quarta-feira, 21 de abril de 2010

Curtas estapafúrdias V - Distúrbios do aparelho genital


Na triagem...

Jovem - Tive com a minha namorada a hfbjfhiqi e forcei demais o blaqnec e agora tenho 2 talos no blaqnec e doí-me...
Enfermeiro - Quer dizer que teve relações com a sua namorada e agora tem uma lesão no pénis?!
Jovem - Nãaoo! É na piça mesmo!

É por isso que este país não anda pra frente, com tanta ignorância. Também alguém já mais velho queixou-se igualmente de distúrbios do aparelho genital.,

Alguém já mais velho - Sr. Enfermeiro, tenho dores (com sua licença) nos colhões

Ao menos foi educado... podia ser pior

sábado, 17 de abril de 2010

O senhor que esperava por otorrino, parte II

















Recordam-se daquele senhor que esperava por otorrino? (ver post)

Reconhecio-o apenas pelo olhar.
Olhos verdes de cor e cinzentos de expressão.
Expressão absorta e triste,
daquela tristeza que mexe com o menos sensível.
A barba baça e farta enchia-lhe o rosto,
comia-lhe a boca a disfarçar a ausência de sorriso
Não encontrava motivo para sorrir,
talvez não sorrisse há meses.
Agora já não esperava por otorrino,
esperava a morte

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ele há cada um...

