sábado, 29 de janeiro de 2011

Reconhecimento

Há dias no programa 30 minutos da RTP, fizeram uma reportagem sobre as visitas domiciliárias de uma equipa de enfermagem às diferentes famílias de uma comunidade. Mostraram o quão é importante o apoio, a ajuda do enfermeiro para aquelas pessoas. Mostraram os laços que se criam nas duras realidades que se encontram. Qualquer um de nós certamente sentiu orgulho por estarem a reconhecer aquela que é a nossa profissão.
Também nesse mesmo programa, mas já há mais tempo, relevaram o dia a dia de uma enfermeira que acompanha mães adolescentes. Mais uma vez senti orgulho pelo justo reconhecimento que fizeram à colega. Senti orgulho, porque mais uma vez estavam a elogiar o nosso trabalho.
Mas querem que vos diga uma coisa e os mais sensíveis que me perdoem a frontalidade, quero que se foda este reconhecimento, já estou farto que me digam que enfermagem é uma profissão bela e digna!
Quero é que esses bandalhos que estão no governo nos reconheçam como licenciados, quer a nível de carreira, quer a nível monetário! Quero é que esses bandalhos nos reconheçam como profissão de risco, com alta penosidade! Quero é que esses bandalhos respeitem os meus colegas que estão no desemprego e criem soluções, porque efectivamente há trabalho para grande parte deles! Quero é que esses bandalhos resolvam de uma vez por todas o excessivo número de vagas abertas para o curso de enfermagem! Quero é que esses bandalhos fechem escolas de enfermagem que abriram, como cogumelos!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Curtas estapafúrdias Vol VIII - Demora muito???

Na triagem de Manchester (local do Serviço de Urgência onde o enfermeiro ouve a queixa do utente e de seguida encaminha-o)...



Mãe da criança – Bom dia, o meu filho tá com tosse há mais de uma semana… e não anda a comer muito bem.
Enfermeiro – Vamos ver a temperatura.
Mãe da criança – Não tem tido.
Enfermeiro – Confirma… 36,8ºc. Mais algum problema?
Mãe da criança – Não… de resto ta tudo.
Enfermeiro – Ok, pode ir. Aguarda na sala de espera de pediatria.
Mãe da criança – Vai demorar ??? É que ao meio-dia tenho lá gente em casa a almoçar.


Enfermeiro – Bom dia, então o que se passa?
Utente – Sr. Enfermeiro, estou com tosse, dor no estômago, só me apetece, desculpando o termo, vomitar.



Enfermeiro – Bom dia, de que se queixa o senhor?
Filha do senhor - O meu pai tem andado mal, tem convulsões na garganta.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Hospitais particulares - O comércio da saúde

Quando era miúdo lembro-me de uma mercearia que tinha um “livrinho” com as contas fiadas. Mais tarde soube-se que os clientes fiados acabavam por pagar mais do que aquilo que deviam, ou seja eram roubados indecentemente. A maior parte daqueles que pediam fiado, faziam-no por necessidade, por falta de dinheiro, mas o ladrão do dono não se incomodava com isso, ludibriou os clientes durante anos. Nos hospitais particulares passa-se a mesma coisa, mas em proporções bem maiores.
Quantas vezes um utente é submetido a determinada intervenção, onde é gasto o material x+y, sendo-lhe debitado na conta a pagar o material x+y+z, fora a mão-de-obra. O infeliz do utente como não sabe o que foi gasto, nem o que é o x o y ou o z, paga e cala-se. Isto é uma das muitas coisas que me faz repudiar os hospitais particulares. Desprezo-os profundamente. Para mim os gestores dos hospitais particulares são comerciantes de saúde, que só vêem o lucro e a melhor forma de explorar utentes e funcionários.
Ao longo da minha vida profissional ouvi histórias repletas de absurdos e canalhices. Deixo-vos com uma e convido-vos a expor outras.

Quantas vezes terá ido a viatura de emergência (vmer) assistir doentes internados em hospitais particulares, que se encontravam em estado grave? Os doentes vão descompensando dia após dia, não se tomam as medidas adequadas, porque não há condições, nem saber e o que interessa são internamentos prolongados para manter as taxas de ocupação e depois… e depois é chamada a vmer. E ainda se tem a lata de pedir para desligar as sirenes e entrar pelas traseiras… Para não dar mau aspecto.. Parece mal aqueles tolinhos de fluorescente andarem a correr para o hospital particular, para ir a um internamento tentar salvar uma vida.
Outros absurdos aproximam-se