sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Já não se pode ser original e divertido sem se passar por bêbado


Esperava a minha vez para levantar dinheiro no MB do hospital. À minha frente estava o pai, com o miúdo ao lado, a pagar a luz. Mesmo ao lado ouvia-se as chamadas para as consultas externas:
- Maria Conceição Oliveira, sala 25;
- Manuel dos Passos Coelho, sala 18

e de repente, ouve-se em voz paternal:

- Susana (pausa....) Susaninha Matinhos!, sala 17, faz favor!

O pai vira-se para o miúdo:
- Uuui.. o médico deve tar cá com uma bebedeira..
A vida tem destes momentos únicos, que contados poderão não ter muita piada, mas ao vivo...
Agora penso, já não se pode ser original e divertido, sem se passar por bêbado.
Os meus parabéns ao Dr. Teixeira, como vou elogiá-lo, poderei dizer o seu nome. Tem a invulgar capacidade de conjugar ser bom médico e boa pessoa... e ainda por cima é original e divertido.
Nota: (todos os outros nomes são inventados)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Opiniões V - MDP



Nota prévia: Os posts "Opiniões" (já vamos no 5º!), são da autoria de visitantes do blog, que por email ou em comentários fazem-me chegar temáticas que serão do nosso interesse. Desta vez, o "Filipe" levanta algumas questões sobre a credibilidade do MDP e pede a vossa opinião. Quem sabe, se se gerar aqui uma discussão interessante, não a remeteremos para a Ordem, tal como era é sua intenção. E lembra-te também tu podes escrever um post no PDDSE, basta seguires os seus princípios.
"Queria só chamar a atenção para o que se está a passar com o nosso MDP, informem-se no site da OE.
A ideia de sermos todos especialistas parece-me um pouco "inadequada"...
A ideia luminosa de sermos todos especialistas com base num portfolio (à RVCC - Novas Oportunidades), parece-me um atentado à dignidade da enfermagem. Quantas pessoas "tiraram" o 9º ano assim? Agora também o 12º e agora também ser enfermeiro especialista - que dignificante!
Quem defende este modelo comparando-o com o internato médico, devia conhecer melhor como funciona o internato médico. Depois há uma questão simples e básica que os nossos amigos da OE ignoram: com Bolonha os médicos (e muitas outras profissões) saem com a sua formação ao nível do 2º ciclo de estudos (mestrado). Muitas outras profissões funcionam num modelo formativo 3+2 em que o mestrado acaba por ser uma especialização numa área mais específica.
Se os enfermeiros não querem ficar para trás, tem de ser obrigatório existirem mestrados profissionalizantes nas várias áreas de especialização em enfermagem. Depois que venha o tal EPT ...
A habilitação académica mínima para se ser especialista em enfermagem tem de ser o mestrado (2º ciclo de estudos de Bolonha)...
NOTA: Sou enfermeiro graduado ligado à prática profissional, não tenho qualquer ligação ao ensino. As consequências futuras do que estamos a semear agora vão passar por uma completa vulgarização das especialidades e desvalorização académica da enfermagem...escolham!!
Peço a vossa opinião e reflexão e que a façam chegar à OE, SFF.
FILIPE

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Indignadinho de merda


Há dias ouvia na rádio uma entrevista ao Pedro Boucherie Mendes, júri do programa Ídolos, onde apelidava os portugueses (uma boa fatia), como os "indignadinhos de merda". Tudo isso a propósito das críticas depreciativas e ofensivas que faziam às opiniões deste controverso júri. Como se não fosse possível cada um ter a sua opinião. Não poderia estar mais de acordo com o Boucherie, somos na realidade um povo "indignadinho de merda".
Nos serviços de saúde ou em serviços públicos de uma maneira geral, é notória a rudez que as pessoas utilizam como arma intimidatória, talvez para ter um melhor ou mais eficiente atendimento. A reclamação foi completamente banalizada, assim como a falta de educação e a ameaça camuflada ou exposta.
É isto que vos digo e que vos tenho vindo a dizer e que de facto me incomoda, porque este distúrbio parece estar a entranhar-se na nossa cultura... Será da crise??
Quem me conhece sabe que sou justo e claro que muitas vezes há o mau atendimento, que deveria ser denunciado, mas por demasiadas vezes, não o é.
Curiosamente, numa outra rádio (sou muito radiofónico) falava-se de reclamações e a dada altura alguém referia que era importante que as instituições tivessem espaço para reclamação, mas que achava mal não haver um também para a felicitação, tipo um espaço de louvor. Relembrava um momento em que queria felicitar o bom trabalho de alguém, mas ninguém lhe soube dizer onde o fazer, porque simplesmente não existia. Novamente, concordo plenamente.
A culpa será das próprias instituições que apenas querem saber o que supostamente terá corrido mal. O que corre bem não é muito importante. E foi pela falta deste espaço, que alguém a louvar pagou para agradecer. Na figura está a prova