Há uns tempos atrás, um dito "jornalista" do Expresso, escreveu um "artigo" sobre a greve de enfermagem, que penso que tenha sido do vosso conhecimento, pois foi muito badalado. As palavras entre-aspas, traduzem a minha natural ironia. Quem me conhece, sabe como é. Por isso, esse senhor é tudo menos "jornalista", ou seja, insulta a sua classe e escreveu tudo menos um "artigo", pois chegei ao 2º paragrafo e decidi parar, porque achei que não valia a pena perder o meu tempo com alguém tão ignorante e vazio de pensamento. É como quando eramos putos e eramos pressionados e ofendidos pelos mauzões e alguém nos dizia, "deixa lá não ligues, que não vale a pena, não merece". Para quem não conhece, fica então o "artigo" do Senhor Henrique Raposo, no Jornal Expresso, que também perdeu toda a credibilidade. Já não se fazem jornais e jornalistas como antigamente, qualquer dia o Expresso torna-se no 24 horas.
Agora talvez não conheçam a resposta do sindicato ao mesmo senhor Raposo. Apesar de extensa vale bem a pena, tem algumas passagens que me fizeram rir (no bom sentido)
Aqui fica:
"Os Enfermeiros SÓ EXIGEM O QUE LHES É, JUSTO!
Entendeu o Jornalista Henrique Raposo escrever sobre os enfermeiros e a luta que desenvolvemos
entre as 12 horas do dia 29 de Março e as 8 do dia 1 de Abril. Escrever sobre a profissão de outros
não é problemático ; mas escrever como foi o caso, sem qualquer rigor mais do que colocar em
causa os enfermeiros e a profissão de enfermagem, põe em causa o trabalho dos restantes colegas
jornalistas que, sobre a greve dos enfermeiros, fizeram um trabalho exemplar.
Porque o seu desconhecimento sobre a profissão de enfermagem é por demais evidente e para
que, no futuro, no respeito pelo que é obrigado a fazer ‐ informar os seus leitores – importa que
saiba:
I. A greve dos enfermeiros iniciou‐se às 14 horas de segunda‐feira e apenas no horário
programa da tarde, o que significa que na maior parte dos hospitais a greve só se
iniciou às 16 horas e, na generalidade dos centros de saúde porque os horários
programa só incluem o período da manhã, ainda que assim o quisessem, os
enfermeiros estiveram impossibilitados de aderir à greve. E perguntar‐se‐á o Sr.
Jornalista, agora, a razão pela qual a greve foi convocada desta forma. A resposta é
simples. Porque com o sentido de responsabilidade que sempre temos, decidimos que
depois de um fim‐de‐semana deveríamos permitir a existência de um período de
tempo em que os serviços pudessem se reorganizar, restabelecer stocks de
medicação, de roupa, etc. Com o mesmo objectivo a greve terminou às 8 horas de
Quinta‐feira. Neste contexto, cai por terra a sua apreciação leviana de que os
enfermeiros iriam ter “uma semana” de férias como ousou escrever ainda que saiba
(espero) que os enfermeiros trabalham por turnos e PRESTAM SERVIÇOS MINIMOS
quando em greve.
II. “Fazer reivindicações sem sentido é o desporto do nosso sindicalismo”. Não sei que
sindicalismo é que o sr. professa mas não será certamente o sindicalismo que o
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses desenvolve e, mais uma vez, a sua
argumentação revela tanto de desconhecimento como de falacioso. Importa que saiba
que o vencimento que invoca de 1500 euros para um jovem médico, em pré‐carreira,
que não desenvolve exercício autónomo…. não toma decisões, ou seja, está a
concretizar mais uma parte da sua aprendizagem, é na realidade, de 1850 euros. O
contraponto disto são os enfermeiros que quando iniciam as suas funções já o fazem
de forma autónoma, são capazes de decidir e de assumir a responsabilidade pelas
decisões que tomam. O Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros –
Decreto de Lei nº 161/96 de 4 de Setembro ‐ é muito claro: “Enfermeiro é o
profissional habilitado com um curso de enfermagem legalmente reconhecido, a quem
foi atribuído um título profissional que lhe reconhece competência científica, técnica e
humana para a prestação de cuidados de enfermagem gerais ao indivíduo, família,
grupos e comunidade, aos níveis da prevenção primária, secundária e terciária.”
Afirma ainda o Sr. Jornalista que “um licenciado na função pública não pode ganhar
1200 logo à partida (se ganhar o país enlouqueceu).” Parto do pressuposto que não é
licenciado e infelizmente fico com a certeza que enquanto cidadão desconhece as leis
do país (sabe que tem o dever de as saber) mas pior é ser jornalista e… não as saber.
Que informação fidedigna poderão esperar os leitores do Jornal Expresso, vindas de
si? Sr. Jornalista, o início da Carreira Técnica Superior da Administração Pública são
1201,48 e o Governo anterior legislou – Lei 12‐A/2008 de 27 de Fevereiro – e
reafirmou na Lei do Orçamento (2009) que “nenhuma entidade empregadora pública
pode oferecer menos que aquele valor a um licenciado”. Sr. Jornalista, o “país só está
louco” porque se permitiu que o valor da Carreira Técnica Superior diminuísse dos
1360 euros para estes míseros 1201 euros. O País está louco porque permitimos,
TODOS, que o valor do trabalho diminua de forma administrativa… O País está louco
porque temos pessoas que se julgam competentes para escrever o que pensam, sem
saberem o que estão a pensar… Escusado será dizer que, se é licenciado, e no mínimo
não está a ganhar 1201,46 então, lute por isso.
III. “Ressentimento classista contra os médicos”. Porque razão haveriam os enfermeiros de
terem ressentimentos contra os seus colegas de trabalho??? Os enfermeiros
desenvolvem intervenções autónomas ou interdependentes no âmbito das suas
qualificações. Prescrevem cuidados de enfermagem e são os únicos responsáveis por
eles. Ainda, os “enfermeiros têm uma actuação de complementaridade funcional
relativamente aos demais profissionais de saúde, MAS dotada de idêntico nível de
dignidade e autonomia de exercício Profissional “(artº 8º, ponto 3, Dec‐Lei nº161/96).
Significa isto, que nas equipas pluridisciplinares existe campos de intervenção dos
diferentes profissionais com um único objectivo: reabilitar a pessoa doente. Mas mais,
os enfermeiros têm uma visão da pessoa doente de forma holística, no seu todo,
integrado na família e na comunidade. Nós não nos limitamos a olhar para a situação
patológica que levou ao internamento de uma pessoa. Por isso, importa falar com o
doente e com os seus familiares. Importa conhecer os seus hábitos de vida e tentar
minimizar o seu desconforto e fragilidade enquanto internado. Por isso os enfermeiros
estabelecem contacto com os seus colegas, nos centros de saúde quando há
previsibilidade de alta de um doente. Porque importa saber quais as condições das
famílias para receberem um familiar doente e para que os cuidados de enfermagem
possam ter continuidade, independentemente, do local onde são prestados. Por isso,
a maioria das visitas domiciliárias deste país são feitas por enfermeiros, apesar da
ausência de quaisquer condições, na maior parte dos casos. Mas os enfermeiros VÃO
e ESTÃO e FAZEM e SABEM FAZER! O único ressentimento que poderíamos ter é a
subvalorização de todas as carreiras do sector da saúde e o ressentimento de ainda
haver, em pleno século XXI, pessoas como o sr. Jornalista cuja concepção das
profissões e dos seus profissionais é feita à luz de valores culturais há muito
ultrapassados.
IV. Finalmente, caro sr. jornalista existem a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde 39600
enfermeiros. No 1º Congresso de Enfermagem, em 1972, dizia o Dr. Adelino Amaro da
Costa, em representação do governo de então, que Portugal deveria fazer um esforço
para em 1980 ter cerca de 40.000 enfermeiros no SNS (Serviço Nacional de Saúde).
Sugestivo não? Saberá o sr. uma das razões de tal afirmação? Certamente que não
mas com uma ajuda na reflexão será fácil: os enfermeiros são os que, por estarem
mais próximos das pessoas e por desenvolverem o que acima descrevi – têm uma
visão holística da pessoa, intervindo durante todo o seu ciclo vital, do nascimento até
à morte – significa que cuidam das pessoas ainda que saudáveis, ensinando‐as a terem
hábitos de vida saudável, ou seja, actuam na prevenção. Esta intervenção autónoma e
fundamental dos enfermeiros permitiu, também, que todos os indicadores do nosso
Serviço Nacional de Saúde melhorassem significativamente colocando‐o entre os
melhores do mundo. Isto mesmo foi reafirmado pelo responsável da OMS‐Europa,
aquando da sua visita a Portugal há três semanas a mais. Também disse que para a
sustentabilidade do SNS era necessário admitir mais enfermeiros e isto, por um lado,
Portugal continua a apresentar a média mais baixa da Europa a 15 de 1
enfermeiro/1000 Habitantes e por outro, porque a orientação major da Organização
Mundial de Saúde para as próximas décadas é… a prevenção!
V. Neste contexto, Sr. Henrique Raposo uma pergunta terei que lhe fazer tendo em conta
que a sua preocupação apenas se prendeu com o valor salarial dos enfermeiros,
comparando‐os com outros: SE EM PORTUGAL CONTINUA A EXISTIR UMA CARÊNCIA
ESTRUTURAL DE ENFERMEIROS; SE OS ENFERMEIROS QUE EXERCEM FUNÇÕES NOS
HOSPITAIS, nomeadamente nos serviços de internamento de Medicina, Cirurgias e
Ortopedias, ESTÃO A SER UTILIZADOS A 153% e em alguns casos a 200% (dados do
Ministério da Saúde); SE na rede dos Cuidados Continuados, na maior parte dos casos,
existe 1 enfermeiro por turno, para 10, 20 doentes totalmente dependentes (na sua
maioria); SE NOS CENTROS DE SAÚDE FALTAM CERCA DE 5000 ENFERMEIROS (de
acordo com a orientação da OMS de 1 enfermeiro para 200 famílias);
VI. Se ainda assim, o nosso SNS está entre os melhores do mundo apenas poderá tirar uma
conclusão: que os enfermeiros sendo o maior grupo profissional do sector da saúde,
ainda que a carência exista, são também os que mais concorrem para a obtenção de
ganhos em saúde da população portuguesa e… por isso os maiores geradores de
riqueza.
VII. Neste contexto, só exigimos o que é justo e, neste caso que a riqueza que produzimos nos
seja redistribuída e, para que registe, sob a forma da valorização do nosso trabalho de
acordo com as qualificações que temos desde 2000 – LICENCIATURA – à semelhança
com o que já aconteceu com outros sectores profissionais
VIII.OS ENFERMEIROS têm o DIREITO de exigir e CONSEGUIR que a sua CARREIRA, Especial e
de GRAU DE COMPLEXIDADE 3 (o mais alto da Administração Pública) se inicie ao nível
remuneratório de outras carreiras semelhantes, não só pelo atrás expresso mas
também porque têm uma profissão cuja natureza é de risco e penosidade. Não será
do seu conhecimento mas há evidência escrita e publicada que os enfermeiros são de
entre todos os profissionais da saúde, aqueles que, em média, não atingem os 65 anos
de idade, MORREM ANTES; são os que apresentam mais problemas osteo‐articulartes;
maior incidência de abortos espontâneos; maior incidência de infertilidade masculina
e feminina; problemas gástricos; problemas relacionados com o sono; depressões;
saberá, por acaso, que é dos cursos onde existe maior taxa se abandono no primeiro
ano devido ao confronto com a morte, na maior parte das vezes, o 1º confronto de um
jovem com a morte
A Direcção Nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses

Lisboa, 5 de Abril de 10

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A era da PSP, SMS, PS, HI5

Cada vez mais a palavra instituição assume um papel mais importante do que a palavra família. É moda as crianças serem institucionalizadas na creche, no infantário, na escola, na piscina, na música, no OTL... São tantas que não se admirem que as crianças nem cheguem a aprender a viver em familia e pior de que isso, não se admirem que nos enfiem num lar mal tenhamos 65 anos e mais de três medicamentos para tomar por dia...
Assusta ver todos os dias as famílias a tentar inventar doenças para justificar o internamento dos idosos. Acho que se agora é assim, daqui a vinte anos quando esta nova era da "playsation" for adulta... estes jovens "autistas" que mal chegam aos cafés, aos restaurantes, só se calam quando os pais lhes enfiam a PSP à frente... é assustador. As crianças de hoje socializam, ou por SMS ou através das redes sociais...
Onde será que vamos parar...

Por Enf Warchild

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Institucionalizado



Há uns dias chegou uma senhora idosa à Urgência, a carta de referência dizia "problemas na institucionalização". Aparentava uma demência e não se sentia bem no lar, não estava no seu habitat natural, não estava "institucionalizada". Esta é uma das palavras que figura no meu top ten de palavras mais aterradoras. Uma outra é infanticídio... outras virão.

Quando surgiu este episódio da senhora que "não estava institucionalizada", veio-me logo à memória um dos filmes da minha vida, um filme de baixo orçamento que é considerado por muitos um dos melhores filmes de sempre - Os condenados de Shawshank. Isto porque lembrei-me de imediato daquele senhor que vivia há mais de 40 anos na prisão, este sim, estava "institucionalizado" acabando por se suicidar quando libertado. Morgan Freeman, temendo estar também a ficar "institucionalizado", demonstra aqui, nesta grandiosa cena, a sua total indiferença pela decisão de continuar preso ou ser solto. A meu ver uma das melhoras representações de sempre, que nunca esquecerei e que me fez ver o filme possivelmente e sem exagerar, umas 4 ou 5 vezes ( só é pena não ter encontrado legendado). Quem não viu recomendo, apenas contei uma pequena parte, que por acaso é previsivel, mas nada mais conto, vejam apenas, o que não acredito que ainda não o tenham feito.

quarta-feira, 24 de março de 2010

SIV TAXI

Hoje triei uma senhora que veio com a SIV. A senhora estava a tomar banho e de repente sentiu uma dor atrás do joelho, ligando para o 112. Foi feita a triagem e o iluminado de lá, achou que devia lá ir uma SIV buscá-la. Não tinha a ideia que as SIV´s tinham sido criadas para servirem de taxi. Mas o pior é que não é um caso isolado, tem vindo a acontecer demasiadas vezes. Quando se questiona os colegas sobre o porquê de trazerem estes doentes, até eles próprios nem acreditam, mas têm que o fazer, manda quem está ao telefone.
Acho que se está a entrar numa distorção daquilo que é a SIV, numa vulgarização... Depois não se admirem!! Um doente com um problema respiratório grave em Monção, não foi assistido a tempo, porque a SIV estava a deixar uma unha encravada no hospital...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Desafio...


Chegou há dias este email enviado pelo "Bob o construtor" e eu como também estou preocupado achei importante publicar

"Olá guilherme.
Mando este mail, numa de desafio a toda a classe de enfermeiros e principalmente aos colegas do nosso hospital.
Acabei de receber um convite da parte da Ordem para ir a uma "reunião" no proximo dia 27 de Março.
O tema é Modelo de desenvolvimento profissional, que preocupações???
Certamente terás recebido um igual.
O desafio é, publicares no nosso blog a seguinte pergunta:
E se fossemos todos lá, fazer essa mesma pergunta??????????.
Tendo em consideração de como anda a profissão, como andam as nossas chefias (diga-se directora).
E se aparecessemos todos nesse dia 27, a dizer a aqueles burgueses da Ordem que estamos fartos de demagogias e de lenga lenga, queremos factos e atitudes.
A reunião é na CESPIU de Famalicão, nem é muito longe...
Aqui deixo o desafio, primeiro a ti para postar isto e depois a todos os colegas, que nao se revêem nestas politiquices.....
Obrigado

domingo, 21 de março de 2010

Paga o que deves!


Já não bastavam todos os problemas subjacentes à nossa carreira, eis que surge um novo,
a administração da ULSAM corta as horas extraordinárias aos enfermeiros. Quem desconhece a realidade pode e bem pensar "Acho bem, estamos em crise", mas convém ressalvar o seguinte,
As equipas de enfermagem são as primeiras a concordar com a admissão de mais enfermeiros, facto que iria acabar com as horas extraordinárias. Porém isto não acontece, não entram mais enfermeiros e os que lá estão têm que responder às necessidades dos serviços, logo têm que trabalhar mais. Por lei, quem trabalhe mais do que aquilo que está estipulado, tem o direito a ser remunerado justamente, ou seja, que lhe paguem as horas extraordinárias. A "coisa" já se arrasta há demasiado tempo e várias engenharias se têm feito para ir tapando o problema, mas agora chegou ao ponto de "estouro".
Todas as horas já efectuadas, têm que ser pagas, é um princípio básico! Mas é um princípio que não está a ser respeitado!
Só não entendo que os enfermeiros sejam logo o primeiro alvo de poupanças, quando temos médicos a ganhar exorbitâncias em horas extraordinárias e é algo que já é tão normal que ninguém se incomoda. Quando temos médicos em que todas as suas horas de urgência são pagas como horas extraordinárias, em que em todas as horas extraordinárias já estão previamente definidas em todos os seus horários, eu pergunto, onde está a poupança??!! Que fique bem claro, os enfermeiros não querem fazer horas extraordinárias, mas se têm que as fazer que as paguem!!!!!!
Como é dito pelo Doutor Enfermeiro (ver link, fala exactamente deste problema), é mais um caso de sindrome invertido do Robin dos Bosques e eu como verdadeiro Robin dos Hospitais, tenho o dever de expor, já que não posso roubar aos ricos para dar aos pobres

domingo, 14 de março de 2010

Vais de ambulância? Não!.. Vou na "carreira"


Comenta-se cá pelo nosso hospital que há um(a) enfermeiro(a), que quando faz uma transferência de um doente para outro hospital, costuma ir ao lado do condutor e desliga os monitores, talvez para não se incomodar com o som dos alarmes. Além disso, parece também que é comum transportar dois (!!) doentes ao mesmo tempo, e não!! ... não se tratam de doentes que vão a uma consulta de rotina, são apenas doentes que vão para unidades coronárias, etc, etc.. Mas não há crise, eles estão sossegaditos, são doentes que estão sempre perfeitamente estáveis... Nunca nada há-de acontecer, ou já aconteceu?? E Siga a viagem!

