sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Curtas estapafúrdias Vol. XII


Você é enfermeiro ou é fantasia?

Esta foi a pergunta que um doente me fez.

Parece disparatada a pergunta, mas demonstra a resistência da lucidez contra o sub-mundo da fantasia, da alucinação, que grande parte dos doentes idosos experimentam, enquanto pernoitam num local estranho.

Eu disse-lhe que era o Robin dos Bosques... era preferível continuar a fantasia do que passar pela realidade.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Improvements no Serviço de Urgência


Da mesma forma que critico falhas no nosso Serviço de Urgência, (ainda há pouco tempo, uma delas estava neste post), devo realçar também as boas mudanças. 
Já se pode voltar a circular no corredor do Serviço de Urgência de uma forma menos caótica. 
Pelo menos não há tantos obstáculos de largo volume (camas) de um e de outro lado do corredor. Voltaram as macas, que ao parece, são novas e por enquanto parecem eficientes. 
Evidente que é mau ter macas no corredor, mas camas seria muito pior. 
Outra boa mudança prende-se com a vigilância hemodinâmica do doente, agora já temos muitos mais monitores, tanto na Admissão de utentes (1ª observação), como na Unidade Polivalente (internamento da Urgência). Para quem não é da área, um monitor apresenta o ritmo cardíaco, dá-nos valores de tensão arterial e dá-nos sinais de como o doente está a respirar, entre outras coisas.

 Viana não tem um serviço de urgência de top, mas alguns passos estão a ser dados.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Enfermeiros, o que é que dizem os vossos olhos?


Depois de mais de 25000 visitas ao post anterior, com a entrevista no Alta Definição de Daniel Oliveira ;) achei que deveria dar continuidade a esta ideia, que pelos vistos, para minha alegria, pegou.
Fica uma compilação dos "gostos" e "não gostos" de todos os colegas que aderiram. 
Ahhh! E hoje surgiu-me uma e acho que muita gente se vai identificar:


"Gosto muito de trabalhar quando joga o Benfica. Por duas razões: evito o sofrimento de ver o jogo e o serviço naquelas duas horas fica muito mais calmo, pois só lá estão os verdadeiros doentes."



Lembrem-se que tudo isto se trata de gostos e gostos não se criticam, quanto muito, comentam-se.



Então aqui vai:




Não gosto de depois de 3 dias seguidos com 17hr de trabalho em cada, fazer o meu melhor com os recursos que tenho e ainda ouvir:"não sei porque se queixam (os enfermeiros) afinal sou eu (com os meus descontos) que vos pago o chorudo ordenado"

Gosto da diferença que gestos simples, como OUVIR, fazem toda a diferença.

Não gosto de estar ausente em datas especiais.

Gosto de sentir, mesmo que de quando em vez, que vale a pena.

Não gosto de correr contra o relógio, e ainda assim sentir que muito ficou por fazer.
Gosto de sentir que, mesmo que não o consiga com todos, marquei diferença na vida de alguém.

Não gosto de querer estar com família e amigos, e não conseguir por horários constantemente contrários.

Gosto de GOSTAR DO QUE FAÇO... mas NÃO GOSTO NADA de sentir o que me vai na alma e que pode deitar por terra a vontade de ser ENFERMEIRA... e sim, não me pagam para ser Enfermeira...

Eu gosto de pessoas que fazem o seu trabalho de acordo com as suas competências. 


Não gosto de pessoas que criticam os outros mas não fazem uma reflexão profunda sobre o seu Eu... é mais fácil ter uma palavra negativa sobre os outros que uma positiva...

Não gosto de ver desperdiçar tempo e ouvir dizer "não tive tempo"

Gosto de sentir que dei tudo de mim nas situações mais complexas.

Não gosto de "empatas" e irresolutos nas tomadas difíceis de decisão.

Gosto das palavras "Bom dia" , "Como estão as coisas?", " Precisas de ajuda?" e "Obrigado"

Não gosto que me ignorem , fingindo que não me estão a ver e se esqueçam das minhas funções.

Não gosto quando enfermeiros, médicos e assistentes operacionais querem ou se vêm obrigados, ou obrigam a substituir-se em funções para as quais não estão qualificados nem mandatados.

Não gosto de arrogâncias nem manias de superioridade seja de quem for.

Não gosto de ouvir "eu é que tenho de andar a fazer o seu trabalho" especialmente dito na frente de utentes.

Gosto de entrar e sair nas horas estipuladas pelas escalas.

Não gosto de ver "fugas" ao serviço, incumprimento de escalas nem turnos continuados na impossibilidade de substituição de alguém por carência de recursos.

Não gosto quando tratam o doente por "oh meu amor" ou "oh meu anjo", ou quando dizem "vá-se queixar a...", "não há pessoal", "não há roupa", "cale-se, para fazer o filho não gritou assim" e detesto quando pura e simplesmente ouvem o doente a chamar e pura e simplesmente fingem não ouvir, viram as costas e ignoram.

Não gosto dos calaceiros que passam a vida a queixar-se quando está nas mãos deles parte da resolução dos problemas.

Não gosto de hierarquias prepotentes nem de compadrios oportunistas.

Gosto de respeitar as hierarquias quando se dão ao respeito.

Não gosto de pessoas que dizem coisas antagónicas em diferentes contextos, quer dizer não gosto de pessoas mentirosas.

