer que seja, (muito menos a dos utentes). Apenas pretendem alertar e consciencializar o leitor para situações de funcionamento inadequado, neste caso, dos serviços de saúde. Todos sabemos que os mesmos dificilmente serão perfeitos, mas podemos tentar que sejam cada vez melhor. Se qualquer uma destas histórias contribuir de alguma forma para isso, tanto melhor.
Acabou o turno, saio desgastado após triar 207 utentes. Triar é um trabalho mecanizado, de rápida sistematização, comparável ao de um operário fabril. Às vezes, quando vejo chegar as “fichas” em catadupa, penso, maldita a hora que a triagem foi atribuída aos enfermeiros, mas tenho que reconhecer que é útil e que os enfermeiros serão os mais aptos para tal.
Foi um pequeno desabafo, o que me traz aqui nem é isso, voltando atrás.
Acabou o turno, passo em passo rápido pelo corredor, olho para o lado e reparo com surpresa e comoção no senhor que esperava por otorrino.
O senhor Jorge tinha chegado às 9h, tal como lhe tinha sido indicado no dia anterior. Nesse mesmo dia anterior também esperava por otorrino e esperou… todo o dia. Fazia parte daqueles doentes que são encostados, atirados para o esquecimento. Doentes que chegam para uma especialidade que não está presente ou até nem sequer escalada, ficando assim atribuídos a uma outra que está em presença física e que pouco ou nada se vai interessar. Justo será mencionar que o excessivo volume de doentes neste (e outros) Serviço de Urgência agrava esta situação, pois os profissionais de saúde dificilmente conseguem atender aqueles utentes que estão sob a sua responsabilidade directa, quanto mais os outros. Foi outro pequeno desabafo, continuarei com a história que me fez meditar.
O senhor Jorge tinha cancro da laringe, o que consequentemente lhe provocava uma alteração de imagem. O que me despertou atenção e o sentido de reflexão, foi a sua evidente serenidade, como vos disse, esperava por otorrino há já um total de 24 horas, eu repito, 24 horas de espera e continuava sentado no corredor apinhado, com o olhar distante e de aparente indiferença ao seu infortúnio e espera prolongada. Parecia esse mesmo pescador tranquilo no paredão sob o reconfortante pôr-do-sol, aguardando paciente, o morder do anzol.
Agora questiono-me, porque outros de saúde plena, chamam uma ambulância sem necessidade, exigem atendimento imediato e destabilizam o ambiente pelo gosto do protesto sem razão?!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

I Aniversário pddse


13 de Outubro de 2008... como se costuma dizer, parece que foi ontem. A nossa página de reflexão, crítica e enterteiner já faz 1 ano, o nosso blog está de parabéns! O balanço transcende aquilo que eu alguma vez imaginaria, o que se iniciou por uma brincadeira, tornou-se, pelo menos para mim, um saudável vício. Sem a vossa presença e colaboração, isto não faria qualquer sentido, mas pelos vistos constituiu-se um sentido com destino, tal como a própria descrição do pddse predestinava.
Um abraço a todos e obrigado!!
Espero por vós aqui e sempre. Parafraseando Santana, andarei por aí...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Opiniões II - A crise na Enfermagem



A Enfermagem atravessa uma crise de identidade, ou se quiserem um deserto, que tem na sua base uma OE obsoleta, desconectada da realidade, onde promove acções de formação sobre a importância do aleitamento a crianças de 4 anos, em vez de gestantes!
A Lei sobre a Educação Sexual das Escolas já saiu, mas não está definido quem a fará, mas a OE em vez de defender que devem ser os Enfermeiros, mais se alheia à tomada de uma posição. Logo não faltará no futuro elementos NÃO ENFERMEIROS a reivindicar a Promoção da saúde como sendo sua!
Incentivem os Enfermeiros a aconselhar os utentes, que para sua segurança não devem fazer pensos ou injectáveis nas farmácias!
Revoltem-se contra o facto dos técnicos de laboratório estarem a fazer colheitas de sangue, usurpando dessa forma as nossas funções!
Denunciem o facto dos técnicos de Rx administrarem corticóides por via EV, aquando da realização de TACs com contraste.
REFLICTAM sobre o número de Enfermeiros que todos os anos se formam a nas Escolas a GRANEL.
Reflictam sobre o desemprego que reina na classe e sobre a EXPLORAÇÃO a que são sujeitos os recém-formados!
ENFIM ACORDEM PARA A REALIDADE
Por um anónimo

