quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


Um ano em grande, especialmente para todos os que estão no desemprego.
Melhores dias virão!
Abraço a todos!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Sr. Utente, se tiver um Enfarte, trate-o em casa. As Urgências estão lotadas…


Mais um dia no corredor do caos, sem macas, sem cadeiras. Doentes e acompanhantes sentados no chão, aguardando atendimento. Muitos desistem e após 4, 5 ou mais horas de espera, abandonam o barco, alguns deles suspeitas de Gripe A em isolamento.
SAP’s encerram e empurram os doentes em avalanche para a Urgência entupida. A Gripe parece fazer uma ténue trégua, mas quem não a faz são aqueles que chegam sem razão, sem sentido. Ou foi porque ontem sentiram-se mal e agora que estão bem lembraram-se de vir ver se tudo estava bem ou porque o miúdo estava com febre há 5 horas e vomitou uma vez e pelo meio passam as verdadeiras urgências camufladas, que por culpa do sistema não serão vistas atempadamente.
É por isso que ironicamente digo, “Sr. Utente, se tiver um enfarte, trate-o em casa, a urgência está lotada”. E de quem é a culpa? É da falta de civismo, da ignorância e insensatez do povinho e duma deficiente estratégia de definição de o que é, ou do que deveria ser uma rede de Urgência.
Ponham enfermeiros ou médicos a fazer a “ficha” ao utente e se for necessário façam-lhe mesmo a ficha e mandem-nos para casa com a recomendação de recorrer ao CS mais próximo num dia seguinte. Não deturpem o conceito de Urgência!!
Ganhem juízo!!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Teoria da conspiração ou da verdade?! - ex-ministra da saúde Finlândia

... e o Dignissímo Senhor Bastonário da Ordem dos médicos ainda dizia que os enfermeiros eram ignorantes ao não fazer a vacina... Não sei qual será o ignorante...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Curtas estapafúrdias II - Matreirices do Sistema Nervoso Central

Doentes desorientados...
O Sr. António estava internado, conectado a um monitor para lhe vigiar a freq. cardiaca, tensão arterial, etc. De repente, muito sorrateiramente, lembra-se e desliga o monitor.
Enfermeiro - Então Sr António!! O que é que você fez!!??
Sr. António - Oh... tava sempre a dar a mesma coisa, desliguei a tv...

O Sr. Fernando, igualmente desorientado, mas numa versão mais agitada, precisou de ser imobilizado ao leito, por segurança do próprio. Como ninguém gosta de se ver preso, pede insistentemente por ajuda.
Sr. Fernando - Ó da guarda! Ó da guarda!
De repente surge Sócrates na TV em mais um dos seus publicitários e enfadonhos discursos.
Sr. Fernando - Sr. Presidente! Sr. Presidente! Salve-me Sr. Presidente!!

E há-de ser o Sócrates a salvá-lo... Talvez o Sr. Haloperidol... digo eu

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Opiniões III - Evidências & lamentações