Gosto de gerir conflitos retirando deles o melhor para a dignidade do relacionamento e para humanização das práticas.

Não gosto de ver o incumprimento das regras básicas de triagem de resíduos.

Não gosto quando as pessoas falam alto, excepto quando para alguém que ouve mal.

Não gosto de dar más notícias.

Gosto de receber elogios relacionados com a minha comunicação, desempenho, apresentação e organização.

Não gosto quando trocam uma fralda cheia de urina e não lavam a área detesto ver pessoas com fralda só por comodismo funcional porque não há pessoal suficiente para um atendimento humanizado. Detesto ouvir dizer "faça na fralda" a pessoas capazes de utilizar um urinol ou arrastadeira se lha chegassem.

Não gosto de "favores" porque as coisas devem funcionar dentro das competências profissionais num ambiente e espírito de partilha e colaboração profissional.

Não gosto que as chefias sejam as principais culpadas dos principais problemas que se vão passando nos serviços,

Não gosto de pensar que, além das chefias, pessoas que acham também que mandam no serviço vão causando conflitos com disses que disses e vão hostilizando os demais elementos da equipa, como bullying se tratasse. 

Não gosto que a televisão, e em especialmente numa determinada telenovela em horário nobre, dá a imagem de enfermeiros fornicadores com médicos/ enfermeiros maus como às cobras, prontos a lixar o próximo, devido ás suas frustrações, quiçá;

Não gosto de saber que colegas licenciados em enfermagem, mas nunca enfermeiros porque ainda não tiveram a oportunidade de o serem estejam a pagar 10 euros de cotas mensais;

Não gosto, não... detesto pensar que eles têm apenas oportunidades fora do país... e quando as têm, têm a certeza que Portugal é um destino de férias;

Não gosto que ostracizem colegas, que tal como eu, já não querem ser mais enfermeiros, como se de Judas nos tratássemos; 

Não gosto que ainda haja a mentalidade tacanha popular do que o enfermeiro não passa de um mero empregado do médico.

Não gosto do "ai não gostas das condições que te damos? Olha que há gente que não se importava nada de estar no teu lugar!"

Não gosto de ter noção que passámos quatro anos num curso com cadeiras "da treta" em vez de adquirir bases bem mais consolidadas em cadeiras bem mais importantes.

Gosto de um sorriso sincero como gratificação de alguém a quem disse “em que posso ajudar?” “Bom dia, sou o seu enfermeiro durante as próximas 8 horas, disponha…”; “A sua filha ligou e mandou-lhe um beijinho”; …

Gosto mais de fazer, mais do que mandar fazer;


Não gosto do egoísmo e do facilitismo;


Não gosto de pó, manchas e lixos nos cantos e brechas;


Gosto do material arrumado;

Gosto de falar baixo e ser ouvido e que me falem baixo.


Gosto de perceber o porquê de tomadas de decisão.


Não gosto de quem fala muito, mas não faz nada;


Não gosto da área da psiquiatria


Não gosto de horas extraordinárias programadas!


Gosto de quem ensina dando um bom exemplo


Não gosto de vassalagem;


Não gosto de errar, mas erro…


Gosto de uma morte tranquila;

Não gosto da dor, do pânico e da solidão;


Gosto da firmeza das decisões;


Não gosto da indiferença à pessoa (doente/família/colaborador)


Não gosto de por “bolinhas” em centenas de intervenções;


Não gosto de leite branco e achocolatado nas ceias, e do pão duro;

Gosto de pessoas que compreendem os momentos de maior fragilidade de quem está doente.


Não gosto de ver "cegueira" no cumprimento de procedimentos.


Gosto de pessoas que tomam os procedimentos como meios para atingir os objectivos e não como fins em si mesmo.

Gosto de pessoas que cumprem integralmente as suas funções mesmo nos locais mais ermos onde sabem que ninguém os está a ver.


Não gosto de pessoas bem comportadinhas só porque estão próximos do Big Brother.


Gosto de pessoas que se consideram em aprendizagem permanente.


Não gosto de pessoas que acham que sabem tudo e não têm nada para aprender.

Não gosto de pessoas que me atiram "cascas de banana" usando "má-fé"

Não gosto da cobardia daqueles que receiam confrontar as autoridades institucionais com os verdadeiros factos.


Não gosto de enfermeiros arrogantes que se servem da razão da força sem saber usar a força da razão.



O que é que dizem os teus olhos?

Dizem que estou momentaneamente infeliz pela forma como somos tratados pelo poder mas ainda tenho a esperança de ver dias melhores.

O que dizem os teus olhos?

Pessimismo...

A lista está aberta... quem quiser é só continuar

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Guilherme de Carmo no Alta definição!



Em dia do meu aniversário (já nem me lembrava... e por isso o meu muito obrigado a quem me felicitou, na minha página do facebook) ofereço-vos um excerto da entrevista que o Daniel Oliveira do Alta Definição me fez!
Fica aquela parte em que ele pergunta "o que é que gostas e o que é que não gostas" e eu acrescento... em contexto profissional.


Gosto de ter tempo para fazer com calma, aquilo que deve ser feito.

Não gosto da sensação de bloqueio em situações mais complexas.

Gosto das palavras "Bom dia" e "Obrigado"

Não gosto quando enfermeiros querem substituir o médico e quando enfermeiros se vêm obrigados a substituir o médico.

Gosto de sair às 8:30 da manhã e ver as pessoas ir para o trabalho e eu para a cama.

