sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Os artistas dos hospitais


A hierarquia do futebol assemelha-se em quase tudo à dos hospitais.
Os presidentes dos clubes são os administradores hospitalares, tanto uns como outros gerem (mal ou bem) os dinheiros, as contratações e decidem as politicas a ser implementadas.
Os Enf. chefes são os treinadores, fazem os horários, tal como o treinador decide quando se treina e quando se folga, tramam a vida a vida a um gajo que não gostem da mesma maneira que um treinador queima um bom jogador, só porque teima que não deve jogar. Depois orientam e rentabilizam a equipa.
Tony hoje jogas a ponta de lança, vais prá Manchester; Brandão vais pró miolo, no meio-campo, ficas com a reanimação; Ana Bela, jogas a trinco na Admissão, vais ter que correr muito, joga simples e rápido. Na defesa em OBS, joga a Delfina, o Tiago e a Lígia.
Eii chefe hoje falta o Adão!
Não faz mal, jogamos menos um.
Oh chefe, mas hoje é um jogo (turno) complicado!!
Vocês são capazes disso e muito mais, somos raçudos, invencíveis!
Oh chefe mas andar a jogar sistematicamente com menos um… qualquer dia vai correr mal e vamos perder pontos (vidas)! Temos que começar a pedir jogadores (enfermeiros) emprestados!
Não dá! Os outros clubes (serviços) também estão desfalcados!
Porra, contratem! Anda aí tanto jogador sem clube (trabalho).
Quem manda é o administrador, eu não tenho voto na matéria…


No fim da hierarquia estão os enfermeiros, que são os jogadores. Apesar de no futebol os jogadores serem os últimos da hierarquia, são os que ganham mais, já que são eles os artistas, os que proporcionam o espectáculo. Ora, nós, os enfermeiros, de uma forma geral, também somos os artistas, somos criativos e decisivos (qualidades vitais a um bom jogador), somos nós que também proporcionamos o espectáculo, que também não aconteceria se não houvesse utentes, neste caso os adeptos (que são aqueles senhores que aplaudem, elogiam, mas que também insultam se for necessário).
Agora questiono, se somos os artistas, por que é que ganhamos menos?!
Temos que falar com os nossos empresários (sindicatos) a ver se conseguem negociar o contrato. Mas os patrões dos clubes (ministério) não estão para aí virados. Temos que fazer greve, como o Estrela da Amadora.
G.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Natal dos hospitais II



O post anterior falava de filhos desnaturados, no lado oposto temos os verdadeiros filhos, os filhos de coração.
A Dona Catarina tem 53 anos e carrega com ela há três, um cancro no intestino já disseminado. Fala com ternura e sem pressas, com olhar fixo, face encovada e com os lábios quase estáticos. A pele é seca e tem um tom acinzentado, os braços são delgados, procuro-lhe uma veia. Não tem saúde, mas é feliz, tem o amor dos filhos.
O filho já não se lembrava de mim, ela topou-me logo pela pinta.
Enquanto retirava das suas veias escondidas um pouco de sangue para análises, o filho mantinha-se debruçado na maca, abraçado aos ombros da mãe, segredava-lhe palavras com meiguice.
Dona Catarina vou dar-lhe uma medicação para a dor, nós estamos por aqui, se continuar com dor, é só chamar.
Pois é mãe, se precisares chamas o Sr. enfermeiro, e fazes outra medicação, não se justifica ficares com dores!
Acrescentava com a voz embargada, dando a entender que a mãe era de poucas queixas.
Expliquei ao Jaime, seu filho, quanto tempo demoravam as análises e outras coisas básicas de funcionamento. Agradeceu-me e nos seus olhos enevoados via-se a tristeza da necessidade de ter a mãe no corredor da urgência no dia de Natal.
G.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal dos hospitais I



Retiro-me temporariamente do prazer do calor da família nesta noite de consoada, para partilhar convosco algo que me atormenta.
No dia 23 de Dezembro a urgência estava calma, estranhamente calma, normalmente quando assim é, algo de mal se avizinha.
Dia 24 passei na urgência, reparei nas macas apinhadas, de um lado e de outro, no "corredor dos despejos". É a denominação certa, literalmente os velhinhos são despejados pelos seus familiares. Nunca quis acreditar que um filho, já pai ou mãe de família, fosse capaz de abandonar a avó dos seus filhos pelo corredor do hospital, só porque esta urinava na fralda, mal se mexia, precisava de ajuda para comer e porque por vezes gritava sem se perceber porquê (não seria grito de dor, mas sim associado a demência).
Será que esta besta conseguirá estar tranquilo e alegre neste jantar especial?!
Como são capazes de fazer perguntas/afirmações deste género:
Sr. Enfermeiro, acha que dá para ficar cá a minha mãe?
Olhe Sr. Enfermeiro, tem doido a barriga ao meu pai há já uns dias, decidimos hoje trazê-lo cá

