segunda-feira, 5 de outubro de 2009

o perdedor que venceu


Pela sondagem no pddse, o Bloco de esquerda ganharia com maioria absoluta. Em vez disso temos uma maioria relativa de um partido liderado por um vendedor, (sem desprimor pelos vendedores) onde são mais os maus do que os bons políticos. Deixo-vos com a análise de um entendido na matéria e com um vídeo delicioso. Agora cada qual faça a sua análise

O perdedor que venceu
por Baptista-Bastos

A "extraordinária vitória" do PS, proclamada pelo secretário-geral do partido, não assegura uma identidade "socialista". Coloquemos a euforia em formol, paremos um pouco para pensar, e verificaremos, assim, que o vencedor é refém da fluidez da sua vitória. O reordenamento parlamentar, com as subidas (essas, sim, extraordinárias) do Bloco e do CDS, causam uma dependência política do PS, sob uma espécie de dupla imposição, incapaz de afrouxar pela própria índole daqueles dois partidos. Não auguro nada de bom, para todos nós, nos próximos tempos.
O PSD está esfrangalhado. Não é de agora. Depois dos intermezzos cómicos de Durão e de Santana, Luís Filipe Menezes tentou conciliar o partido com o respeito por si mesmo. Menezes é um homem culto, lido, cortês, que procurou, na prática, ter em conta as "sensibilidades" do PSD e, acaso, restitui-lo à matriz inicial. Foi dizimado, entre outros, por Pacheco Pereira, para quem a convivência política torna-se num impedimento a suprimir. Com a derrota do PSD, o Pacheco é, por sua vez, olhado de viés, e os ajustes de contas não tardarão. Que faz correr, e ter atitudes intelectualmente reprováveis, este homem calculado, gelado e inteligente? O atabalhoamento com que tenta atenuar a derrota da sua estratégia chega a ser uma piada cruel, como abundantemente ficou demonstrado anteontem, na SIC-Notícias, no encontro com Pedro Silva Pereira.
Manuela Ferreira Leite, católica, antiga e distante, foi, de repente, colocada à frente de um partido cujas características variam, por ausência total de ideologia e excesso de ressentimentos. Dois terços do PSD não a tomavam a sério. O outro terço bajulava-a sem convicção. Uma fatia larga da vitória do PS deve-se à sua total incapacidade de criar laços e ao canhestro das suas proposições; não propostas, proposições.
Este imenso cenário está montado numa extraordinária bizarria do sistema. Vejamos: todos os partidos aumentaram de deputados, incluindo o PSD. O PS, o único que perdeu em votos e em parlamentares, foi, afinal de contas, o vencedor.

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