Mais uma flecha do Robin!

Senhoras e Senhores que mandam, acordem para o problema das transferências de doentes críticos, neste hospital!! Qualquer dia vão haver problemas sérios e vai sobrar para vós, não tenham a menor dúvida disso

sábado, 6 de março de 2010

O chat do SEP


Abro aqui este espaço para todos os visitantes que queiram fazer questões aos responsáveis máximos do SEP.
O assunto obviamente será a nossa carreira e tudo o que com ela posso estar interligado.
Se a coisa correr bem, as questões serão enviadas para José Carlos Martins ou Guadalupe Simões, duas das caras do SEP. Depois eles responderão, ou não... Mas acredito que sim.
Tens aqui a oportunidade de esclarecer dúvidas, lançar sugestões, etc, etc.
Eu lanço já duas questões... já ia pra terceira, mas deixo para vós
1º O facto de nesta última greve da administração pública, se ter tomado a decisão de nos unirmos com a administração pública em geral, não irá atenuar as energias dos enfermeiros para futuras lutas que se avizinham?
2º Qual o próximo passo dos sindicatos de enfermagem? A já falada "radicalização" vai consistir em quê?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Já não se pode ser original e divertido sem se passar por bêbado


Esperava a minha vez para levantar dinheiro no MB do hospital. À minha frente estava o pai, com o miúdo ao lado, a pagar a luz. Mesmo ao lado ouvia-se as chamadas para as consultas externas:
- Maria Conceição Oliveira, sala 25;
- Manuel dos Passos Coelho, sala 18

e de repente, ouve-se em voz paternal:

- Susana (pausa....) Susaninha Matinhos!, sala 17, faz favor!

O pai vira-se para o miúdo:
- Uuui.. o médico deve tar cá com uma bebedeira..
A vida tem destes momentos únicos, que contados poderão não ter muita piada, mas ao vivo...
Agora penso, já não se pode ser original e divertido, sem se passar por bêbado.
Os meus parabéns ao Dr. Teixeira, como vou elogiá-lo, poderei dizer o seu nome. Tem a invulgar capacidade de conjugar ser bom médico e boa pessoa... e ainda por cima é original e divertido.
Nota: (todos os outros nomes são inventados)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Opiniões V - MDP



Nota prévia: Os posts "Opiniões" (já vamos no 5º!), são da autoria de visitantes do blog, que por email ou em comentários fazem-me chegar temáticas que serão do nosso interesse. Desta vez, o "Filipe" levanta algumas questões sobre a credibilidade do MDP e pede a vossa opinião. Quem sabe, se se gerar aqui uma discussão interessante, não a remeteremos para a Ordem, tal como era é sua intenção. E lembra-te também tu podes escrever um post no PDDSE, basta seguires os seus princípios.
"Queria só chamar a atenção para o que se está a passar com o nosso MDP, informem-se no site da OE.
A ideia de sermos todos especialistas parece-me um pouco "inadequada"...
A ideia luminosa de sermos todos especialistas com base num portfolio (à RVCC - Novas Oportunidades), parece-me um atentado à dignidade da enfermagem. Quantas pessoas "tiraram" o 9º ano assim? Agora também o 12º e agora também ser enfermeiro especialista - que dignificante!
Quem defende este modelo comparando-o com o internato médico, devia conhecer melhor como funciona o internato médico. Depois há uma questão simples e básica que os nossos amigos da OE ignoram: com Bolonha os médicos (e muitas outras profissões) saem com a sua formação ao nível do 2º ciclo de estudos (mestrado). Muitas outras profissões funcionam num modelo formativo 3+2 em que o mestrado acaba por ser uma especialização numa área mais específica.
Se os enfermeiros não querem ficar para trás, tem de ser obrigatório existirem mestrados profissionalizantes nas várias áreas de especialização em enfermagem. Depois que venha o tal EPT ...
A habilitação académica mínima para se ser especialista em enfermagem tem de ser o mestrado (2º ciclo de estudos de Bolonha)...
NOTA: Sou enfermeiro graduado ligado à prática profissional, não tenho qualquer ligação ao ensino. As consequências futuras do que estamos a semear agora vão passar por uma completa vulgarização das especialidades e desvalorização académica da enfermagem...escolham!!
Peço a vossa opinião e reflexão e que a façam chegar à OE, SFF.
FILIPE

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Indignadinho de merda


Há dias ouvia na rádio uma entrevista ao Pedro Boucherie Mendes, júri do programa Ídolos, onde apelidava os portugueses (uma boa fatia), como os "indignadinhos de merda". Tudo isso a propósito das críticas depreciativas e ofensivas que faziam às opiniões deste controverso júri. Como se não fosse possível cada um ter a sua opinião. Não poderia estar mais de acordo com o Boucherie, somos na realidade um povo "indignadinho de merda".
Nos serviços de saúde ou em serviços públicos de uma maneira geral, é notória a rudez que as pessoas utilizam como arma intimidatória, talvez para ter um melhor ou mais eficiente atendimento. A reclamação foi completamente banalizada, assim como a falta de educação e a ameaça camuflada ou exposta.
É isto que vos digo e que vos tenho vindo a dizer e que de facto me incomoda, porque este distúrbio parece estar a entranhar-se na nossa cultura... Será da crise??
Quem me conhece sabe que sou justo e claro que muitas vezes há o mau atendimento, que deveria ser denunciado, mas por demasiadas vezes, não o é.
Curiosamente, numa outra rádio (sou muito radiofónico) falava-se de reclamações e a dada altura alguém referia que era importante que as instituições tivessem espaço para reclamação, mas que achava mal não haver um também para a felicitação, tipo um espaço de louvor. Relembrava um momento em que queria felicitar o bom trabalho de alguém, mas ninguém lhe soube dizer onde o fazer, porque simplesmente não existia. Novamente, concordo plenamente.
A culpa será das próprias instituições que apenas querem saber o que supostamente terá corrido mal. O que corre bem não é muito importante. E foi pela falta deste espaço, que alguém a louvar pagou para agradecer. Na figura está a prova

Coisas que nos caem mal - "Está todo cagado!"


