terça-feira, 25 de novembro de 2008

Crónicas estapafúrdias vol. II - "Sem palavras"


Estou radiante! Recebi até agora poucas, mas estupendas "crónicas estapafúrdias", enviadas pela "formiguinha", pelo "Nel", "shadow chronicles", "bla....bla.."; "Glosa" e uma última de uma colega anónima que decerto vos terá sensibilizado.
Enquanto lia a história da "formiguinha" (Não, não é uma fábula, pelo contrário) dei por mim a imaginar o cenário, começando de certa forma a inventar. Espero que ninguém me leve a mal, sem querer de forma alguma distorcê-las, permitam-me que às vezes comece a divagar sobre elas..

Era um domingo de manhã, a equipa estava toda preparada, nos seus rostos adivinhava-se o receio. O CODU tinha telefonado, "Atropelado, com aproximadamente 80 anos, quase amputação do membro inferior esquerdo e péssimo estado do membro inferior direito". Quando o CODU ligava, normalmente não era para dar boas notícias, desenvolto o enfermeiro da área de trauma\reanimação apressou-se a reunir o anestesista, o cirurgião e o ortopedista. O Enf. P tinha telefonado ao seu colega da equipa da vmer para saber mais detalhes, A vítima é trazida pelos bombeiros, a vmer está noutro acidente, acrescentou. Além do velhinho vir sem os cuidados da vmer, ainda lá vem outro acidente, desabafava alguém. É a lei de Murphy, quando algo está mal, só tem tendência a piorar!

Lá vêm eles! Entram em passo de corrida, 3 bombeiros ainda jovens, suados e descorados. " Foi atropelado por um carro que fugiu", informa um.
A Sala de Emergência já estava aberta, a passagem entre macas foi rápida. O Sr. João estava obnubilado, pálido, muito provavelmente hipotenso pelo volume de sangue perdido. Ambas pernas com ligaduras colocadas à pressa, tingidas de sangue e coágulos. Foi o que conseguimos fazer, lamentava o bombeiro que aparentava mais experiência, ao reparar no descrédito do enfermeiro que as cortava. A perna esquerda estava de facto desfeita, teria que ser amputada, na direita via-se uma fractura (muito) exposta. O Sr. João começava a acordar e com ele as dores que se tornavam lancinantes. Tinha a perfeita noção de onde estava, o TCE deveria ter sido ligeiro. Num ápice tinha um expansor plasmático e sangue em perfusão, as tensões estavam a subir, a morfina começou a fazer efeito. O stress começava a atenuar, a anestesista mantinha-se à cabeça dando indicações sobre as drogas e tentando tranquilizar dentro do possível o Sr. João, o cirurgião ocupava-se fundamentalmente do tórax, os enfermeiros tinham iniciado as perfusões e iam adiantando registos de sinais vitais. O Sr. João estava calmo, sabia a gravidade da situação, mas era uma pessoa forte, habituada aos dissabores e imprevistos da vida.

Eis que surge em cena o Dr. E, médico ortopedista, médico dos "ossos" como frequentemente se auto-apelidam, "Ó avózinho, umas das pernas já se foi e a outra....vamos lá ver!!!!" na altura a formiguinha ficou sem palavras, o ambiente tinha sido abalado, ficaram todos sem palavras... incluindo o Sr. João.
nota: porque pra meu agrado, este blog não é lido apenas por profissionias de saúde, aqui vai: CODU - centro de orientação de doentes urgentes; VMER - viatura médica emergência e reanimação; TCE - traumatismo crâneo-encefálico
Espero ansiosamente as vossas crónicas estapafúrdias!!!

16 comentários:

  1. Boa noite

    É de lamentar que quando como seres humanos, temos peças (sim pq n se podem chamar pessoas e mt menos medicos) a nos receber desta forma cruel num SU... Hoje ouvi falar o Dr Nuno Lobo Antunes sobre a sua experiencia profissional e sobre um livro que escreveu "Sinto Muito" 2º me pareceu baseado em confissões do quanto aprendeu com os utentes e familiares...
    Despertou o meu interesse... E na minha opiniao mts dessas "peças" que se intitulam de medicos o devessem ler, sempre poderia ocorrer um milagre e se tornassem mais humanos..
    Quando a butalidade e burrice é tanta, ficamos de facto sem palavras....

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  2. O dia está lindo! Algum frio, qb para me inibir de voar, sim, eu adoro o calor e as noites para atacar. Como me parece que a noite vai estar fria, sim, muito fria para quem tem que passar a noite na cama de um Hospital,onde por vezes falta o calor humano, pese o esforço inexcedível de quem lá trabalha...disse de quem trabalha e não de quem vai lá passar a noite...certo?
    E para os que trabalham, o frio ainda vai ser maior , não só pelas condições, mas pela falta de calor humano das hierarquias...dizia eu, que vou aproveitar a penumbra do dia e o pouco calor para tentar picar no contexto das crónicas estapafúrdias. Os Enfermeiros, fruto do seu DNA, replicam-se dando origem a novos seres, deixando a cada um o código genético, daí que sob o ponto de vista científico alguem estabeleceu os doze mandamentos dos enfermeiros:
    1º- Não terás vida social, familiar ou sentimental;
    2º- Não terás feriados, fins de semana ou kk tipo de folga;
    3º- Terás gastrite se tiveres sorte, se for como os demais terás úlceras;
    4º- a pressa será o teu único amigo e as tuas principais refeições os lanches, pizas, china in box, etc…
    5º- Teus cabelos ficaram brancos antes do tempo, isso, se sobrarem cabelos;
    6º- Tua sanidade mental será posta em cheque antes que completes 5 anos de trabalho;
    7º- Trabalho será o teu assunto preferido, talvez o único;
    8º- A maquina de café será a tua melhor colega de trabalho;
    9º- Happy hours serão excelentes oportunidades de ter algum tipo de contacto com outras pessoas loucas como tu;
    10º- Terás sonhos com pacientes, e não raro, resolveras problemas dos mesmos nesse período de sono;
    11º- Exibiras olheiras como troféu de guerra;
    12º- E PIOR!!!! Inexplicavelmente, gostaras de tudo isso!(AD)

