quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Daqui a uns anos seremos enfermeiros medíocres


Actualmente, quer a nível interno, quer externo, somos conceituados. Já fomos elogiados publicamente por diversas individualidades e temos o respeito (da maioria) dos portugueses, lá fora a imagem é semelhante, já que somos requisitados por várias países, desde europeus a asiáticos.
Daqui a uns 10, 15 anos esta imagem vai começar a desvanecer e daqui a uns 20, 25 anos seremos enfermeiros medíocres. E porquê que tenho esta premonição?
É preocupante actualmente a qualidade dos alunos finalistas em enfermagem: conceitos teóricos muito fracos, postura, interesse e comunicação abaixo do razoável, destreza e capacidade técnica zero. Claro que há excepções, mas a maioria é assim.
As escolas têm responsabilidades? Têm também, porque parece-me que estagnaram na formação, desinvestiram no aluno. Será porque em poucos anos aumentaram exponencialmente o número de alunos admitidos (para depois irem para o desemprego)?
Actualmente o aluno quando lá chega, sejamos realistas, é um aluno a razar o medíocre, que entra para enfermagem com médias de 10, 11. É claro que este aluno pode tornar-se um excelente enfermeiro, mas também passou a tornar-se mais provável não o ser, comparativamente há uns bons anos atrás. Há uns bons anos atrás, entrava-se para enfermagem com médias de 15, 16 e até 17! É incontornável a diferença entre estes dois tipos de aluno, a nível de interesse, motivação, capacidade, conhecimento, postura, etc..
No meu tempo, nos estágios, havia maior investimento, interesse e iniciativa do grupo de alunos, havia também maior aproximação dos professores aos campos de estágio. Agora vê-mo-los apenas numa reunião inicial, intercalar e final, sem que o acompanhamento na prática tivesse sido feito, sem que se apercebessem sequer que um aluno finalista chega a um campo de estágio sem ter praticado técnicas básicas de enfermagem e pior que isso, sem ter noções de como é que elas são aplicadas.

34 comentários:

  1. Bom dia caro colega, li o seu artigo e na grande maioria concordo com o diz. Pesa algumas coisas como o facto de no meu entender não se pode associar boas notas a bons profissionais. Penso que muito contribuiu para esta verdade foi o facto de as escolas não serem exigentes com os respetivos alunos na sua maioria todos de escolas privadas , onde muitas delas também não investem em professores. O ensino virou negocio e estamos na era da economia a qualquer preço. Outras das coisas erradas do meu ponto de vista é a forma como os alunos são entregues nos campos de estagio, e as instituições que lutam com dificuldades de recursos não tem capacidade de escolher tutores diferenciados e assim todos os enfermeiros são capazes de ensinar outros independentemente das suas competências pedagógicas. Queremos ser tudo e no final estamos a perder a capacidade de planear , refletir, a analisar que nos distinguia de todas as outras profissões. Ser enfermeiro é acima de tudo uma arte de cuidar e enquanto todos quiserem que sejam mais uma profissão todo vai estar errado. Nos cuida mos de pessoas numa situação de fragilidade e como tal é tão delicado e exige tanto de nos que deveríamos ser os primeiros a exigir o melhor. Um bom dia.

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    1. não se pode associar? percebo essa afirmação, mas não estou completamente de acordo. é mais provavel que um aluno com boas notas, seja bom profissional, do que um aluno com notas fracas. foi nesse sentido que eu escrevi

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    2. Honestamente não concordo de longe com a generalização que fazes na pedagogia da licenciatura. Não digo que não haja escolas que representem tudo o que afirmaste ou alunos desinteressados. Porém é inocente da tua parte dizeres que não têm interesse e o mesmo poderá estar relacionado com a média de entrada...(isto, desculpa é rebuscado, para não dizer ridículo). Também faço uma afirmação leviana. Tal como os alunos desinteressados, há enfermeiros tutores desinteressados. Nunca vi uma classe tão pulha com os seus.Orientadores e enfermeiro tutor a humilharem os alunos,orientadores a querer reprovar um aluno porque não gostam dele... Sim isto tb ocorre é na melhor escola do país.... Irra passei por isto. Se os meus não me acolhem e me ajudam.... É um exemplo da bela classe que representamos.