Abro aqui um novo espaço de reflexão/discussão sobre atitudes do nosso dia a dia, que nos caem mal. Infelizmente há muitas coisas que me caem mal, não fosse este blog ter o título que tem.
Uma delas é quando profissionais de saúde dizem uns para outros - Este doente está todo mijado/cagado! - junto ao infeliz doente e junto a outros doentes e/ou acompanhantes.
O lamentável facto, na minha opinião, só se poderá dever à banalização do triste acontecimento. Já é tão natural encontrar um doente "cagado ou mijado" que as pessoas não medem o que dizem. Se já não é de bom tom referi-lo em conversas entre colegas, mau será quando o próprio doente e outros estão presentes. Não bastava o desconforto de estar "cagado ou mijado", tinha que alguém proporcionar o duplo desconforto ao referi-lo da forma mais rude. Eu nestas situações costumo pôr-me do lado de lá e imaginar-me todo "cagado ou mijado" e o quanto iria achar oportuno que terceiros o soubessem.
Pensem nisso e digam lá se não é verdade!
Nota: Este espaço também é teu por isso, conta lá o que te cai mal.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

TV Enfermagem


A manifestação foi um sucesso! A greve foi um sucesso. Estamos de parabéns... Esperemos que não haja necessidade de haver mais sucessos. Mas não me parece.
Apenas espero que, se houver necessidade, continuemos com esta atitude, que está demonstrada no seguinte video, de um novo "canal" de Enfermagem (vê aqui)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Curtas estapafúrdias IV - o 1º dia de aulas


Na primeira aula do primeiro ano do curso de enfermagem, a professora perguntava o porquê da escolha do curso.
Aluno 456 - Olhe escolhi enfermagem, porque gosto de ajudar o próximo e... também porque é uma saída profissional viável.
Aluno 439 - Humm.. Escolhi porque é uma área muito vasta e sempre me fascinou a área da saúde.
Aluno 453 - Olhe professora, pra lhe ser franca, eu nem sei o que é que estou aqui a fazer...

Sublime, digo eu. Honestidade, frontalidade e realidade ao mais alto nível.
(2 notas: crónica real, aliás, todas o são. A parte da "saída profissional viável", temos que ter em conta, o momento de fartura a que os factos se reportam).

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

As aventuras de um grevista


Em pleno dia de greve...
Na sala de espera de Ortopedia, de um Serviço de Urgência que não o nosso, aguardavam há já horas mais que suficientes, várias pessoas com problemas do foro ortopédico.
- Srª Enfermeira, tem aqui um miúdo com fractura do punho, que é preciso pôr um gesso! Diz o Ortopedista.
- Estou de greve. Responde secamente a enfermeira
- É sempre a mesma história!! Maldita greve! Para quê enfermeiros licenciados?! Berra, para toda a gente ouvir o seu desagrado.
- Ao menos a enfermeira licenciada e que por acaso está de greve, está aqui desde as 8h da manha, hora que o senhor também deveria cumprir, mas não!! Chegou às 11:30! E além de mais, não sei se sabe, mas pôr um gesso, não é da minha competência, é da sua!
- Mais valia trabalhar com auxiliares, que não precisam de ser licenciados! Olhe, minha senhora - dirigindo-se para a mãe do miúdo - Se o seu filho tiver alguma deficiência, a culpa é da enfermeira!

Mais uma triste história verídica...
Quem quiser acrescentar mais histórias lamentáveis, como esta, faça o favor!

domingo, 31 de janeiro de 2010

Enfermeiros, classe profissional ostracizada in Jornal "O Público"


Finalmente uma boa defesa de alguém que não é enfermeiro. É triste no dia da manifestação ouvir num programa de antena aberta na TVI 24, pessoas a falarem de enfermagem sem o mínimo de conhecimento de causa. É o reflexo do povo que somos. Deixo-vos com este artigo do Jornal "O Público", é um pouco extenso, mas ao menos serve para nos sentirmos um pouco mais entendidos.
Não sou enfermeiro. Sou jurista. Enfermeiros, classe ignorada De há uns tempos a esta parte temos vindo a assistir ao envolvimento quase messiânico da imprensa e, naturalmente, dos visados, na questão do estatuto dos docentes e, ultimamente, da sua avaliação, com evidentes consequências nas respectivas carreiras. Não se questiona a legitimidade nem a oportunidade de tais empenhos, muito menos o relevo social de tal classe profissional que, de resto, alcançou recentemente os seus objectivos. O que curamos aqui de advogar é evidenciar uma classe profissional esquecida e, ultimamente, explorada sob vários prismas, a qual, pelos vistos, e como a mais recente imprensa reconheceu, corre o risco de ser prejudicada com aquele sucesso. Referimo-nos aos enfermeiros. Constatamos, antes de mais, uma aparente contradição: tratar-se de classe profissional reconhecida e acarinhada casuisticamente quando confrontada em ambiente hospitalar ou similar e à qual se reconhece a dedicação, o carinho, a entrega até à exaustão e com forte componente emotiva, percebendo-se o desgaste profissional, com cargas horárias exageradas e, na maioria das vezes, com horários descontinuados, com noites sofridas. Em contraponto constatar-se que é uma classe profissional a que não é conferida uma digna contrapartida estatutária. Estes profissionais são licenciados, alguns com mestrado, academicamente ao nível de todos os outros profissionais licenciados (docentes, licenciados em história, psicologia, biologia, filologias, etc… etc…). Porém, o Estado, na perspectiva dos diversos serviços, ainda não interiorizou que os enfermeiros têm de ter idêntico tratamento aos demais licenciados, desde logo ao nível remuneratório e evolução de carreira. Não se compreende como o Ministério da Saúde e outras entidades continuem a equiparar, na prática, os enfermeiros a meros bacharéis e não licenciados que são e a permitir que estes profissionais, trabalhando 40 horas semanalmente, a que acrescem sempre turnos diferenciados onde se incluem os nocturnos, aufiram salários singelos, sem acréscimos dignos e, pior, sem um horizonte de evolução de carreira, particularmente quanto aos jovens enfermeiros, curiosamente, os academicamente mais habilitados. Bastará atentar mensalmente na listagem dos aposentados do Estado e comparar as pensões dos enfermeiros (em fim de carreira, note-se!) com os demais licenciados, particularmente com os docentes (educadores de infância e professores do ensino secundário), para se concluir quão injustiçados aqueles têm estado. Não se trata de censurar o que se atribui aos demais profissionais referidos, longe disso, mas tão somente usá-los como termo de comparação próximo para alicerçar a afirmaçãode que os enfermeiros têm sido efectivamente o parente mais pobre dos licenciados, e, na prática, não reconhecidos como tal, sobretudo, há que dizê-lo sem constrangimentos, quando são os que têm uma função física e psicológica mais desgastante comparativamente com os demais, à excepção dos médicos. Só quem não conhece o meio hospitalar pode não estar de acordo. Veja-se o tratamento do Estado a estes profissionais neste simples exemplo que me foi transmitido: consta que nas forças armadas os enfermeiros licenciados são os únicos licenciados que enquadram a classe dos sargentos enquanto todos os demais (seja qual for a licenciatura) enquadram a classe dos oficiais. Porquê? Pergunto: a licenciatura em enfermagem, com forte componente científica, merece menor qualificação que outra qualquer licenciatura (história, psicologia, filologia, etc… etc…?). Porque não se lhe atribui, como aos demais licenciados, idêntica qualificação? Estamos, sem dúvida, num Estado/sociedade onde complexos socioprofissionais se mantêm como há 40 anos, com uma agravante: Há 40 anos ao enfermeiro bastava a formação pouco mais do que básica. Hoje, além do 12º ano da área de ciências, como para qualquer licenciatura em ciências, exige-se uma licenciatura técnico/científica. Exige-se dedicação plena e exige-se elevada responsabilidade profissional. Em contrapartida uma mão cheia de muito pouco e infelizmente cheia de desilusão. Esta intervenção é apenas um contributo para que uma classe profissional (dos enfermeiros) obtenha a mesma atenção e reconhecimento atribuídos a outras classes profissionais que têm dominado o espectro político e jornalístico. Especialmente neste momento em que os responsáveis políticos não só não efectivam uma justa revisão da respectiva carreira, no mínimo equiparando-a às carreiras de técnicos licenciados e docentes, como, pasme-se, apresenta uma nova proposta que mais não é senão uma diminuição daquilo que se apresenta actualmente injusto e indigno para estes profissionais LICENCIADOS. Isto deve-se, quiçá, ao facto desta classe profissional não ter elementos seus ocupando lugares no poder político ou dele próximos e influentes nem servir de objecto jornalístico apetecível(?). Mas é também por estes motivos que o dever de cidadania efectiva numa democracia também efectiva e não meramente formal me impõe este dever de intervir por esta via, além de outras que assumi.
Por Jjunior