Na sequência do último post publicado pelo Robin dos Hospitais, surgiram vários comentários, dois deles foram-me enviados por email. Dada a sua pertinência, achei que seria do vosso interesse.
Caro Robin,
A criação dos hospitais EPE teve como objectivo reduzir os gastos mas em vez disso esses aumentam significativamente, basta ver o relatório respeitante aos custos da saúde em Portugal no que se refere aos EPE’s; PREJUÍZO. Mas pergunto? Onde se tem gasto tanto dinheiro? Será má gestão dos recursos materiais e humanos?
Tem sido hábito em todas as instituições EPE’S, e não só, manter o número de enfermeiros abaixo do nível seguro e necessário. Propala-se aos ventos a qualidade da prestação dos cuidados de saúde dos quais os de Enfermagem são essenciais, mas mantêm-se as equipas de Enfermagem no fio da navalha , sujeitando os Enfermeiros a horários e a condições de trabalho miseráveis e desumanas.
Não só desrespeitam o direito dos Enfermeiros com a Lei. E fazem-no impunemente por falta de denúncia a quem de direito. A Ordem e os sindicatos.
Muitos dirão: “A Ordem e os sindicatos não fazem nada!", mas se as denúncias não lhes chegarem por email ou telefone , nada poderá ser feito e o tango continuará.
Diz o Artigo 124º da Lei 59/2008 que a entidade empregadora pública “deve observar o princípio geral da adaptação do trabalho ao homem, (…) em função do tipo de actividade e das exigências em matéria de segurança e saúde, em especial no que se refere às pausas durante o tempo de trabalho.
Ora em cada turno os enfermeiros têm direito 15 minutos de pausa a meio da manhã ou da tarde e a 30 minutos para o almoço e jantar. (Pausas Obrigatórias)
Alimentar o corpo é uma das necessidades básicas do ser humano, por isso é inadmissível que os enfermeiros não tenham condições que permitam reconstruir essas necessidades. Os enfermeiros têm de começar a exigir os direitos e a não se deixarem atropelar por arbitrariedades . É nas cedências pontuais que fazemos hoje, amanhã e depois que se perdem as garantias e os direitos e se transformam as ilegalidades em norma. Enquanto nós Enfermeiros continuarmos a andar com "a língua de fora" para cumprirmos o plano de trabalho na totalidade , sem olharmos para nós, estaremos sujeitos a maior exigência e a mais arbitariedades.
Os critérios especiais da definição do horário de trabalho estão no Artigo 134º da mesma Lei , que diz o seguinte:
1 - Na definição do horário de trabalho, a entidade empregadora pública deve facilitar ao trabalhador a frequência de cursos escolares, em especial os de formação técnica ou profissional.
2 - Na definição do horário de trabalho são prioritárias as exigências de protecção da segurança e saúde dos trabalhadores.
3 - Havendo trabalhadores pertencentes ao mesmo agregado familiar, a fixação do horário de trabalho deve tomar sempre em conta esse facto.
São prioritárias as exigências de protecção da segurança e saúde dos trabalhadores. Aqui estão incluídos o tipo de horário , o tipo de exigência de cumprimento do plano de trabalho , o tipo de actividade e sua penosidade , os tempos para formação , as pausas obrigatórias (Artigo 136 e 137).
Um comentador focou as prioridades na prestação dos cuidados de Enfermagem , pode ser e é uma boa ideia , mas tal não basta , porque os enfermeiros acabam por correr para tudo fazerem.
No hospital de Guimarães a urgência entupiu porque só havia três médicos, mas logo passaram a cinco. Quantos enfermeiros a mais colocaram ? ZERO. Porque fazem "das tripas coração" para que tudo seja feito mesmo com prejuízo dos seus direitos mais elementares. É tempo de dizer BASTA.
Quanto às enfermeiras chefes, que dispensam enfermeiros de um qualquer turno que acabam por ficar com “ horas negativas”, mesmo contra a vontade destes, só posso dizer que tal comportamento é ilegal porque nenhum chefe tem poder para proceder à "suspensão do contrato de trabalho" ou para "redução do horário de trabalho" . E é nisso que se traduz o reenvio do enfermeiro para casa. Tal situação não se coloca se houver concordância do trabalhador. E para facultar mais esclarecimento refiro o Artigo 135º da lei 59/2008 que diz:
1 - Não podem ser unilateralmente alterados os horários individualmente acordados.
2 - Todas as alterações dos horários de trabalho devem ser fundamentadas e precedidas de consulta aos trabalhadores afectados, à comissão de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão sindical ou intersindical ou aos delegados sindicais e ser afixadas no órgão ou serviço com antecedência de sete dias, ainda que vigore um regime de adaptabilidade.
Artigo 136.º
Intervalo de descanso
A jornada de trabalho diária deve ser interrompida por um intervalo de descanso, de duração não inferior a uma hora nem superior a duas, de modo que os trabalhadores não prestem mais de cinco horas de trabalho consecutivo.
Embora o intervalo de descanso esteja alterado para a jornada contínua, está previsto , no mínimo , o intervalo necessário para a alimentação .
Os Enfermeiros não podem fazer tudo , com prejuízo da sua saúde, já que esta é um dos bens de elevado valor para qualquer ser humano, e enfermeiro não está excluído desta condição de humanidade.
Ora será que o trabalho dos enfermeiros não pode ser interrompido para usufruírem do que a lei prevê ?
Não percam direitos Colegas . DENUNCIEM ILEGALIDADES mesmo que pareçam insignificantes . Não se auto-flagelem…
por Margarida Barros