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  2. Há escolas a vender os diplomas sem olhar à qualidade da formação. Estive recentemente numa escola em funções de coordenação e fiquei chocada com o que vi.
    Não podia concordar mais consigo. Além de que a prática baseada na evidência é considerada pelas escolas uma miragem, monografias finais sem colheita de dados e sem análise de resultados, revisão bibliográfica com 3 ou 4 artigos e de preferência em português, porque ler em inglês dá muito trabalho...
    Trabalhos de investigação e de ética com base em fundamentos preconceituosos são já uma regra, infelizmente.

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  3. Não digo que não tenha as suas razões, mas tb sei que já ouvia dizer isso dos enfermeiros ha 15 anos atrás qd me formei.
    Se a qualidade fosse sempre cada vez tao má como a apregoam, hoje eramos todos uns iliteratos.
    É fácil cometer o pecado do anacronismo e julgar uma situação no passado com o know how que temos actualmente.

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    1. Há 15 anos atrás não ouvi nunca dizer isto, formei-me na ESEL, e nessa altura havia brio nos trabalhos de investigação, havia esforço, e os professores diziam-nos que tínhamos de ler artigos científicos em inglês, e quem não soubesse inglês que fosse inscrever-se num instituto de línguas, sem pudor, em frente aos colegas num auditório, e ninguém se melindrava, sabíamos que a professora tinha razão. Porque tínhamos entrado na ESEL (na altura não tinha este nome) com médias de 16/17 de exames nacionais. O ensino degradou-se muito em algumas universidades privadas (exclui-se a Univ. Católica e pouco mais...)
      Hoje vendem-se diplomas a preço de saldo sem olhar à qualidade do ensino. E já tenho colegas formados desta maneira trabalhar comigo, riem-se da Ordem dos Enfermeiros e os Padrões de Qualidade são visto como matéria alienígena que não serve para nada. Uma infelicidade grande. Prática baseada na evidência, nem sabem do que se trata.

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    2. por acaso há 15 anos atras tambem nao tinha essa percepção. acho que os alunos eram mais "bem vistos" pelos prof. mas claro, cada qual tem a sua vivência

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  4. Caro Guilherme de Carmo,

    Sou estudante de enfermagem, prestes a terminar o curso. Sendo esta a minha posição confesso que me deixa entristecida a sua opinião, dói que sejam essas as ideias que transmitimos, que muitos colegas possam não conhecer a importância que o marketing pessoal e profissional podem ter e,pior ainda, perceber que o nosso desinvestimento inconsciente, que por vezes ocorre, na formação tenha repercussões tão graves... Agradeço-lhe ao mesmo tempo o cuidado que teve em não nos englobar a todos no universo de enfermeiros medíocres.

    Como estudante de enfermagem, futura enfermeira, lamento imenso esta nossa imagem... No entanto, vejo-me obrigada a reconhecer que a aposta no trabalho autónomo do aluno segundo a visão do Tratado de Bolonha, que tem de facto os seus benefícios, também criou novas visões de ensino e nem sempre o nosso trabalho autónomo é posteriormente suportado pelo acompanhamento dos professores, o que por vezes é desorganizador da aprendizagem ou mesmo desmotivador.
    Agora, prestes a terminar o curso, compreendo a importância que algumas coisas que estudei ou devia ter estudado no 1º, 2º e mesmo 3º anos, têm na prática; é agora que sinto uma vontade imensa de voltar a fazer tudo do início, pois só agora consigo unir a teoria com a prática e compreender a importância que isso tem para a prestação de cuidados de qualidade... Sinto que é esta visão que não nos é transmitida nos primeiros momentos do curso que pode estar na origem de comportamentos que temos enquanto alunos e, por conseguinte, de opiniões como a sua.