domingo, 24 de janeiro de 2010

Voltamos à carga...


Há mais de uma semana atrás, tinha escrito o seguinte nos meus rascunhos, "Aproxima-se nova greve. Costumamos dizer novo ano, espírito renovado, porém pressinto que os espíritos andam saturados."
Hoje, para meu regozijo, tenho que alterar este "rascunho". Assiste-se a um novo movimento, muitos de nós parece que finalmente acordaram e decidiram mexer-se contra este insulto à classe de enfermagem. Será que já foi tarde?? Tenho finalmente a impressão que a greve e a manifestação de dia 29 vão causar mossa no Ministério. É já noticia que largas centenas de enfermeiros se dirigem para Lisboa e a adesão à greve promete ser bastante significativa. Será que o pessoal vai aguentar o barco? Que é que vocês acham? Sentem-se capazes?? É que isto vai começar a apertar!! Já não andamos a brincar às greves... o caminho aponta para medidas radicais?? Estão prontos?? Eu apesar de estar saturado com tudo isto, tal como o colega que de seguida escreve (post abaixo), estou pronto e irei até às últimas consequências, porque não gosto que me ofendam. E tu? Vais até às últimas consequências? Ou vais querer continuar a ser explorado? Vê lá se acordas!! (esta última é só para alguns)

Opiniões IV - A realidade aos olhos da experiência



Recebi em comentários, o seguinte testemunho, que achei ser do vosso interesse.
"Há 30 anos que sou enfermeiro. Ao longo destes muitas foram as vezes em que me apeteceu deixar de o ser. Com a Carreira Especial de Enfermagem, mais uma vez me apetece deixar de o ser.
Gosto do que faço. Sei fazê-lo bem. Profissionalmente, sou reconhecido pelos meus pares (e não só) como responsável, competente, autónomo e idóneo. O meu 2º emprego é a nível domiciliário, como profissional liberal e dou-me muito bem (quantidade de trabalho e remuneração do mesmo). Por isso, o meu ego está bem em cima. Por isso vou continuar a ser Enfermeiro.
Mas .... de modo algum me revejo nesta Carreira. Acho-a desmotivadora. Ignora todo um passado. Favorece o apadrinhamento. Retira o mérito.
Sempre me mantive nas lutas sindicais, quer aderindo às greves quer participando nas manifestações (ajuntamentos) frente ao MS, embora não seja sindicalizado (mas isso é outra história). Greves que muitas das vezes nada tinham a ver com os meus interesses, mas que visavam defender os mais novos.
Sinto-me defraudado pelos sindicatos. Não conseguiram transmitir para o exterior as reais dificuldades negociais e não souberam (ou não quiseram) envolver os pares.
A minha preocupação não é com os vencimentos (que não acautelaram). É com o reconhecimento que a nível do governo é dado à formação pós base. Como querem obter o reconhecimento da população ? Os enfermeiros continuam a vender-se barato (alguns até trabalham de borla).
Os (novos) enfermeiros não participam na vida sindical. Mas como os motivaram para essa vertente? Como se identificam eles com os sindicatos? Numa reunião havida recentemente na instituição onde trabalho, barraram a entrada aos mais novos porque "não tens as cotas em dia"; "ainda não és sindicalizado". Suou um pouco a reunião maçónica. Felizmente que os conteúdos foram iguais ao do comunicado que tinham distribuído 15 dias antes. Assim todos ficamos informados.
Ordem, Sindicatos, Escolas; Públicos e Privados. Cada um preocupa-se com os seus interesses particulares. Nunca houve tanta ignorância, (digo falta de informação), desmotivação e divisão como agora. Falta um elemento aglutinador que não se vislumbra no horizonte.
O desemprego na enfermagem é uma realidade cruel que pelos vistos há interesse em manter - pelo menos para os privados é maravilhosa esta situação. A migração é uma realidade. Do Norte para o Sul e para essa Europa fora. Uns são enfermeiros, outros "servents" mas ambos ganham honestamente o seu ordenado.
Qualquer dia, já que tenho que trabalhar até andar de bengala, também emigro - só pelo gozo de conhecer outras gentes.
Desculpem se alguém se sentiu "atacado" ou ofendido. São desabafos de um cota cada vez mais desiludido com o rumo da profissão e com os novos profissionais (são bons, esforçam-se, chegam mal preparados, mas procuram aprender e evoluir)."

