sábado, 20 de novembro de 2010

Reclamações

O texto seguinte é da responsabilidade do seu autor. O blog pddse neste caso e tal como em momentos anteriores, apenas serve de meio de exposição de factos.
Cada qual retira as ilações que entender 
Recebemos então o seguinte pedido via email:

"Exmo. Sr. Moderador do blog.

Este email serve para demonstrar o meu descontentamento com o hospital de Viana do Castelo (ULSAM), e venho pedir que esta reclamação, pois já fiz 3 exposições no livro de reclamaçôes, seja publicada no blog como um post, com o titulo, A DOENÇA DO HOSPITAL DE VIANA DO CASTELO. Peço que,caso autorize a publicação do post, este seja da forma original como segue em email.

A DOENÇA DO HOSPITAL DE VIANA DO CASTELO (ULSAM)


ANTÓNIO MARTINS PARADELA JÚNIOR, meu pai, está novamente internado na cama 21, piso 4, cirurgia 1. Este internamento foi decidido após uma espera de 26 horas nos corredores da URGÊNCIA, chamado na ULSAM de VIANA DO CASTELO, de OBS - MACAS, com horas de visitas marcadas, como se estivesse o doente num OBS. Um corredor de loucos !
Os maqueiros batem com as camas nas macas por falta de espaço, auxiliares que gritam de um lado para o outro, parece que estão no "Campo d' Agonia", os enfermeiros correm de um lado para o outro porque não são suficientes, os médicos saem da urgência para o bloco e o doente fica sem saber nada sobre o seu diagnóstico, porque só pode ser dito pelo médico que o acompanha e o mesmo está no bloco. O resultado de uma TAC mandada fazer às 9h45m, só chega ao conhecimento dos familiares às 21h30m.
O meu pai entrou na urgência no dia 7 de Outubro de 2010, às 21h45m, e subiu para internamento, no dia 8 de Outubro de 2010, às 23h50m. Apesar dos seus 87 anos, não é permitido acompanhante, porque está em OBS - MACAS, no corredor de um manicómio, onde todos gritam e ralham, e ninguém tem razão.
Sra. Ministra Ana Jorge, permita-me que lhe faça um convite especial. Venha passar 26 horas em OBS - MACAS, nos corredores da Urgência do ULSAM de Viana do Castelo. Ofereço-lhe a MACA I, do Sr. António Martins Paradela Júnior, meu pai, a quem AMO muito, como com certeza a Sra. Ministra, ama o seu. Venha sentir na própria pele o desespero da espera, da solidão, do afastamento da família junto com a doença, razão pela qual permanecemos nesse corredor o tempo que nos obrigam.
Por onde anda a Sra. Ministra Ana Jorge? Em 3 meses é a terceira vez que exponho neste livro o meu descontentamento (14/10/2010), e nunca obtive resposta do seu gabinete. Isto só prova que a saúde também está muito mal no seu Ministério. Venha para a rua, venha para os hospitais. O que os olhos não vêem, o coração não sente!
Os utentes, que também são contribuintes é que sofrem com a má gestão feita dos dinheiros públicos. E agora só se ouve falar em "CONTENÇÃO".
ABUNDÂNCIA PARA OS MAIS FAVORECIDOS, CONTENÇÃO PARA OS MAIS NECESSITADOS.

É isto que a Sra. Ministra tem para nos dar ?!
É este o país que temos ?!
Espero que a Sra. Ministra esteja bem de saúde e se lembre da saúde dos outros. Onde estão os direitos dos doentes? Será que os mesmos só têm deveres? A Sra. Ministra, sabe quais são os seus deveres? Ou só sabe os seus direitos ?
O HOSPITAL DISTRITAL DE VIANA DO CASTELO, hoje, ULSAM, foi construído para prestar cuidados de saúde cinco estrelas, só que, quatro já caíram e a quinta está balançando.
Isto é um exemplo da saúde da Urgência do ULSAM de Viana do Castelo, com certeza o câncer já tem ramificações suficientes para infectar muitos utentes que por ali passam. É caso para dizer, pensem, antes de ficar doentes!.

