sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Contrariedades na Manchester

Partilho inteiramente da ideia de que quando é necessário averiguar algo que terá corrido mal, deve-se começar, passando o pleonasmo, pelo início. Num serviço de urgência, esse início é na triagem de Manchester, o local onde se encaminham os doentes, estabelecem prioridades, é onde se efectua uma PRÉ-TRIAGEM.
Não partilho de todo da ideia de que quando algo terá corrido mal, se procure sistematicamente tentar responsabilizar o enfermeiro que faz a PRÉ-TRIAGEM, facto que por demasiadas vezes tenho verificado.
A triagem de Manchester não é um "mecanismo" perfeito, é falível e tem as suas lacunas, tal como já se comprovou. Não passa apenas de um algoritmo, de uma forma prática e rápida de fazer uma PRÉ-TRIAGEM, mediante sinais e queixas, que tanto podem estar exacerbados como contidos. Funciona muitas vezes dependendo da intuição do enfermeiro e está condicionada pela elevada pressão externa a que estamos sujeitos.

11 comentários:

  1. Nisso Guilherme n concordo consigo. A triagem de Manchester segue parametros é certo, mas quem as faz são elementos treinados e com formação em saude com suposta capacidade de avaliar as queixas inciais do paciente.
    Senao contratava-se alguma secretária/o que faria o trabalho de por as queixas nos paramentos e enviar à especialidade médica referida.
    A verdade é que a triagem feita nas urgs falha mts vezes pela falta de formação (conhecimentos anatomicos, de fisiologia e clinica) de quem as faz.
    Vejamos o seguinte caso: no contexto de um acidente de viação ligeiro, o doente dá entrada no SU com uma hemiparésia total de um lado e desvio da comissura labial e é triado para ortopedia (com pulseira amarela e informação de traumatismo do hemi-corpo direito/esquerdo)!!!!!
    As responsabilidades finais, se este doente não tivesse sido visto a tempo e reorientado, para quem seriam?
    Da mesma forma com que aceito criticas (justas ou injustas) neste caso quem faz a triagem tambem as deve aceitar.
    Tenho dito e continuo a dizer que um bom trabalho nas urgs só é possivel num conceito de equipa e entre ajuda.

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  2. É evidente que a triagem tem que ser feita por profissionais de saude especializados, não é isso que está em causa. O problema que eu procurei levantar é que muitas vezes há situações graves que passam despercebidas. Algumas vezes por má triagem é certo, mas muitas por pormenores (porque orientamos a nossa decisão por queixas e por sinais com muito poucos instrumentos) e por um sistema de classificação a meu ver imperfeito. Claro que devemos aceitar as criticas mas e deduzo que és meu colega, deves concordar que quando os problemas acontecem procuram logo responsabilizar o enfermeiro da triagem para ilibar outros. Este problema também passa por um procedimento que ninguém da equipa de enfermagem concorda, que é o facto de nós enfermeiros da triagem termos que ir avisar o clinico que tem um laranja para ver. A nós ninguém nos diz o que temos que fazer

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  3. Caro Guilherme e demais visitantes deste blog. Vi um post no blog "portal da fenix" que me deixou completamente profundamente enervado. O post relatava a suposta negligência (leia-se suposta porque não sei o que esteve por detrás da situação e não sou juíz para julgá-la, pois existem locais próprios com pessoas próprias para o fazer) de uma enfermeira que triou um homem em PCR com pulseira laranja e enviou o doente para o corredor. O que me choca são os comentários que para lá vi, nomeadamente do bombeiroaveiro e do vivaldi. Não querendo ser muito chato, gostaria que o Guilherme e os visitantes deste blog vissem com os vossos proprios olhos!

    http://www.portaldafenix.com/index.php?topic=25704.msg171154#msg171154

    Deixo-vos aí o link. Posso adiantar que não passam de comentários nojentos, fruto de pessoas (aliás, pseudo-pessoas) acéfalas, insultuosos perante os conhecimentos técnico-cientificos dos enfermeiros e digo mais, pessoas como estas deveriam de ser processadas pela ordem dos enfermeiros por difamação e desrespeito à integridade dos enfermeiros.
    Estou profundamente desagradado e até chocado com o que li, e sinto que alguém tem mesmo de fazer alguma coisa. Pessoas como estas não podem ficar impunes e andar por aí a espalhar insultos para com os enfermeiros. ESTÁ NA HORA DE DIZER CHEGAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!