    Colocadas as leis da nossa existência e salvaguardando as alterações genéticas de cada um, permito-me a passagem a uma crónica que me foi enviada por email e sem qualquer restrição à sua replicação:
    "Simples desabafo do dia a dia de um enfermeiro nos domicílios

    A casa dos Outros
    A D. Maria tem 47 anos... e um cancro do ovário. O marido, já reformado,quis satisfazer-lhe o desejo de não morrer no hospital.
    Têm uma filha, a acabar o curso na universidade: boa aluna, em altura de exames... precisa de estudar e a sua mãe está a terminar os seus dias de vida no quarto ao lado.
    A D. Maria está em cuidados paliativos... e sabe disso! Já não quer comer, bebe apenas alguns goles de água. Tem um soro para que lhe possamos dar a medicação. Tem uma perfusão permanente de morfina,cuja eficácia não é total.
    A barriga... como descrever? Tem uma colostomia, que mal funciona... está inchada, como um balão que vai rebentar.. e de facto, começa a rebentar: abrem-se fístulas espontaneamente e as fezes saem por todo o lado.
    O cheiro? Não consigo descrever! O corpo? Pele e osso, para ser mais exacta!
    Há metástases no fígado, no pulmão... a respiração é ofegante... já lá vão 5 semanas...
    Diariamente desloco-me a casa da D. Maria, duas ou três vezes: para dar medicação, para cuidar daquela barriga... para falar com ela, para dar o apoio possível ao marido que tenta fazer o que sabe e o que pode.
    O sofrimento? É grande... de todos!
    Mas eu sou enfermeira: não é suposto que me seja difícil ver o sofrimento dos outros!
    Tudo se torna mais difícil quando estou a sós com a D. Maria, que me agarra na mão e me pede insistentemente... que termine com a vida dela!
    Os apelos são cada vez mais frequentes, mais desesperados: 'Por favor! Se tem compaixão de mim, injecte-me qualquer coisa para terminar de vez com esta agonia! Pela sua felicidade, por favor, acabe com a minha vida...'
    E eu tenho compaixão... mas nada posso fazer! A dor não se consegue controlar, é impossível cuidar dela sem lhe provocar ainda mais dores?
    O que faz uma enfermeira?
    Vai-se embora, para casa, a sentir-se inútil... A sentir-se incapaz... A ouvir repetidamente aquele apelo... e a desejar, embora lhe custe muito, que a eutanásia fosse possível! Mas, se fosse possível... e a praticasse, como iria para casa?
    Mas para quê falar disto?... Os enfermeiros não têm sentimentos!
    Saio dali, continuo o meu trabalho domiciliário: agora entro numa barraca, onde chove dentro, onde há ratos, pulgas, lixo... onde o cheiro nos faz perder o apetite... O Sr. José tem 87 anos e vive sozinho. Tem uma úlcera varicosa. Tenho que fazer o penso. Não há água... nem sequer as mãos posso lavar. Passo-as por álcool à saída e lavo-as na casa do próximo utente.
    Chove desalmadamente. Volto para o carro, pelo meio da lama. Carrego as malas do material para os cuidados.
    Mas para quê falar disto?... A minha profissão não é penosa!...
    Próxima paragem: D. Joaquina, 92 anos, vive numas águas furtadas, 5ºandar, sem elevador.
    Subo as escadas de madeira, apodrecidas, obscuras, com medo que alguma tábua se parta. Carrego com as malas do material...
    A D. Joaquina vive com uma irmã, naquele espaço exíguo. Teve uma trombose. Tem úlceras de pressão. O tecto é baixo, inclinado, a cama está encostada à parede. Para lhe prestar cuidados tenho que me pôr de joelhos no chão e ficar inclinada. Quando me tento endireitar as minhas costas doem... tenho as pernas dormentes... pego nas malas, desço as escadas... continua a chover...procuro o carro que tive que estacionar a 500 metros!
    Mas, para quê falar disso? Os enfermeiros não se queixam...
    Próximo desafio: a Helena! Toxicodependente... tem SIDA, continua a consumir... com sorte,ainda lá encontro o traficante em casa... mas as enfermeiras não têm medo!
    Continuo: o Sr. Manuel é diabético, divorciado, tem 50 anos, foi amputado de uma perna, vive sozinho num 3º andar. Há 2 anos que não sai de casa: como fazer? Das poucas pessoas, com quem convive, são as enfermeiras! Precisa de conversar... como lhe dizer que ainda tenho mais 4, ou 8 pessoas e que não tenho tempo para estar ali a ouvi-lo?
    Mas para quê falar disso? Os enfermeiros só dão injecções e fazem pensos... tudo o resto é supérfluo!
    Para quê falar da solidão do outro, da minha impotência, do pedido de eutanásia, da chuva, do frio, do sol, do calor, do mau cheiro, das minhas dores nas pernas, do material do penso a conspurcar o meu carro (a seguir vou buscar a minha filha à escola!), das dores nas costas, do medo, da insegurança, do ventre desfeito, da tristeza, da compaixão...
    Não, a penosidade e o risco devem ser uma ilusão minha...
    Não, as enfermeiras não choram!
    Mas sabem?... as lágrimas que mais doem são aquelas que não correm!'(Célia Nunes)