Não gosto quando tratam o doente por "oh meu amor" ou  "oh meu anjo".

Gosto do espírito de equipa.

Gosto de uma assistente operacional que se antecipe, que não seja necessário dizer-lhe o que é preciso fazer.

Não gosto de médicos indelicados ou arrogantes.

Não gosto daqueles que só se sabem queixar, mas que afinal de contas são uns verdadeiros calaceiros.

Gosto de ver uma boa liderança, no dia a dia e em situações de emergência.

Não gosto quando não se tem nenhum cuidado com reciclagem.

Não gosto de tricotomias

Gosto de trabalhar quando chove torrencialmente (excepto na área de trauma).

Não gosto quando as pessoas falam permanentemente alto, como se tivessem a falar para alguém que ouve mal.

Não gosto de comunicar por telefone, a morte de um doente, ao seu familiar.

Gosto de saber ter a capacidade de valorizar um bom trabalho.

Não gosto quando trocam uma fralda cheia de urina e não lavam a área.

Não gosto quando tenho que sugerir algo a um médico em benefício do doente e inconscientemente parece que estou a pedinchar algo... como se fosse para mim ou para os meus.


Guilherme o que é que dizem os teus olhos?

Dizem que não me pagam para ser enfermeiro.

E tu? Do que é que gostas e o que não gostas?

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Greve 24 e 25 Setembro - Cala-te de uma vez por todas e acorda pra vida!


A todos as enfermeiras e enfermeiros que repetidamente dizem coisas do tipo:

"Eu não faço greve porque não serve de nada"
"Eu não faço greve porque não estou para perder o dinheiro"
"Eu não faço greve, porque a greve devia ser por tempo indeterminado"

Apenas digo e que me perdoem os mais sensíveis:

CALEM-SE! Tenham vergonha na cara e ponham a mão na consciência! Se todos pensassem como vós, como haveria de ser??! Seria a vergonha total! Ainda bem pior estaríamos!
Ficas a aguardar por resultados, com os esforços de outros?!
Não serve de nada é ir trabalhar caladinho, ou ficar em casa quando há manifestações!
Estás sempre a lamentar-te e não fazes greve??! Cala-te de uma vez por todas e acorda pra vida!
É por causa do dinheiro?? Não sei se sabes mas vais recuperá-lo caso faças os mínimos.
Devia ser por tempo indeterminado?? Ia ser bonito... tão mal ficaríamos... somos uma classe de cobardes e donas de casa!

Hoje é assim, doa a quem doer!
O eterno grevista não enfia a carapuça!

sábado, 30 de agosto de 2014

Greve em Viana - uma (metade) vergonha...


Os números da greve (85%) até que foram bons, mas a manifestação foi uma vergonha.
Por motivos pessoais, desta vez não consegui estar presente, mas pelo que vi e pelo que soube, apenas meia dúzia de colegas deram a cara, sem receios de aparecer na tv. Grande parte dos colegas eram do CS e P. Lima, do hospital, que representa a maioria, estavam pouquíssimos... vergonhoso!
É por estas e por outras que somos uma classe que não vamos a lado nenhum!
Era uma oportunidade única de aparecer, de mostrar ao país a nossa indignação!
Era uma oportunidade única de aparecer nos canais de TV e dizer aos portugueses os motivos da nossa insatisfação e dos atropelos na saúde.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Greve de enfermagem na ULSAM - O que achas?



Que eu tenha memória, penso que será algo inédito.
Dia 28 e 29 deste mês, todos os enfermeiros de toda a Unidade Local de Saúde do Alto-Minho (ULSAM), terão oportunidade de se fazerem ouvir, terão oportunidade de manifestar toda a sua indignação e sentimento de injustiça e desconsideração.

Achei oportuno abrir este espaço para discussão.
Concordas com o formato desta greve? Quais as expectativas?
O que estás disposto a fazer?
Aderes à greve?

Quantio a mim, concordo plenamente com o formato desta greve, as expectativas não são altas, mas esta greves que se têm vindo a fazer de norte a sul, já estão a ter grande eco na opinião pública.
Eu estou disposto, como sempre, a lutar pela dignidade da nossa profissão, pela justiça relativamente a questões monetárias e acima de tudo pela segurança e qualidade de cuidados.
Aderir à greve? Sempre! Enquanto não achar que estejamos onde deveríamos estar, ou seja, enquanto não nos reconhecerem como licenciados.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

A minha resposta à ignorância do Ministro sobre a exaustão dos enfermeiros


Mesmo sem fazer nada pela enfermagem via o Ministro da saúde como alguém dotado intelectualmente, com um discurso seguro e ponderado. Como prova disso mesmo, o seu nome ja avançou por um par de vezes para outros altos cargos.
Esta imagem desvaneceu a partir do momento em que diz que a "exaustão dos enfermeiros se deve a trabalho no público e privado". A partir deste momento passou a ser alguém precipitado, injusto (já o era) e acima de tudo ignorante, alguém sem capacidade de se informar sobre a verdadeira realidade dos problemas da enfermagem, problemas esses que, por muito que não pareça, são da sua responsabilidade.
Mais uma vez vou tentar entrar em contacto com o senhor pra lhe explicar que:

Se há enfermeiros que acumulam, ou têm mais que um emprego, para ser mais preciso, é porque o Sr Ministro o permite e é porque eles assim o entendem. Cada qual sabe da sua vida. Se quiser evitar este fenómeno coloque contratos de exclusividade. Mas isso iria ser complicado sr ministro, porque depois teria que se mexer nos médicos e não seria muito conveniente, ora não?!
O número de enfermeiros que têm mais que um emprego é insignificante em comparação com a grande maioria que tem um, por isso Sr ministro, ao analisar os problemas da classe não fale em minorias.
Um enfermeiro que acumula empregos fá-lo, não porque tem prazer em trabalhar largas dezenas de horas por semana e estar ausente de casa, fá-lo porque ganha mal com um emprego apenas, fá-lo porque quer outra estabilidade para a sua família.
A maioria dos enfermeiros onde eu me incluo, não tem mais que um emprego, mas acumula funções, (tal como escreveu um colega num interessante texto que circulou e cujo nome não encontro), somos enfermeiros e por diversas vezes somos administrativos, auxiliares e médicos, simplesmente porque há desorganização e falta de pessoal em todos os sectores.
Tenha respeito pelos enfermeiros, pare de dizer asneiras e comece a trabalhar para dar maior segurança e motivação à classe!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

75% dos enfermeiros à beira da exaustão emocional


Mais de dois em cada três enfermeiros estão à beira da exaustão emocional. As condições de trabalho são cada vez piores e muitos, se pudessem, mudariam de profissão. As conclusões são de um estudo realizado em Portugal pela Universidade Católica. (notícia SIC)


Se por um lado fico satisfeito ou aliviado talvez, por investigadores com créditos, exporem aquilo que nós bem sabemos há muito, por outro lado já enerva vermos estudos e mais estudos sempre a falar dos problemas dos enfermeiros e tudo continuar igual.

Se no inicio deste Blog o título causou alguma celeuma, hoje em dia pelo que se confirma pelo estudo, começa a fazer todo sentido.

O PDDSE já fala nisto desde 2008, desde o ano do seu início! Mas parece que ninguém nos ouve...
Aqui ficam alguns posts sobre o assunto:

Agressões/assédio moral - uma nova epidemia (Out 2008)

(Dis)stress em enfermagem (Nov 2008)


Ganhem juízo (Nov 2009)

Nervos à flor da pele (Nov 2009)



Bom acho que vou ficar por aqui senão a lista não acaba, vendo bem, mais de metade dos posts deste blog abordam este tema... não fosse este uma das causas do blog..




sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Encerramento de valências no Hospital de Viana?



O mandato deste ministro da saúde vai ficar marcado pelas abruptas reformas, encerramento de valências, encerramento de SAPs, serviços de urgência, etc e cortes brutais na despesa que trazem graves repercussões em doentes com patologias crónicas.
Todos tivemos efectivamente noção que isto iria acontecer, que a saúde iria sofrer, mas talvez não esperássemos esta intensidade, esta razia.
Mais surpreendidos ficámos com o facto de a saúde ser o sector mais atingido pela crise em Portugal. Alguém percebe porquê? Será que está a ser um exagero desmesurado? Ou será que alguns encerramentos fazem sentido? São estas as minhas duvidas. Não tenho consciência exacta das estatísticas no nosso hospital, mas tenho a percepção de que (p.e) o Serviço de Obstetrícia faz todo o sentido, mas o mesmo já não poderei dizer em relação ao Serviço de Neonatologia, que anualmente apresenta um número demasiadamente curto de internamentos. 
Poderei estar enganado e poderei ferir várias susceptibilidades, mas é esta a minha percepção, é isto que tenho ouvido até por pessoas da área. 
Seria viável uma fusão do Serviço de Pediatria com Neonatologia? Não sei... alguém entendido na matéria que se pronuncie. 
 Mesmo assim eu sou contra o encerramento radical de valências no nosso hospital, apesar de concordar que, aqui, alguns parênteses poderão ser colocados.

sábado, 26 de julho de 2014

IS THIS THE WORLD WE CREATED? - para que ninguém esqueça



Dr. Mads Gilbert com uma jovem vítima das Forças de Ataque de Israel que os judeus consideram “o exército mais ético do mundo” durante a operação Protective Edge — Limite Protetor — de Julho de 2014.

A carta abaixo foi escrita de Gaza pelo médico voluntário norueguês Dr. Mads Gilbert, PhD e professor e chefe da Clínica de Emergência do Hospital Universitário no norte da Noruega. O Dr. Mads escreve:.

Queridos amigos

A noite passada foi terrível. A invasão por terra da faixa de Gaza pelas forças de Ataque de Israel resultou numa multidão de pessoas aleijadas, arrebentadas, sangrando, tremendo de frio e morrendo — isso inclui todo tipo de palestinos feridos, de todas as idades, todos civis, todos inocentes.

Os heróis que dirigem as ambulâncias e todos os hospitais na faixa de Gaza estão trabalhando em turnos de 12 a 24 horas, e mostram rostos cansados e estão fatigados pela carga desumana de trabalho. Os motoristas de Shifa estão há quatro meses sem receber seus salários, mas mesmo assim cuidam, fazem triagens e tentam entender o caos incompreensível causado pelos corpos, tamanhos, partes de corpos humanos, pessoas capazes de andar ou que não são capazes de andar, pessoas que estão respirando ou que pararam de respirar, pessoas sagrando e pessoas que não estão sangrando. Em uma palavra: HUMANOS! SERES HUMANOS! Mas todos esses seres humanos estão NOVAMENTE sendo tratados como ANIMAIS por um grupo fardado de assassinos que se considera “o exército mais ético do mundo”. Existe mesmo algo muito doentio na mentalidade israelita.