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  4. Gostava de saber se o caso relatado é "filme" ou verdadeiro. Se é verdadeiro, temos que colher mais dados para poder avaliar se a triagem foi mal feita. Se é filme não merece comentários.

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  5. Boas
    Respondendo ao Anonimo de 13/02/11 22h24, o caso foi real pois passou pelas minhas mãos.
    Sou médico na ULSAM e sei dos muitos erros e mau funcionamento da instituição, especialmente as urgências...
    Não venho lavar roupa suja aqui ou apontar dedos, todos erramos e temos tendencia a errar mais no serviço de urgencia (eu proprio já cometi erros e tive de os corrigir posteriormente).
    Guilherme o chamar a atenção quando existem doentes laranjas para ver é uma boa prática clinica porque:
    1º mts vezes não nos encontramos no corredor a ver os doentes a chegar;
    2º não os vemos no alert (quer por não actualizarmos o programa nesse momento ou por estar a escrever dados clinicos noutro doente);
    3º permite uma abordagem mais rápida ao doente.
    Também quando preciso de algo da equipa de enfermagem, prefiro aborda-los directamente para posteriormente pedir pelo alert.
    Defendo que so com cooperação das diferentes equipas (médica/enfermagem/auxiliares) podemos oferecer ao doente os melhores cuidados (sobretudo naquele serviço caótico que é o SU do ULSAM).
    Com melhores cumprimentos

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  6. olá Henrique! Não se pode dar valor a esse tipo de pessoas. São frustrados.

    Caro Médico da ULSAM,
    Concordo com tudo o que diz, concordo que haja alguém que possa alertar o médico para um laranja, mas esse alguém não pode ou não deve ser o enfermeiro da triagem de Manchester.
    Um enfermeiro que trie, perceberá muito bem o que quero dizer, este local é extremamente complicado, com períodos em que o termo caótico é suave. Coitado do enfermeiro que tenha que se levantar sistematicamente (sim porque há vários laranjas, não são so os de ortopedia ou medicina) para avisar o médico, chegaria a meio do turno louco. Temos que ser práticos e inteligentes, essa função deveria ser da competência de um assistente operacional. Mas depois também há esse problema é que eles já são poucos e desse poucos, muitos são muito pouco colaborantes

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  7. Eis o que penso: "Que confusão vai nessas cabeças!"

    Em urgência/emergência existem várias situações em que é necessário uma garantia de passagem de informação. Informação para o médico, para o enfermeiro, para a assistente operacional, por vezes para o chefe de equipe/enfermeiro chefe/etc.

    Não se podem encarar estes momentos como perda de tempo, mas sim como garante de maior eficácia.

    O sistema de triagem de prioridades é constituído por um conjunto de fluxogramas onde se encaixam queixas/problemas e se seguem de um conjunto de avaliações clínicas, mais ou menos objectivas. Refiro-me a avaliações e não a medições, porque avaliar engloba, para além de medir, um juízo clínico.

    A título de exemplo:
    Quando um enfermeiro avalia as PANI (vulgo TA), pressupõe-se que ele é capaz medir o valor numérico das referidas TA e ajuizar que esse valor corresponderá à realidade, se faz sentido no restante quadro clínico do doente, se terá tido interferências intrínsecas ou extrínsecas ao paciente, (arritmias, movimentos, deslocamento da manga, ...)
    Se não assim fosse, então bastaria ligar um aparelho de medição à ficha clínica informatizada e toca a medir (tipo os aparelhos das farmácias).