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  3. Boa Tarde,
    Fiquei com dispneia depois da crónica anterior.. começo a sair do meu casulo(CHAM)e revejo-me na ULSAM...retrato-me nos cuidados de saúde primários e dói-me sentir que aqueles doentes saíram apressadamente dos serviços do nosso Hospital, com uns envelopes cheios de informação, quantas vezes estapafúrdia e quantas vezes sem coisa nenhuma, muita informação sem significado....e digo pobres dos doentes...e digo miséria humana que se alimenta de carne pra canhão (enfermeiros mal pagos e no desemprego)....e isto serve para alimentar a minha irritação e atacar de novo.
    Estou a meio da semana de trabalho e os movimentos peristálticos na instituição também me irritam e até seriam capazes de por à prova os meus amigos da VMER, não fosse a capacidade adquirida na profissão para contar até 333333. Antes de dizer o que mais me irrita quero "tranquilizar as hostes", (célebre instrução de um AH que um dia incumbiu um enfermeiro de ter tal actuação). Não se atirem a adivinhar quem será o Melga? Aqui, estamos de acordo "o" e não "a".
    No grande dicionário da língua Portuguesa pode ler-se:
    1- "MELGA" ( do latim, medica), em zoologia espécie de mosquito que aparece onde há águas estagnadas....
    Cá está, é isso mesmo, a evolução SA/EPE mudou muita coisa e veio demonstrar que no CHAM, o grupo profissional "ENF" ao pretender embarcar no comboio da mudança, entrou na carruagem da frente, mas no comboio errado, isto é, no que não tinha maquinistas habilitados para o colocar em marcha, está mais que provado, não saímos do sítio e recuamos aos anos...(não digo).
    2. Melg...de "Melgacense"...porque não? Terra de excelentes habitantes, de presunto maravilhoso fascinantes paisagens onde se desenvolve a inspiração e o pulsar do Alto-Minho. Terra de gentes com coragem até para dizer "não sei para onde vou...mas sei que não vou por aí..."
    3- Melg de "Melgueira", coisa que se esconde para qualquer fim, gozo tranquilo, maquinação,ou coisa excelente que dá bons lucros.Isso mesmo, escondo-me à sombra do nosso Guilherme para contar umas coisas... podia falar da sra dra que proibiu um interno, de passar mais que uma vez num determinado serviço para observar de forma continuada uns doentes, só lá podia passar uma vez se fosse solicitada e por escrito...podia falar da sra dra que barafustava porque os doentes dela tinham que estar sempre com O2, mas recentemente veio alertar que era preciso ter cuidado com a prescrição, até porque os culpados dos enfermeiros não fazem nada e deixam o O2 a sair para a cama ou para a testa do doente...podia falar da sra colega nossa, que distribuiu borrifadores pelos serviços para que nos golpes de calor borrifassemos o corpo dos doentes como quem borrifa as plantas nas nossas casas ( admito que desconheça os hidratantes pressurizados, pois mas isso é caro)....podia falar de inumeras falhas nos equipamentos existentes...podia falar das portas automáticas junto ao porteiro, mas as da entrada são de vaivem, quando deveriam ser automáticas ou abrir unicamente para o exterior, assim até dá jeito porque quem entra sempre consegue levar na frente os doentes que aguardam amontoados para entrar no serviço de imunohemoterapia(não sei porque não se colocam fichas e se permite que os doentes fiquem sentados á espera da vez...podia falar daquele sr dr (este não é dos ossos )que tem os oculos colocados na ponta do nariz mas não e´ pra observar melhor os doentes mas sim para questionar as práticas dos ( especialmente das) enfermeiros e levantar dúvidas sobre a credibilidade da informação transmitida pelos mesmos nas passagens de turno)...podia falar do sr dr ( este era das radios)que quando o doente lhe disse " e´mesmo aí que me dói", ele respondeu peremptório "ouça lá, eu perguntei-lhe alguma coisa?"...podia falar do sr dr que não pedia aos colaboradores de gabinete e aos transeuntes do corredor para falar baixo mas gritava ao doente "você é surdo?"... podia falar do meu colega que viu o doente quase a cair da maca mas nada fez porque não estava com as "macas"...podia falar do meu colega que mesmo sabendo que o doente estava ensopado num abundante vómito, foi efectuar primeiro os registos porque o tempo que ia gastar depois nesses registos ia ser maior, não, enganei-me, assim o registo ficou feito e eu que entrei no turno seguinte é que fui limpar o doente...podia falar do excesso de zelo de muitos que sabem mandar as visitas dos doentes na hora exacta, mas quando se trata de amigos, qualquer hora serve....podia...claro que podia e posso falar de muitas outras coisas...da burrice e da brutalidade, do autoritarismo, da prepotência, dos complexos de superioridade e de inferioridade, da vaidade, da arrogancia,das cunhas, do medo, mas também da frontalidade, da amizade, da sensibilidade, do profissionalismo,
    é o nosso pequeno/grande mundo, por isso,
    12º- E PIOR!!!! Inexplicavelmente, gostarás de tudo isso! e,
    "as lágrimas que mais doem são aquelas que não correm!"
    Bem hajam!!!