O mal-estar que sentimos no dia-a-dia;
A total insatisfação com o nosso trabalho;
A terrível sensação de que algo ficou por fazer aos doentes;
A sensação de Impotência para responder às solicitações;
O sentimento de incapacidade para resolver os problemas e intervir para criar uma dinâmica de mudança…
Todos estes sentimentos têm origem no meio de nós!
Sem dúvida que os enfermeiros com funções de direcção (sejam eles chefes, supervisores ou directores) são o eixo e a origem da actual situação mas não podemos negligenciar os contributos diários de todos os outros enfermeiros (prestadores de cuidados de enfermagem) para o cimentar do edifício concebido e estruturado pelos primeiros.
Alguém comentava que enquanto um Director de Serviço (médico) ou um Director Clínico (médico) nunca imporá condições de trabalho para a classe médica abaixo de um determinado limite porque mais tarde ou mais cedo (quando deixar de ser director) irá trabalhar com e nas condições que criou. Ou melhor, ele já trabalha no dia-a-dia nas condições por si criadas (seja na urgência, na UCI, no BO, nos Intermédios, no Internamento, na Consulta, etc.).
Na enfermagem é o oposto. Seja ele Enfermeiro Director, seja Enfermeiro Chefe, seja Enfermeiro Supervisor, sabe que por mais que degrade as condições do exercício da profissão, por pior ambiente de trabalho que exista, por mais instabilidade individual ou colectiva (equipa) que exista, SABE QUE NUNCA IRÁ PRESTAR CUIDADOS NESSAS CONDIÇÕES, aturar doentes insatisfeitos, doentes em sofrimento e sem capacidade para responder às suas necessidades, familiares angustiados ou implicativos devido á incapacidade do enfermeiro em responder às suas solicitações. Graças a uma carreira que diferencia a gestão de cuidados da sua prestação e as torna estanquem uma da outra.
Contou num dia deste um médico que certo dia um director de serviço entra no gabinete da enfermeira chefe e solicita o apoio de uma enfermeira para realizar um procedimento a um doente. A enfermeira chefe diz que não podia disponibilizar ninguém porque já faltava uma enfermeira e estavam todas ocupadas. O director de serviço disse-lhe “ Minha Sr.ª, eu sou Director de Serviço, fiz urgência esta noite, vou ver doentes na consulta e vou fazer uma série de exames a doentes,… eu sou médico.” Após uma pausa continuou: “ A Sr.ª… é … Enfermeira!”
!!! Ponto paragrafo !!!
Há tempos contava-me um(a) Enfermeiro(a) Chefe que nas reuniões da Direcção de Enfermagem era habitual referirem-se aos enfermeiros da prestação de cuidados por:
“Eles isto…”; “Eles aquilo…”; “Eles querem assim…”; “Eles vão…”
Eu prefiro falar em NÓS. Nós todos os enfermeiros independentemente da categoria.
E NÓS nos últimos anos fomo-nos vendendo e vendendo a profissão aos pouco e poucos;
Vendemo-nos pelo horário acrescido e por umas horas extraordinárias;
Vendemo-nos por um horário que permitisse acumular na clínica, na fábrica, na escola, no particular;
Vendemo-nos pelo SIGIC;
Vendemo-nos para não mudar de serviço durante o complemento, ou durante a especialidade ou pós-graduação;
Vendemo-nos para ficar mais “amigos” da chefia e termos a vida “facilitada”;
Vendemo-nos para evitar chatices com os dirigentes;
Vendemo-nos para mostrar que somos melhores e que fazemos melhor que o dirigente que esteve lá antes;
Vendemo-nos para manter o posto;
Vendemo-nos sem olhar às consequências dos nossos actos para a profissão e para os colegas.
A ENFERMAGEM SÓ SE PODE QUEIXAR DOS ENFERMEIROS.
E EU SÓ ME POSSO QUEIXAR DE MIM MESMO POR NÃO TER ACTUADO QUANDO DEVIA
PDSE: bem haja!
por Calimero

Petições...


Na sequência do penúltimo post, deixo-vos com a petição que já anda a circular pela Internet. Cliquem aqui e assinem se assim o entenderem. (motivo: imagem enfermeiros denegrida)
Não percam o balanço e vejam também a petição pela progressão na carreira, clicando ali

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Missão sorriso - S. Pediatria ULSAM

"Este ano, para além de poder contribuir, é você quem decide quem vamos apoiar."
Em 2009 estão a concurso 27 projectos oriundos de Hospitais Pediátricos, Maternidades ou Hospitais com serviço de Pediatria e/ou Obstetrícia
Este ano, a Missão Sorriso, convida a população a votar no projecto apresentado pelo hospital da sua localidade.
Toda a População Pediátrica do Alto Minho, isto é, cerca de 44.000 crianças e jovens, que são os utentes do Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Luzia.
OBJECTIVO
Remodelar o Serviço de Internamento de Pediatria, de modo a criar condições para que as crianças e adolescentes fiquem internadas por grupos etários, num ambiente mais seguro e confortável. Transformar as enfermarias em quartos com um máximo de duas camas e instalações sanitárias privativas. Climatização de todo o Serviço, melhorando o bem-estar dos doentes, e criando condições mais favoráveis à cura. Criar espaço lúdico para os jovens (até aos 18 anos) internados, independente do dos mais pequenos.
Vamos ajudar este projecto a vencer!
Há 27 projectos em concurso, mas só 5 serão contemplados.
Para votar basta "clicar" no link
Precisamos da ajuda de todos os amigos!!!!!!
Vamos fazer com que a região do ALTO MINHO tenha melhores cuidados Pediátricos.

domingo, 29 de novembro de 2009

O novo quê??!!


