terça-feira, 24 de agosto de 2010

Queixas despercebidas

Aguardava observação uma idosa vítima de traumatismo craneano...
Acompanhante - Srª Enfermeira, a minha tia está a queixar-se muito do peito!
Enfermeira - Mas a sua tia tem é que se queixar da cabeça!

Passados uns minutos a senhora estava a ser tratada na sala de emergência por um edema agudo do pulmão.
Nunca desvalorizemos as queixas por mais estranhas que pareçam

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ajuda para reportagem

Olá colegas! O blog tem passado por alguns conflitos, alguma polémica, vamos lá amainar... respirar fundo, relax, respiração diafragmática, a brisa fresca lá fora, som das ondas, dos pássaros.......
Bom agora coisas sérias.
Fui contactado por alguém, que não interessa quem, para uma ajuda sobre "uma reportagem de fundo sobre assédio sexual por parte de profissionais de saúde. O tema, aprofundado, poderá incluir não apenas assédio propriamente dito, mas comportamentos impróprios de cariz sexual ou íntimo: desde um discurso ambíguo, a toques corporais desadequados, comentários incómodos, posturas pouco profissionais perante pacientes (acordados ou sedados), etc."
É algo sério e desde já é pedido a vossa ajuda, completamente livre de identificações (garantia do autor). Se assistiram, tiveram conhecimento, ou saibam quem tem conhecimento de casos, entrem em contacto comigo e eu servirei de intermediário entre vós e o autor. Participem, divulgem, acho que é nosso dever. Obviamente que não vos vão pedir para falar em nomes, apenas de situações.
Abraço a todos e não esqueçam o som das ondas.
Para relembrar o meu email é guilhermedecarmo@iol.pt

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Curtas estapafúrdias vol VII - A minha cruz

Aguardava observação no corredor, uma jovem com deficiência mental profunda, junto de sua mãe. No meio da conversa banal,  entre um médico e a mãe, diz o primeiro:
- Agora você tem esta cruz, tem que a aguentar.
- Não senhor doutor não é cruz nenhum, é a minha filha.

Sem comentários da minha parte

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O pingue-pongue de doentes


Nós enfermeiros temos que admitir que temos mau feitio. Mais cedo ou mais tarde, quem não o tem, há-de ter. Temos mau feitio, reclamámos, esbracejámos, mas o pior é que isto acontece entre nós próprios. Somos maus uns para os outros.
Por que razão um doente chega a um serviço de internamento, depois de subir uns tantos pisos e é recambiado para trás, porque, por exemplo, o enfermeiro da urgência não lhe pôs a tração cutânea??!
Da mesma forma que o enfermeiro receptor considera um abuso enviar o doente sem a tração, é legítimo o enfermeiro emissor considerar uma canalhice recambiar o doente, sem que antes se procure uma justificação para o sucedido.
Pior ainda é quando o enfermeiro emissor está cheio de trabalho e o receptor está a ler revistas.
E pior pior, é quando o doente chega lá cima com a tração, mas é retirada e recolocada ao jeito do receptor.
E pior pior pior é o dinheiro gasto em material.
E pior pior pior pior é o tempo que o maqueiro perde a levar, trazer e voltar a levar o doente.
E pior pior pior pior pior é o para o doente, que anda de um lado para o outro, quando deveria estar quietinho.
E pior pior pior pior pior pior é permitir que se tenha que colocar a tração na Urgência, procedimento este sem qualquer sentido naquele momento, já que os pesos (que é o que faz a tração propriamente dita) são colocados lá em cima.
É daquelas coisas que não fazem sentido nenhum, mas que persistem, porque sempre se fez assim.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O Cavaco respondeu-me


Quando vi o email pensei que fosse a Belém, uma amiga de longa data, mas não... era de Belém, residência oficial do Cavaco. Lembram-se quando há uns posts atrás publiquei a carta que lhe enviei?
Já me responderam, mas não disseram nada de jeito, apenas agradecem o envio da mensagem sobre os profissionais de enfermagem e dão-me os melhores cumprimentos. Show!
Eu à espera duma mensagem tipo "a Sr Ana Jorge e o sr Piçarro estão prestes abandonar os cargos" ou "o problema dos enfermeiros muito em breve vai ser resolvido e pedimos desculpa desde já pelos transtornos causados", mas não... 

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Crónicas estapafúrdias vol IX - Conversas de sala 5













Médico - Então o que lhe aconteceu?
Utente - Olhe Doutor, tive uma queda em Lisboa e parti o pé, fui observada no S. José e o médico, com o meu consentimento, achou que deveria pôr o gesso cá em Viana, por causa da viagem longa.
Médico - Esse filho da puta não quis foi trabalho!!
Utente - Como?! Olhe desculpe, mas foi com o meu consentimento e trago aqui o diagnóstico...
Médico - Pelo menos esse filho da puta podia ter escrito uma carta para eu lhe responder
Utente - Esses problemas entre vós, não me interessam para nada, quero é o meu problema resolvido...

Mais tarde...
Médico - Então a menina o que estava a fazer por Lisboa?
Utente - Em trabalho..
Médico - E o que faz?
Utente - Sou podologista
Médico - Então não sabe tratar da sua pata?
Utente - Se tivesse pata ia ao veterinário!!
Médico - Tou a ver que não se pode brincar com a menina!
Utente - Brincar é uma coisa, falta de educação é outra! Desde o início da consulta que está a ser malcriado!

E mais uma utente que abandona o serviço sem o seu problema resolvido
E mais uma no livro amarelo, para encher e nada se fazer... escusado será dizer que todas as crónicas estapafúrdias são baseadas em factos reais