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  4. cronicas estapafurdias. Vocês lembram se da acreditação..... Sim essa da qualidade....claro .....dessa qualidade dos ingleses...
    Pois bem aquando dessa "visturia" tudo em stress, aos chefes se se lhe encostasse uma lampada ela acendia.
    Toda a noite a estudar as normas e procedimentos.......
    E quando chegou a "auditora" abriu a porta da urgencia e de longe, ou melhor de fora do serviço, decidiu que estava em comformidade.
    Sim meus amigos do lado de fora do serviço, decidiu que tava tudo bem, nao vá a "autoridade" da qualidade apanhar alguma doença.
    GUILHERME, aí está mais um bom tema de debate, a VIANIZAÇÃO DAS COISAS... Como por exemplo a qualidade, 1,2,3, diga lá outra vez...
    Abram alas

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  5. Finalmente voltou (e em grande) o Melga! ja tavamos com saudades! Gostei dos mandamentos, em especial do 7º e 10º.
    Esse testemunho (supostamente da colega Célia Nunes) também o recebi e andei a tentar contactar (sem sucesso) o seu autor, gostava de lhe pedir autorização para o por num futuro post, porque é uma crónica profunda, e que aborda um tema delicado. Desde já, se souberes a forma de contactar o autor agradeço, senão possivelmente tomo a liberdade de "publicá-lo", penso que não tenho que pagar direitos de autor..
    Muito me ri com o "É mesmo ai que me doi Dr", "Ouça lá, mas eu perguntei-lhe alguma coisa", hilariante! mas grave.. esta também é de post!! grande abraço e por cá nos encontramos

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  6. Amigo Guilherme, sei que recebeste o testemunho que eu tomei a liberdade de colocar aqui. Como disse não me foi pedido segredo, nem dieitos de autor, mas como documenta uma triste realidade só me restou colocar-me ao lado dessa misteriosa colega...se por acaso a mmesma chegar até aqui, gostaria imenso de lhe dar os meus parabens. Peço desculpa a quem me enviou o texto, porque junto ao mesmo vinha um outro manifestando uma forte indignação pela pouco trabalho que os sindicatos de enfermagem estão a desenvolver e incitando todos os enfermeiros a uma espécie de sublevação...que eu manifestamente, dada a minha pequenez tenho medo de assumir...isso tenho medo...tenho medo.
    Muitos enfermeiros, mas mesmo muitos, receberam o mesmo email.
    A do "...eu perguntei-lhe alguma coisa" eu dou uma ajuda, felizmente não está no CHAM, entrou como leão e saiu como um sendeiro,negócios de milhões, falou-se muito mas como estamos num país com perdão de dívidas, fica mesmo assim.
    È mesmo hilariante aquilo que o Noddy diz a respeito da acreditação, contudo assumo pela minha parte que me esforcei por ler e tomar cohecimento, mesmo que transversal, dos procedimentos. Gostei que nesta última tenham suprimido resmas de papel, está tudo no Portal, acho muito bem, mas com os recursos humanos que temos é hilariante pensar que vamos ter algum dia para ler tudo...pois, mas estamos em Portugal e não serve como defesa alegar o desconhecimento da lei...não sabes mas devias saber.
    Noddy! Achas que algum dos nossos chefes, mesmo os que estavam tão enérgicos sabiam tudo sobre normas e procedimentos, tenho dúvidas inclusivé que alguns comprendessem o que os auditores ingleses diziam...valham-lhes os auditores portugueses....mas não estou contigo no que respeita à VIANIZAÇÃO, o que há é uma dificuldade em aceitar e cumprir as regras, que por sinal até estão bem construidas e fazem todo o sentido...muitos de nós têm sido submetidos àquelas auditorias internas que são feitas por toda a gente, pessoal da farmácia, pessoal da segurança, pessoal da CCI, pessoal de enfermagem, o que respondemos? o que sabemos e a mais não somos obrigados, mas também te digo que é trites ver colegas que fogem de responder aos auditores...medo de quê? se dessem a cara como eu tenho dado, certamente iriam demonstrar que as coisas não estão bem.
    As perguntas são, sabem? conhecem? como fazem? quem é o quê? ninguem pergunta se uma coisa não foi feita, o porquê!!! pelo menos a mim não mo perguntaram, e qualquer coia que não sei, não sei mesmo, certo?
    e Olha que não está nada tudo bem como pensas, já conseguiste ler o relatório final da auditoria? Eu não e pela demora desconfio destas coisas...mas continuo a dizer que temos que ter uma acreditação, seja esta ou outra, mas é preciso que a verdade dos números seja reposta em primeiro lugar no terreno, diria que é a mesma coisa que pedir ao condutor do R5 que chegue de Viana até Faro ao mesmo tempo que o A6 (peço desculpa à lebre e à tartaruga, mas essa história é para os mais pequenos).