Há dias, foi publicado na revista Sábado um ranking dos melhores hospitais do país. Será importante frisar o "um ranking" e não o ranking. A classificação foi a seguinte:
1º CH Lisboa Norte
2º Hospital S. João - Porto
3º Hospital Universidade de Coimbra
4º Hospital S. Teotónio - Viseu
5º CH Cova da Beira - Covilhã
6º CH Coimbra
7º IPO Lisboa
8º CH Alto Minho - Viana do Castelo
9º CH Lisboa Ocidental
10º Hospital da Feira - S.ta Mª da Feira
Depois também se estabeleceram rankings por áreas, a de traumatismos e lesões acidentais saiu nessa edição. Outras se seguirão,
1º Hospital S. Teotónio - Viseu
2º Hospital Amadora Sintra
3º Unidade Local Saúde Guarda
4º CH Tâmega-Sousa
5º CH Alto Minho - Viana do Castelo
A minha primeira reacção traduziu-se por uma sensação ambígua, se por um lado satisfeito por ver o Hospital onde trabalho, o hospital do meu distrito (Viana), no top ten nacional, por outro, fiquei com dúvidas quanto à credibilidade dos critérios de avaliação, pois apesar de achar que temos (algumas) boas equipas, este hospital está longe, na minha opinião, de ser considerado uma referência... ou então o país anda mesmo muito mal servido.
Depois a credibilidade que vejo nestes dados continuou em queda, após a segunda classificação, a dos traumatismos e lesões acidentais. 5º lugar para CH Alto Minho??! Agora é que ponho mesmo em dúvida os critérios utilizados.
Depois fui pesquisar um pouco mais e encontrei no DE pormenores da reportagem que os jornalistas da Sábado fizeram num hospital de Lisboa e assim desacreditei de vez neste ranking. Em linhas gerais dão o completo protagonismo aos médicos (*), elevando-os a seres iluminados, atirando mais uma vez os enfermeiros para o ridículo. Não acreditam?! Então cliquem na carta publicada no DE e fiquem a conhecer todos os pormenores desta triste reportagem da Sábado.


(*) Não me julguem frustrado, ou invejoso por dizer que estão a atribuir completo protagonismo aos médicos. Apenas o refiro porque não tolero ingratidão e muito menos injustiça. O que sempre defendi é que, os médicos têm o seu protagonismo, os enfermeiros têm o seu e os auxilares também o têm. Todos, numa equipa multidisciplinar têm o seu protagonismo. Ahhh mas os médicos é que decidem e tomam as atitudes que salvam vidas! Dirão alguns. Aos quais eu antecipo-me na resposta, Claro que sim! E os enfermeiros também.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ganhem juízo!!


Consta para os lados do Hospital de Viana que por lá há enfermeiros de 1ª e de 2ª categoria... (Será uma nova carreira??)
Constou-se também que enfermeiros de um determinado serviço estavam a "anos luz" dos de outro serviço??!! Sim!! Não estou a brincar... Podia ser um exagero de um ou de outro... mas não, foi mesmo verdade, pois a novidade foi noticiada por vários e difundiu-se à mesma velocidade que o H1N1 se propaga! (por falar de h1n1.. onde é que ele anda esse malandro?!).
E depois também se falou que o facto de alguns colegas saírem tarde e a más horas do serviço, deve-se unicamente à sua própria desorganização de trabalho... a enfermeiros desorganizados... Ufff.. já estou com opressão torácica, a minha angina de peito já está a disparar... é que injustiças e "machadadas" nas costas é coisa que o Robin não tolera... Mas que merda é esta??!! Andamos a trabalhar que nem bestas e depois cospem-nos na cara??! Pedem-nos para falarmos na essência dos cuidados de enfermagem e depois quando se diz que não há almofadas para pôr aos doentes, já não estamos a falar em cuidados de enfermagem??! Então estamos a falar de quê porraaaaa??!!
Zelamos pelo bem-estar do doente, temos mais doentes sob a nossa responsabilidade do que aqueles que devíamos, temos "papelada e mais papelada" para tratar, andamos a 200 à hora, saímos tarde e mal para tentar passar um turno decente ao colega e depois dizem-nos que só saímos tarde porque fomos desorganizados??!! Por favor... tenham respeito... o mínimo de respeito... para não dizer mesmo, não me f...dam! Um enfermeiro poderá ser desorganizado, mas serão todos??!! Não será o próprio serviço que estará desorganizado?? E quem são os responsáveis máximos de enfermagem pela desorganização dos serviços??! Sim, porque quando um enfermeiro sai meia hora mais tarde é porque perdeu uma hora a fazer algo que não será da sua competência... poderia deixar aqui uma lista dessas acções, mas deixava isso para um colega aventureiro que me acompanhasse neste meu desafogo... Mas afinal o que se passa nestas mentes captas? Será do H1N1?! É o flagelo na enfermagem atacam-se uns aos outros quando devíamos era atacar os que estão no topo, exigindo melhores condições de trabalho...