    É a capacidade de ajuizar, que nos diferencia (enfermeiros e médicos) dos aparelhos e dos não profissionais de saúde. Seria preciso estudar 4, 6, 10 anos para medir TA num esfignomanometro automático e registar esses valores num papel/computador?
    Daí que na minha opinião, num sítio tão sensível como é a triagem de prioridades, devem estar alocados profissionais que saibam avaliar e não apenas medir. (médicos e enfermeiros)
    Quando se sabe avaliar, também se sabe quando se deve avisar o médico/enfermeiro pessoalmente, ou quando se pode delegar essa tarefa, por exemplo a um assistente operacional.
    Outra questão é como se conseguem profissionais adequados às exigências? Formações, reuniões, discussões de casos, auditorias, acompanhamento personalizado caso a caso, por profissionais mais hábeis nestas tarefas, treino acompanhado. Infelizmente, quando por lá passei, vi pouco disto, apenas que determinado era o mais rápido/lento, dá muitos laranjas/azuis. Pergunto como é possível evoluir assim?

    Uma coisa que não se pode confundir é a prática clínica correcta e assertiva, com constrangimentos de recursos humanos. A prática clínica é da responsabilidade de cada profissional. A afectação de recursos humanos é da responsabilidade dos órgãos de gestão. Não é porque apenas existe um enfermeiro na triagem de prioridades em vez de dois, que o enfermeiro deixa de fazer uma pratica clínica fundamentada e segura.

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  8. fiquei sem perceber porque dizes: "que confusão vai nessas cabeças". Qual é a confusão?? não escrevi o contrário daquilo que acabas de escrever
    "Encarar estes momentos como uma perda de tempo"?? quem disse isso?
    Eu nao considero a triagem Manchester perda de tempo, pelo contrario! é uma vantagem num serviço de urgencia. Mas tem falhas e o proprio sistema que a rodeia nao funciona. Começa com o facto do "maqueiro das fichas" na maioria das vezes não estar no seu posto, porque foi fazer outro serviço, o que se entende devido ao volume de trabalho e poucos recursos humanos.

    O que pretendi lançar para discussão neste post (e talvez nao o tenha conseguido da melhor forma) e que por demasiadas vezes vejo os nossos superiores a responsabilizar o enf da manchester por nao ter ido avisar o medico que tinha um laranja para ver. Na minha opiniao isto nao é da competencia do enfermeiro ponto

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  9. Ao anónimo de 15 de Fevereiro que é medico e diz: Sou médico na ULSAM e sei dos muitos erros e mau funcionamento da instituição, especialmente as urgências...
    A este senhor Sr. Dr. só lhe quero lembrar, que se ele sabe de muitos erros no SU, nos Enfermeiros sabemos de muitos mais, e daqueles que ninguém sonha que seja possível acontecer no SU. Alguns Enfermeiros já mentiram para "safar"médicos, mas a paciência esta a esgotar-se por causa de alguns. A prova esta nalguns comentários que surgem por aqui. Esta do ESTUDASSES ate mete nojo, é de baixo nível. Como que os Enfermeiros que o pretendam não tenham acesso a mesma informação. Veja-se o que se passa na reanimação que o doente entra e os médicos (alguns) fogem. E quem fica? O Enfermeiro. O Sr. não se enerve, mas quero lembrar-lhe que o endeusamento do médico, tem os dias contados

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  10. caro anónimo, de 19 fev./01:29

    Amén!
    Conhece-se bem, os que estão na profissão por vocação.
    O endeusamento, a prepotência, e a arrogância!
    Estudaram tanto, q perderam a educação.
    Mas essa, vem do berço e não da universidade!

    TENHO DITO!
    Cumprimentos;
    L.F.P

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  11. Boas
    Para o anonimo de 19 Fev 01:29, se leu realmente o meu post ao qual realçou muito bem as 1ªs duas linhas repara que admito erros e não aponto dedos a acusar ninguem.
    Falo dessa forma do serviço de urgencia pois já trabalhei em alguns e tenho de admitir que, infelizmente, o de viana se situa no fim (talvez por ser o unico distrital onde trabalhei, não tenho outro para comparar).
    Relativo ao endeusamento com dias contados...
    Estranho! Nunca pensei que fossemos deuses (até porque erramos e não salvamos vidas estalando os dedos).
    Não quero ser psicanalista mas se calhar pode ter algum sentimento recalcado, ou ficou com algum médico atravessado na garganta.
    Existem boas terapias de grupo onde poderá conversar sobre o assunto e de certeza que no fim se acabará por se sentir melhor...
    Com os melhores cumprimentos

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