Meu respeito pelos feridos é infinito, por causa da determinação contida que demonstram no meio da dor, da agonia e do choque. Minha admiração pelos auxiliares e voluntários também é infinita. Minha proximidade com os “sumud” palestinos — pessoas que estão arraigadas na terra — me dá forças, apesar de que existem momentos em que eu quero gritar, segurar-me firme em alguém, chorar, cheirar a pele e os cabelos de uma criança “morna” coberta de sangue, e nos proteger a nós mesmos num abraço sem fim — mas nós não podemos nos dar a esse luxo e nem eles também.

Rostos cinzentos — Oh! Não! Não outro grupo de dezenas de aleijados e ensanguentados, que criam um verdadeiro lago de sangue no chão da sala de emergências. Pilhas de bandagens encharcadas de sangue pingando que precisam ser removidas e trocadas — Oh! — o pessoal da limpeza, por todos os lados, limpando o sangue e recolhendo bandagens, pele humana, cabelos, roupas e cânulas — as sobras da morte — tudo levado embora para que possam estar prontos novamente para repetir, outra vez, todo o processo.    

Mais de 100 casos chegaram em Shifa nas últimas 24 horas que é uma quantidade de vítimas que deveriam ser atendidas em um grande hospital bem equipado, mas aqui, — não temos quase nada: falta electricidade, água, materiais descartáveis, remédios, mesas para cirurgias, instrumentos cirúrgicos, monitores — tudo está enferrujado e parecem objetos de algum museu hospitalar de dias passados. Mas as pessoas aqui não reclamam, esses heróis. Ele seguem adiante, como guerreiros, indo ao encontro do problema com uma resolução enorme.

E enquanto escrevo essas palavras para vocês, sozinho em uma cama, minhas lágrimas correm, lágrimas mornas, mas inúteis de dor e tristeza e medo. Digo a mim mesmo: isso não está acontecendo!
E então, agora mesmo, a orquestra da máquina de guerra de Israel dá início a sua nefasta sintonia, outra vez: tiros de artilharia pesada vindos do mar dos barcos de guerra israelenses, o barulho ensurdecedor dos caças F-16, o barulho doentio dos drones — são chamados pelo árabes de “Zenanis” os murmuradores — além do inúmeros helicópteros apaches. A vasta maioria desse material foi fabricado e servido pelos Estados Unidos da América para Israel.

Sr. Obama — você tem um coração?

Eu te convido — venha passar uma noite — apenas uma noite connosco aqui em Shafir. O senhor poderia vir disfarçado com alguém da limpeza, talvez.

Eu tenho plena convicção que sua atitude poderia mudar a história.

Ninguém que tenha um coração e detenha poder conseguiria se afastar das imagens de uma noite em Shifa, sem assumir a determinação de dar um fim a essa matança do povo Palestino.

Mas os indivíduos sem coração e sem misericórdia já planearam outra “dahyia” — a doutrina da Dahyia é uma estratégia militar estabelecida pelo general israelita Gadi Eizenkot e diz respeito a uma guerra assimétrica em áreas urbanas, na qual o exército, de forma deliberada, procura destruir a infraestrutura civil, como um meio de infligir enorme sofrimento na população civil para estabelecer a detenção de todos. 
Os rios de sangue continuarão correndo hoje a noite. Eu posso ouvir os assassinos afinando seus instrumentos de morte.

Por favor, façam o que for possível. Isso, ISSO não pode continuar.

Mads

Gaza, Palestina Ocupada.

Dr. Mads Gilbert, PhD.


PERANTE TUDO ISTO A MINHA BOCA FICA SECA, A PELE GELADA.... O ASSASSÍNIO DE CRIANÇAS... VITIMAS INOCENTES, UMA GUERRA SEM FIM, MOVIDA PELO ÓDIO, PELA ESTUPIDEZ, PELA RELIGIÃO...
E O MUNDO PERMITE...
O MEU RESPEITO POR ESTE MÉDICO E TODOS OS OUTROS MÉDICOS, ENFERMEIROS, AUXILIARES E SOCORRISTAS QUE DIARIAMENTE VIVEM UM FILME DE TERROR, COLOCANDO AS SUAS PRÓPRIAS VIDAS EM RISCO, PARA TENTAR SALVAR UMA VIDA
PERANTE TUDO ISTO SÓ ME VEM A CABEÇA ESTA MÚSICA... DO MELHOR CANTOR DE TODOS OS TEMPOS