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  7. querida melga.
    quando eu falava em Vianização era num conceito mais alargado.
    Nao só na qualidade.
    Medo dos auditores, nada disso alguns dos nossos colegas só nao queriam falar com eles porque eles nem sequer entendiam os procedimentos, e convenhamos eram praí 100 mil milhoes de paginas para ler, e, com o tempo que nos deram para ler...
    Mas , mesmo assim eu fui auditado, por um deles, tudo sobre o carro de emergencia.... respondi a tudo o que ele perguntou e ainda esclareci o auditor em algumas duvidas que lhe surgiram, deixando segundo eu o serviço muito "bem visto"..
    Pois e o relatorio...
    claro que temos de ter acreditaçao de qualidade, mas a que custos. Em portugal nao haverá pessoas capazes, vem pessoas de fora com realidades completamente diferentes.
    Que custos é que teve a bandeira da qualidade, que melhorias trouxe para o doente "unidade central do nosso trabalho", era isso que era preciso saber.
    Abram alas.............

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  8. querido Noddy,
    eu também vivo com conceitos mais alargados todos os dias e essa de deixares o teu serviço "bem visto" é excelente e digo-te que é a cultura que falta em alguns de nós...vai ao S Marcos e repara na vaidade que eles têm na reacreditação da acreditação ... e são melhores do que nós?, não! estão é um pouco melhor do que nós, mas muito pouco, mas quando lhes aparece alguem do exterior é ve-los todos vaidosos...até se deram ao luxo de organizar o primeiro encontro de hospitais acreditados e podes crer que um amigo dos veteranos do nosso CHAM que assistiu à dita, disse que ficou desiludido com a representação que o nosso hospital levou....
    também fui auditado, curiosamente por uma colega supervisora de um hospital portugues...sabes que fiquei com a nitida sensação que apesar de eu estar a dizer-lhe a realidade, ela não ficou convencida? pensou que a estava a enganar porque quem vem cá a Viana pensa que nós somos uns tristes e pobres coitados, tens dúvidas? Eu, não...e vou-te dizer com toda a convicção que a acreditação teve custos, e originou custos mas no sentido de melhorar o atendimento aos utentes, repara que se pretendeu melhorar, o percurso do doente, a orientação do mesmo dentro do hospial, a evidenciação dos seus direitos, a salvagurda da sua privacidade, a melhoria da informação fornecida, pretende-se ainda melhorar as instalações no que respeita às camas que estão fora de moda, as condições de climatização, etc...mas infelizmente o $$$ não chega...por isso o DOENTE como unidade central teve melhorias mas...com custos pesados para quem lhe presta cuidados...sei que é discutivel em termos empresariais mas quem foi de férias foi e não foi substituido, ou antes, quem ficou a dar no duro, acabou a trabalhar no limite, logo milagres não se fazem , digamos que na culinária não se fazem omoletes sem ovos e nós no hospital fomos castigados a fazer o que devia ter sido feito por mais alguns.
    Noddy "alguns dos nossos colegas só nao queriam falar com eles porque eles nem sequer entendiam os procedimentos, e convenhamos eram praí 100 mil milhoes de paginas para ler, e, com o tempo que nos deram para ler..." não estou de acordo contigo porque considero que os enfermeiros não tem que ler nada, sabes porquê? porque os procedimentos estão bem elaborados se descreverem aquilo que as pessoas efectivamente fazem, Os procedimentos não inventaram nada, apenas disciplinam alguns passos porque como tu sabes se assim não for, acabamos por fazer cada um como lhe apetece.
    Sabes uma coisa ? chego a suspeitar que os procedimentos são só para os enfermeiros, repara bem nos mesmos: a farmácia diz o que temos que fazer, o sshst diz o que temos que fazer, o reanima diz o que temos que fazer, o sih diz o que temos que fazer, a capelania diz o que temos que fazer, a cci diz o que temos que fazer, o s portaria diz o que temos que fazer, o laboratório diz o que temos que fazer, o serviço de pessoal diz o que temos que fazer, o aprovisionamento diz o que temos que fazer, o sau diz o que temos que fazer, a anat/patologia diz o que temos que fazer, a DE diz o que temos que fazer, os chefes dizem o que temos que fazer, a AH diz o que temos que fazer, o chefe dos serviços gerais diz o que temos que fazer, o sie diz o que temos que fazer, a rouparia diz o que temos que fazer, a radiologia diz o que temos que fazer....
    irrrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaa...
    vamos colocar na balança e ver quem tem que cumprir mais regras?...será que somos estúpidos?...e na hora de pagar, não há horas extras, há cortes nos suplementos e ....há muitos enfermeiros no desemprego....chega, a minha irritação está a provocar-me uma cefaleia de tal ordem que se não saio desta crónica estapafurdia rápidamente, pressinto que vou estoirar....estou de acordo..."abram alas" e depressa...
    deixo um recado...reforcem-se rápidamente as equipas...e os velhos do restelo que passam o dia a cortar-nos as pernas e o pensamento, com regras estapafúrdias, que embarquem pra o midle east pode que ´sejam recrutados para talibans ou similares, porque? porque eles são os verdadeiros terroristas e querem fazer de nós parvos, atirando-nos para a frente dos utentes e familias, justificando o injustificavel...chega.
    a todos bom fim de semana, mesmo para aqueles que vão trabalhar, que o fim do mês dos fieis defuntos leve para a tumba os últimos anos da nossa direcção...paz à sua alma................
    viva a ressurreição, vivam os pobres, os humildes e humilhados porque será deles o reino da...CÈU!!!!!!! pelo menos espera-se.....

