quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A enfermeira mais simpática do Serviço de Urgência

Há uns tempos ouviu-se na Urgência,
Vá ter ali com aquela enfermeira! apontando para o outro lado do corredor.
Mas qual enfermeira?! perguntava a senhora.
Olhe, é a enfermeira mais simpática da urgência, você descobre...
Aquilo deixou-me a pensar, é difícil escolher a enfermeira mais simpática da urgência. É injusto escolher apenas uma.
Lembro-me de, no post "O Início... 2ª versão", no meio das lamentações, que no fundo foram o propósito do blog, ressalvar o prazer que tinha, de trabalhar com a generalidade dos meus colegas. Assegurei que mais tarde os relembraria.
Mas quem é a enfermeira mais simpática?! Não é propriamente fácil ser-se simpático na Urgência, vamos sendo prestáveis, uns dias mais animados, outros dias mais exasperados.
Acima de tudo admiro o espírito, a força, o dinamismo das nossas colegas mulheres... os homens que me desculpem, mas não é o vosso tributo.
Para a Ana, Adriana, Anabela, Carmen, Delfina, Graça, Mabilda, Maria João, Lurdes, Raquel, Teresa, Sara, Andreia, Paula M., Rita, Sandra B., Susana, Rosa Olívia, Ângela, Cristina, Daniela, Goreti, Karine, Luísa, Carmo, Paula P., Carla, Lígia, Sónia, Vânia e Sandra R. e todas as outras que por cá passaram, a minha admiração. Continuem a segurar a Urgência, é que nós, homens, somos um pouco mais impulsivos, é importante manter a impulsão e o travão, nivelados na balança.
Continuem a colorir esta Urgência, que às vezes parece tão cinzenta e a assegurar que, parafraseando o Filipe, somos a melhor equipa do mundo.
É importante durante a vida, relembrar e elogiar aqueles que consideramos, porque depois pode ser tarde.
Beijos
G.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A estrutura dos Serviços de Urgência


Este post vai de encontro à sondagem lançada aqui mesmo ao lado. Consta que hoje aconteceu algo de extraordinário para a equipa de enfermagem do serviço de Urgência. As enumeras lamentações dos elementos da equipa foram finalmente ouvidas por quem tem o poder de decisão – a direcção de enfermagem. Esta, ao que parece, apresentou-se com um estilo inovador, baseado no diálogo, na cooperação e com uma ideia fundamental: MUDANÇA. Parece que todos estavam de acordo que a mudança na urgência é urgente, mas que não depende exclusivamente dos enfermeiros. Ideias interessantes foram debatidas, notou-se optimismo, pelo interesse dos órgãos de gestão de incluir a equipa na tomada de decisões, mas receio pela ideia chave que foi proposta: A equipa de enfermagem ser dividida em duas, OBS /Urgência geral. Este é o espaço para se reflectir sobre os prós e os contras dessa proposta. Pelo que percebi, o objectivo será potencializar cada unidade funcional, tornando OBS e Urgência Geral dois serviços distintos e independentes. Mas será esta uma das soluções?! Não será possível atingir os mesmos objectivos de outra forma?!
Não acredito que metade da equipa deseje ficar única e exclusivamente em OBS e outra metade na Urgência Geral. A equipa ficou de se pronunciar e apresentar projectos. Podem aqui começar a reflexão.
Ate já!
G.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Fórum Sindicatos


O meu amigo colaborador Shadow pediu, eu cumpri ,
Entramos num novo ano e a luta por uma carreira digna na nossa profissão continua acesa. Tenho recebido vários emails sobre o que se vai passando e as notícias não são animadoras. Parece que o Ministério da Saúde continua a evitar os enfermeiros, adiando decisões, divergindo em medidas. A luta vai-se arrastando há já muito tempo, tanto que até já vamos perdendo a noção. Reparo numa maior mobilização, no entanto continuamos muito inertes. Muitos nos queixamos, muitos falamos no incrível movimento dos professores, mas parece que grande parte de nós continua metidinho no seu canto. Muitos ainda não perceberam, que se estiverem informados, unidos e esclarecidos, estão no caminho para fazer tremer o SNS.
