quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Urgência implementa mudanças importantes


Assistimos recentemente a mudanças consideráveis na estrutura e organização do Serviço de Urgência:

1ª A Urgência pediátrica passou a pertencer ao Serviço de internamento de Pediatria, deixando de ser da responsabilidade dos enfermeiros do Serviço de Urgência.

2ª O Serviço de Urgência passou a ter apoio presencial dos técnicos de cardiologia, nomeadamente para a realização de electrocardiogramas.

3ª A Triagem Geral passou a funcionar 24 horas no pré-fabricado, anexo ao Serviço de Urgência, mais conhecido pelos "contentores". Anteriormente estas instalações funcionavam das 8h às 24h, assegurando os cuidados aos doentes menos graves, com 1 enfermeiro e 2 médicos (clínica geral).


Muitas reclamações pairam no ar, todas elas devido à terceira mudança. A minha opinião vai de encontro a essas reclamações.
De louvar as duas primeiras medidas. É imperativo que uma criança, em qualquer que seja o contexto, seja cuidada por um(a) enfermeiro(a) especializado(a) em Pediatria e é benéfico para o doente ter um técnico de cardiologia por perto.
Totalmente contra a terceira medida, tal como todos os colegas que comentam sobre o assunto.

Analisemos o que se está a passar.
Os doentes que estão a aguardar decisão de uma especialidade médica, permanecem, ate à 1h - 2h da manhã, na primeira metade do Serviço de Urgência propriamente dito, que é uma estrutura construída com tijolos e cimento, ou seja, um edifício. 
Depois ou têm alta ou são encaminhados para os diferentes internamentos, ou ainda (o que acontece com mais frequência) são desviados para a segunda metade do Serviço de Urgência propriamente dito, mais conhecido pelo OBS macas ou vulgarmente chamado "corredor". Desta forma, como decerto concluem, na tal primeira metade do Serviço de Urgência propriamente dito, deixa de haver doentes.
Todos os outros doentes, que anteriormente passavam às 24h, para o Serviço de Urgência propriamente dito, permanecem no pré-fabricado, o tal "contentor", um espaço ladeado por painéis de pladur, ou outro qualquer material pouco resistente, um espaço ôco e desviado do principal circuito de emergência, onde os doentes e profissionais se queixam frequentemente do frio e/ou das constantes alterações de temperatura, devido aos fraquíssimos aparelhos de ar condicionado e pelo ar que circula entre a terra e a placa de pladur do chão.
Todos os doentes que chegam durante a madrugada, são encaminhados então para este contentor e o Serviço de Urgência propriamente dito, nomeadamente a primeira metade, continua vazio.

Perguntam vocês, qual a vantagem desta mudança? Não sei, respondo eu. 
Há quem diga que é para "limpar" o serviço de urgência propriamente dito aos olhos dos maiorais, há quem diga que é para que os médicos das especialidades sejam obrigados a despachar os doentes e há ainda quem diga que é para dar uso a uma estrutura que custou e continua a custar largos milhares de euros em aluguer, ao contribuinte.

O que eu sei é enumerar as desvantagens do não encerramento do contentor entre as 0h - 8h, comecemos então:

1ª Frio/mudanças bruscas de temperatura para o doente e profissionais. (No Verão será o calor extremo)
2ª Distanciamento entre elementos da equipa de enfermagem, o que é um RISCO em situações de emergência.
3ª Distanciamento entre enfermeiros e restantes elementos da equipa multidisciplinar (médicos e auxiliares), o que é um RISCO em situações de emergência.
4ª Falta de material específico para responder a situações de emergência.
5ª Distanciamento da Sala de Emergência (nos casos em que é necessário levar o doente do contentor para a sala de emergência)
6ª Distanciamento da Sala de Emergência (nos casos onde o médico tem que se deslocar do seu local de trabalho, ou seja, do contentor para a sala de emergência)
7ª Ausência de médico para assistir um doente emergente (nos casos onde o doente emergente entra directamente para a sala de emergência, não tendo o médico conhecimento imediato do que está a acontecer, o que leva a que se perca tempo e profissionais a chamá-lo)
8ª Distanciamento do Segurança/Porteiro do local onde efectivamente estão os doentes, o que provoca ainda mais insegurança em situações de conflito (cada vez mais frequentes).
9ª Desaproveitamento do espaço físico do Serviço de urgência propriamente dito que, mesmo com os seus defeitos, é muito superior ao contentor.
10ª Ruído permanente em dias de chuva, provocado pelo som das gotas a baterem nas placas

Caro colega, caro cidadão, o que pensa disto?   

Nota: a repetição de "Serviço de Urgência propriamente dito" e "contentor" foi propositada.

3 comentários:

  1. Concordo com tdo. Excepto com o primeiro pto: os enfermeiros k asseguram agora a pediatria são do serv. de pediatria mas a maioria nao é especializado!

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  2. E quantos enfermeiros que asseguram as urgências são especializados em pediatria??

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  3. Respondendo aos 2 comentários. A maioria não é especializado porque vagas para enfermeiros especialistas já não há desde há muito. Há enfermeiros especialistas e decerto há enfermeiros com a especialidade, mas que não estão colocados, todos os outros (ou outras) têm muita mais experiência e formação que qualquer enf da urg, na area de pediatria, pois neste momento não ha nenhum enf da urgencia que seja especializado em pediatria

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