terça-feira, 15 de julho de 2014

Opiniões XI - Desabafos de assistentes operacionais

Sei que não é nestes comentários que devia escrever o que me vai na alma. Não sei como escrever em outro sitio. O que se passa no hospital com os serviços gerais é de outro mundo que não aquele em que vivo. Eu pergunto a mim mesma e já agora a quem souber, por favor, responda: - a que se deve a falta de assistentes operacionais? As escalas não têm número suficiente de assistentes operacionais para as encarregadas as fazerem. O porquê de haver assistentes operacionais no meu serviço a aguardarem há meses, em casa, a renovação dos contratos, quando se vê funcionários de outras classes a serem contratados. É loucura total a exigirem das encarregadas os rácios, quando é visível que não têm assistentes operacionais para manterem esses rácios. Por favor respondam-me, de quem é a responsabilidade destas situações. Sei que por vezes são atacadas porque nos põem cinco dias seguidos a trabalhar, mas faço mea culpa elas não conseguem. Não há alguém do conselho de administração que veja o que se está a passar? É uma súplica que faço, por favor não nos devorem. Somos funcionários que temos o valor que temos, para alguns nenhum, mas temos, mas por vezes dou por mim a pensar será que temos? ou será que só nos querem para limpar o chão? mas quando alguma de nós falta cai o Carmo e a Trindade. Quando há quinze anos entrei para o hospital, o médico, o enfermeiro e a auxiliar eram uma equipa onde todos se respeitavam, todos trabalhavam em equipa, hoje somos meros números e poucas. Será que somos pessoas ou animais? Se alguém souber responda, se for eu a responder, respondo animais.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Carjacking no parque do Hospital



Na passada 4ª feira, uma colega do Serviço de Pediatria foi vítima de carjacking em pleno parque de estacionamento do Hospital de Viana.
O criminoso levou-lhe o carro, sob ameaça de uma faca e consta que a coisa só não correu pior, porque a colega teve a coragem de um confronto verbal, evitando dessa forma o rapto que estaria planeado. 

Fuga à Hollywood, com barra pelos ares, mas o meu ver o bandido até podia ir a 20 à hora e tocar na campainha ao segurança para abertura da barra, pois não havia ninguém para o apanhar (e mesmo que houvesse não o apanhavam certamente), ou câmara para o mostrar... (pelo que se fala, a câmara das barras está apontada para os pés do condutor... acho estranho, mas já acredito em tudo).

A Administração foi lesta em reunir com a PSP para encontrar formas de aumentar a segurança e a PSP supostamente estará a investigar... (vamos acreditar que sim). Mas.........

Depois de todo este filme, algumas questões perturbam-me...
Quem vai assumir os danos materiais e psicológicos desta enfermeira? Não sou perito em direito mas, na minha opinião, a responsabilidade deve ser do hospital. O hospital será responsável pela segurança dos seus funcionários em todo o perímetro hospitalar e isso obviamente engloba o parque.

Devemos ficar preocupados colegas. A nossa profissão já é de risco elevado, a segurança intra-hospitalar já está fortemente comprometida no nosso dia a dia e agora parece que até a "peri-hospitalar" está em risco.

Os avisos já tinham sido vários. Os assaltos a viaturas no parque já aconteceram e por mais que uma vez. O parque é um local mais que apetecível para os criminosos, há poucas ou nenhuma câmara, tem locais de fraca ou nenhuma iluminação, há horas em que o movimento é nulo ou quase nulo e qualquer pessoa tem acesso ao parque quer por norte, sul, este ou oeste.

Porque razão então não se tomaram medidas? O que é que vai ser feito agora? O que é que vai sair da reunião entre a PSP e a administração? Umas "rondas" da PSP de vez em quando pelo parque? Será que isso vai resolver? Evidente que não. É necessário analisar o problema de raiz, são necessárias obras para vedar o livre trânsito no parque, aproveitavam e alargavam-no, porque estacionar neste parque é uma aventura. Por muito que custe a muita gente, as entradas e saidas do perímetro do hospital, deverão ser limitadas, controladas e vigiadas.
Ajam!!... a fim de evitar uma tragédia maior

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Cheira-me a esturro

Olá, olá!
Alguem sabe detalhes da empresa de contrataçao de assistentes operacionais para o hospital?
É que andam por ai uns comentários de que essas empresas são geridas por funcionários cá da casa.
Ao que vejo, neste país, ja acredito em tudo...

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Gincana no Corredor do Serviço de Urgência


Grande parte das macas do corredor do Serviço de urgência foram substituídas por camas modernas e aparentemente mais cómodas para o doente.
Louvámos a intenção de quem tomou tal decisão, de facto os doentes que continuam a permanecer longas horas a fio, no corredor, merecem pelo menos, menos desconforto.
No entanto há algo importante a relembrar a quem tomou tal decisão: Leis da física.
Se já anteriormente, com as macas encostadas à parede, de um e de outro lado do corredor, seria tarefa difícil para os Assistentes Operacionais, passarem com os doentes em maca ou cama, num corredor carregado de obstáculos, tornou-se agora por razões físicas, quase impossível.
O princípio básico de que um corredor de um Serviço de Urgência deva estar desimpedido para situações de emergência, desapareceu agora com esta mudança.
Por vezes temos as melhores das intenções, mas como dizia o outro, "é preciso ber! Ber!"
Finalizo questionando se camas no corredor, não será também um convite para deixar os doentes no Serviço de Urgência...

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Reparos do Utente - Hospital de Braga

  1. Já tive oportunidade de ser atendido em vários hospitais diferentes do pais. A experiência que tive no Hospital de Braga foi a pior de todas.

    No Hospital de Braga existe uma grande desorganização bem patente. Falta de sinalização adequada dos diferentes serviços e funcionários antipáticos, desde os que estão ao balcão a receber as pessoas até aos médicos que as tratam.