    Posto isto resta-me dizer que não gostei de ler a sua partilha pelos sentimentos que ela me causou e, ainda assim, agradecer o facto de a ter feito, pois ajuda-nos a tomar consciência da forma como somos vistos, daquilo que transmitimos.

    Desejo que o reconhecimento dos nossos erros seja sempre uma forma de aprendermos e de melhorar.

    Bom final de semana.

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    1. Cara Colega, a crítica do Enf.º Guilherme (que eu não conheço pessoalmente) não era para uma estudante que fundamenta as suas opiniões da forma como o fez. Parabéns pela Consciência que já adquiriu, não fique inquieta. Prática baseada na evidência para uma enfermagem com futuro. Continue assim.

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    2. ola! obrigado pelos vossos comentários! é como a Catarina refere, não generalizo nem o podemos fazer. Claro que há excelentes alunos, mas por outro lado tenho a percepção que cada vez há mais alunos fracos. Fiz este post com a intenção de "espevitar" os estudantes, alertá-los e dessa forma torná-los melhores. E pelas tuas palavras, percebeste a minha intenção

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    3. Obrigada pelas respostas ao meu comentário. Fico feliz e grata pela retribuição :)

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  5. Terminei a licenciatura recentemente e sinto-me burra!! A escola onde estudei (e acredito que muitas outras) não se preocupa se sabemos realmente o que estudamos, preocupa-se em que saibamos as matérias para as frequências e/ou exames e depois ela evapora-se da nossa memória porque depois já temos novas matérias para decorar, sim decorar porque perceber não é necessário no ponto de vista da escola e de alguns professores. Alguns diziam "para terem boas notas decorem isto"... mas afinal??? A própria mentalidade dos alunos já é virada para decorar apenas. Quando solicitava ao professor para me explicar algo, a turma olhava para mim e alguns diziam "o que é que isso interessa? se o prof n disse n é preciso saber para a frequência", lá está, saber para a frequência, não saber para o futuro! Quando tiver um doente à nossa frente com cianose o pobre coitado só está roxo. Não me lembro de ter decorado aquilo para a ultima frequência e o professor também não deu grande relevância aquilo, logo só está roxo.
    Infelizmente acho que cada vez mais estudamos para decorar e não para perceber.
    Como li em cima, também os professores nos ensinos clínicos /estágios não estão tão presentes quando devem e quando estão ficam à conversa com os enfermeiros e, por vezes, nem sabem como nos avaliar e acabam por dar uma nota com base no que acreditam que nós somos e valemos.
    Se a responsabilidade não vem de quem nos educa e ensina como podemos nós ser melhores profissionais?

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    1. Cara colega, estou certa que a crítica que o Enfº Guilherme fez não era dirigida a si. o problema é mesmo este é que as pessoas a quem a crítica se dirige, tapam o sol com a peneira, assobiam para o lado, e nem se preocupam com o futuro de toda uma profissão, e muito menos dos doentes, o que não é o seu caso, claramente. Boa continuação, desejo-lhe toda a sorte pela vida fora para encontrar bons professores no futuro.

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    2. Não te sintas "burra"...talvez sintas um vazio que logo se dissipará com o tempo...não desistas de aprender! Talvez um dia me cruze contigo e me encontres numa cama de um qualquer hospital! Aí quando me disseres "Bom dia, Sr Bloguista Anónimo! Desculpe qualquer coisa que tenha falhado naquilo que eram as suas expectativas a meu respeito!" Talvez consigas ouvir da minha humilde boca " Bom dia!obrigado por tudo o que fizeste por mim, para aliviar o meu sofrimento, colega enfermeira. Foste uma excelente profissional"...até breve!