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  9. Melga, essa dos procedimentos serem só pra enfermeiros tá de mestre! Bem visto, fizeste-me rir mais uma vez!

    Noddy, levantas-te um tema muito importante e pertinente, a famosa Acreditação. Neste hospital acredito é nos enfermeiros!! Pouco mais..
    Quanto ao debate, ja o iniciaste e bem..
    Pra não nos perdermos continuariamos aqui a discussão, mas também gostaria muito de ler opiniões de colegas com "maior responsabilidade" nestes assuntos, além de outros colegas claro..
    Agora não se esqueçam é de continuar com as crónicas estapafúrdias!! O 3º volume ja está a ser preparado!!

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  10. o prometido é devido..por isso aqui vai uma crónica estapafurdia....não se esqueçam que qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
    " Alice no Hospital das Maravilhas"
    Alice, era uma adolescente inveterada, lip gloss para dar brilho aos lábios, irrequieta e sem limites. O "Magalhães" para ela não passava de uma Play station foleira, "Moshes", "Tag's" ou "stravaganza" era um em cada bolso, "vodka limão", "Caipirinhas", "caipirões" e "shot's" de qualquer coisa já tinham sido experimentados, quais festas da espuma, de caloiro, da pipoca, high school party, noite da mulher, da playboy, da meia branca,ou outras do género não foram experimentadas...Pachas, Off, box, Charme, Cavalli, BA, Via rápida, Vogue, industria, viva ofir, Lux, eram coisas mais que batidas, erva, Haxe, ecstasy, cogumelos mágicos, àcidos, chocolate...tudo lhe tinha passado pelos olhos, pelas mãos e digamos que experiências de outro género, tudo, mas mesmo tudo, tinha sido provado, uma verdadeira loucura, com passagens pelo Hospital para fazer pequenas desintoxicações que uma boa cura de sono e uns litros de água nos dias seguintes a voltavam a recompor para voltar ao ataque da night...rapazes atrás dela eram ás paletes e raparigas eram resmas, pessoa social, sociável, afável, raiava muitas vezes o oferecido, mas virada do avesso transformava-se numa "pita" universitária, com tiques e cheia de nove horas.
    Esta Alice que se assemelhava a muitas Alices que todos nós conhecemos, era diferente, muito diferente, tão diferente, exclusiva, que num momento de extase e sublimação suprema tomou uma decisão: "só uma pessoa como eu consegue atravessar o espelho e entrar no mundo maravilhoso do Hospital". Num ápice passou do pensamento á acção e o sonho trouxe-a rápidamente a uma outra realidade, o corpo todo lacerado pelos vidros do espelho, o sangue começou a escorrer por quantos capilares tinha, as forças faltavam-lhe e não tardaram uns breves minutos para perder a consciência. A Alice tinha em casa um Animal de estimação inteligente, capaz de substituir qualquer ser humano, pelo que pressentindo o grave problema que a dona estava a enfrentar, decidiu ligar ao 112. Uma e outra vez a ligar, o animal em desespero depois de ter ouvido as notícias da TV a dizer que se perdem x% de chamadas no CODU, coisa normal neste país em evolução, mas vá lá que finalmente foi atendida. Explicou a situação e perante um doente a esvair-se, já inconsciente, o CODU deccidiu enviar a VMER mais próxima, que por sinal até não estava inop com enfermeiro e médico
    acabadinho de chegar com hora e meia de atraso mas para o caso não interessa porque agora estava ali. Correria, luzes, buzinas, "deixem passar", tudo necessário para afastar da fente essa mão de condutores irracionais que reagem muito tarde, dificultando a passagem e que se queixam da demora da chegada da assistência quando o problema é com eles. A Alice morava a quarenta quilómetros do Hospital, quando a equipa da VMER chegou, os vizinhos já davam palpites, "demoraram muito, é uma vergonha!" " o melhor é chamar um helicoptero"...blá...blá... Isso não perturbou quem a estava a assistir, estabilizaram a Alice e depois do stay and play, transportaram-na ao Hospital. Hospital com alguns anos, acreditado, tudo cinco estrelas, ou antes quatro estrelas porque a Alice era a estrela que iria demonstrar que o Hospital não tinha as estelas todas. Chegada ao SU, a triagem de Manchester, não foi problema apesar da demora que naquele dia estava a acontecer porque tinha faltado um enfermeiro e um outro estava em transito a transferir um doente para Braga...ossos do ofício. Na urgência àquela hora não faltavam os médicos, ninguem estava a passar visita aos doentes nos pisos, ninguem estava no bar, ninguem estava a...descansar. Esteve pouco tempo no corredor, na maca e sem biombo, decidido o internamento, o maqueiro transportou-a logo para um dos serviços de internamento, mesmo sem o processo e sem o enfermeiro saber, sim ninguem lhe disse nada, nem as etiquetas levou, não podia perder tempo porque alguem tinha dado instruções para que fosse contado o tempo que os maqueiros levam a transportar os doentes aos serviços...isso..mesmo isso.
    Chegada ao internamento a Alice foi colocada numa cama e foi avisada que a campainha dela não funcionava bem mas se pedisse aos doentes do lado eles fariam a chamada por ela..."Boa noite e bom descanso Alice, se tiver dores ou precisar de alguma coisa, já sabe quais são as instruções", disse-lhe a dedicada enfermeira...eram quatro horas da manhã, a Alice queria urinar, o soro encheu-lhe a bexiga e já não aguentava mais, as doentes ao lado não davam acordo porque dormiam repousadamente... A Alice não queria acordar nenhuma, a campainha foi experimentada e nada, gritar era um problema porque ia incomodar...decididamente, porque ela era muito decidida pegou no telemóvel, marcou um número do Hospital que já tinha utilizado mais vezes por outros motivos...foi logo atendida "Hospital! diga o que pretende por favor!"---- "Olhe, Por favor eu sou a Alice e estou internada na cama xpto, queria urinar, podia pedir a alguem que me envie aqui uma arrastadeira?"
    Atónita a administrativa tratou de ligar o telefone interno e avisou uma auxiliar do que se estava a passar, foi-lhe providenciada uma arrastadeira e tudo acabou em bem naquela noite.
    A Alice não se incomodou porque sempre soube resolver os seus problemas....
    Acabou aqui a crónica, espero que não se urinem a rir...tudo acaba bem, é esta a nossa sina....uma boa noite e bom fim de semana para
    todos...."acreditado?" deixem-me rir que já tenho a bexiga vazia....