    Infelizmente tive que recorrer a diferentes serviços e fiquei muito mal impressionado. Vai-se para uma fila antes de ir à consulta e depois da consulta tem que se ir novamente para a mesma fila para validar os papeis ( receitas, próxima consulta, etc.). Por vezes depois das cinco, após a consulta, já não está ninguém ao balcão (apesar de existirem vários médicos a dar consulta), e isso pode significar ter que regressar ao hospital no dia seguinte para validar os papeis ou pedir alguma informação adicional. O telefone não funciona. Ninguém atende o telefone no Hospital de Braga. Já fiquei um dia inteiro a tentar ligar de 10 em 10 minutos sem sucesso. Toca toca e ninguém atende.

    O pessoal que está nos balcões a receber as pessoas no Hospital de Braga por vezes é muito antipático, a um simples pedido de informação por vezes reagem mal, respondendo de uma forma completamente inadequada. O Hospital funciona mal, está mal sinalizado, por vezes é preciso perguntar o que se deve fazer, em que zona de espera esperar, qual foi o nome que foi chamado pelo intercomunicador (o sistema de som funciona mal, muitas vezes não se percebe qual o nome que estão a chamar) etc. Os utentes não sabem estas coisas, principalmente se é a 1ª vez. Da forma como os funcionários respondem parece que os doentes são obrigados a adivinhar.

    Certos profissionais de saúde, em algumas zonas do Hospital, podem ser encontrados na cavaqueira uns com os outros. Aconteceu-me isso quando me mandaram entrar num dos corredores e procurar a enfermeira de serviço. Esta estava numa animada conversa com uma colega do serviço. Quando me apresentei, e disse que ia fazer um exame, levantou-se com um ar muito contrariado e lá foi para o gabinete do médico onde eu ia fazer o exame. Noutra situação foi preciso ir buscar o meu processo pois não estava em poder do médico que fazia a consulta. A auxiliar não estava ocupada mas também foi contra a vontade ao outro piso buscar o processo. Ao regressar ainda desabafou com o médico, dizendo que não devia ter sido ela a ir buscar o processo, porque quando chegou lá abaixo os colegas daquele serviço estavam na conversa e podiam muito bem ser eles a trazerem o processo. Mas que desorganização, inércia, falta de vontade de trabalhar, e tanto costume de passar o tempo a conversar em vez de trabalhar... E os contribuintes a pagar!

    Alguns médicos atendem os pacientes sem o mínimo de consideração nem profissionalismo. Foram contratados médicos da América Latina, que me deixaram muitas dúvidas quanto à sua competência. Porque? Porque não gostam de explicar as suas decisões e conclusões. Ora o doente tem o direito de saber da sua situação, de qual o diagnóstico, dos fundamentos médicos, etc. Penso que um dos piores médicos que anda ali é o diretor do serviço de Urologia. Evitem este médico. Parece um animal de tanta insensibilidade. Trata os doentes como coisas. Cuidado, muito cuidado. Este senhor nunca devia ter seguido a carreira de médico. Este apesar de ser português também não gosta de explicar nada aos doentes. Não cumprimenta o doente com um Bom dia ou Boa tarde. Quase que não dirige a palavra ao doente nem gosta que este lhe dirija a palavra. Deve ser bruxo e adivinha o que o paciente tem sem sequer saber muito bem do que ele se queixa. Quem realmente sabe o que está a fazer não tem problemas em responder às dúvidas dos doentes, mas este individuo reage mal a perguntas, parece que se sente questionado... Fujam deste médico, é o meu conselho. No Hospital tratam-no por "professor". Se ensina em alguma universidade isso talvez explique as manias que ele tem, mas sinceramente não é bom ter um "médico" destes a ensinar outras pessoas... Que médicos vamos ter no futuro com professores destes?
  2. Mas é que se estas pessoas fossem antipáticas mas fossem competentes ainda se admitia... mas parece que nem isso...
    Dos exames que fiz dois deles correram nitidamente mal. Num deles era preciso que o acessório que foi aplicado vedasse em contacto com a pele, o que não aconteceu. Não aconteceu porque tinham falta de alguns tamanhos daquele acessório (mesmo assim a técnica deu o exame por concluido com sucesso e produziu um relatório como se nada fosse). Noutro exame um dos drenos que me foi aplicado acabou por sair numa altura critica em que o equipamento efectuava algumas leituras (apesar de não ter corrido muito bem, o exame não foi repetido e foi produzido um relatório que mais uma vez não referiu que o dreno saiu). Como podem imaginar fiquei com muitas reservas quanto ao resultado daqueles exames... os médicos que mandaram fazer os exames disseram que em face dos resultados estava tudo bem... e eu continuei com os sintomas sem que as causas fossem descobertas, ou fosse feito um diagnóstico para que o problema fosse resolvido. Quem sabe uns exames bem feitos permitissem resolver o meu problema de saúde...

    Agora vivo noutra cidade, já tive que me servir do Hospital daqui e para já não tenho razões de queixa. O Hospital de Braga deixou-me uma péssima impressão, lamento dizer isto mas é a verdade!
Por um utente (como todos nós somos)
Carlos Mota

segunda-feira, 28 de abril de 2014

reduzir as quotas!!!