O Natal dos hospitais não é o que o Jorge Gabriel, a Catarina Furtado e o Goucha apresentam nos canais. O Natal dos hospitais é este.
Paz e amor
G.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

SICKO - A vergonha


"Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos Eu fico puto Eu fico louco Eu fico logo mordido (...).
Quando eu vejo esses babacas esses panacas esses pamonhas Que tem coragem de ir pra rua com boné ou camiseta Com as cores da bandeira mais nojenta do planeta!(...)
Amigo cê tá perdido enganado iludido
Já devia ter sabido o que são os Estados Unidos Um país infeliz
O mais hipócrita da terra Malucos suicidas e imbecis que adoram guerra Misturados num lugar cheio de farsa e preconceito
Me diz porque essa merda de bandeira no seu peito?
O quê que cê quer dizer quando verte uma camisa exaltando os opressores que te pisam?
O quê que cê quer passar pra pessoa que olhar pro seu peito e não entender de que lado você tá?
Mas não precisa responder Cê tá do lado de baixo Você é uma fêmea no cio e o Tio Sam é o seu macho Você é o capacho dos norte-americanos
Por isso ainda acho que existe algum engano Porque eu não me rebaixo a passear vestido Com a roupa do inimigo: os Estados Unidos."

in Gabriel o Pensador - filho da pátria iludido
(não encontrei a música no youtube)

O nosso sistema nacional de saúde não é perfeito, todos sabemos que apresenta graves lacunas, contudo há piores… e bem piores. Um dos países que mais abomino é os Estados Unidos da América.
Abomino porque adoram armas, são broncos, vivem da e para a guerra e muitas vezes metem-se onde não são chamados. Julgam-se os donos do mundo, ignoram toda a cultura e história de outras civilizações, são parolos, incultos, obesos e só mais uma vez, são broncos.
Permitiram os dois mandatos possíveis sucessivos, com a política do cowboy tirano Bush, mesmo depois das atrocidades que cometeu no primeiro, (à primeira quem quer cai, à segunda cai quem quer).
Têm desportos estúpidos como futebol americano e wrestling.
Pensam que vivem o verdadeiro sonho americano quando na verdade vivem o pesadelo americano, pelo menos no fundamental, que é a saúde, graças a um sistema podre, escabroso e bárbaro, completamente controlado por companhias seguradoras que unicamente visam o lucro. Recomendo vivamente o filme Sicko, de Michael Moore, polémico realizador norte-americano, para melhor perceberem toda esta teia. Vejam o seguinte excerto, vão ficar abismados, revoltados, sensibilizados, vão deixar de, pelo menos por uns tempos, se queixar do nosso pobre país, que eticamente, afinal, não é assim tão pobre.

Se tiverem a gostar ou a odiar, neste caso vai dar ao mesmo, continuem, pois o youtube possibilitou todo o filme/documentário, deixo-vos aqui todas as partes, vale a pena, garanto-vos
G.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Palavras mágicas


