sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Mortes nas Urgências - médico a solução, enfermeiro a besta


Olá Olá amigas e amigos! 
Tenho de facto andado desaparecido, não tenho tempo pra nada. Muito trabalho, muitos turnos... o que por um lado é bom, porque ganho muito dinheiro com as horas suplementares, mas por outro é mau, porque não tenho tempo para as lições de piano, fazer esqui alpino, ver a casa dos segredos, enfim... não dá.
Bom, tema do dia, ou da semana, ou da época: MORTES NAS URGÊNCIAS.
Primeiro ponto pessoal (e este é principalmente para os não profissionais em saúde). 
As pessoas anteriormente já morriam nas Urgências, ok? E morriam em espera. Aliás os doentes morrem todos à espera... à espera de melhorar, mas infelizmente não melhoram. Por vezes melhoram e principalmente nesta época, alguns vão para casa pior do que o que vinham. 
Estou a ser um bocado sarcástico, parvo até, mas é propositado, isto para que se perceba que, sim, ok, é mau o que se está a passar neste período, com as mortes de doentes em espera de observação, maaas coisaaaas máaaas aconteceeem durante todo o anooooo nas Urgências em Portugaaaal (parecia o ministro da economia agora, lembram-se?) Genial genial.
Mas ok, é melhor que nada, é bom que se fale, pelo menos agora. O que não aceito é a forma como tudo vem cá para fora, o jeito distorcido com que a comunicação social trata este assunto, colocando o médico como a solução e o enfermeiro como a besta. Mania da perseguição? Não! Vejamos. A falta de médicos é de facto um (e não o) grande problema, mas a falta de enfermeiros e acima de tudo a FALTA DE ASSISTENTES OPERACIONAIS, são efectivamente os outros grandes problemas. Para piorar o cenário, colocam o enfermeiro como um provável culpado do "crime" ao noticiar coisas do género: Doente com pulseira verde morre, depois de esperar 6 horas por um atendimento. A cor da pulseira é totalmente irrelevante para o problema. Os doentes morrem, não pela cor da pulseira que o enfermeiro atribui, mas sim pela deterioração do seu estado ao longo das várias horas de espera. Uma pulseira verde, neste caso, estabelece que o doente poderá esperar em hipotéticas condições de segurança durante 2 horas, tudo o que vem a seguir deixa imediatamente de ser da responsabilidade do enfermeiro da triagem. Depois há outra questão, que é exactidão, ou falta dela, da triagem de Manchester, mas isso são outras questões.
Resumindo, a solução para tudo isto passa apenas por dois conceitos: GESTÃO E RECURSOS, ou recursos e gestão, onde os recursos são multidisciplinares e a gestão é inteligente... Bem vou acordar agora..
Até breve amigos!
Só uma curiosidade pessoal, estão a ver a foto? Equivale a um vinte avos do corredor da Urgência de Viana... agora pensem

2 comentários:

  1. A foto só mostra 8 dos cerca de 40 e muitos doentes deitados em maca nesses dias... Não há ninguem bem, apenas uns pior que outros!

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  2. Alguém postou este post no meu facebook, pelo facto de ontem ter feito um comentário acerca de um hospital do Porto ter posto os enfermeiros a re triar ao fim de 2h… ou médicos a menos e enfermeiros a mais, ou pôr o enfº como bode expiatório (acredito mais nesta segunda hipótese) e, estranho…. nem ordem, nem sindicatos se pronunciam!!!! Só não sobra para os AO, pk não podem….

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