sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A "C R I S E" afecta os cuidados de saúde


Ao contrário do que o Ministro assegurava, a "Crise" afecta mesmo os cuidados de saúde, não tenham dúvidas disso. Ainda recentemente alertei para esta mesma situação (aqui), mas agora ainda estou mais convencido disso.
Há várias questões que se colocam, a principal é que a "Crise" nunca afectaria os cuidados de saúde se a gestão nos hospitais fosse adequada. Já por várias vezes temos falado disso no PDDSE, não fosse "administrador hospitalar" a etiqueta mais frequente no Blog. Resume-se ao simples facto de se gastar muito dinheiro no acessório e pouco no essencial e não se investir para acabar com aquilo que faz aumentar o gasto.
Deixemo-nos de economia e falemos de realidade...
A realidade é que com a "Crise", aparecem pela primeira vez as situações confrangedoras de processos super-lentos para renovação de contratos (que ainda não se sabe bem se vão ser renovados).
A realidade é que com a "Crise" o material de consumo clínico no hospital escasseia cada vez mais.
É lamentável ter vários doentes que necessitam de oxigenoterapia e ter que seleccionar alguns em detrimento de outros, porque as balas ou "botijas" de oxigénio esgotaram. 
É lamentável não ter um cobertor para um doente, porque (das duas uma) ou o serviço de distribuição é péssimo ou não há mesmo roupa.
É lamentável não ter uma seringa de 5cc
É lamentável não ter um plano duro
É lamentável...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Por 100 anos que viva, não me vou esquecer do que a doutora me disse


O Nelinho tinha pouco mais de 20 anos e já era alcoólico. Bom rapaz, filho da terra e de gente boa e humilde.
De manhã já estava na tasca a entornar e à tarde a tombar.
Vários foram os episódios de urgência do Nelinho por convulsões no meio da rua e outros tantos no Centro de Saúde, a tratar as consequências das quedas.
Depois de assistir pessoalmente a novo espalhanço do Nelinho à porta do Centro de Saúde, onde ficou com a cara pior que um chapéu do pobre, a médica decide propor-lhe uma nova saída.
Nelinho, Se eu te arranjar uma consulta com o psiquiatra, tu vais?
Bou doutora! Quero curar este bício filho da puta.. 
A médica liga logo na hora pró especialista.
Nelinho ele vai ajudar-te mas tens que ficar internado!
Tá bem doutora, se tem que ser… Mas só na sexta-feira, porque na quinta tenho que tratar da baixa.
Assim foi… E hoje o Nelinho é presidente do rancho, ajuda idosos, conduz a carrinha da junta e só bebe água, porque o álcool é um bício filho da puta. 

Naquele dia a vida do Nelinho mudou, tinha mudado mesmo antes do internamento, no momento em que a médica lhe disse algo.
Por 100 anos que viva não me vou esquecer do que a médica me disse naquela terça-feira! Tudo depende da nossa cabeça, se a cabeça não quer, não há volta a dar. Costumava repetir como resumo das maiores aprendizagens da sua vida.
Passados vários anos, durante a preparação de uma palestra, a médica precisava saber o que é que afinal naquela terça-feira, tinha dito de tão importante ao Nelinho, ao ponto de lhe mudar a vida.
Conseguiu encontrar forma de o rever na consulta e no meio de algumas recordações e boas noticias sobre a nova vida do Nelinho, finalmente questionou:
Então Nelinho, afinal o que é que eu te disse naquele dia, de tão importante?
Você não se lembra doutora? Por 100 anos que viva nunca me vou esquecer do que me disse.
Já não recordo Nelo, já faz muito tempo.
Disse-me,  Nelo tu tens que deixar de beber!!
E deixou mesmo…

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Os enfermeiros são os que mais levam nos dentes

Insegurança, agressões, insultos, ameaças, etc etc, são temas que me preocupam seriamente.
Já há uns anitos, nos primeiros posts do Blog, levantava (aqui) estes violentos temas.

Os anos passam e continuamos a levar nos dentes, a ser ameaçados, insultados, etc etc, mas o pior é que as incidências aumentam e soluções não as vejo.
Recebi um email de uma colega sobre os dados estatísticos (da DGS), relativos às agressões físicas e verbais a profissionais de saúde e fiquei assustado.
Acho que devemo-nos preocupar e acima de tudo mexer, pois é a nossa segurança que está em causa.
Como podem ver nos gráficos, as incidências não são ocasionais, são frequentes, estão a aumentar e isto sem contabilizar as incidências não denunciadas.
Os enfermeiros, naturalmente, são os que mais apanham, seguidos dos médicos. Confiram isso e muito mais no documento integral
Caso leves nos dentes (a ver se não...), tem em conta estas importantes recomendações . Para terminar, vejam que, ainda por cima, as mulheres são as mais atingidas.. A desviar qualquer ideia sexista, a apanhar, que apanhem os homens...