A história que se segue é mais uma das crónicas estapafúrdias. Esta será porventura superestapafúrdia...
Era já de madrugada quando entra numa Unidade de Cuidados Intermédios um doente com Edema Agudo do Pulmão (EAP).
Para quem desconhece, um EAP é uma complicação respiratória grave, súbita, inesperada e emergente, na qual o doente tem uma sensação de morte eminente, com uma dificuldade respiratória extrema, devido à presença de liquido nos alvéolos dos pulmões. É tão emergente que é considerado um dos principais motivos de implementação de manobras de "life saving", que é o mesmo que dizer "despachem-se senão o doente morre".
Voltando atrás,
A enfermeira recebe o doente e a médica é chamada aos seus aposentos. Acorda da mesma forma que costuma passar o seu dia a dia hospitalar - mal disposta. Olha para o doente que, como na gíria de profissionais de saúde se diz, mais parecia um "peixinho fora de água" e revoltada com a interrupção do sono, descarrega:
ENTÃO VOCÊ VEM PARA AQUI A ESTAS HORAS ??!! É SEMPRE A MESMA HISTÓRIA! BLABLABLA BLABABA %YZXPO$7&QH JDBHJBFLKJD BLABLABLA ETC ETC ETC
É de facto lamentável que o doente não tivesse escolhido as 9:30 (de preferência depois do café da manhã) para manifestar o EAP.
Agora a sério, a meu ver só há uma solução: Acabem com as 24 horas de urgência nos médicos.
É mau para eles, é mau para todos nós (utentes do serviço nacional de saúde)