A educação assume um papel preponderante na vida das pessoas, com ela tudo se torna mais simples, mais acessível. Grande parte das vezes nem damos por ela, é algo natural. Podemos valorizar o facto de alguém ser demasiadamente bem-educada, há quem elogie, há quem torça o nariz (acho que há um dito popular sobre isso, mas não me ocorre).
Quando num primeiro contacto me abordam sem o mínimo desejável de boas maneiras, apertasse-me logo o estômago, faço o que me compete, mas sem a prontidão e simpatia com que devia. Penso que há na Bíblia um versículo qualquer que diz para tratar o próximo com amabilidade, independentemente de este te ter tratado com indiferença ou arrogância. Se não há, deveria haver. Nem sempre consigo, mas tenho treinado. Às vezes as pessoas percebem e aprendem.
Desabafo sobre este tema porque em muitos turnos, o meu trabalho consiste em escutar as queixas de várias dezenas ou mesmo a passar a centena de pessoas, mediante esta(s), determino uma prioridade e um encaminhamento, a conhecida triagem de Manchester, onde se vira à esquerda (outros queriam que se virasse à direita, não percebi porquê), mas também porque entre as relações profissionais, deparo-me enumeras vezes com falta de educação. Ainda há bem pouco tempo alguém comentava num post recente, “e como é que vós tratais/chamais os auxiliares?” da minha parte peço desculpa se alguma vez tratei mal, a má disposição que às vezes trazemos de casa, reflecte-se no comportamento, nas maneiras, por isso se diz que os problemas ficam em casa, mas muitas vezes não ficam.
Entre profissionais...
Surge repentina uma administrativa e diz-me no corredor, Preciso falar com a Dr. T, Não sei onde está, respondo. Ficamos por ali, resposta ou reacção perfeitamente normal. Boa tarde! Viu a Dr. T? Precisava falar com ela, Olhe que não sei onde está, mas espere um minuto e já a ajudo. E encontraria a Dr. T, como é costume nos enfermeiros, temos a capacidade de encontrar toda a gente, nos mais inesperados locais. Cá está! A administrativa resolveu o seu problema com apenas mais umas palavras! Simples..
Entre profissionais e utentes…
Na triagem, Bom dia Srº Enfermeiro, olhe dói-me a barriga e já não dou de corpo há 3 dias, Mas dói-lhe muito, pouco?… é uma dor branda, suporta-se. Pela sua simpatia e boas maneiras, até permitiria uma pequena mentira se tivesse dito muito. Teria levado a pulseira amarela, mas como era sincera e percebia facilmente que há quem venha pior, foi ela própria, correcta, levando a verde.

A minha atitude arrefece logo quando entram, sentam-se e dizem secamente, Tou com gripe, doe-me a cabeça! Algumas vezes procuro dar no instante, subtilmente, uma lição de boas maneiras, entoando com decibéis aumentados, BOM DIA! Algumas enxergam e rebobinam, apesar de não ser um bom dia, fica sempre bem. Outras vezes, deixo passar, atendendo à possível distracção ou dor que a provoque. Mas como está a dor? Dói-me muito! Aumentando ela desta vez os decibéis, Se não me doesse acha que vinha para aqui?! Já vi quase tudo, penso, Olhe eu tenho que lhe fazer perguntas para poder triar da melhor maneira, há quanto tempo lhe dói? Começou há pouco, E tomou alguma coisa? Não tenho nada em casa. De 0 a 10, como está a sua dor? Imagine que 0 é sem dor, 10 é a pior dor que alguma vez teve, uma dor insuportável. Eh pá, então é 9, 10. Tu queres ver.. cefaleias, laranja.. é pra medicina, raciocino irónico… vão-me comer vivo!

(APARTE: Por estatística mental, 95% dos utentes na triagem, quando questionados através da escala de dor, nunca responderam menos de 7. Seriam todos laranjas… mas não são, porque os enfermeiros têm um 6º sentido, não há ninguém melhor que nós para conhecer, avaliar a dor, diariamente lidamos com ela, conhecemos-lhe as manhas, os silêncios, as expressões.)
Assim se percebe a importância das palavras mágicas: Bom dia, Se faz favor, Obrigado… mas sem exageros, ora vejam



Abraço
G.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Deixa andar...

APELO: Aos poucos que sabem e aos muitos que julgam saber a identidade do Guilherme, peço que saibam ser discretos. Muito boa gente faz as mais incríveis associações e teorias de conspiração. Esqueçam quem é o G! O G. somos todos nós, aqueles que gostam de um bom debate, de um bom tema, que gostam de pensar e no fundo divertir-se um pouco.



Cada vez mais me convenço que vivemos no país do deixa andar.
A lei do deixa andar aplica-se a vários níveis da vida pessoal, profissional, social e política.
O marido trai a mulher (ou vice-versa) e… deixa andar. As contas no final do mês começam a falhar, mas sempre dá para um empréstimo para um plasma e… deixa andar. Os filhos tiram más notas sucessivas, têm mau comportamento e… deixa andar.
O projecto de obras está mal feito e… deixa andar. As estradas andam continuamente a ser esburacadas e… deixa andar.
Os ministros falham sucessivamente com as promessas e… deixa andar. A Ana Jorge brinca com os enfermeiros e… deixa andar. O défice, a inflação aumentam e… deixa andar. O boy continua a arranjar o job e… deixa andar.
O processo Casa Pia arrasta-se e… deixa andar. O Pinto da Costa não paga pelos crimes e… deixa andar. O Glorioso não vai à liga dos campeões e… deixa andar, o Quique não mete o Cardoso e… deixa andar. (estas duas últimas foi para descomprimir um pouco)
A parte que mais nos toca: Nos hospitais faltam enfermeiros (já para não falar dos AAM, médicos, etc) e… deixa andar.

