sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

A minha opinião sobre a Greve Cirúrgica 2


Há umas semanas atrás escrevia sobre a greve cirúrgica (GC), sobre o respeito pela sua iniciativa, mas também sobre alguma apreensão sobre a forma como estava organizada e como o dinheiro era gerido. 
Não tinha nada contra, nem a favor.
Não me opunha, nem apoiava.
Hoje, mudo a minha posição e irei apoiar, a GC 2 de todas as formas, caso se concretize, contribuindo para o fundo e incentivando outros.

E porquê?

A dúvida que tinha sobre a sua possível ilegalidade foi ultrapassada, os tribunais não a proíbem.
Apesar de ASPE e SINDEPOR terem rasgado o acordo de formas de luta em conjunto que tinham com o SEP, ao terem enveredado pela GC, sem lhes passar cavaco, apesar de achar ter sido uma sacanice oportunista, dou de barato, pouco me interessa. Esta greve não lhes pertence, pertence aos enfermeiros, como todas as outras. Mesmo a serem eles a decretá-la e porque era preciso que algum sindicato a decretasse, eu vejo esta greve como um movimento inorgânico, como pelos vistos agora se tem caracterizado. Não acredito em teorias da conspiração.
A GC, mesmo tendo o apoio incondicional da bastonária, figura onde não me revejo e por quem nutro uma antipatia significativa, pois já me atacou e provocou a nível pessoal, também dou de barato, pouco me interessa. Esta greve também não lhe pertence, apesar de lhe reconhecer mérito, porque tem dado o corpo às balas e não têm sido poucas. Mais uma vez não acredito em teorias de conspiração.
Outro motivo da minha mudança de posição prende-se com a classe médica, na representação do seu bastonário, que tem comprovado de facto, os fracos comentários que fui retendo, sobre a sua pessoa, principalmente no meu local de trabalho, onde ele também exerceu. Não pode garantir que não morram doentes devido à GC, diz o senhor, intensificando o alarmismo do povo e desviando as atenções de todos os lobbys médicos, com os quais se devia preocupar.
Fica-lhe mal, mas fazendo uma análise mais aprofundada, involuntariamente acabou por contribuir para a GC,  porque esta e todas as greves pretendem, de certa forma, fazer soar o alarme. Contudo seria bom que tranquilizasse o cidadão, referindo que a GC é às cirurgias programadas e quem define se um doente necessita de uma cirurgia urgente ou programada são os médicos, logo se alguém morrer a responsabilidade é de... ?
Por último, a minha mudança de posição ficou consolidada em definitivo quando, em pleno momento de luto da enfermagem, devido ao acidente com o helicóptero do INEM, a Sra ministra decide chamar os enfermeiros de criminosos. No dia seguinte telefona à ordem e sindicatos, pedindo desculpa e que o transmitissem aos enfermeiros. 
Muito prometia esta senhora, mas afinal é habilidosa. Da minha parte nunca terá perdão, porque não teve a humildade e a frontalidade de pedir desculpa publicamente,dirigindo-se a nós enfermeiros, sem intermediários, principalmente aos que estão sob pressão em greve.
A FENSE e o seu eterno líder também já deram sinais que se iriam aproximar da GC. Também não é de todo uma das minhas referências, mas também dou de barato, pouco interessa.
Quanto ao SEP, continua como sempre entre a espada e a parede. Se as negociações correm mal, o que é o mais provável pelo que se vê, serão os eternos culpados, os "Não me representam!" . Se há um volte-face e as negociações vão de encontro às nossas reivindicações, o que é pouco provável, será graças a GC/ASPE e SINDEPOR e não ao SEP.
Há o argumento de que estão em negociações, mas os resultados têm sido ridículos, o empastelar por parte do governo tem sido constante, muito pela ferrugem da (não) progressão. Mas também, pelos vistos há ministérios que negoceiam em plena greve. Com todos os sindicatos alinhados, não teriam muita hipótese de fechar portas.
O SEP terá que perceber a realidade . As greves convencionais não têm, nem tiveram os resultados que esperávamos e já passamos por imensas, a maioria já saturou.
Nenhuma, de todas as greves que me recorde, teve o impacto que a GC está a ter. Será inteligente desperdiçar este clima, esta fase e principalmente a determinação dos colegas dos blocos em greve?!
O SEP tem a sua estratégia há muito definida, dificilmente cede e se desvia dos objectivos traçados, porém a maioria dos colegas não vai compreender, nem aceitar isso. Assim prevejo que a próxima greve, na última semana de Janeiro, será ainda pior que a última de Novembro,caso não apoiem a GC.
Seria muito simples julgo eu, a parte complicada está feita. Bastaria apoiar. O efeito psicológico na classe e o tremor no Governo iriam ser imensos.
Faço um apelo a todos os sindicatos/movimentos, respeitem as perspectivas de cada um e ponham os orgulhos de lado.

Bom Natal meus amigos! 



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