O post anterior falava de filhos desnaturados, no lado oposto temos os verdadeiros filhos, os filhos de coração.
A Dona Catarina tem 53 anos e carrega com ela há três, um cancro no intestino já disseminado. Fala com ternura e sem pressas, com olhar fixo, face encovada e com os lábios quase estáticos. A pele é seca e tem um tom acinzentado, os braços são delgados, procuro-lhe uma veia. Não tem saúde, mas é feliz, tem o amor dos filhos.
O filho já não se lembrava de mim, ela topou-me logo pela pinta.
Enquanto retirava das suas veias escondidas um pouco de sangue para análises, o filho mantinha-se debruçado na maca, abraçado aos ombros da mãe, segredava-lhe palavras com meiguice.
A Dona Catarina tem 53 anos e carrega com ela há três, um cancro no intestino já disseminado. Fala com ternura e sem pressas, com olhar fixo, face encovada e com os lábios quase estáticos. A pele é seca e tem um tom acinzentado, os braços são delgados, procuro-lhe uma veia. Não tem saúde, mas é feliz, tem o amor dos filhos.
O filho já não se lembrava de mim, ela topou-me logo pela pinta.
Enquanto retirava das suas veias escondidas um pouco de sangue para análises, o filho mantinha-se debruçado na maca, abraçado aos ombros da mãe, segredava-lhe palavras com meiguice.
Dona Catarina vou dar-lhe uma medicação para a dor, nós estamos por aqui, se continuar com dor, é só chamar.
Pois é mãe, se precisares chamas o Sr. enfermeiro, e fazes outra medicação, não se justifica ficares com dores! Acrescentava com a voz embargada, dando a entender que a mãe era de poucas queixas.
Pois é mãe, se precisares chamas o Sr. enfermeiro, e fazes outra medicação, não se justifica ficares com dores! Acrescentava com a voz embargada, dando a entender que a mãe era de poucas queixas.
Expliquei ao Jaime, seu filho, quanto tempo demoravam as análises e outras coisas básicas de funcionamento. Agradeceu-me e nos seus olhos enevoados via-se a tristeza da necessidade de ter a mãe no corredor da urgência no dia de Natal.
G.
Natal dos Hospitais! Só me apetece dizer que a comunicação social só se lembra dos hospitais nesta época ou então, quando há um suposto "escandalo" de negligencia! O lado, o outro lado, que o colega G. retrata aqui, não passa nos media com a mesma atenção, foco, ou o nome que lhe quiser-mos dar! O que bem se faz nos hospitais, urgencias, Internamentos no dia a dia, não se fala! Não atrai espectadores, quase todos os portugueses que adoram ver a desgraça dos outros para assim se poderem reconfortar! "Eu estou mal, mas aquele ainda está pior, assim eu já fico melhor".
ResponderEliminarO que fazemos nos nossos serviços com os racios reduzidos, os "pequenos grandes milagres do natal" que acontecem diariamente, não passam na TV.
Começo a achar que somos censurados naquilo que fazemos diariamente. Lutamos para que haja sempre mais um natal para aqueles doentes, todos os dias o lutamos, uns mais, outros menos, mas lutamos! Mas diariamente, os obstaculos são cada vez maiores!
Shadow Cronicles
Olá,
ResponderEliminaros enfermeiros são pessoas exepcionais.
Bem hajam!
http://tonymadureira.blogspot.com/2008/05/tributo-aos-enfermeirosas-nurses.html
Bom ano.