Vivemos num contra-senso… temos enfermeiros a ir trabalhar para a Irlanda, Espanha e Austrália, a ir para pastelarias, lojas do shoping, etc, enquanto que por cá, pelos serviços, continuam a faltar. Esta é a base do problema, mas o que me traz por cá nem é isso.

Como devem imaginar, os enfermeiros também adoecem, facilmente tem problemas físicos e psíquicos. Outro dia li uma expressão do nosso pensador “Melga” – enfermo(eiro) no post Euromilhões dos hospitais…. E de facto esta associação de enfermo com enfermeiro faz todo o sentido. Os enfermeiros andam doentes e ficam doentes quando têm que trabalhar com menos elementos devido à falta de quem efectivamente anda doente.

Existe um serviço do hospital que tem um plano de trabalho composto por 9 enfermeiros de manha, 9 à tarde e 6 à noite. Deve pensar-se que à noite os doentes deixam de o ser, portanto 6 enfermeiros é mais que suficiente. Claro que 9 é impensável, mas 7 é o mínimo que se pode pedir. Este também é um grande problema, mas mais uma vez o que me traz por cá nem é isso.

O que me traz por cá é sentir e viver a revolta de uma equipa que se vê privada de outro elemento apenas porque não houve possibilidade de o substituir em virtude da sua falta por doença, ou doença fictícia (não sejas assim Guilherme, isso é outro assunto).
9 já são poucos.. agora 8?!!

RT vai faltar o Feliciano, ligou agora mesmo! Tamos fo&#’%s.. Liga ao ERC, pode ser que resolva! Ao ERC?! Ainda acreditas no pai Natal?

Mas não resolve e… deixa andar
Quem leva com a fava?! Quem lá está… redobram-se em esforços, tapam buracos, andam a 200 à hora para ir desenrascando, porque no desenrasca também somos bons.

Alarme! Catástrofe! Multi-vítimas!! Um acidente ali nos acessos da A28 com 10 politraumatizados!! Eh pá e agora?! Ainda por cima a Joana foi levar um doente a Braga! Tamos fo%#’&s mais uma vez. Vamos chamar os colegas do Bloco que estão em prevenção, como o Melga disse! Melga?! Mas quem é o Melga?! Oh pá é um gajo que tem umas ideias fixes! De facto… ponham esse tipo a presidente do conselho!

De prevenção não sei se estão, agora que os colegas do Bloco são intocáveis, disso não tenho dúvidas. Alguma vez foram mobilizados?! Não me parece, mas posso estar enganado... a ver se aparece por aqui algum bloquista a defender-se... Abram alas como diz o nosso Noddy.

Não nos esqueçamos, mal ou bem tudo se vai fazendo, vai-se desenrascando, os “gestores” depressa concluirão, Ora se um faz o trabalho de dois, em vez de aumentar vamos é diminuir o rácio.
Boicote!!
A todos aqueles que trabalham por 2 e por 3

G.

Nota: RT – responsável turno; ERC – Enfermeiro responsável ao Centro

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Crónicas estapafúrdias vol. III - Dr. M&M


Não se trata de algum médico viciado em M&M, o M está associado ao facto de ser um apaixonado por música e por coincidência associado também ao seu próprio nome... Passo a explicar,
O Dr. M&M é um médico calmo, acho que nunca o vi a subir o tom de voz, acorda todos os dias as 6h para dar a sua caminhada e mergulho matinal, o seu momento Zen. Tem bom gosto.. Mar e musica, novamente o M&M… Curioso.
A Dona Prazeres tinha passado o dia muito bem-disposta, gostava de meter conversa com as enfermeiras para falar das novelas. Já tinha recuperado de um edema agudo do pulmão, mas chegando a noite a conversa era outra.
Mitologicamente, a noite corresponde às trevas, ao lado negro, ao diabo. Não poderia deixar de fazer todo o sentido, pelo menos para os enfermeiros e doentes com idades mais avançadas, como a Dona Prazeres. Por muita lucidez que os nossos idosos possam ter, caindo a noite, caem muitas vezes também os seus sentidos de orientação e percepção. A agonia, a agitação está instalada, estão numa cama estranha, rodeados de estranhos, estão num mundo novo, obscuro e desconhecido. Ninguém acalmava a Dona Prazeres, nem mesmo o haloperidol atenuava o seu desespero. A enfermeira só desejava nunca mais fazer noites, ou outros doentes, pediam saturados, Alguém que lhe ponha uma venda na boca, por favor!!

