sábado, 11 de janeiro de 2014

Ponto de ebulição no Serviço de Urgência de .....


Tal como se previa, a equipa de enfermagem do Serviço de Urgência de ..... chegou ao ponto de ebulição, depois de longo tempo numa espécie de banho-maria escaldado.
Vários são os assuntos que estão a deixar a equipa revoltada e esgotada, alguns já foram aqui enumerados. Continuemos com a análise:

Desde longa data que a equipa de enfermagem reivindica o aumento do rácio de enfermeiros por turno para pelo menos mais 1 elemento, baseados no aumento da segurança e qualidade de cuidados e condições de trabalho. Ainda muito antes do aumento exponencial do número de admissões de utentes, principalmente desde o fecho de SAP´s de vários Centros de Saúde, falava-se já desta necessidade, porém este assunto, aos olhos de quem manda no hospital, caiu em saco roto!

Criou-se um anexo do Serviço de Urgência, ou "contentor", como muitos lhes chamam, que basicamente é um pré-fabricado com algumas divisões, onde os utentes são observados e permanecem sob a responsabilidade de 2 médicos de clínica geral e 1 enfermeiro. Será importante reforçar a parte dos 2 médicos e 1 enfermeiro, já vão perceber porquê.
Neste local, diariamente são atendidos (bem) mais de 150 utentes. Cada médico vê os seus utentes, mais coisa menos coisa, será metade para cada, mas todos passam pela mão do enfermeiro, pela mão de 1 enfermeiro por turno. 
Imaginam o que será 2 médicos a prescrever medicação, técnicas de enfermagem, análises e alguns prescrevem como se tivessem a fazer uma lista de compras de mercearia, para 1 enfermeiro?
Não seria o normal, o expectável, ter 2 médicos e 2 enfermeiros? Seria, mas aos olhos de quem manda no hospital, não é.
Assim sendo o stress geral da equipa vai continuando, o enfermeiro deste contentor continuará solitário, perante a avalanche de utentes que se tem verificado nos últimos tempos, que ainda mais intensa é, nesta época gripal. Continuará sem ajuda para responder às muitas situações urgentes, porque os seus colegas estão distantes, os assistentes operacionais ausentes, ocupados com outros serviços, porque também são poucos e os médicos afastados, fechados nos seus gabinetes.
O stress geral da equipa vai continuando porque há enfermeiros que vão almoçar às 15h e outros saem até sem almoçar, porque matematicamente é impossível rendê-los a tempo.
O stress geral da equipa vai continuando, porque quase sempre é o enfermeiro o alvo das reclamações dos utentes, pela demora no atendimento, porque a paciência também tem limites.

Solução para estes e outro males: mais um enfermeiro e fecho dos contentores das 24h às 8h. É só o que peço, é só o que se pede.   

5 comentários:

  1. E parar com isso tudo, assim durante duas horas?? E chamar a TV, que fica à porta do hospital, ficam também vocês à porta com eles? A administração quer falar? Que venha cá fora também!

    Só uma ideia... :p

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  2. Eu nasci em Viana e foi lá onde tirei o curso de Enfermagem e lembro-me perfeitamente do meu estágio no Serviço de Urgência. Foi um estágio que me definiu e que me marcou. Foi o estágio em que aprendi mais e em que fui puxada até ao limite. E se eu, como estudante, senti a pressão da falta de enfermeiros, nem quero imaginar o quanto mais não sente um Enfermeiro! No final desse estágio decidi que trabalharia em Urgência, pela adrenalina, pelo serviço, pelo tipo de doentes e casos clínicos e pelos bons exemplos de Enfermeiros que tive nesse serviço. É um serviço com Enfermeiros fantásticos! Bons profissionais, com um corpo de conhecimentos elevadíssimo, que colocam o doente sempre em primeiro lugar, mesmo que isso implique descurar a própria saúde e bem-estar.
    Neste momento trabalho num serviço de Urgência, mas não em Portugal. Emigrei. Recuso-me a ser escravizada em Portugal. Adoro ser enfermeira e tenho imensa pena que Portugal não reconheça o valor desta profissão. E, principalmente, tenho pena que o hospital da terra onde nasci não reconheça o trabalho daqueles que influenciaram a minha vida profissional por motivos extremamente positivos!
    Infelizmente, não se pode parar tudo durante duas horas, pois estamos a falar de vidas humanas e em alguns casos nem se pode pensar em parar 30 minutos, mas é uma situação que tem que ser falada, pois uma grande parte da população não tem noção do ridículo que se passa, nem do verdadeiro papel de um Enfermeiro.

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  3. Este texto mostra um pouco da agonia de todos os dias no SU para doentes enfermeiros e auxiliares
    E porque não falar nos 20 ou mais doentes todos os dias em Macas, só para um enfermeiro? Em OBS para 15 São 3 enfermeiros.
    Doentes de todas s idades e da
    mais variada patologia. Há dias havia quatro com protocolo de AVC! Sim no corredor a com vagas no internamento
    E quando há uma transferência fica um enf. p
    ara meia urgência!
    Até quando vamos aguentar!
    Já ninguém nos ouve. Até há elementos da ordem dos enfermeiros que conhecem o que se passa no serviço de urgência. Só se preocupam quando deixamos de pagar as cotas.







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  4. Caros Amigos tem toda a razão ,continuem a lutar pela vossa dignidade e pela vida dos pacientes . Pois temos que acabar com adeministraçoes políticas e partidárias ,que só tem conhecimento de saúde de números.

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  5. Como esperas melhorar seja o que for, quando tens uns (superiores) que dizem (e fazem)" deixa la" e tens os (superiores dos superiores) a dizer que trabalharam 20 anos numa urgência e que não precisam de lições de ninguém. Somos uma cambada de lambe botas

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