Coisas que nos caem mal - "Está todo cagado!"


Abro aqui um novo espaço de reflexão/discussão sobre atitudes do nosso dia a dia, que nos caem mal. Infelizmente há muitas coisas que me caem mal, não fosse este blog ter o título que tem.
Uma delas é quando profissionais de saúde dizem uns para outros - Este doente está todo mijado/cagado! - junto ao infeliz doente e junto a outros doentes e/ou acompanhantes.
O lamentável facto, na minha opinião, só se poderá dever à banalização do triste acontecimento. Já é tão natural encontrar um doente "cagado ou mijado" que as pessoas não medem o que dizem. Se já não é de bom tom referi-lo em conversas entre colegas, mau será quando o próprio doente e outros estão presentes. Não bastava o desconforto de estar "cagado ou mijado", tinha que alguém proporcionar o duplo desconforto ao referi-lo da forma mais rude. Eu nestas situações costumo pôr-me do lado de lá e imaginar-me todo "cagado ou mijado" e o quanto iria achar oportuno que terceiros o soubessem.
Pensem nisso e digam lá se não é verdade!
Nota: Este espaço também é teu por isso, conta lá o que te cai mal.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

TV Enfermagem


A manifestação foi um sucesso! A greve foi um sucesso. Estamos de parabéns... Esperemos que não haja necessidade de haver mais sucessos. Mas não me parece.
Apenas espero que, se houver necessidade, continuemos com esta atitude, que está demonstrada no seguinte video, de um novo "canal" de Enfermagem (vê aqui)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Curtas estapafúrdias IV - o 1º dia de aulas


Na primeira aula do primeiro ano do curso de enfermagem, a professora perguntava o porquê da escolha do curso.
Aluno 456 - Olhe escolhi enfermagem, porque gosto de ajudar o próximo e... também porque é uma saída profissional viável.
Aluno 439 - Humm.. Escolhi porque é uma área muito vasta e sempre me fascinou a área da saúde.
Aluno 453 - Olhe professora, pra lhe ser franca, eu nem sei o que é que estou aqui a fazer...

Sublime, digo eu. Honestidade, frontalidade e realidade ao mais alto nível.
(2 notas: crónica real, aliás, todas o são. A parte da "saída profissional viável", temos que ter em conta, o momento de fartura a que os factos se reportam).

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

As aventuras de um grevista


Em pleno dia de greve...
Na sala de espera de Ortopedia, de um Serviço de Urgência que não o nosso, aguardavam há já horas mais que suficientes, várias pessoas com problemas do foro ortopédico.
- Srª Enfermeira, tem aqui um miúdo com fractura do punho, que é preciso pôr um gesso! Diz o Ortopedista.
- Estou de greve. Responde secamente a enfermeira
- É sempre a mesma história!! Maldita greve! Para quê enfermeiros licenciados?! Berra, para toda a gente ouvir o seu desagrado.
- Ao menos a enfermeira licenciada e que por acaso está de greve, está aqui desde as 8h da manha, hora que o senhor também deveria cumprir, mas não!! Chegou às 11:30! E além de mais, não sei se sabe, mas pôr um gesso, não é da minha competência, é da sua!
- Mais valia trabalhar com auxiliares, que não precisam de ser licenciados! Olhe, minha senhora - dirigindo-se para a mãe do miúdo - Se o seu filho tiver alguma deficiência, a culpa é da enfermeira!

Mais uma triste história verídica...
Quem quiser acrescentar mais histórias lamentáveis, como esta, faça o favor!