quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ganhem juízo!!


Consta para os lados do Hospital de Viana que por lá há enfermeiros de 1ª e de 2ª categoria... (Será uma nova carreira??)
Constou-se também que enfermeiros de um determinado serviço estavam a "anos luz" dos de outro serviço??!! Sim!! Não estou a brincar... Podia ser um exagero de um ou de outro... mas não, foi mesmo verdade, pois a novidade foi noticiada por vários e difundiu-se à mesma velocidade que o H1N1 se propaga! (por falar de h1n1.. onde é que ele anda esse malandro?!).
E depois também se falou que o facto de alguns colegas saírem tarde e a más horas do serviço, deve-se unicamente à sua própria desorganização de trabalho... a enfermeiros desorganizados... Ufff.. já estou com opressão torácica, a minha angina de peito já está a disparar... é que injustiças e "machadadas" nas costas é coisa que o Robin não tolera... Mas que merda é esta??!! Andamos a trabalhar que nem bestas e depois cospem-nos na cara??! Pedem-nos para falarmos na essência dos cuidados de enfermagem e depois quando se diz que não há almofadas para pôr aos doentes, já não estamos a falar em cuidados de enfermagem??! Então estamos a falar de quê porraaaaa??!!
Zelamos pelo bem-estar do doente, temos mais doentes sob a nossa responsabilidade do que aqueles que devíamos, temos "papelada e mais papelada" para tratar, andamos a 200 à hora, saímos tarde e mal para tentar passar um turno decente ao colega e depois dizem-nos que só saímos tarde porque fomos desorganizados??!! Por favor... tenham respeito... o mínimo de respeito... para não dizer mesmo, não me f...dam! Um enfermeiro poderá ser desorganizado, mas serão todos??!! Não será o próprio serviço que estará desorganizado?? E quem são os responsáveis máximos de enfermagem pela desorganização dos serviços??! Sim, porque quando um enfermeiro sai meia hora mais tarde é porque perdeu uma hora a fazer algo que não será da sua competência... poderia deixar aqui uma lista dessas acções, mas deixava isso para um colega aventureiro que me acompanhasse neste meu desafogo... Mas afinal o que se passa nestas mentes captas? Será do H1N1?! É o flagelo na enfermagem atacam-se uns aos outros quando devíamos era atacar os que estão no topo, exigindo melhores condições de trabalho...

14 comentários:

  1. Caro colega Guilherme,

    Infelizmente o que relataste é o "prato do dia".
    Não existe espirito de união entre a nossa classe, pelo contrário, cada um faz o seu trabalhinho calado, rapidamente e isolado porque assim não tem tempo para executar o tratamento de algumas feridas, e a vigilância das alimentações não pode ser esquecida, haaa sem falar dos cuidados de higine (retira fralda, lava o doente, coloca hidratante, aplica fralda)e a medicação...huii...haa é verdade o acesso venoso do Sr. X cama 13 exteriorizou-se (tem uma carrada de medicação EV)...ho não foi tão dificil puncionar-lo na ultima vez...alarme o Sr. da cama 15 está em PCR...corro com o carro de emergênca...iniciamos manobras...onde estão os médicos! (questiono-me sempre, onde estão?)...entretanto são 14:40h...respiro, supiro e penso ha ja tenho tempo para fazer os meus registos...mas lembrei-me nem me alimentei decentemente...não faz mal...huiii são 15:10h toca a transferir pacientes para a cama, retira fralda, lava doente, aplica hidratante, coloca fralda...chegam os colegas...Como é , vens ou não vens passar o turno! (e eu a pensar...e se me desses uma ajudinha?) mas não, ainda reforça: se não te despachas atraso-me.Tens de organizar-te melhor...(e eu a arder por dentro e a perguntar-me Como)...são 16:30 abandono o serviço, vejo os meus colegas de turno pela primeira vez e pergunto: correu bem o turno!
    Um abraço colega

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  2. olá... Não te dirijas a mim... mas sim ao Robin.. é ele o autor deste post.. Mas entendo muito bem o que dizes. Quem vê de fora pensará que estes gajos enfermeiros só se lamentam... mas é a pura verdade... as condições de trabalho são mesmo essas. E quem é que sofre com as consequências??! São os doentes aos quais não se presta a atenção e cuidado necessário e somos nós que andamos em sistemática alta rotação com consequente implicação nas nossa saude mental

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  3. Robin,
    Este tb me causa angor. Porra! Quando é que percebemos que é por estas e por outras que a nossa classe está pelas ruas da amargura. Queixamo-nos que ninguém nos valoriza, mas nem nós nos valorizamos.

    Uma parte de mim quer acreditar que a situação da enfermagem, que em parte tb se deve a situações como as que citaste, vai melhorar permitindo que a geração de recém licenciados a que pertenço, tenha melhores condições de trabalho e seja valorizada.

    Mas mantendo a atitude do cada um por si acho dificil...

    Bem haja Robin!

