segunda-feira, 27 de abril de 2015

Quando as mães espremeram as mamas



Para que daqui a uns anos recordemos que este foi o mês em que se soube que hospitais exigem provas de leite às mães trabalhadoras, por coincidência enfermeiras.
Porque não devemos esquecer quando nos pisam.

Há dois pontos que considero relevantes neste caso.

1. Como é que médicos põe em causa a veracidade de um atestado passado por um colega.

2. Entende-se a causa desta absurda medida. Há mães que de facto não estão a amamentar e estão a usufruir da licença de amamentação, mas essas são as mães que necessitam desse tempo para estar com os seus filhos, precisam desse tempo para criar os seus filhos. Que se discuta este caso para que se chegue talvez à conclusão que é importante a mãe e/ou o pai, terem uma redução de horário para estarem mais presentes na educação dos seus filhos, pelos menos até os 12, 14 anos, diria eu.


Aplaudo a Ordem dos médicos, com estas considerações

domingo, 26 de abril de 2015

Luís Gouveia Andrade: médicos e enfermeiros – quando 1 + 1 é maior do que dois


Circula na net, um excelente artigo do Jornal Médico.pt, cujo autor é o médico Luís Gouveia Andrade.
De seguida, selecciono alguns excertos, mas consultem aqui o link com o artigo na integra. No final faço o meu curto apontamento.
" (...) penso ser consensual que os dois grupos que mais interagem com os pacientes e entre si são os médicos e os enfermeiros.
A relação entre estes dois grupos tem sofrido evoluções ao longo do tempo mas pauta-se ainda por desequilíbrios diversos, com origens diversas, que geram uma percepção enviesada das competências de cada um e, por consequência, afectam toda a cascata de comunicação. Quem é o principal prejudicado neste processo? O doente.
Pessoalmente, nunca consegui compreender as dificuldades de relacionamento entre profissionais que exercem a sua função na saúde, que têm como missão central proporcionar bem-estar aos doentes (...).
Por um lado, vejo os médicos a encararem os enfermeiros como seus subordinados, a quem não devem explicações, exigindo somente a execução de gestos de enfermagem de uma forma acrítica e não modulada por critérios clínicos. Por outro lado, vejo na Enfermagem um sentimento de frustração e de revolta face aos médicos, por considerarem que estes dedicam menos tempo aos doentes, que não os envolvem nas decisões terapêuticas e por se sentirem menosprezados por eles. E pior do que isso, este clima de conflito é estimulado desde a Faculdade, onde os alunos são logo formatados para verem nos outros grupos não parceiros mas “seres” diferentes de quem se deve desconfiar…
As actividades exercidas por médicos e por enfermeiros são, obviamente, distintas mas são absolutamente complementares. Os gestos que cada um executa e o modo como são executados são centrais para o sucesso terapêutico. 
A transmissão desse calor humano deveria ser, deve ser, da responsabilidade de todos os que estabelecem contacto com os pacientes (...). Mas, pela maior frequência de contacto, é aos médicos e enfermeiros que cabe a maior “fatia” nessa corrente afectiva.
A ausência de uma eficiente cooperação entre estes dois grupos implica má comunicação, aumento do risco de erro e um ambiente global de desconforto que é facilmente captado pelos doentes, aumentando a sua ansiedade, diminuindo a sua confiança nas equipas e prejudicando a sua recuperação.
Os meios para se conseguir uma saudável colaboração entre enfermeiros e médicos são múltiplos: a participação conjunta em reuniões clínicas, a discussão em comum dos processos clínicos dos doentes, a manutenção de fichas clínicas devidamente preenchidas e organizadas por ambos e uma regular comunicação entre ambos. 
É igualmente importante que as respectivas competências sejam respeitadas e que cada um saiba qual o seu papel na prestação de cuidados de saúde. Contudo, essa compartimentação de funções não deve ser estanque e o espírito de entreajuda e de bom senso deve imperar. (...)
A comunicação em saúde assume um papel preponderante e, quando ela falha, os riscos que se correm são elevadíssimos. O número de mortes em ambiente hospitalar relacionadas com falhas de comunicação tem sido alvo de inúmeros relatórios e é significativo. E mais do que isso, são mortes facilmente evitáveis.
Provavelmente, o aspecto mais importante no que se refere à criação de um bom ambiente de colaboração entre médicos e enfermeiros passa apenas pelo respeito mútuo, pela saudável convivência entre todos, pela clara definição dos papéis e competências de cada membro da equipa, pela existência de uma liderança inequívoca, pela capacidade de assumir erros e definir estratégias para que não se repitam e, como referi, por uma comunicação constante, clara e eficaz. (...)
Enfermeiros e médicos, trabalhando em conjunto, respeitando o seu espaço, respeitando-se entre si e comunicando abertamente, serão capazes de oferecer aos seus doentes uma abordagem verdadeiramente holística, onde cabe o tratamento da doença, o conforto afectivo e o respeito que lhes é devido.
Para um doente pode ser tão importante a eficácia de um medicamento ou de uma intervenção cirúrgica como é uma palavra amiga, um gesto de carinho, alguns minutos de atenção. Enfermeiros e médicos podem e devem conjugar todo o seu saber técnico e o seu humanismo para proporcionarem aos pacientes tudo o que eles precisam e merecem.
Se o fizerem em conjunto, em equipa, num espírito de sã cooperação, os resultados serão excelentes e, seguramente, muito superiores aos obtidos individualmente.
A união faz a força: eis um chavão que aqui adquire a sua máxima verdade…"
Depois de ler este artigo, confesso que fiquei com aquela sensação de inveja... o artigo é tão verdadeiro, traduz tão bem aquilo que eu sinto, que queria ter sido eu a escrevê-lo! Fica também a sensação que muito do que aqui está escrito é uma utopia. A realidade, de facto, tal como pretende dizer o autor, não é esta. O que fazer então? Os indícios estão lá... começar por mudar a "formatação" nas Faculdades. 
Dessa forma, talvez daqui a 15, 20 anos chegaremos a essa utopia, que outros países mais avançados, já atingiram. 