Criticamos os sindicatos, a Ordem, mas desses, muitos nem num lado nem no outro, pagam quotas, participam. Compreendo também a frustração, mas é o momento para a deixarmos de parte.
Sendo assim, abro aqui este espaço para o debate em torno de:
Qual a tua opinião sobre o papel dos sindicatos?
Qual a tua opinião sobre o papel da Ordem?
Quais são os pontos emergentes para actuar, na tua opinião?
Quais as soluções?
Aguardo as vossas opiniões
Abraço
G.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Alcoolismo em profissionais de saúde - parte II


NOTA PRÉVIA: Caros participantes, a síntese que vão ler de seguida trata-se de um artigo da revista SÁBADO nº 221, cujo título é: Médicos viciados. Para lerem o artigo completo, pesquisem, "revistas online" no google e solicitem a revista.
1. Não se trata da minha parte de nenhum "ataque" aos médicos, que fique bem claro! Como já referi nada tenho contra os médicos, apenas me incomoda a arrogância e elitismo de alguns. Tenho muito respeito e consideração pela classe médica. Ser médico, não é nada fácil. As recompensas são benéficas, os dissabores podem ser catastróficos.
2. Este é um trabalho de investigação da jornalista Isabel Lacerda, que descobri por conversa com uma amiga e que serve de complemento ao penúltimo post, Alcoolismo em profissionais de saúde.
3. É importante reforçar o "PROFISSIONAIS DE SAÚDE". Na minha opinião o artigo é muito completo, mas será injusto, pois retrata apenas a classe médica, quando a questão abrange todas as classes. Não serão apenas médicos, os profissionais de saúde com este problema. Claro que para efeitos de audiência, vende muito mais, MÉDICOS VICIADOS, do que enfermeiros viciados ou auxiliares viciados, etc. Sendo assim, mais uma vez, que fique claro que acho este artigo pertinente, completo e interessante, mas INJUSTO, não venham por aqui os anónimos azucrinar-me a cabeça.
«A médica era viciada em drogas duras e foi apanhada a roubar. Castigo: aposentação. (...) Atendia vários doentes ao mesmo tempo enquanto os tratava por "tu" e fumava cigarros, (...). Há vários anos que as pessoas da região lhe conheciam a dependência de drogas duras - heroína e cocaína. Muitos doentes recusavam ser atendidos por ela. Mais de 10 registaram as suas queixas no livro de reclamações. Já em 2005 os colegas do posto médico se tinham juntado para exigir que ela fizesse análises ao sangue. Recusou. (...) Há médicos dependentes de drogas pesadas. Mas ainda são mais os que abusam de outras substâncias como álcool e comprimidos, para relaxar ou ganhar energia. A maioria dos estudos comparativos conclui que a propensão para o abuso de substâncias aditivas lícitas (medicamentos) é mesmo superior nos médicos do que nas restantes profissões. Num trabalho sobre stresse e esgotamento na classe médica, Maria Antónia Frasquilho, psiquiatra e investigadora, afirma, baseada em estudos internacionais: constata-se que os médicos recorrem aos tóxicos para aliviarem o sofrimento emocional - 12% a 14% abusam do álcool ou dependem de tóxicos. (...) A dependência química alia-se à dependência de álcool e assume uma dimensão e gravidade superiores às de outras profissões com status sócio-económico equivalente.
(...) os médicos têm altas taxas de stresse, insónia, ansiedade, depressão e suicídio (...). A psiquiatra nomeia as longas horas de trabalho, a frustração com o declínio das condições técnicas e humanas para exercer a medicina e a desilusão (...). Conheço muitos médicos que me dizem: "Só aguentei a Urgência tomando pastilhas, porque a minha vontade era fugir."