14 de Janeiro de 2010 00:12
Anónimo por obrigação, cadaverisquisito@hotmail.com por opção

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Carta ao Presidente da República


Mais uma forma de protesto que me chegou por email:

"Será que o Presidente da República sabe? Será que ele tem noção do que se passa com a nossa profissão, com a nossa Carreira e como estamos a ser humilhados pelo Governo ???
Podemos e devemos questionar isso directamente. É para isso que ele está lá. Para escutar TODOS os Portugueses.E nós somos Portugueses.
Por isso proponho, que cada um de nós, em nome individual mostre a sua indignação, raiva, revolta ou outro estado de alma que atravesse neste momento face ao que os enfermeiros estão a passar.
É fácil. Basta clicar aqui


Eu cliquei e enviei a seguinte carta,

Ex.mo Sr. Presidente da República

Venho por este meio comunicar-lhe a minha extrema indignação com a forma como o governo português lida com o processo negocial da carreira dos enfermeiros portugueses. A situação está a deteriorar-se gradualmente, na proxima semana haverá muito provavelmente uma greve de 3 dias e futuramente, caso não haja avanços nas negociações, os processos de luta irão continuar e radicalizar. Falo em meu nome pessoal e em nome de todos os meus colegas que se sentem frustrados por a sua licenciatura não ser considerada como tal. Falo como enfermeiro na verdadeira essencia, que apenas quer contribuir para o bem estar da comunidade e que quer a todo o custo evitar as consequências negativas para as pessoas, de todos os processos de luta, que já há demasiado tempo têm vindo a acontecer. Com o poder que lhe é conferido, peço-lhe para intervir e pedir esclarecimento da situação vergonhosa que se passa nas dezenas de reuniões negociais. Não permita que haja enfermeiros portugueses a serem remunerados a 3 euros por hora, não permita o descalabro de desemprego que se tem vindo a verificar, quando o nosso país carece em demasia de cuidados de enfermagem em pleno. Não permita a descriminação que os enfermeiros estão a ser sujeitos em relação a outras classes de funcionários públicos.
Atenciosamente
Guilherme de Carmo


Agora, se não quiseres ter muito trabalho e concordares com o que foi dito, copia e cola. Ou então faz a tua própria carta. Mas faz!... nada perdes. E já agora não te esqueças também de fazer greve

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carta à ministra


Aproxima-se nova greve, as formas de luta intensificam-se e diversificam-se. Uma que achei interessante chegou à minha cx de correio. Trata-se de uma carta de indignação endereçada à ministra. Vamos lá entupir a correio electronico do MS!

"Colegas, face aos recentes eventos que envolvem Ministério da Saúde e Enfermeiros, o MS INSULTA a classe de Enfermagem com propostas salariais VERGONHOSAS!!"

"Estão já agendados 3 dias de greve (algo que não acontece no nosso país há cerca de 20 anos!), nos dias 27, 28, e 29 deste mês.
Como o tempo é de luta, solicito aos colegas que ENTUPAM o Ministério com as nossas palavras de revolta. Imprimam a carta que reenvio em baixo, e enviem-na ao Ministério da Saúde. Perderem uns 40 cêntimos e 5 minutos, não será pedir muito..?!
Todos sabemos que, esta situação de não sermos pagos como licenciados, perdura há mais de 10 anos!!
Uma década de contratempos e malabarismos do Governo, creio que já chegam para encher a cabeça de qualquer um!

Defendam a vossa profissão. Lutem pelo que merecem!
Não percam esta oportunidade de se manifestarem!!
Só nós podemos reivindicar o que merecemos!
"

CARTA À MINISTRA DA SAÚDE ANA JORGE (redigida pelo SE):
Ministra: Ana Jorge
Morada: Av. João Crisóstomo, 9, 6º -1049-062 Lisboa

Exma. Sra. Ministra da Saúde
Dra. Ana Jorge

Assunto: Enquadramento dos Enfermeiros

Senhora Ministra

Não posso deixar de demonstrar a minha INDIGNAÇÃO e REVOLTA perante a proposta de remunerações e transições que o seu Ministério da Saúde (MS) apresentou à FENSE (SIPE – Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem e SE – Sindicato dos Enfermeiros) em reunião decorrida no passado dia 11 de Janeiro de 2010.

É INQUALIFICÁVEL QUE O MS, NO DECURSO DE UM PROCESSO NEGOCIAL, APRESENTE AGORA UMA PROPOSTA MAIS RECUADA RELATIVAMENTE À QUE JÁ TINHA ENTREGUE EM SETEMBRO, QUANDO INCLUSIVAMENTE, EM NOVEMBRO, A SENHORA MINISTRA ADMITIU QUE ESTA CONTINHA INJUSTIÇAS QUE TINHAM QUE SER ULTRAPASSADAS. INADMISSIVELMENTE, A SUA FORMA DE ULTRAPASSAR ESTAS INJUSTIÇAS MATERIALIZOU-SE NUMA OUTRA QUE HUMILHA, DESRESPEITA E DESQUALIFICA NÃO SÓ OS ENFERMEIROS COMO A MINHA PROFISSÃO.

É de todo INACEITÁVEL, entre outros aspectos, que o MS:

• Proponha que a remuneração base para os enfermeiros que venham a iniciar funções seja de 995,51€, abaixo do que hoje já auferem -1 020,06€ e do que aufere qualquer licenciado das carreiras gerais (1 201,48€); NÃO ADMITO A DESVALORIZAÇÃO DA MINHA FUNÇÃO SOCIAL, DA ENFERMAGEM, que a Sr.ª está a promover;
• Proponha que na transição para a nova grelha salarial, não tenha ganhos económicos. Ou seja,
estamos a ser penalizados pelo esforço da aquisição de níveis habilitacionais superiores – Grau de Licenciado, com acréscimo de competências que daí lhes adveio e mais responsabilidade, nomeadamente, no levar por diante as reformas no sector que o Ministério da Saúde está a implementar – INQUALIFICÁVEL;
• Não proponha qualquer revalorização económica para os Enfermeiros Especialistas e da área da Gestão, impondo, inclusive, a sua descategorização /mudança de funções (da gestão para a prestação) dos actuais Enfermeiros Chefes e Supervisores – INTOLERÁVEL;
• Proponha um Rácio para Enf.º Principal sem qualquer fundamento e totalmente desenquadrado das necessidades dos Serviços – INADMISSÍVEL;
Como tal, ao subscrever esta missiva, EXIJO TRATAMENTO DIGNO E RESPEITO na defesa do que sei que sou e da minha profissão, demonstrando-me disponível para aderir a todas as formas de luta que venham a ser decretadas pelos Sindicatos que visem o repúdio da inconcebível e humilhante proposta apresentada pelo seu MS.

