segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Portugal está morto para os enfermeiros


Dia para dia, penso cada vez mais em emigrar. O desejo de sair deste país que tem tanto de belo como de podre, tem-se intensificado, como eu nunca imaginaria que se intensifica-se.
Pesa muito abandonar a família, amigos, deixar de ir aqueles sítios que gostamos, abdicar de certos rituais, hobbies, mas por outro lado também pesa muito sermos desrespeitados no nosso trabalho e humilhados com o ordenado que levamos para casa.
Por muito que possa querer resistir, a ideia de emigrar parece que me persegue. Nas notícias é assunto constante, com a etiqueta sucesso colada, na internet invejo a satisfação de muitos colegas que relatam as boas mudanças, que com ela vieram e por cá vários são os colegas que cada vez falam mais no assunto, alguns até com a decisão já tomada.
Por cá a motivação é abaixo de zero, as perspectivas de melhorias são nulas, os investimentos na profissão de nada servem, progredir e carreira são palavras que caíram em desuso no vocabulário de um enfermeiro português, quase tudo piorou.
E agora?
Aproveito este post para pedir a colegas emigrantes que nos contem as vossas experiências, que ajudem tantos como eu, que pretendem mudar, a dar os passos certos nesta difícil decisão que é emigrar.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Assistentes Operacionais roubados


Ficamos frustrados, indignados por nos pagarem muito abaixo do justo, para aquilo que é a nossa competência e responsabilidade. Ficamos revoltados com os cortes no vencimento, com o corte nas horas extraordinárias.

Agora imaginem como se sente um Assistente operacional que trabalha no duro (os que trabalham) e recebe 400 eur, sem direito a ser recompensado pelas horas extraordinárias, caso faça turnos extra.

No mesmo meio temos os 2 extremos,alguns  médicos com vencimentos, que nos dias que correm, podem ser considerados milionários, com o acréscimo de lhes serem bem pagas as muitas horas extra que fazem e no outro extremo funcionários com o salário mínimo nacional, que nem horas extraordinárias recebem.

Os sindicatos andam a dormir, o governo a roubar o pobre e os portugueses a taparem os olhos.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Ponto de ebulição no Serviço de Urgência de .....


Tal como se previa, a equipa de enfermagem do Serviço de Urgência de ..... chegou ao ponto de ebulição, depois de longo tempo numa espécie de banho-maria escaldado.
Vários são os assuntos que estão a deixar a equipa revoltada e esgotada, alguns já foram aqui enumerados. Continuemos com a análise:

Desde longa data que a equipa de enfermagem reivindica o aumento do rácio de enfermeiros por turno para pelo menos mais 1 elemento, baseados no aumento da segurança e qualidade de cuidados e condições de trabalho. Ainda muito antes do aumento exponencial do número de admissões de utentes, principalmente desde o fecho de SAP´s de vários Centros de Saúde, falava-se já desta necessidade, porém este assunto, aos olhos de quem manda no hospital, caiu em saco roto!

Criou-se um anexo do Serviço de Urgência, ou "contentor", como muitos lhes chamam, que basicamente é um pré-fabricado com algumas divisões, onde os utentes são observados e permanecem sob a responsabilidade de 2 médicos de clínica geral e 1 enfermeiro. Será importante reforçar a parte dos 2 médicos e 1 enfermeiro, já vão perceber porquê.
Neste local, diariamente são atendidos (bem) mais de 150 utentes. Cada médico vê os seus utentes, mais coisa menos coisa, será metade para cada, mas todos passam pela mão do enfermeiro, pela mão de 1 enfermeiro por turno. 
Imaginam o que será 2 médicos a prescrever medicação, técnicas de enfermagem, análises e alguns prescrevem como se tivessem a fazer uma lista de compras de mercearia, para 1 enfermeiro?
Não seria o normal, o expectável, ter 2 médicos e 2 enfermeiros? Seria, mas aos olhos de quem manda no hospital, não é.
Assim sendo o stress geral da equipa vai continuando, o enfermeiro deste contentor continuará solitário, perante a avalanche de utentes que se tem verificado nos últimos tempos, que ainda mais intensa é, nesta época gripal. Continuará sem ajuda para responder às muitas situações urgentes, porque os seus colegas estão distantes, os assistentes operacionais ausentes, ocupados com outros serviços, porque também são poucos e os médicos afastados, fechados nos seus gabinetes.
O stress geral da equipa vai continuando porque há enfermeiros que vão almoçar às 15h e outros saem até sem almoçar, porque matematicamente é impossível rendê-los a tempo.
O stress geral da equipa vai continuando, porque quase sempre é o enfermeiro o alvo das reclamações dos utentes, pela demora no atendimento, porque a paciência também tem limites.

Solução para estes e outro males: mais um enfermeiro e fecho dos contentores das 24h às 8h. É só o que peço, é só o que se pede.   

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Médicos vigiam Michael Shumacher hora a hora


A propósito do grave traumatismo craniano de Michael Schumacher, dizia-se numa reportagem na TVI: "Os médicos do Hospital Universitário de Grenoble vigiam Michael Schumacher hora a hora..." é lamentável quando nem os jornalistas sabem quais as funções de um enfermeiro.
É triste isto ser habitual nas notícias. Sem qualquer tipo de vitimização, os médicos são importantes na recuperação de um doente e o enfermeiro também o é, principalmente na vigilância, pois essa é uma das principais funções de enfermagem. Temos que ensinar isto aos senhores jornalistas.

ver vídeo aqui