Luís Santos (nome fictício), médico de um hospital de Lisboa (...). Começou a tomar comprimidos no fim da faculdade (1975/76): "havia matérias extremamente árduas e um colega desafiou-me a tomar uns estimulantes." (...), um delegado de informação médica abordou-o com uns novos comprimidos que dizia serem óptimos para quando se estava de banco: "Foram os melhores que alguma vez tomei. Acho que era anfetamina ou coisa do género" (...) Ao fim de muitos anos, o médico, (...), reconheceu que tinha um problema de adição a comprimidos e também ao álcool, (...). Procurou um psiquiatra. Mas ainda foi pior. "Ele insistiu que eu estava enganado, que o meu problema era depressão." Receitou-lhe antidepressivos - vários. (...) A dependência durou mais de 20 anos. Sendo médico, Luís tinha acesso fácil à substância em que era viciado: prescrevia-se a si próprio. (...) Ele próprio explica que doses altas de estimulantes podem provocar efeitos com os de doentes bipolares na fase eufórica: "A pessoa perde alguma noção dos limites e do bom senso, acha que é o super-homem. (...) Por sorte, a sua especialidade não é cirúrgica. (...) E diz que nunca foi trabalhar "com os copos". Porque nas alturas em que lhe dava para beber até adormecer, ou faltava no dia seguinte ou faltava durante semanas ou meses - metia baixa.
No Brasil, um estudo da Universidade de São Paulo sobre os hábitos de consumo de médicos em tratamento de toxicodependência ou uso nocivo de substâncias revela que o padrão mais frequente é a associação de álcool e drogas (36,8%), seguido do álcool isolado (34,3%) e das drogas (28,3%). Uma profissional de saúde aposentada conta à SÁBADO como, ao longo da sua carreira, sempre em Lisboa, se cruzou com médicos com os três problemas: " Um especialista em medicina interna, na casa dos 40 anos, assim que chegava ia direito a um armário de medicamentos e tomava um tranquilizante. Dizia que o acalmava a tarde toda." Noutro hospital, um cirurgião com mais de 50 anos que tinha dores provocadas por um traumatismo de guerra, enchia-se de analgésicos, especialmente antes de entrar no bloco operatório. Só que os tomava com whisky. Nos intervalos entre operações engolia mais comprimidos e bebia mais whisky. Chegava a esvaziar uma garrafa por dia. "Que eu saiba, nunca teve nenhum acidente cirúrgico", "E depois havia outro internista, com menos de 40 anos, completamente alcoólico. Chegou a estar duas vezes internado, em coma. Acabou por morrer em deterioração orgânica provocada pelo álcool." (...) Domingos Neto, ex-director do Centro Regional de Alcoologia do sul. O psiquiatra especializado em adições já tratou mais de uma dezena de médicos com problemas de alcoolismo: "Uns estão óptimos, com uma vida profissional excelente. Outros não estão assim tão bem." Um dos problemas do abuso do álcool (...): "É uma espécie de toxicodependência de estimação dos portugueses." Mesmo os médicos têm dificuldade em reconhecer o seu problema. (...), têm maior renitência do que a população em geral em procurar ajuda e são melhores a esconder os sintomas. (...) Mesmo quando percebem que alguma coisa está errada, o alheamento, o corporativismo ou o receio tornam a ajuda e a denúncia raras (nenhum dos profissionais de saúde que relataram situações à SÁBADO falou com superiores ou com os colegas). Muitos poucos processos originados por esses motivos chegam à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS). E, destes, menos ainda terminam em sanções aos profissionais: as reacções, adianta fonte da IGAS, acabam quase sempre em recomendações de atenção às entidades. Além disso, a SÁBADO sabe que, nos últimos anos, os planos de actividade da Inspecção não tem previsto nenhuma acção de fiscalização a este tipo de situações. O Ministério da Saúde não quis comentar o assunto (...).
