Recebi em comentários, o seguinte testemunho, que achei ser do vosso interesse.
"Há 30 anos que sou enfermeiro. Ao longo destes muitas foram as vezes em que me apeteceu deixar de o ser. Com a Carreira Especial de Enfermagem, mais uma vez me apetece deixar de o ser.
Gosto do que faço. Sei fazê-lo bem. Profissionalmente, sou reconhecido pelos meus pares (e não só) como responsável, competente, autónomo e idóneo. O meu 2º emprego é a nível domiciliário, como profissional liberal e dou-me muito bem (quantidade de trabalho e remuneração do mesmo). Por isso, o meu ego está bem em cima. Por isso vou continuar a ser Enfermeiro.
Mas .... de modo algum me revejo nesta Carreira. Acho-a desmotivadora. Ignora todo um passado. Favorece o apadrinhamento. Retira o mérito.
Sempre me mantive nas lutas sindicais, quer aderindo às greves quer participando nas manifestações (ajuntamentos) frente ao MS, embora não seja sindicalizado (mas isso é outra história). Greves que muitas das vezes nada tinham a ver com os meus interesses, mas que visavam defender os mais novos.
Sinto-me defraudado pelos sindicatos. Não conseguiram transmitir para o exterior as reais dificuldades negociais e não souberam (ou não quiseram) envolver os pares.
A minha preocupação não é com os vencimentos (que não acautelaram). É com o reconhecimento que a nível do governo é dado à formação pós base. Como querem obter o reconhecimento da população ? Os enfermeiros continuam a vender-se barato (alguns até trabalham de borla).
Os (novos) enfermeiros não participam na vida sindical. Mas como os motivaram para essa vertente? Como se identificam eles com os sindicatos? Numa reunião havida recentemente na instituição onde trabalho, barraram a entrada aos mais novos porque "não tens as cotas em dia"; "ainda não és sindicalizado". Suou um pouco a reunião maçónica. Felizmente que os conteúdos foram iguais ao do comunicado que tinham distribuído 15 dias antes. Assim todos ficamos informados.
Ordem, Sindicatos, Escolas; Públicos e Privados. Cada um preocupa-se com os seus interesses particulares. Nunca houve tanta ignorância, (digo falta de informação), desmotivação e divisão como agora. Falta um elemento aglutinador que não se vislumbra no horizonte.
O desemprego na enfermagem é uma realidade cruel que pelos vistos há interesse em manter - pelo menos para os privados é maravilhosa esta situação. A migração é uma realidade. Do Norte para o Sul e para essa Europa fora. Uns são enfermeiros, outros "servents" mas ambos ganham honestamente o seu ordenado.
Qualquer dia, já que tenho que trabalhar até andar de bengala, também emigro - só pelo gozo de conhecer outras gentes.
Desculpem se alguém se sentiu "atacado" ou ofendido. São desabafos de um cota cada vez mais desiludido com o rumo da profissão e com os novos profissionais (são bons, esforçam-se, chegam mal preparados, mas procuram aprender e evoluir)."
14 de Janeiro de 2010 00:12
Anónimo por obrigação, cadaverisquisito@hotmail.com por opção
Gosto do que faço. Sei fazê-lo bem. Profissionalmente, sou reconhecido pelos meus pares (e não só) como responsável, competente, autónomo e idóneo. O meu 2º emprego é a nível domiciliário, como profissional liberal e dou-me muito bem (quantidade de trabalho e remuneração do mesmo). Por isso, o meu ego está bem em cima. Por isso vou continuar a ser Enfermeiro.
Mas .... de modo algum me revejo nesta Carreira. Acho-a desmotivadora. Ignora todo um passado. Favorece o apadrinhamento. Retira o mérito.
Sempre me mantive nas lutas sindicais, quer aderindo às greves quer participando nas manifestações (ajuntamentos) frente ao MS, embora não seja sindicalizado (mas isso é outra história). Greves que muitas das vezes nada tinham a ver com os meus interesses, mas que visavam defender os mais novos.
Sinto-me defraudado pelos sindicatos. Não conseguiram transmitir para o exterior as reais dificuldades negociais e não souberam (ou não quiseram) envolver os pares.
A minha preocupação não é com os vencimentos (que não acautelaram). É com o reconhecimento que a nível do governo é dado à formação pós base. Como querem obter o reconhecimento da população ? Os enfermeiros continuam a vender-se barato (alguns até trabalham de borla).
Os (novos) enfermeiros não participam na vida sindical. Mas como os motivaram para essa vertente? Como se identificam eles com os sindicatos? Numa reunião havida recentemente na instituição onde trabalho, barraram a entrada aos mais novos porque "não tens as cotas em dia"; "ainda não és sindicalizado". Suou um pouco a reunião maçónica. Felizmente que os conteúdos foram iguais ao do comunicado que tinham distribuído 15 dias antes. Assim todos ficamos informados.
Ordem, Sindicatos, Escolas; Públicos e Privados. Cada um preocupa-se com os seus interesses particulares. Nunca houve tanta ignorância, (digo falta de informação), desmotivação e divisão como agora. Falta um elemento aglutinador que não se vislumbra no horizonte.
O desemprego na enfermagem é uma realidade cruel que pelos vistos há interesse em manter - pelo menos para os privados é maravilhosa esta situação. A migração é uma realidade. Do Norte para o Sul e para essa Europa fora. Uns são enfermeiros, outros "servents" mas ambos ganham honestamente o seu ordenado.
Qualquer dia, já que tenho que trabalhar até andar de bengala, também emigro - só pelo gozo de conhecer outras gentes.
Desculpem se alguém se sentiu "atacado" ou ofendido. São desabafos de um cota cada vez mais desiludido com o rumo da profissão e com os novos profissionais (são bons, esforçam-se, chegam mal preparados, mas procuram aprender e evoluir)."
14 de Janeiro de 2010 00:12
Anónimo por obrigação, cadaverisquisito@hotmail.com por opção
Sem comentários:
Enviar um comentário