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  11. Caro melga,
    Tiro-te o chapeu :))))))))))))

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  12. O problema é k anda meio mundo a ver se lixa (com F)o outro meio. A humildade é um valor em vias de extinção...
    Vem uma pessoa da parvónia para a civilização com o sonho de ser enfermeiro e quando acorda percebe que está metida num ninho de cobras cujo grande objetivo de vida é não ter objectivos na vida...
    há bons e maus profissionais em todas as áreas, é certo...mas infelizmente na arte de cuidar infiltrou-se uma espécie de praga e poucos são os k resistem...é dificil resistir...falo por mim..k felizmente ainda luto diariamente para não vir a ser mais um velho do restelo, mais uma cobra no ninho...
    Deviamo-nos unir...partilhar problemas e desenhar soluções pq certamente todos juntos conseguiamos..mas isso...isso são sonhos de mobilete utópica...

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  13. olá a todos...
    oh melga ainda bem que tinha acabado de ir ao WC, senão...
    tenho de reconhecer que estes últimos comentários têm sido fantásticos e para qualquer enfermeiro que ainda ande a dormir é mesmo bom que acorde e leia estes gritos de sabedoria!!!
    Na realidade também já me debati com esta coisa da acreditação e cá para mim o slogan a colocar na porta do hospital seria: "Acreditação... ainda acreditas?!"
    sabem, cada vez que vou trabalhar olho para este meu pequeno mundo que me consome a alma, o tempo e a vida, no fundo (porque eu obedeço totalmente aos 12 mandamentos da enfermagem e vivo mesmo para esta profissão, e o pior de tudo, é que adoro!!!)... sabem o que vejo? um deserto de humanismo, de compaixão, de moralidade até!!! começo a achar que só por se ser idoso, doente crónico, acamado, incapacitado e pobre/sem "conhecimentos/cunhas" só se tem direito a cuidados "básicos", não de QUALIDADE!!! será assim tanto pedir que possamos ter tempo para cuidar e reflectir sobre esse cuidar?! será que eu sou uma máquina pré-programada com linha de montagem para PV, medicação, DX, banho, penso, levante, posicionamento, aspiração, entubação...?! é que se eu por segundos abrando ou paro esta avassaladora linha de montagem parte dos meus doente ficam mesmo sem tratar!!!
    dou por mim a evitar mecanizar o meu trabalho, mas é de todo impossivél... tenho mesmo de obedecer a uma rígida e imperativa rotina que me obriga quase a ser um robot, ou chego ao fim do turno com apenas metade dos meus cuidados prestados, zero registos e claro, sem o SCD feito!!! até quero ver até onde esta nova moda vai chegar!!! acho bem que finalmente alguém consiga provar por números e pôr preto no branco a falta de recursos de enfermagem que todos já sabemos!!! o que eu quero mesmo ver é o que vão fazer perante esses números! mobilização interna?! isso só se for para tirar o pão do pobre e dá-lo ao mendigo, topam?!
    è que até agora podia sempre haver a desculpa: "não sabemos se de facto existe essa falta de recursos", mas agora é impossivél fechar os olhos e tapar o sol com a peneira, isto e se ainda acreditarem na acreditação!!!
    tenho um sonho... que um dia, meus colegas, de chegar ao serviço e ter o material que preciso (e em boas condições)... tenho um sonho... que um dia tenho um plano de trabalho que me permita cuidar e não só entubar, algaliar, posicionar, lavar, vestir... tenho um sonho... que um dia terei mais tempo para ser enfermeira e não técnica do sofrimento... tenho um sonho... que um dia este hospital seja um espaço de bem-estar, que respire qualidade, calor humano, respeito, motivação... tenho um sonho... que um dia nos orgulhemos de dizer: somos enfermermeiros e trabalhamos num hospital fantástico, em que as pessoas são pessoas e não um número, um relatório, uma estatística...
    o sonho comanda a vida... a minha pelo menos!
    continua a resitir mobilete e todos so demais, pelo menos isso ainda as pragas, cobras e velhos do restelo não nos conseguiram retirar!!!

    agora já me sinto melhor.... este blog é como uma consulta de psicologia após turnos desesperantes!!! talvez um dia ocorra esta consulta ao vivo e a cores! era algo a pensar: I Encontro de Enfermagem do Blog Porque Deixei de Ser Enfermeiro
    boa semana e até breve!!!