Em Lisboa, o hálito de um conhecido cirurgião não engana quem trabalha com ele. O seu comportamento muito menos. "É completamente irascível, anda sempre aos berros, maltrata toda a gente, ameaça os colegas de nunca mais operarem na vida", conta uma enfermeira. Com a perda de precisão, os erros, mesmo em cirurgias simples, apareceram. "Enganava-se e cortava artérias; numa operação a um quisto dermóide atrapalhou-se tanto que deixou a rapariga com uma cicatriz horrível (...). No momento em que percebia os enganos reagia quase sempre da mesma maneira: batia com os pés no chão, atirava com os instrumentos cirúrgicos, gritava: "Sou mesmo um estúpido, sou uma besta!" Há cerca de oito anos, numa cirurgia a uma hérnia, de repente o enfermeiro-instrumentista perguntou: " Mas isso não era o canal espermático?" Pausa. Gritos (do próprio cirurgião a chamar nomes a si próprio por ter cortado no sítio errado). Nova pausa, para se acalmar: "Cale-se! Não fale do que não sabe. Não era nada, está tudo bem." Mas era. Toda a gente que estava no Bloco percebeu que era. Só que ninguém disse nada. O rapaz de 20 e poucos anos nunca soube do erro que pôde eventualmente ter-lhe atrofiado um testículo. Formalmente, nunca nenhum colega fez queixa dos abusos do cirurgião, mas a SÁBADO sabe que foram várias as recomendações informais que chegaram à direcção de pelo menos um dos hospitais por onde passou para que ele fosse afastado dos blocos operatórios. Nunca nada foi feito. O médico continua com os seus excessos, verbais e de consumo, embora ultimamente se tenha dedicado mais a funções administrativas. "Pode haver tendência para proteger o colega, mas isso faz-lhe mal. Uma atitude firme da parte do superior ("Ou te tratas ou vais ter problemas connosco") é muito mais humana e benéfica do que a tolerância", sublinha o psiquiatra Domingos Neto. Até porque, se quase nenhum alcoólico procura ajuda sem pressão dos familiares, amigos ou colegas, nos médicos - está provado - os tratamentos têm taxas de sucesso superiores. Sobretudo se, como acontece nalguns países, a sua recuperação (de álcool e/ou drogas) for feita em centros de tratamento especializado só para profissionais clínicos. Nos Estados Unidos há pelo menos 40 instituições destas. Em Portugal a tentativa que houve em 2001, em Coimbra, acabou em menos de um ano: "Ainda atendemos cerca de 12 médicos, a maioria com problemas de álcool. Aquilo funcionava na base da boa vontade, por iniciativa da Ordem dos Médicos, mas necessitava de condições logísticas e financeiras para continuar", explica o psiquiatra mentor da iniciativa, Morgado Pereira.
O elevado estatuto social da classe médica e a própria natureza da profissão faz com que os próprios tenham renitência em recorrer aos serviços de saúde públicos, onde estão mais expostos e podem, inclusive, cruzar-se ou ficar internados ao lado de pacientes. A secção regional do sul da Ordem está a acompanhar o Programa de Atenção Integral ao médico Enfermo, de Barcelona (...): "Permite um internamento incógnito - a pessoa vai com um nome de código".
Em Portugal, os profissionais de saúde representam 3,2% dos Alcoólicos Anónimos (AA). (...) Carlos Ferreira (nome fictício) foi um deles. Começou a beber ainda durante o curso e só parou 20 anos mais tarde (...) o álcool estragou-lhe a carreira de gastroenterologista no IPO de Lisboa. Mas proporcionou-lhe outra: " Quando entrei nos AA comecei a ler tudo que havia sobre adições em Portugal. Depois fui para o Canadá estudar medicina de adição. Quando regressei tornei-me também psicoterapeuta." Há 15 anos que trata pessoas com os mesmos problemas pelos quais já passou. Deixa um recado: "Os médicos têm de perceber e aceitar que o alcoolismo é uma doença crónica como a hipertensão, a doença cardiovascular ou pulmonar (...) não se pode deixar que estejam a exercer - para o bem delas e para o bem dos doentes, porque esses é que não têm culpa nenhuma.