O Dr. M&M fazia endoscopias, costumava perguntar, Quer com ou sem música? Surpreendidos respondiam, Oh dôtor, você é que sabe… Então vai com! E cantava… É uma forma original e inovadora de tranquilizar num exame que de tranquilo nada tem.
Cantou também ao ouvido da Dona Prazeres, num novo esforço de tréguas, chamada a terapia da música ou musicoterapia, para ser mais técnico,

Tudo o que eu te dou,
Tu me dás a mim,
Tudo o que eu sonhei,
Tu serás assim,
Tudo o que eu te dou,
Tu me dás a mim e tudo o que eu te doooou…


Só faltavam os óculos escuros…
E a Dona Prazeres adormeceu ao som do refrão do poeta Abrunhosa

Nunca percam a originalidade!
Um abraço
Espero as vossas crónicas ansiosamente.
Nota para os não profissionais de saúde (leigos soa mal) – haloperidol é um medicamento neuroléptico para tratamento de sintomas psicóticos, utilizado para controlar agitação e agressividade.
G.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Helpo - O nosso mundo é humano


Natal!! Época de sonhos, fantasia, presentes e alegria!! E... no topo do pinheirinho, hipocrisia...
Dar, receber, dar, receber, o rebuliço dos presentes, às vezes não recebemos e ficamos discretamente intrigados. Altura remotamente pré-definida para pelo menos uma vez no ano tentar ou fingir ser generoso.
E se neste Natal em vez de recebermos presentes, recebermos sorrisos?!
Nunca se questionaram,
Será que o que eu faço é suficiente?
Será que não devo deixar uma marca nesta breve "passagem" da minha existência?
Será que não posso contribuir para tornar alguém menos infeliz?
Será que não devo participar numa causa maior? (sem querer plagiar o Modelo)
Será que não posso possibilitar oportunidades a alguém?
Será que não posso provar que a humanidade ainda não é completamente indiferente?
Será que não posso dar o exemplo?
Aos nossos filhos..

Os nossos filhos têm oportunidades, aos nossos filhos damos playstations e gameboys, GiJoe's e Barbies, telemóveis, bicicletas e às vezes motas e carros. Aos nosso filhos damos amor, carinho e atenção; damos lápis, canetas e cadernos, damos roupa de marca e sapatilhas Nike e Adidas.
Este Natal tornem os vossos filhos mais humanos, menos materialistas, é a melhor prenda que algum dia receberão. Não estou de forma alguma a julgar a educação que lhes damos, mas todos vemos o exagerado egocentrismo das crianças dos nossos dias. Sentem-nos à vossa beira e contem-lhes uma história:
Era uma vez uma menina chamada Ana. A Ana tem 7 anos e vive em Moçambique, um país pobre em África. Em África as crianças morrem de fome e de falta de vacinas. A Ana não conhece os pais, apenas uma irmã que ajuda a cuidar dela. Anda na 2ª classe da escola primária de Namialo, às vezes não tem sala de aula, aprende no recreio, anda descalça porque não tem quem lhe dê umas sapatilhas. Adora a escola, é muito atenta e tem bom comportamento. Este Natal o que ela mais queria era uns lápis de cor, porque adora pintar. O seu sonho era ser pintora.
E se este Natal tivermos menos prendas para darmos um presente também à Ana?! E se juntássemos todos os meses um dinheirinho para a Ana e os amigos terem material para a escola e puderem ter mais roupa e comida?!

Não tenho dúvidas que concordariam de imediato.
Neste Natal visita http://www.helpo.pt/ e entra no programa de apadrinhamento de crianças à distância ajudando crianças como a Ana, porque “o nosso mundo é humano”
Feliz Natal para todos!
Beijos e abraços.
G.