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  14. Melga brilhante! fez-me lembrar aquela anedota que ate chegou a ser plagiada pelos Malucos do riso: Toca o telefone: Boa tarde! poderia dar-me informações do Sr Jose Esteves da cama 12, fala um irmão. Concerteza! Olhe, o Sr. José está a melhorar, a medicação está a fazer o efeito desejado, ja tem umas analise melhores, tudo leva a crer que ainda esta semana terá alta.
    Melhor assim! Muito obrigado Sr. Enfermeiro! De nada, já agora, como é o seu nome?! Sou o Sr. Jose Esteves da cama 12
    ups
    G.

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  15. Decido neste momento seguir o sonho da amiga barata...
    o sonho comanda a vida e sempre que o Homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança....
    Também eu sonho com o dia em que os numeros "digam" aquilo que eles representam e por isso para quem gosta de números não é preciso fazer mais contas, como me vejo obrigado a fazer informática e diáriamente com o SCD, e esta nova velha moda, neste momento ainda me trouxe mais trabalho...porque para contas, chegam estas: todos os dias chegava ao meu serviço e tinha na melhor das melhores das hipoteses 25 doentes internados, cada um deles gastava abaixo do mínimo dos mínimos 3.4 horas de cuidados de enfermagem por dia, fiquei rápidamente a saber que esses 25 doentes teriam que ter enfermeiros em número suficiente para as 85 horas de cuidados (25x3.4=85), como conseguia fazer contas muito rápidamente sabia que de manhã os 5 enfermeiros cobriam 40 horas, os três da tarde cobriam 24 horas e os dois da noite apenas 19 horas ((5x8)+(3x8)+(2x9.5))= 83. Resultado, duas horas de cuidados não são prestados , logo algum doente ficou sem eles...certo? O problema maior, é que a minha chefe tratava logo de dispensar alguem, porque para 25 doentes, ou mais ou menos(!!??), segundo a mesma, os contabilistas da enfermagem ou Drs/Enf/Gestores dos números, afirmaram categóricamente nos últimos três anos que de manhã chegam quatro enfermeiros, e como ninguem gosta de ser "mobilete", toca a aceitar as dispensas. E, quando não dispensava ninguém, aparecia uma chamada interna a dizer " fulano vai para o serviço x" e sabem o que acontecia a partir daquele momento? Das 85 horas que eram minimamente esperadas serem oferecidas aos doentes, apenas se conseguia dar resposta a ((4x8)+(3x8)+(2x9.5))= 75 horas....Sabem o que isso significa? Que naquele dia não foram prestados cinco horas de cuidados minimamente necessárias...e esta? Como se entende que os nossos enfermeiros-"chefes" do Hospital aceitem estas coisas? Depois criticam os sindicatos de enfermagem que aceitaram a proposta de acabar com o lugar de enfermeiro-chefe na carreira, se não sabem fazer contas claro que mais vale ficarem quietinhos num canto....certo? Espera-se é que os coordenadores que os irâo substituir saibam fazer contas...nunca se sabe!!!
    Então vem aqui o sonho de uma Melga. Era Natal, todos os anos distribuiam-se prendas aos meninos no Hospital, mesmo aos mais mal comportados. Não eram tempos de discriminação nem vinganças, toda a gente esperava o Pai Natal. Nos Ultimos anos, os enfermeiros recebiam como prenda "coisa nenhuma"...uma rica prenda porque era muito diferente dos "tamagochis". A "coisa nenhuma" funcionava sempre, sem corda, sem pilhas e trabalho não lhe faltava, não havia tempo era para os enfermeiros brincar com "coisa nenhuma". A "coisa nenhuma" não tinha suplementos, nem horários acrescidos, nem horas extra. O curioso é que toda a gente gostava de brincar com a prenda dos enfermeiros. Até Gaspar, Baltazar e Melchior invejavam "coisa nenhuma", coisa que batia de longe o ouro, incenso e a mirra, porque tinha o valor que podia ajudar a cobrir o buraco financeiro. Mas, no meu sonho, este Natal trouxe uma Mãe Natal que trazia no seu trenó uma prenda diferente para os enfermeiros. Nada mais nada menos que "coisa alguma". Lutava para agarrar aquele novo brinquedo, para lhe chegar, tinha que escalar muitos degraus alguns deles escorregadios pela baba das cobras e vermes que por lá tinham passado...ora bolas, não é que escorreguei e fiquei com as asas presas...e...acordei...............
    Acabou o sonho, será que neste Natal vamos receber "coisa alguma"?

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  16. Caro Melga.
    Não é que ao ler o teu sonho consigo ver, de uma forma metaforica o que se passa com a enfermagem do ex. CHAM, nos últimos 4-5 anos.
    É que de facto temos sido entretidos com histórias de Pai Natal, cheias de prendas vazias, promessas ocas, que além de nos prejudicarem, de prejudicarem os nossos utentes, ainda por cima não levam a meta nenhuma. É pura fantasia.

    Acho que o ex. CHAM podia ser adquirido pela Disneyland.

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