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  6. A sociedade mudou, os valores da sociedade mudaram, a educação e formação trazida de casa também mudou. . . E é essa que mostra a atitude das pessoas perante tudo na vida. O curso dá as bases para a nossa profissão mas de longe, não faz de nós bons ou maus profissionais. . . A enfermagem ao longo dos anos foi construída por esses alunos brilhantes de 17 valores na média do secundário. Resultado: somos os licenciados mais mal pagos, entre outras coisas. Não me considero medíocre porque entrei para o curso de enfermagem com média de 11 e neste sinto que o legado deixado pelos mais velhos não foi sem dúvida o melhor para o presente e para o futuro. . . E tem mais, quem são os professores das escolas? São os recém licenciados? Talvez valha a pena pensar nisso

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    1. Sem dúvida! Eu tenho um grande amigo e colega que tentou entrar para enfermagem pelo menos 3 vezes e não conseguia porque não tinha notas. Finalmente conseguiu e hoje em dia é um grande profissional. Cada caso é um caso.. Eu apenas falo na generalidade e em probabilidade

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  7. Só queria salientar que é necessário ter cuidado com a opinião escrita acerca de escolas privadas, até porque a melhor escola de enfermagem do país com classificação internacional, é privada. Reconhecida por todo o mundo, onde já aconteceu instituições de saúde dispensarem exames de admissão a tais enfermeiros, como por exemplo Canada que tão rigoroso tem sido na seleção de profissionais de saúde.
    Na atualidade oriento alunos integrados no serviço onde exerço a carreira e de facto tenho verificado que os alunos das instituições publicas são os mais mal preparados e que os conteúdos de avaliação não têm exigência nenhuma. E o pior é que existe enfermeiros que fazem dos alunos empregados para o que não gostam de fazer e nem sequer supervisionam os cuidados, depois o azar acontece e ninguém percebeu ao certo porquê. Já houve grandes escolas publicas em Portugal, situação que não acontece na atualidade devido há fusão das mesmas, bem como existe escolas privadas que só pensam em dinheiro e não se preocupam com a verdadeira formação em emfermagem. Enfim! onde vai parar o futuro da nossa profissão????

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  8. Bom dia Guilherme e igualmente para todos os teus leitores! Claro, sou enfermeiro! Com mais valor, orgulhosamente ou como tu quiseres, de acordo com as tuas preferências ou concordâncias políticas, religiosas, sindicais, profissionais...o que quiseres!
    Comecei por dizer BOM DIA! Até podia dizer outra coisa, mas, começaria por dizer que a enfermagem começa aqui, naquilo que considero Boa educação! Não esperei que a escola ensinasse isso ou outras coisas, algumas aprendi em casa outras na vida! Confrangedor passar por alunos e/ou profissionais em contexto de trabalho e nem uma saudação é efetuada! Vergonha? Medo que alguém peça algo? distração? Não! Falta de educação!!!
    Mas, vamos ao que publicaste. Claro, li atentamente assim como os comentários já publicados e concordo e discordo de algumas coisas!
    Comecemos pelo título "daqui a uns anos seremos enfermeiros medíocres" , ora muito bem! Seremos! Já o fomos! E somos! Todos? Obviamente que não! Sempre houve os excelentes, os bons, os suficientes, os medíocres e os maus enfermeiros! Apesar do gradativo de classificação que vale o que vale, que descriminou enfermeiros ao longo do tempo, que depois passou para satisfaz/não satisfaz, hoje convertido em SIADAP versões xpto, ou melhor, em zero avaliação, sim cadê ela na ULSAM? Aceite-se ou não se aceite o que acabei de escrever, meu caro Guilherme não somos nem nunca seremos todos iguais! Nunca! Mudem-se as escolas, os métodos, as praticas, os campos de estágio, os orientadores, os tutores, etc, seremos enfermeiros titulados mas todos diferentes! E, a diferença advém, dos contextos, dos pretextos, das conveniências e interesses, das motivações, das personalidades de cada um! Ser enfermeiro, primeiro é preciso querer, depois esforçar, estudar, dedicar, descobrir, investir, investigar, sem esperar estar preparado para tudo e mais alguma coisa, uma escola para ensinar e mostrar tudo também nunca o encontrarás! A escola da vida essa será sempre o complemento!
    Tive o grato prazer de aprender no terreno com enfermeiros que não tinham mais que a quarta classe e que para um reconhecimento profissional no nome, fizeram uns cursos de promoção, depois os bacharelato, depois os complementos e por fim as licenciaturas....enfim, sempre senti na minha pele e constatei na pele dos outros, os doentes, a diferença entre competência e incompetência! Tal e qual!
    Permito-me neste momento uma autoavaliação! Já fui excelente, já fui muito bom, já fui bom...já fui péssimo em alguns momentos, onde o peso na consciência nos faz ver quão ignorantes somos em algumas matérias e digo, hoje, especialista, também entrei naquele paradigma de que sei cada vez mais de cada vez menos...e há tanta, mas tanta coisa que desconheço, aqui dirijo -me a algum leitor que frequente neste momento uma escola de enfermagem, ou superior de saúde para enaltecer o grau académico...ainda sonho em ver refletido no vencimento essa superioridade!
    Tanta gente a concorrer para as escolas para ser enfermeiro enquanto saída profissional, tantos enfermeiros depois a emigrar e no desemprego! Responsáveis, claro que os há! É legítimo que todo e qualquer jovem queira ter uma profissão e a profissão enfermeiro é uma possibilidade...de ter o nome, emprego em condições mais diversificadas e...de vir a ser competente ou medíocre! Depois, quando apontamos o dedo para alguém, como responsável por isso, esquecemos o facto de que pelo menos três dedos ficam a apontar para nós! É, pois é!