LÚCIA FRANCISCA PARADELA
Rua do Calvário Nº 89
Vila Mou - Viana do Castelo
Estrada da Papanata Nº 73 - 1º Esq.
Viana do Castelo
Contribuinte – 124572650"

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A jogada do SIGIC



Nota prévia: O SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia) foi criado há uns anos com o objectivo de reduzir listas de espera para cirurgia. Parece que funciona em rede, onde o doente parece que é encaminhado para outro hospital caso o de origem não responda ao que é necessário, no que diz respeito ao tipo de cirurgia. Depois também parece que há um "cheque" e os privados estão envolvidos, tal como explica a imagem.
Tudo isto implica mais trabalho dos profissionais, o que justamente deverá ser mais bem pago. Até aí parece que está tudo bem. Agora o que não está nada bem é o que de seguida vos digo.
...

Há uns posts atrás, após receber um email do PSD sobre ideias de poupança para o estado, falei na vergonha das horas extra em altas patentes médicas (AQUI). Nesta sequência de ideias lembrei-me do seguinte: porque não acabar com a vergonha do SIGIC?
A ideia original do SIGIC até seria interessante, diminuir a lista de espera porque não fazia muito sentido que uma pessoa esperasse mais de 5 anos por uma intervenção cirúrgica. Mas o problema é que depois tudo se distorceu, aqueles doentes que nada tinham a ver com o conceito de SIGIC eram “tornados” SIGICs para entrarem mais uns cobres valentes ao fim do mês no ordenado dos profissionais.
E aquilo é ganho à peça e em determinadas peças, como na da anca, ganha-se a olho. E eles bem se mexem, quantos mais melhor e o povinho paga. Acabem com esta manigância, estamos em crise, ou pelo menos parece que estamos, não sei. E não se esqueçam! O Robin anda por aí atento na defesa dos pobres, à procura dos podres.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Retalhos

Alguns cirurgiões observam o doente como se ele já tivesse na mesa de operações. Não informam o que vão fazer, por que é que o vão fazer, nem sequer de que jeito o vão fazer. Fazem-no sem pudor, de forma crua e visceral, tal como se tivessem a palpar uma fruta ou um pedaço de carne.
E não são os cirurgiões os únicos que manifestam este total desrespeito pelo corpo do outro… também enfermeiros e outros médicos. Há tempos um gastroenterologista destapa um doente na maca, olha para a barriga que tinha uma sonda e lamenta-se junto ao doente, dizendo “Que trampa!”
Justo será dizer que também há (boas) excepções. Outras escolas, outra educação, outro conceito de vida

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Crónicas estapafúrdias vol X - novas matreirices do sistema nervoso central


Numa qualquer unidade intensiva...
2h da manha e o Sr António insistia persistentemente com os enfermeiros, para falar ao telefone com a Dona Alice, a sua esposa. Insistia tanto que ninguém consegui ter um minuto de sossego naquele serviço já às escuras.

Sr António não são horas para ligar à sua esposa, amanha trata-se disso! Explicavam repetidamente os profissionais.
Mas não pode ser!! Tenho mesmo que falar com ela!!

Vendo que não era possível convencê-lo, decidem agir...

Toca o telefone portátil...

Pronto tome lá homem!! Atenda que é a sua mulher!
Ahhh Finalmente! Tou Alice!?
Então Tone!! Ouvi dizer que tás aí a pintar o caralho aos senhores enfermeiros!!
Ohh mulher cala-te e ouve-me, traz-me a carteira que tá em cima do frigorifico e uma muda de roupa!
Mas pra quê Tone não precisas nada disso agora!
Faz o que te digo mulher e diz ao Zé pra pegar no carro e levar-me pró hospital..
Ohh homem mas tu já tás no hospital, tás nos serviços intensivos.

E o Sr António começa a desconfiar...
Mas esta não é a minha Alice, é uma voz de homem!!

E não é que pelo menos os ouvidos estavam a funcionar! Quanto ao resto... talvez quando mudasse de ares