Já há muito que andava para publicar este comentário de um colega, sobre o absurdo que pagamos em quotas para a Ordem dos Enfermeiros. Eu já há muito que deixei de pagar quotas e só o farei ou no final de cada ano, ou quando precisar. Estou farto de andar a pagar para coisas inúteis
Aqui fica a ideia do colega:

Viva Guilherme. Parabens por este post, nada poderia ser mais oportuno.
Está na altura de pensarmos global (nacional) e agirmos local (individualmente).
Passo a explicar-me.
Tenho falado com alguns colegas e a grande maioria está de acordo com a necessidade de reduzir as cotas.
Eu e alguns colegas já o começamos a fazer. Desde o inicio do ano que colocamos num envelope o dinheiro da cota mensalmente. Se só pagarmos no final do ano (em Dezembro) isto vai implicar um estragulamento da Ordem em termos finaceiros e vai obriga-los a ir á bolsa do que já amealharam e repensar os gastos que têm tido.
Repara:
1º - Por mês entram na Ordem cerca de €10,00*41000 membros = €410.000,00.
O quê?!?!?!?! Cada mês em cotas são mais de €400.000????
Em qualquer banco a um juro de 3 a 4% (esta quantia permite negociar juros especiais de 4 a 5% ao ano) permitia um ganho mensal de €8.400,00 acumulado todos os meses com as cotas desse mês e dos meses seuintes. É só fazer as contas.

Por ano são 410.000/mês * 12 meses /ano = €4.920.000 (quase 5 milhões de euros/ano)?!?!?!?!!?
Agora perceberam como se compram antigos palacetes para sedes e delegações regionias?!?!?!

2º - imagina que todos os enfemeiros deixam de pagar mensalmente as cotas da ordem e só a pagam no final do ano. A torneira vai fechar e vai ajudar aquelas mentes a repensar o seu modo de vida.
Quando pagarmos a cotas todas no final do ano, vai ser uma enxurrada de dinheiro mas, até lá, já reformularam muitas das despesas e dos gastos.

Se pensarmos naquilo que podemos fazer individualmente mas com sentido colectivo, as coisas mudam mais rápido.

Proponho então o seguinte:
- De imediato deixar de pagar mensalmente as cotas da ordem e colocar esse dinheiro de reserva para no final do ano podermos pagar as cotas.
- Organizarmos-nos em grupos ou até em autocarro e irmos a Lisboa à votação da Assembleia da Ordem no dia 21 de Março. Podemos começar por nos organizarmos nos serviços e alargar aos serviços vizinhos ou com menos capacidade de mobilização, centros de saúde, clinicas, etc.

Vais ver que VAMOS CONSEGUIR.
Força

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Opiniões X - A senhora de Castro Laboreiro







































Provavelmente o comentário mais intenso que alguma vez recebi... 

Excelências,

Ditou-me a sorte e o infortúnio que nascesse nos contrafortes da Serra da Peneda, mais precisamente no lugar da Seara da Freguesia de Castro Laboreiro.

A sorte permitiu-me que cedo abalasse encostas abaixo e “a salto” descesse a Entrimo, por carreiros que anos de pastorícia me tinham ensinado, subisse as encostas de Bande até criar raízes em terras Galegas, onde, desde há anos sou benificiário do “SERGAS”, que em nada enferma das maleitas do SNS, das bandas de lá do Lima.

O infortúnio, de ter deixado a minha querida mãe, que já conta mais de oitenta e cinco Primaveras, nas varandas da Corga dos Enforcados a 150 quilómetros da capital do Distrito.

Mas nem a sorte de poder respirar os ares da serra, o cheiro das urzes e das carrascas, preveniram as cicatrizes que as amarguras da vida e os anos de solidão deixaram na minha mãe. A dor de ter de ver partir os seus oito filhos, a solidão e a incerteza de poder ver regressar os netos a este País que teima em cavar sepulturas em vez de alicerçar Maternidades, quase a mataram.

O infortúnio de ter que suportar as mazelas que os anos trazem aos seios que deram de mamar aos oito filhos que a custo criou, e que agora os Médicos lhas palpam com a força, que nenhum dos mais esfomeados e irrequietos dos seus pupilos o tinha feito.

Foi então num vaivém entre Castro e “Biana”, que lhe disseram, lá no hospital, que tinha uns “caroços” nos seios, que a obrigavam a ir fazer uns exames ao Porto.

Ao Porto senhor doutor, perguntava a minha pobre mãe, com tanto de assustada quanto de incrédula. Sim minha senhora respondia educadamente o médico. Mas vocês aqui não fazem senhor doutor? É que eu nunca fui ao Porto. Retorquia a minha mãe.

Com paciência pouco habitual lá foi dizendo o médico. Só no Porto minha Senhora; tem que ser no Porto.

Excelências;

Castro Laboreiro fica a 250 quilómetros do Porto, sendo que a viagem mais próxima é com parte do percurso em estradas Galegas! Na melhor das hipóteses a viagem, ida e volta, demora cinco horas. A idade da minha mãe e de outras mães do Distrito de Viana do Castelo, já não suportam os abalos que as centenas de curvas e de euros que nos separam do Porto.

Senhoras e Senhores Deputados da Nação;

Rogo-vos em nome da minha mãe e de outras mães do Distrito de Viana do Castelo, pois julgo que tal nobre apelo, por tão nobre causa, me perdoam deste altivo impulso, que perguntem a quem, o direito de o fazer Vos assiste:

Qual a razão dos habitantes de Viana do Castelo, Mulheres e Homens se de deslocarem ao Porto para fazer exames radiológicos?
Existem ou não meios técnicos no Distrito para dar uma resposta a esta situação?

Que fundamentos justificam tão violentos sacrifícios e avultados custos?


(foto retirada da internet, sem qualquer relação com a pessoa em causa)