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    1. Olá!! obrigado pelo comentario, muito rico e verdadeiro. Sim, é evidente que a escola não nos pode dar tudo, lança-nos apenas para um "mundo novo", depois depende de cada um. Mas se tivermos bons orientadores, o caminho torna-se mais aliciante

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  9. É por é... continuando o comentário anterior!
    Pensemos agora porquê formar tanto enfermeiro? Perguntemos aos governos que autorizam as vagas, perguntemos à OE que com base nos seus indicadores e nas dotações seguras que propõem, apontam uma carência de enfermeiros, perguntemos aos sindicatos dos Enfermeiros que, com base naqueles e noutros indicadores apontam a mesma carência! Perguntemos à ACSS com base nos indicadores do SCD porque não conseguem equilibrar os racios de enfermagem para valores sobreponiveis às médias nacionais que apresentam nos seus relatórios anuais, já não estou a pedir para valores superiores! Aí minha vida, isto não está nada fácil!
    Gosto muito de falar, já reparaste não foi Guilherme!
    Termino dizendo, entrei para a enfermagem com o 9˚ano de escolaridade, qual média de 14 ou 15, um pouco mais baixa! Professores em cima do aluno? Para detetar muitas vezes pormenores de mau fardamento, quer dizer, por acaso tive a honra e oportunidade de ter pelo menos uma prof por cima de mim, numa aula prática na escola, ao exemplificar como levantava/sentava um suposto doente paraplégico(eu), a cadeira deslizou e caímos os dois ao chão...é mesmo isso, na teoria sabíamos que a cadeira deve estar sempre segura, descartamos esse pormenor importante, na prática nenhum dos alunos se esqueceu das consequências de um erro técnico!
    Termino deixando uma crítica aberta a muitos profissionais que fogem como o diabo da Cruz da tutoria de alunos, declinando o seu contributo para a formação de novos enfermeiros, não querendo explicar ou ensinar (às vezes pergunto -me se sabem executar de forma a poder ensinar), refugiando-se constantemente na desmotivação e noutras desculpas, umas aceitáveis outras estapafúrdias!
    Termino, elogiando a coragem, a capacidade e os conhecimentos de jovens recém licenciados que emigraram para a a Irlanda, Reino Unido, França, Suíça, Alemanha, Bélgica, etc.. excelentes profissionais, com muitos e bons conhecimentos quer de literacia, quer de princípios e fundamentos tecnicos que beberam e assimilaram os seus ensinamentos formativos não só em escolas de enfermagem públicas mas também sem quaisquer reparo em escolas privadas! Como nota final, não posso deixar passar em claro o episódio seguinte que não é caso único. Uma jovem, minha conhecida e amiga, no ano 2013 e num dos estágios finais do quarto ano, ousou de forma brilhante questionar as práticas de um profissional seu tutor, escusado será dizer que nem com a ajuda argumentativa da professora se salvou e portanto reprovou, por ousar meu caro Guilherme pôr em dúvida os fundamentos técnicos daquele profissional...repetiu o estágio noutro local, sempre estressada e com vontade de desistir da enfermagem e concluiu o curso! Angustiada pelo acontecimento nem hesitou e decidiu que na vergonha incontida que sentia do que sucedeu, foi contra a vontade dos pais para um daqueles países que citei, país cuja língua não dominava convenientemente, decorrido um ano já veio de férias, sente-se triste por estar longe da família mas feliz porque está a fazer aquilo que quer e gosta, é estimada e reconhecida pelos colegas assim como financeiramente recompensada!
    Histórias...e daqui a uns anos não seremos enfermeiros medíocres, haverá certamente enfermeiros medíocres! Mãos à obra meu caro, desde já, colaborar no ensino/aprendizagem desses jovens "perdidos" por vezes nos serviços hospitalares, nunca deixando que as nossas incompetências e mediocridade sejam o espelho onde eles se revejam...não me dói nada ajudar alguém a ser melhor do que eu no futuro próximo ou longínquo!