(...) O marido de Zélia Ferreira foi atendido por um médico visivelmente alcoolizado. Morreu poucas horas depois: "Tinha os botões da bata desencontrados e os sapatos a chinelar. Até pensei - raio de médico, parece que está a dormir" (...) Morreu a caminho do segundo hospital. Deixou duas filhas e uma viúva inconformada: Zélia Ferreira escreveu uma queixa no livro amarelo do hospital e iniciou um processo em tribunal contra o médico. A reclamação originou um inquérito na IGAS, que terminou com a mera recomendação para que as sub-regiões de saúde instaurem formas de monitorizar e prevenir este tipo de situações. O processo judicial não passou da instrução, em 2007. (...) De nada valeram as 11 testemunhas apresentadas pela viúva, todas a referir o habitual estado de embriaguez do clínico geral.
Paulo Agostinho (...) levou a filha de 8 anos, engripada e febril ao mesmo hospital (...) À saída perguntou na secretaria se era permitido ouvir música na urgência, (...) "Nisto aparece o médico a dizer que o rádio tinha desaparecido, como se eu o tivesse roubado." Levantou-se a confusão e Paulo chamou a PSP - insistia em ser revistado para desfazer as dúvidas. Mas quando a polícia chegou, o pedido das dezenas de utentes que lá estavam foi outro: "Ponham-no (o médico) a soprar ao balão!". A polícia não chegou a testar a alcoolemia, mas umas semanas depois Paulo Agostinho recebeu um telefonema do director do hospital e mais tarde alguém lhe disse que o médico tinha sido retirado das urgências nocturnas. Esse médico tem hoje 60 anos. Continua a exercer».
A minha opinião:
1. Por que é que as entidades competentes se escondem atrás do problema, por que é que não encontram soluções? "O Ministério não comenta? Porquê?
2. Todos sabemos que há médicos que têm pavor, detestam a Urgência, fazem-na por obrigação, daí vem os comprimidos para relaxar. Não há formas de se dedicarem àquilo que gostam e deixar a urgência para outros, aqueles que gostam (criar "urgencistas", p.e.).
3. A causa do problema também está no próprio SNS, alguns motivos que foram apontados no artigo são da exclusiva responsabilidade do SNS. Questões organizativas, condições de trabalho, melhoria infra-estruturas, aumento das equipas, ......
4. Médicos que se auto-prescrevem, como é possível?!
Obrigado Patrícia, este post não existiria sem a tua preciosa ajuda.
G.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Save Miguel


Vejam isto, vale a pena! Não tem nada a ver com enfermagem.
O pddse também não é só enfermagem e todas as questões associadas a saúde, senão começa a cansar.
Como se consegue aliar humor a uma boa causa, clica aqui SAVE MIGUEL

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Alcoolismo em profissionais de saúde


Há uns tempos atrás, nos meus apontamentos, tinha anotado um tema que cada vez mais me parece tabu. Escândalos e notícias tristes depressa se propagam neste hospital e, vendo bem, em qualquer local de trabalho no nosso país. As boas notícias, excluindo o aumento de vencimentos, demoram mais um pouco a alcançar um destino, nesta corrente de propagação de informação.
Depois foi lançada a já tão badalada bomba pelo Sr. Tasqueiro (quem desconhece, recomendo consultar os comentários ao post “Crónicas estapafúrdias vol. IV – Ruídos”).
Pensei que seria o momento oportuno para abordar o tal tema tabu, o alcoolismo em profissionais de saúde.
Para ter um suporte científico, comecei por pesquisar no Google académico, trabalhos sobre o tema. Surpreendentemente encontrei zero. Inseri “alcoolismo em profissionais de saúde” no motor de busca e as centenas de trabalhos de investigação/artigos que surgiram, incidiam sobre alcoolismo numa amostra aleatória de pessoas e enfatizavam o papel dos profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros, no combate ao problema.
