segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2013...

Não sou muito de mensagens de Natal nem de Ano Novo. Se formos a ver, foi, é e será uma época de hipocrisia. Vemos na TV as perguntas típicas: quais são os seus desejos para o novo ano? Saúde e felicidade para todos, são as respostas. No entanto, todos sabem que não vai ser para todos. Cada vez há mais pobreza, mais desemprego, mais isolamento, mais doenças psiquiátricas, portanto saúde e felicidade há-de ser para alguns. 
Lamento que não seja uma mensagem optimista, eu bem tentei, mas também devem estar fartos de ler mensagens optimistas!
Sejam felizes e lutem pela felicidade dos que vos rodeiam.
Criatividade, energia e dinamismo, devem ser as palavras-chave para 2013... é o que vos desejo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Episódios de urgência I


Sr. João o seu problema é muito grave, você tem que cá ficar!
Não fico doutor.
O senhor não tem noção! O seu problema é mesmo muito grave, você pode morrer!
Eu tenho que ir a casa, tratar de uns assuntos, amanha volto.
Amanha volta?! Você pode nem chegar a casa homem! Tem que se tratar com urgência!
Não... eu assino o termo.
Insistiram 3 médicos, insistiram os enfermeiros, até o taxista insistiu:

Sr João, ouça o sr doutor! Você tem que cá ficar!
Não, vamos embora.
Ouça, as suas coisas lá em casa depois resolvem-se! Eu não quero perder um cliente!

Após meia hora de insistência, o Sr João não mudou de ideias e foi para casa.
Mas no dia seguinte lá voltou, tal como prometera.
Pelo menos até ali a história teve um feliz final

Fica aqui uma nota de apreço a todos os taxistas que levam idosos ao Serviço de Urgência e se preocupam com a situação por vezes delicada dos seus clientes, tratando-os muitas vezes, como se fossem seus familiares.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Opiniões VII - O Orçamento de Estado para os enfermeiros


Publico um texto que me foi enviado por email, que achei muito interessante e que considero importante para o conhecimento de todos. 

Por João Alves (postado no Facebook)

Matemática. Detesto, mas não há duvida que é uma ciência exacta. O Orçamento de Estado que foi aprovado para 2013, prevê uma redução de 100% para 50% e de 50% para 25%, das horas que qualidade ( Tardes, Feriados, Noites.. ), para os profissionais de Saúde. 



 Os Médicos já assinaram há dois meses um acordo de revisão salarial, que se traduziu num aumento de salário brutal para fazerem 40 horas, portanto, nao estao muito preocupados. Alias, o seu bastonário que falava dia sim dia nao, ha muito que nada diz, estão bem, portanto.

  Ou seja, mais uma vez, quem vai pagar somos nós os enfermeiros, que nos hospitais somos maiorais, mas só nas canções das praxes, porque na realidade, mais uma vez somos nos que vamos sofrer um corte brutal de salário, somos nós que continuamos a ser licenciados e a receber como bacharéis, somos nós que continuamos com a carreira de pantanas e sem perspectivas de melhoria, antes pelo contrario.

  Caros colegas que fazem tardes, noites e fins de semana, por esses hospitais fora, saibam que para o ano, vão perder entre 150 a 200 euros no vosso salário, saibam que por cada feriado, por exemplo, passado longe da vossa família a cuidar da família dos outros, será recompensado com 12 euros, e isto é o máximo que vão poder receber extra num turno...
Face a este corte brutal nos salários, a nossa querida Ordem dos Enfermeiros, vai aumentar as quotas, vamos passar a pagar 10 euros, como foi aprovado, numa assembleia que mais uma vez, ninguém foi, mas isso agora não interessa nada. Voltemos a matemática. Ora bem, se formos 60mil enfermeiros, como acho que somos, a pagar cada um por mês 10 euros, dá a modica quantia de 600mil euros por mes que entra na Ordem, 7 Milhões por ano. De certeza que a Ordem precisa desses 7 milhões, porque afinal são tantas e tão boas as coisas que fazem pela nossa profissão.