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    1. sim escreves muito, mas bem !!! :))) Na minha opinião nem todos têm perfil para serem tutores de alunos. Acho que devia haver incentivos para isso, formação, etc, etc... não se colocar quem não quer, a ensinar alunos. Eu por exemplo é algo que neste momento dispenso, o que não quer dizer que mais tarde venha a sentir capacidade para tal e motivação. Tenho colegas que têm muita capacidade para formar alunos e outros que não. Por isso os gestores de serviço também têm que estar atentos para isso. Os hospitais e as escolas tem que funcionar em parceria e criar condições para que haja um grupo de enf responbsaveis pelos estagios e não qualquer um que fique responsavel pelo estagio

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    2. Obrigado! Gestores de serviço!? Não me faças rir! Porque estou triste!!! :(

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  10. Acrescente a isso uma miserável integração no serviço. Os inúmeros saltos entre serviços de diferentes especialidades para colmatar baixas ou ausencias. a desvalorização da competência, da formação profissional. o baixo ordenado. os turnos e horários precários, modificados vezes sem conta para suprimir necessidades do serviço e salário injusto. À, cada vez maior falta de colegas experientes, para ajudar os recém licenciados a tornarem-se melhores.

    tudo isto culmina em uma enorme desmotivação, à diminuição do investimento na formação. dito isto e acreditando que tudo o que diz é tb verdade, e sei que o é, apesar de de achar que a sua análise é francamente um "understatement" (tal como a minha), eu acho que enfermagem já delineou as linhas essenciais para o seu definhar lento mas certo. espero que lento, ainda tenho uns anos largos disto pela frente...

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  11. Acrescente a isso uma miserável integração no serviço. Os inúmeros saltos entre serviços de diferentes especialidades para colmatar baixas ou ausencias. a desvalorização da competência, da formação profissional. o baixo ordenado. os turnos e horários precários, modificados vezes sem conta para suprimir necessidades do serviço e salário injusto. À, cada vez maior falta de colegas experientes, para ajudar os recém licenciados a tornarem-se melhores.

    tudo isto culmina em uma enorme desmotivação, à diminuição do investimento na formação. dito isto e acreditando que tudo o que diz é tb verdade, e sei que o é, apesar de de achar que a sua análise é francamente um "understatement" (tal como a minha), eu acho que enfermagem já delineou as linhas essenciais para o seu definhar lento mas certo. espero que lento, ainda tenho uns anos largos disto pela frente...