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Curtas estapafúrdias


Nota: Qualquer semelhança com anedota é pura coincidência. Baseadas em factos verídicos.
Na Triagem...
O enfermeiro questiona D. Florinda que, por sua vez, ouvia muito mal.
Boa noite! Então de que se queixa?
Dói-me o peito, Sr. Enfermeiro.
Dói-lhe o peito!? Certifica-se.
Nada feito?! Returque admirada
Também na triagem...
Sr. António o que o trouxe cá?
A mota Sr. Enfermeiro.
A descrição ao detalhe... ainda na triagem
Sr. Enfermeiro, na 6ª feira ia na carreira da Auto Viação Minho, o condutor era o Sr. Mário, caí no 2º degrau ao descer, estou toda dorida, dói-me o peito, o braço direito e as duas pernas... E o homem nem sequer se levantou para me ajudar.
Na consulta...
Doutor tenho comichão pelo corpo todo
Minha senhora, vá para casa coçar-se e volte amanhã.

Ao telefone...
O Sr. Fonseca está pior, está com mais falta de ar.
Mas é urgente, urgente, urgente?
(Resposta imaginada por mim - Não... é só urgente, urgente. Urgente, urgente, urgente, é demasiadamente urgente para o caso. Urgente quatro vezes é mesmo mesmo urgente e urgente cinco vezes é quando já não vale a pena fazer nada, porque já é tarde).
No internamento...
Dona Assunção vá lá baixo à urgência ter com a Drª Ana Lisa para assinar estas requisições.
Passados longos minutos...
Srª Enfermeira ando farta de perguntar mas ninguém me sabe dizer onde anda essa Doutora analista.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

o perdedor que venceu


Pela sondagem no pddse, o Bloco de esquerda ganharia com maioria absoluta. Em vez disso temos uma maioria relativa de um partido liderado por um vendedor, (sem desprimor pelos vendedores) onde são mais os maus do que os bons políticos. Deixo-vos com a análise de um entendido na matéria e com um vídeo delicioso. Agora cada qual faça a sua análise

O perdedor que venceu
por Baptista-Bastos

A "extraordinária vitória" do PS, proclamada pelo secretário-geral do partido, não assegura uma identidade "socialista". Coloquemos a euforia em formol, paremos um pouco para pensar, e verificaremos, assim, que o vencedor é refém da fluidez da sua vitória. O reordenamento parlamentar, com as subidas (essas, sim, extraordinárias) do Bloco e do CDS, causam uma dependência política do PS, sob uma espécie de dupla imposição, incapaz de afrouxar pela própria índole daqueles dois partidos. Não auguro nada de bom, para todos nós, nos próximos tempos.
O PSD está esfrangalhado. Não é de agora. Depois dos intermezzos cómicos de Durão e de Santana, Luís Filipe Menezes tentou conciliar o partido com o respeito por si mesmo. Menezes é um homem culto, lido, cortês, que procurou, na prática, ter em conta as "sensibilidades" do PSD e, acaso, restitui-lo à matriz inicial. Foi dizimado, entre outros, por Pacheco Pereira, para quem a convivência política torna-se num impedimento a suprimir. Com a derrota do PSD, o Pacheco é, por sua vez, olhado de viés, e os ajustes de contas não tardarão. Que faz correr, e ter atitudes intelectualmente reprováveis, este homem calculado, gelado e inteligente? O atabalhoamento com que tenta atenuar a derrota da sua estratégia chega a ser uma piada cruel, como abundantemente ficou demonstrado anteontem, na SIC-Notícias, no encontro com Pedro Silva Pereira.
Manuela Ferreira Leite, católica, antiga e distante, foi, de repente, colocada à frente de um partido cujas características variam, por ausência total de ideologia e excesso de ressentimentos. Dois terços do PSD não a tomavam a sério. O outro terço bajulava-a sem convicção. Uma fatia larga da vitória do PS deve-se à sua total incapacidade de criar laços e ao canhestro das suas proposições; não propostas, proposições.
Este imenso cenário está montado numa extraordinária bizarria do sistema. Vejamos: todos os partidos aumentaram de deputados, incluindo o PSD. O PS, o único que perdeu em votos e em parlamentares, foi, afinal de contas, o vencedor.