  Para acabar, gostava de te dizer, a ti, Enfermeiro, que de uma vez por todas tomes consciência que o SNS não funciona sem ti, e que se a ti nos juntarmos nós, temos força suficiente para exigir o mínimo de respeito, respeito do Governo, respeito dos sindicatos e o respeito da Ordem, porque se virmos bem as coisas, o Governo existe porque existimos nós enquanto cidadaos, os sindicatos existem porque existimos nós, e a Ordem só existe e sobrevive porque existimos nós, e nunca o contrario. 


 Indigna-te, revolta-te, e exige.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O papel do enfermeiro-chefe nas novas realidades dos sistemas de saúde.


No penúltimo post surgiram alguns comentários sobre a importância (ou falta dela) dos enfermeiros-chefes. Tendo em conta que os comentários foram na sua totalidade negativos e dado a importância do tema, achei que deveria levantar a discussão aqui neste post.
O tema poderia ser: "O papel do enfermeiro-chefe nas novas realidades dos sistema de saúde.", parece o tema de um congresso, mas não é. Será que o enfermeiro-chefe é um inútil, como alguns referem no post referido? Será que é fundamental nas dinâmicas dos serviços?
Na minha opinião, se algum dia decidissem acabar com as chefias em enfermagem, seria um desastre para a enfermagem e para os sistemas de saúde, seria recuar dezenas de anos, não tenho dúvidas disso. Agora, claro que há enfermeiros-chefes que se acomodaram, que falam mais do que o que fazem, com preferidos, manipuladores, etc. Também há enfermeiro-chefes que mantêm essa categoria, mas que efectivamente não o são na prática,  o que eu não concordo de todo. Poderá ser para muito controversa esta minha ideia, mas para mim, quando alguém perde determinado estatuto, por qualquer motivo que seja, não pode continuar a ser remunerado, segundo um estatuto que não desempenha.
No lado oposto, temos enfermeiros-chefes que lutam diariamente pela melhoria nas equipas e nos serviços, que são líderes no verdadeiro sentido da palavra, que impulsionam e intervêm na formação em serviço, que são justos, dinâmicos e defensores das suas equipas e dos seus elementos (quando assim o exige).
Sintetizando, para mim, o papel do enfermeiro-chefe é fundamental nas dinâmicas das equipas, o segredo está em saber adaptar-se às novas realidades, conjugando o crescente totalitarismo das administrações hospitalares, com a autonomia da classe de enfermagem.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Enfermeiros que quiseram ser médicos

Não... não se trata daqueles enfermeiros que foram para enfermagem, porque não conseguiram medicina e que por isso, vivem frustrados, com atitudes de pseudo-médicos. Isso daria um outro post, possivelmente mais extenso e... seco.
Todos conhecemos ou ouvimos falar de alguém que terminou o curso de enfermagem e depois mudou de rumo e inicia o curso de medicina. São enfermeiros que, por um qualquer motivo, quiseram ser médicos. Ao contrário do exemplo referido no primeiro parágrafo, louvo estes enfermeiros ou futuros médicos. Das duas uma, ou viram que enfermagem estava nas ruas da amargura e fugiram a sete pés para um curso mais "rentável" digamos assim, ou seguiram o caminho que sempre idealizaram, mas que por força das "mega-médias de acesso ao ensino superior" não tinha sido possível até então.
Dei então por mim a imaginar uma conversa de café com um destes colegas. Não me perguntem porquê, porque não há motivo. Partíamos do suposto que seríamos amigos e que por isso seria alguém confiável.
Perguntava ao meu amigo(a) médico(a):
 - Imagina o 1º contexto: Estavas numa enfermaria e corrigias o modus operandi de um enfermeiro que efectuava um penso. Ele, orgulhoso, respondia - "Eu é que sou o enfermeiro e sei como fazer pensos". Qual seria a tua resposta/reacção?
 - Imagina o 2º contexto: Estavas numa mesa do Bar do hospital, com colegas do internato complementar de cirurgia e cirurgiões. O cirurgião mais respeitado e por sinal teu avaliador, dizia convicto: "Os enfermeiros são uns inúteis, não percebem nada de cirurgia". Qual seria a tua resposta/reacção?

Qual seria? Seria a de um médico que outrora fora um enfermeiro, ou a de um médico que ocultava o facto de ter sido enfermeiro?
É o que dá imaginar conversas de café.......