Outros trabalhos direccionavam-se para burnout. Duas premissas importantes: o burnout pode conduzir ao alcoolismo; Os profissionais de saúde são das classes mais propícias a desenvolver burnout. Associando-as, facilmente concluímos que os profissionais de saúde correm algum risco de consumir álcool em excesso. Porque é que não encontro então, estudos sobre isso??! Se calhar sou um nabo a pesquisar.
Ser profissional de saúde, tem as suas recompensas, as suas amarguras. Há um vasto leque de vantagens e inconvenientes, já por demais conhecidos. Lidar com o insucesso, fadiga, stress, sofrimento dos outros, problemas familiares associados à ausência ou não, etc, pode levar a angústia, depressão e por possível sucessão, a vícios, onde o álcool assume posições de liderança.
É problemático ser alcoólico, é ainda mais problemático ser um profissional de saúde alcoólico. Porém, na minha opinião, é muito mais que problemático, é gravíssimo, é ultra-condenável, permitir que estes profissionais estejam em trabalho, sem que haja vigilância, acompanhamento e tratamento.
Em grandes locais de trabalho como Portucel e Estaleiros Navais, onde os trabalhadores desempenham cargos de alta responsabilidade, há vigilância rigorosa dos níveis de alcoolemia nos trabalhadores. No nosso hospital, onde evidentemente os trabalhadores desempenham cargos de ainda maior responsabilidade, já vi testes de alcoolemia, mas foram aqueles que a GNR vem fazer aos traumatizados em acidentes de viação. Agora em funcionários??! Nunca vi, nem nunca ouvi falar. Posso estar enganado, mesmo que esteja, é impossível que este controle seja eficaz. O Sr. Tasqueiro lançou a bomba que toda a gente tem conhecimento, mas que finge não ter. É um problema de saúde pública, é um problema nosso, dos nossos gestores e responsáveis pelos departamentos de medicina no trabalho. Acordem senhores, qualquer dia pode ser tarde. Enfrentem o problema, não discriminem, encontrem saídas.
G.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Um bom conselho

Nem todos os discursos são enfadonhos, como os do Sócrates, Manuela F. Leite, etc...
Vale a pena ouvir este senhor, fundador da Macintosh e Pixar.
Apesar de estar escrito que está legendado em português, quem o disse deve ser brasileiro.
Só não concordo muito com o seu conceito de envelhecer, tudo o resto acho que é uma boa lição para a vida.
O video seguinte é a 1ª parte, se quiserem continuar, vejam a 2ª parte, clicando aqui

G.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Crónicas estapafúrdias vol. IV - Ruídos


Um Serviço de Urgência é um sítio cheio de vida, de movimento, de riso, de choro, de choque, de gestos e por tudo isto, de barulho excessivo. Existe um médico de alta patente, alérgico ao ruído. Quase sempre acorda mal-disposto. Quando é confrontado com mais que um assunto ao mesmo tempo, ou quando começa a ouvir barulho a mais então essa má disposição triplica. Consta que durante a azáfama que é um turno da manhã em OBS terá dito, após o telefone tocar continuamente, Ao 3º toque do telefone, é para atender!!. A Enf. P. respondeu, enquanto se ocupava com a higiene da D. Fátima, com ajuda da Auxiliar D. R., Não vamos parar o que estamos a fazer! E o telefone tocou e tocou...
Outra Doutora, igualmente de alta patente, incomodou-se também com a gargalhada de uma enfermeira. Terá pedido: Srª Enfermeira, não se importa de se rir atrás do armário.
Confesso que também me incomoda um pouco o barulho excessivo, às vezes nem nos apercebemos do ruído que fazemos, principalmente no turno da noite. O bom silêncio, aquele que provoca tranquilidade, é importante para o processo de cura e para o nosso bem-estar. Agora garanto-vos, não vou deixar de fazer o que estava a fazer, para atender um telefone e de certeza que não me vou rir atrás de um armário, até porque já não os há.
G.