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    1. Será um pouco assim unknown!!!! Mas a Enfermagem não morrerá, morreremos nós, isso sim, a única e derradeira certeza!!!!

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  12. Meu amigo, sabe quando ouve falar, de que somos bons e reconhecidos no estrangeiro??, não é da vossa geração que estão a falar. Estão a falar de nós os medíocres que você fala.... que foram forçados a emigrar... São os mesmos medíocres que aprenderam uma segunda língua, adaptaram-se a uma segunda cultura a outra maneira de viver e ver o mundo. E não confinados a esse recanto fétido dos anos 70 que vocês chamam de hospital ULSAM.

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    1. Seria bom que não generalizasses, entendo a tua revolta mas medíocres sempre ouve e continuará a haver sempre...não existissem os medíocres e seria difícil a diferenciação dos excelentes, é assim a vida, quando damos valor à paz é porque conhecemos os nefastos efeitos da guerra!
      Discordo de ti quanto ao recanto fétido dos anos 70, concordo contigo que há por lá mentes em completa decomposição autorizada nos últimos quatro anos, mas muito se deve também à decomposição do país! Como quem não se sente não é filho de boa gente, sinto-me honrado de ter colaborado durante muitos anos a dar novas luzes ao mundo da Enfermagem, talvez cheire mal porque me dá gozo ver alguns colegas a discordar das minhas opiniões...não sei se tiveste oportunidade de ter ficado neste antro, porque se tivesses ficado poderíamos agora questionar: estarias neste momento calado e sentado de forma relaxada junto aos putrefactos de que falas ou serias uma voz incômoda a contribuir para limpar os cantos à casa?

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  13. Provavelmente serão medíocres pois alguns profissionais os estarão a ensinar a ser isso mesmo!
    A fazer o que é mais fácil, em detrimento de fazer aquilo que é correto!

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  14. Caro Guilherme de Carmo,
    Apesar do meu comentário ser um bocadinho já fora de horas, deixa-me relatar a minha experiência enquanto ex-aluna de enfermagem e como Licenciada em Enfermagem, cujo diploma optei por enfiar na gaveta.

    Como alguém disse num dos comentários anteriores, se o reconhecimento da Enfermagem portuguesa está a ser bem visto no estrangeiro, deve-se a esta nova geração que se formou nos últimos 10 anos e não à geração mais antiga. Trabalhei no estrangeiro e o meu trabalho era respeitado pelos colegas, pelos utentes e pelos médicos... Quando comecei a trabalhar em Portugal, o meu trabalho era desrespeitado por quase todos, com algum desdém até.

    No hospital onde comecei a trabalhar em Portugal (onde já vinha com quase três anos de experiência num conceituado hospital espanhol em que muitos dos médicos já me tinham dado carta branca para a tomada de algumas decisões emergentes), um dos utentes que me foi atribuído estava em crise hipertensiva. Liguei várias vezes ao médico assistente para explicar que a terapêutica que tinha prescrito em SOS estava a ser inútil, eu já estava a desesperar com os valores tensionais tão altos, até que um dos colegas mais velhos me sugeriu adiantar um dos fármacos anti-hipertensores que deveria ser dado horas depois. Inocentemente, segui o conselho desse meu colega, pois parecia um conselho de boa fé.

    Conclusão: Tive chatices sérias com o enf chefe, tive chatices com o médico assistente e com o médico assistente.

    Esse colega ainda teve a lata de me dizer "Se queres tomar decisões dessas, deverias ter ido para medicina e deixares de brincar aos médicos". E milagre: nesse ano concorri para medicina e entrei... e azar dos azares para esse meu colega, a quem mais tarde lhe disse que me tinha fartado de brincar aos médicos e resolvi tornar-me um, fiz o Ano Comum no hospital onde este episódio se passou.