domingo, 19 de abril de 2015

Alcoolismo na saúde



Não se compreende como é que um bar de um hospital vende bebidas alcoólicas.
Não se compreende como é possível um funcionário beber seis cervejas (33 cl) ao longo de um turno.
Também não se compreende como alguém é capaz de fumar num serviço de reparações de equipamentos, num serviço de componentes mecânicos e eléctricos. (Já tinha escrito sobre este assunto em particular, num post anterior, mas repito, porque a situação mantém-se)

Já várias vezes abordámos estas problemáticas (vide etiquetas alcoolismo, drogas), o que fazer então para combatê-las?

terça-feira, 7 de abril de 2015

Rewind, get set go!




Em resposta ao seguinte comentário sobre a eliminação do post anterior: 
"Realmente custa-me muito estar a escrever aqui,um comentário desagradável, (...).O meu desagrado tem a ver com a eliminação do post anterior, a que se referiam ao serviço de urgência e UCI, foi retirado por que é que será? já não há democracia aqui no blog?sinceramente que falta de respeito....."

Poderemos dizer que há dois tipos de bloggers, os bloggers temáticos e os bloggers problemáticos. 
O primeiro aborda assuntos triviais, como sobremesas ou crochet e aí pode ou não identificar-se. O segundo escreve sobre assuntos delicados e não pode identificar-se.
E porque razão não se pode identificar?
Porque o mundo, por muito que nos custe, não é um lugar perfeito, onde cada um pode escrever ou desenhar o que lhe apetece.
Eu pertenço mais ao segundo tipo.
Sendo assim, um blogger problemático (BP), tem que preservar o seu anonimato se quer uma total liberdade de expressão. Quando o seu anonimato é comprometido, a sua liberdade de expressão fica desde logo condicionada.
Por isso eu sou e serei o Guilherme de Carmo, mais condicionado enfim, isto porque cometi erros e a minha capa foi destapada por alguém, alguém que eu pensei que a resguardasse, mas assim não sucedeu. 

Mas um BP não tem capa nem quer ser um herói, quer sim ser um impulsionador de ideias, um gerador de argumentos. É alguém que busca a verdade, verdade essa inconveniente por vezes. É alguém que acredita na justiça e desacredita em tabus.

Um BP não é o senhor da palavra, para isso teria uma página onde escrevia para si próprio. Um BP tem uma opinião e deseja que outras surjam. Espera uma concordância ou uma discordância argumentada.
Tem um ponto de vista, às vezes certo outras vezes errado, e sente-se feliz quando alguém tem a capacidade de o saber mudar.
Um BP corre sempre riscos, corre o risco de ser mal interpretado, corre o risco que leitor conduza o que está escrito, para o lado que lhe convém.
Um BP sabe que não pode ou não deve mencionar instituições e/ou pessoas e respeita essa premissa como sagrada. Sabe que não pode ou não deve publicar imagens e vídeos de pessoas e instituições e respeita essa premissa como sagrada. Orienta-se pelo dito, "enfia a carapuça, quem quer".

Um BP é vertical não muda a sua opinião consoante as circunstâncias, é firme nas suas convicções e é o único responsável por aquilo que escreve.
Um BP sabe em quem pode confiar, sabe quem lhe garante uma verdade incondicional.

Eu sou um BP, tenho um orgulho imenso no que construí.
Mas antes disso sou um profissional que luta para o ser diariamente, sou um profissional que dispensa atritos com quem quer que seja.
E depois disso e acima de tudo,
Sou pai e há riscos que não se correm.

Em memória do meu avô que me "passou" os valores de justiça e liberdade incondicional.