Actualmente, quer a nível interno, quer externo, somos conceituados. Já fomos elogiados publicamente por diversas individualidades e temos o respeito (da maioria) dos portugueses, lá fora a imagem é semelhante, já que somos requisitados por várias países, desde europeus a asiáticos.
Daqui a uns 10, 15 anos esta imagem vai começar a desvanecer e daqui a uns 20, 25 anos seremos enfermeiros medíocres. E porquê que tenho esta premonição?
É preocupante actualmente a qualidade dos alunos finalistas em enfermagem: conceitos teóricos muito fracos, postura, interesse e comunicação abaixo do razoável, destreza e capacidade técnica zero. Claro que há excepções, mas a maioria é assim.
As escolas têm responsabilidades? Têm também, porque parece-me que estagnaram na formação, desinvestiram no aluno. Será porque em poucos anos aumentaram exponencialmente o número de alunos admitidos (para depois irem para o desemprego)?
Actualmente o aluno quando lá chega, sejamos realistas, é um aluno a razar o medíocre, que entra para enfermagem com médias de 10, 11. É claro que este aluno pode tornar-se um excelente enfermeiro, mas também passou a tornar-se mais provável não o ser, comparativamente há uns bons anos atrás. Há uns bons anos atrás, entrava-se para enfermagem com médias de 15, 16 e até 17! É incontornável a diferença entre estes dois tipos de aluno, a nível de interesse, motivação, capacidade, conhecimento, postura, etc..
No meu tempo, nos estágios, havia maior investimento, interesse e iniciativa do grupo de alunos, havia também maior aproximação dos professores aos campos de estágio. Agora vê-mo-los apenas numa reunião inicial, intercalar e final, sem que o acompanhamento na prática tivesse sido feito, sem que se apercebessem sequer que um aluno finalista chega a um campo de estágio sem ter praticado técnicas básicas de enfermagem e pior que isso, sem ter noções de como é que elas são aplicadas.