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  4. boa noite.
    Antes de mais, parabens Guilherme por voltares aos posts interessantes e mordazes, que tornaram o teu blog famoso e comentado em toda a instituição. Há já algum tempo que não tecia nenhum comentário, mas este tema não pode deixar de me merecer alguns minutos de atenção. Antes de mais, se as reuniões que ocorreram em todos os serviços com "tu sabes quem" serviram para alguma coisa foi para demonstrar, de forma cabal, o quão está fragilizada a profissão. Os nossos responsáveis máximos não tem qualquer espirito de classe, pavoneiam-se sem desdem com o cargo que ocupam, ao qual publicamente chegaram, não por mérito, mas por outros factores no minimo "suspeitos".`É notório que o interesse é apenas assegurar a continuidade da panela, para si e para os seus (os amigos entretanto estrategicamente colocados em cargos de chefia...). O que esperavam das reuniões? beijinhos e abraços? Foram reuniões clarinhas como a água, entre uma classe e os seus dirigentes que não se revêm na própria classe - já fugiram do trabalho real há muito.
    Relativamente à questão da organização, não posso deixar de culpar os colegas. A chefe não lhes paga a meia hora que ficam todos os turnos a mais, pois não? meia hora por turno, vezes 22 turnos/mês, vezes 11 meses dá cerca de 121 horas por ano, são 15,5 turnos a mais que fazem por ano (3 semanas de férias que ficam por gozar). Saiam a horas!!!! Deixem de ser romanticos, façam o que conseguirem, com o minimo de qualidade (duvido que a 100 à hora o façam). Só deixando coisas por fazer, consecutivamente, justificam o deficit de mão de obra. Ponham-se no papel dos gestores: se 4 fazem o trabalho de 6, porquê aumntar o rácio? só se fossem burros. E para isso já estamos lá nós!!

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  5. Não sei a que serviço se refere este post, mas que encaixa que nem uma luva no meu, ai isso encaixa!

    Parece que enquanto os utentes ou os seus familiares não começarem a apresentar queixas por escrito no livro de reclamações pelos cuidados que não foram prestados a horas ou simplesmente nem o foram, isto não muda.
    Os rácios de enfermeiros (tipo 4-2-2) que antes eram para uma excepção, agora são a rotina do dia-a-dia pois não dá para mais. Com isto não há quem se consiga manter motivado para continuar a exercer esta profissão. A administração ainda não compreendeu que não se fazem omoletes sem ovos!!

    Já chega de sair 1 a 2 horas depois do horário oficial de saída e de, ainda por cima, ouvir de certas personalidades que é por má organização que isso acontece. Eu gostava de ver essas pessoas a ficarem com 14 doentes numa tarde, 9 ou 10 das quais acamadas, com SNG, com avaliações de glicemia antes do jantar e da ceia (e ainda por cima a precisar da insulina nos 2 momentos, porra!), com 2 e 3 antibióticos em simultâneo (daqueles que demoram "pouco tempo" a diluir, tipo Tazobactam), que retiram os catéteres, que fazem flebites quase todos os dias e que, ainda por cima, tem veias complicadas de puncionar.

    Se a tudo isto juntarmos aqueles familiares ansiosos com o doente que fazem 1001 perguntas, com aqueles que chamam porque o oxigénio não está ligado (quando afinal foi a água do humidificador que acabou e iria ser substituída em breve), com aquelas entradas que mal acabam de chegar ao serviço e já é necessário monitorizar, chamar médico de urgência e dar quilos de medicação para estabilizar o doente... então a porra do turno parece que nunca mais acalma e o nosso coração parece que nos vai sair pela boca...

    No meio disto tudo quem sofre? O doente claro! Recebe os cuidados com um atraso significativo (incluindo medicação) e nem sempre é posicionado o número de vezes necessário pois os enfermeiros não são sobre-humanos!

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  6. Os serviços aqui visados são Intermédios, Medicina X e este ultimo cheira-me a Ortopedia

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  7. Por acaso o anónimo das 19:17 de 20/11 não tem razão quando afirma que o último lhe cheira a Ortopedia. Tente de novo...

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  8. Caro Robin e restantes leitores.

    Nos meus 9 anos de profissão tenho visto muita evolução nas atitudes terapêuticas, que somos capazes de fornecer aos nossos utentes. No entanto no que respeita à profissão de enfermagem, infelizmente, parece-me que o retrocesso é óbvio:


    - Diminuição ou não aumento dos rácios:

    * Quando os cuidados aos doentes tendem a exigir mais tempo (aumento da esperança de vida e das patologias crónicas associadas);
    * Os registos tendem a ser mais completos, complexos;
    * O que a população espera do SNS hoje é totalmente diferente de há 10 ou 20 anos atrás;

    Este aumento na quantidade e qualidade dos cuidados prestados, que não é acompanhado pelo respectivo aumento do número de enfermeiros, deve-se a um sobre-esforço da classe, na sua generalidade. É por isso que os enfermeiros trabalham no limite das suas capacidades, saem fora de horas, fazem horas extraordinárias e também horas "ordinárias" => são horas para além do horário normal, mas que já vem na escala: e acho que o nome que lhes dei vem está mesmo adequado [ORDINÁRIA]

    Como resultado para além dos danos causados nos enfermeiros pelo desgaste a que estão a ser sujeitos, preocupa-me outro parâmetro que é a SEGURANÇA CLÍNICA. Profissionais exaustos, desmotivados, explorados, a trabalhar no limite, mesmo que tenham muita vontade, cometem muitos mais erros. Erros que se transformam em danos para os utentes/famílias, alguns desses danos são irreversíveis.