    Por momentos ainda pensei que se calhar eu até seria péssima enfermeira. Mas depois comecei a entender que o péssimo carácter dos outros se sobrepunha ao meu talvez péssimo profissionalismo.

    Como posso eu não estar revoltada com a classe de Enfermagem se são os próprios colegas os primeiros a puxarem o tapete dos pés, criando um ambiente de desmotivação, de intriga ?

    MF

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    1. felizmente eu (acho que) não tenho colegas desse genero, mas ao longo da minha experiencia ouço demasiadas vezes queixas desse tipo... "nós somos o nosso pior inimigo" No post faço uma critica aos alunos destes ultimos 2, 3 anos.. alunos de um passado recente.. é a percepção que tenho relativamente à formação, conhecimento, interesse, vocação.. Evidente que há bons alunos e decerto serão bons profissionais, mas acxho que a qualidade de uma forma geral tem diminuido ao longo dos anos. De salientar que aqueles que emigram são recem formados, mas tambem são enfermeiros com 10, 15, 20 3 mais anos de experiencia. todos eles representam exemplarmente a enfermagem portuguesa, mas tambem coloco muitas duvidas se alguns dos alunos que vejo actualmente se irão adaptar bem a uma nova realidade la fora.. espero tar enganado e que todos tenham sucesso e sejam felizes

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  15. Cara MF gostava de te fazer um pedido, não te revoltes com a classe de Enfermagem, precisas dela e ela precisa de ti! Diria que no teu caso perdemos uma excelente enfermeira, porque ousada e desafiadora de status amorfos entregues à rotina do quanto menos mexer melhor porque assim é que está bem!
    Fizeste uma opção que foi a de passar a exercer Medicina, é a tua escolha e agora ainda te exijo mais porque conhecedora por dentro de uma realidade que é a fobia que a enfermagem tem em libertar -se de estigmas, não faças aquilo que muitos da agora tua classe fazem que é uma postura, a médica sou eu tu não percebes nada! Por favor, gasta algum do teu tempo a explicar o porquê das tuas decisões, ouve a opinião dos enfermeiros ajuda-os a libertarem-se do medo de falar gerado por sinuosos caminhos onde na frente nada dizem mas depois nas PT, nos corredores ou no cafe são exímios a comentar atos médicos!
    Felicidades numa equipa deste género! Bom trabalho que os doentes sentir-se-ão dessa forma muito mais seguros...

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  16. Como estudante de enfermagem deve discordar com algumas das coisas que escreveu
    Boas notas de acesso não são de todo significado de melhor aluno ou seja melhor enfermeiro. E tenho o meu próprio exemplo, que com uma média bastante baixa de acesso fui "obrigada" a rumar a Coimbra, vá-se lá compreender porquê .. porque esta baixa média fez-me ter acesso ao melhor ensino de enfermagem, a melhor escola de enfermagem do país. Coloquei claramente "obrigada" entre aspas, porque apesar de todo o medo, foi a melhor decisão da minha vida! A meio caminho do meu 3º ano não tenho uma única cadeira pendente e considero o meu percurso positivo não só em termos de notas como em termos de aprendizagem ... Afinal amar a profissonal diz muito mais do que meras notas...

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  17. Gilherme, o comentario anterior é sem duvida de algum ou alguma espertinha, que decidiu escrever mesmo muito mal numa tentativa de humilhar a capacidade de escrita e organização de pensamento dos estudantes de enfermagem. Mas eu topeio(a).

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  18. Guilherme,
    procurei o link de contato e não encontrei.
    Então encontrei este post, que tem a ver com o que tenho a dizer.
    Peço perdão por enviar em um comentário o que seria mais adequado enviar mais em particular.

    Criei esta campanha para uma moça que merece muito se tornar enfermeira:
    http://www.kickante.com.br/campanhas/quase-enfermeira

    Garanto que ela não será medíocre: ela tem verdadeiro amor, esforço e habilidade.
    Ficarei muito grato se puer me ajudar a divulgar!

    Atenciosamente,
    Daniel

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