Janeiro de 2010

Assinatura: Guilherme de Carmo Vasconcelos Tell

Podem enviar para: gms@ms.gov.pt
Eu já enviei a minha

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Curtas estapafúrdias lll - Matreirices do Sistema Nervoso Central


Sr José (após ter acordado do sono inquientante da sedação) - O Pinto da Costa morreu... Afirma categórico.
Enfermeiro - Nao! Quem é que lhe disse isso?!
Sr José - Morreu, morreu... O Pinto da costa morreu. Responde igualmente convicto.
Enfermeiro - Nao morreu nada! Está enganado. Se tivesse morrido, era luto nacional!
Sr José - Humm... Então foi o Salazar!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Carta da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros ao Pai Natal


Esta é só para enfermeiros! Mas não somos todos?!!!
Querido Pai Natal, Sou eu, a "Migusta", como tens passado? Andas melhor das lombalgias? Desculpa ainda não ter mandado nenhum Enfermeiro para te administrar uns anti-inflamatórios mas, acontece que não há ninguém disponível... Além disso o rácio da OCDE é de 12 Enfermeiros por cada Pai Natal, o que é quase impossível de te conceder, pois nos dias de hoje encontrar Enfermeiros disponíveis para trabalhar, é como encontrar uma nota de 20 euros aqui na sede da Ordem...
Este ano portei-me bem, por isso a minha lista de presentes vai ser mais comprida do que o costume. Não sei te lembras, mas no ano passado, só pedi uma coisita: “mais Enfermeiros!” Realmente tive mais Enfermeiros, o problema é que as quotas são baratas e preciso ainda de mais... pois, como deves saber, estas "obras" cá na Ordem não são pagas com ar e vento, não é? Sabes, tive um sonho: sonhei que Portugal um dia terá muitos Enfermeiros. Tantos, que os rácios não serão traduzidos mais pela razão enfermeiro/utente, mas sim por utente/enfermeiro. Quero mais Enfermeiros!
Noutro dia fui ao hipermercado. Estava muito calor lá dentro e senti-me mal. Uma empregada simpática (do hipermercado), perguntou pelos altifalantes se havia algum médico ou Enfermeiro lá presentes para ajudar... Não apareceu nenhum médico, mas enfermeiros estavam muitos. Acho que só o homem do talho é que não era Enfermeiro. (...)
Cá na Ordem vai tudo bem. Tenho mais empregados novos! Até o jardineiro tem o curso de Enfermagem! Isto só traz vantagens: noutro dia vi-o pela janela a dar um sermão de ética aos peixinhos do lago aqui do jardim! Isto faz-me lembrar uma coisa ridícula que me aconteceu noutro dia: veio cá um "totó" a dizer que era Enfermeiro e que estava no desemprego... Perguntei-lhe logo se era para os apanhados! Ele disse que não! Vê-se logo que ele não percebia nada de rácios, enfim... aparece-me aqui cada um! Onde já se viu um enfermeiro desempregado?!
Ando um pouco triste. O meu gato anda doente. Levei-o a um Enfermeiro veterinário, daqueles que eu ainda me manifestei contra, mas de nada valeu, ou melhor ninguém me ligou, ele até era bom rapaz... Era ainda estagiário, andava a estudar o modelo de Nancy Roper para cães e não me pôde ajudar muito! Sabias que já dei um nome ao meu gatinho? Chama-se "Rácio". Gosto de animais. Na semana passada comprei um papagaio. Ensinei-o a falar, já sabe dizer "Quero mais Enfermeiros!" Agora a ando a ver se ele aprende a dizer "Quero inflacionar as quotas!" A menos com os meus animais de estimação tenho paz. Nem me quero lembrar do outro dia, em que fui visitar um hospital e tive de fugir pela janela, pois quando olhei para traz vinham umas centenas de Enfermeiros a correr em direcção a mim com cara de poucos amigos! Livra!! Não os entendo. O que é que eles querem? A maior parte deles ganha melhor que uma mulher-a-dias!! (sem desprimor para estas) (…)
Bom, não te quero aborrecer mais, mas este ano queria ainda mais Enfermeiros! E se fosses amigo, deixavas abrir mais duas ou três escolitas de Enfermagem. Tenho uma amiga ali perto de Pitões das Júnias (fronteira com Espanha) que diz que lá ainda não há escolas de Enfermagem. Foi uma desatenção minha! Há lá estábulos porreiros! Davam bons campos de estágios de obstetrícia: treina-se nos cavalos! É tudo a mesma coisa! O estágio de ortopedia podia ser na mercearia do Ti Rodrigo! As escadas são escorregadias, e muita gente parte lá as pernas e braços! Vai ser uma maravilha!
Abraços.
P.s. Pai Natal, é verdade que estás a pensar em ingressar em Enfermagem?"
Autor: Doutor Enfermeiro (2007) mas ainda se aplica aos dias de hoje...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Guerra entre aliados



O ambiente da nossa equipa está a deteriorar-se. Tal como se previa num anterior post, a equipa está mesmo a ruir. Já não se nota o espírito de entreajuda, que nos caracterizava, agora é mais o espírito de "cada um que se amanhe".
Em OBS, com o serviço continuamente carregado, com doentes ventilados a olho, cada um se defende com as armas que tem, do ataque do invasor. O invasor é a urgência geral, por sua vez bombardeada ininterruptamente por doenças ou pseudo-doenças. E aqui também, igualmente com as armas e estratégia militar de cada um, procura-se aliviar o campo de batalha, escoando os feridos o mais rapidamente possível, levando ao aperto do hospital de campanha (OBS). É isso mesmo meus amigos, estamos em guerra! Soldados e cabos já começaram a disparar e a guerra promete durar. Que se emita um tratado de paz, tratado este que partirá da boa vontade dos tenentes e generais. Será que estes se entendem? Vamos esperar que sim... caso contrário haverão baixas evitáveis no campo de batalha. Esta das baixas saiu-me bem... estou a ficar perito em trocadilhos