    Outro aspecto, FORMAÇÃO CONTÍNUA:
    Com a maior parte dos serviços a trabalhar com os mínimos, pergunto onde está o tempo para as formações de serviço, as reuniões de discussões de casos clínicos, as formações externas, as especializações, o trabalho acompanhado ... todas as acções que visam a meta da perícia profissional?

    SUGESTÃO PESSOAL:

    Estabelecer prioridades sobre o conjunto de tarefas que nos são exigidas, executá-las seguindo a ordem de prioridades. O que fizermos façamo-lo bem feito o que não for feito que seja porque não tivemos condições para o fazer. Vamos embora a tempo e horas, com a consciência tranquila. Registem-se as ocorrências que traduzam risco clínico. Por exemplo: Risco de desenvolvimento de úlcera de pressão, porque não há almofadas, colchões adequados e enfermeiros/auxiliares para os cuidados de higiene, posicionamentos, alimentação …

    Alguém me disse uma vez, e com razão: "não te posso culpar porque deixaste de fazer alguma coisa por estavas ocupado com outra prioritária, mas sim se fizeste algo mal porque tinhas pressa para resolver o problema seguinte"

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  9. Isto se deve a uma gestão inadequada da Direcção de Enfermagem qe deixou de lutar pelos interesses dos Enfermeiros e passou a lutar pelos interesses económicos da Instituição poupando uns €€€ graças aos enfemeiros, para dar a outros, menosprezando o valor da Classe.

    Há uns tempos atrás, um colega que colocou aqui um post, vem mesmo a calhar "Quem Cuida de Quem...?"

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  10. Bom, se não é ortopedia pode ser qualquer um dos outros... acho que todos trabalham no limite.. ahh parece que há um ( Especialidades Cirurgicas) que isso não acontece... os enfermeiros são dispensados, joga-se com os seus horários à conveniência da chefe..

    OBS, tá tudo dito.. a ver se as enfermeiras directoras passam por cá e retêm estas preciosas dicas.. Mas vendo bem até podem passar, mas parece que não são muito viradas para ter em conta a opinião dos seus enfermeiros. Reuniões, mais reuniões, para deppois se chegar ao fim e ser só imposições... tou um poeta hoje..
    tou a gostar da discussão
    Obrigado G. pela oportunidade

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  11. há uma frase que foi proferida por uma directora de Enfermeagem, numa dessas reuniões de serviço, que nunca irei esquecer, mas reflecte a posição dessa direcção e tambem as vindouras-"O papel de Enfermeira Directora não é defender a classe de Enfermagem é gerir os recursos de acordo com os objectivos do hospital, para isso existem os sindicatos!"

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  12. "O papel de Enfermeira Directora não é defender a classe de Enfermagem é gerir os recursos de acordo com os objectivos do hospital, para isso existem os sindicatos!".
    Pois cadê dos sindicatos? E da OE?
    É quem mais pode fugir!!!!!!!
    João Penedo

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  13. Eu acho é que os enfermeiros andam mas é a dormir... Estão revoltados (com toda a razão) mas se os médicos não ligam nenhuma aos doentes, tratam as pessoas todas com indiferença (e na sua maioria com desprezo)e chegam ao fim do dia e todas as pessoas agradecem ao sr. doutor, até o "nabo" do enfermeiro tem medo de uma resposta torta e faz o que o sr.doutor diz (e remoi-se por dentro)... Eu digo: FAÇAM COMO ELES! não há tempo, paciencia, fica para depois, o colega que vem a seguir que cubra (por isso o trabalho é rotativo - hoje é a mim, amanha é a outro) e estabeleçam pripridades! Deixem coisas por fazer, não se matem, o que os vossos gestores querem é apenas que as coisas fiquem feitas e não haja queixas!! É melhor ficar mais tempo a explicar ao doente como reclamar do que estar a dizer-lhe que as coisas estão dificeis e más para os enfermeiros... Acordem para a vida porque a este ritmo ninguém se vai lembrar nunca de nós no bom sentido e vão-nos acusar sempre de negligencia por andar a fazer coisas a correr... Mais vale devagar e bem do que depressa e mal e qualquer dia vamos começar a ver enfermeiros a perder a carta profissional e a defesa vai ser -tinha muitos doentes para cuidar e como tentou cuidar o melhor que podia de todos acabou por se enganar na medicação... É o que dá tentar fazer tudo... Não esperem pelo sindicato ou pela ordem, são uma cambada de parasitas que são o verdadeiro reflexo da demagogia. Quantos doentes cuidam eles???? Que realidade tem eles??? Muitos pertencem as direcções, outros são chefes...e a trabalhar???Quantos??? A revolta parte de cada um de nós!!!

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