sábado, 14 de novembro de 2009

O padrinho


Lembram-se da HELPO?! (ver o post aqui ).
Há já alguns meses que me tornei padrinho. Não! Não sou um padrinho qualquer, não sou padrinho de nenhuma criança que tem tudo ao seu dispor, não sou padrinho para dar prendas inúteis nas páscoas e afins. Sou padrinho do Pedro (foto), dou o meu pequeno/grande contributo para melhorar alguma coisa útil - a sua educação. Quem sabe um dia o Pedro não se tornará professor ou um "Pedro Mantorras", como é seu desejo. E tu? Já és padrinho/madrinha? (Entra pro IRS)

domingo, 8 de novembro de 2009

Que cara é essa?!


Começo a ficar preocupado com a minha cara. Ultimamente, quando sou abordado, por diferentes motivos, em ambiente de trabalho, as pessoas queixam-se da minha cara ou expressão. Costumam dizer:
Que cara é essa?!
Estás com má cara!
Que sisudo!
Tás chateado comigo?!

Acho que é razão para ficar preocupado. Será sinal de envelhecimento? Será sinal de stress? Será que sou assim tão feio?! Será que me estou a tornar intolerante, antipático? Será que devo consultar um psiquiatra? Será do Guaraná?!
Se houver alguém que entenda da matéria, peço uma ajudinha, por favor.

Obrigado

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Nervos à flor da pele


Passou há dias uma reportagem na RTP 2 sobre um tema que eu acho que devemos estar atentos e que já por algumas vezes se falou no pddse - Burnout ou sindrome exaustão. Vejam a reportagem, está muito interessante, na minha opinião. Cliquem no seguinte link - Nervos à flor da pele

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Um enfermeiro ateu


Após a controvérsia lançada pelo livro de Saramago, surgiu o mote para reflectir sobre um tema nunca antes falado, talvez por me sentir inseguro ou relutante, talvez pela complexidade do assunto – a religião.
A melhor forma que encontrei para dissecar a religião foi contrapor os seus prós e contras, analisando o seu reflexo nos povos. Nada mais poderia fazer, porque só fiz a primeira comunhão, portanto nem sei o que fez o Caim, nem sei quem era o Abel, nem muito menos o Moisés. Estou mais interessado na obra dos nossos Nobels da Medicina e literatura, ou na obra do Eusébio e do Johann Cruyff.

Nunca li a bíblia (apesar de, desde há algum tempo, ter alguma curiosidade), prefiro a FHM e não sei qual o papel do papa, ou se o terá, prefiro estar mais interessado no papel da Ministra da saúde.
Encontrei a síntese ideal para a minha teoria, numa frase proferida por Saramago, na célebre entrevista com Judite de Sousa, que ao citar Hans Küng, um teólogo suíço, encontrou forma de complementar a sua tese ateísta: “As religiões nunca serviram para aproximar os seres humanos uns dos outros “. É a grande verdade… Ou melhor, o seu oposto é uma grande mentira - as religiões serviram sempre para aproximar os seres humanos uns dos outros. Como diria um blogista que visitei agora mesmo, o mundo seria muito mais pacífico se todos fossem ateus.
E tu, o que é que tens a dizer sobre isto? A religião é importante para a tua vida profissional e pessoal? A religião e enfermagem deveriam ser inseparáveis? O enfermeiro deverá delinear a sua linha de actuação, o seu método, baseado na religião? Deixo-vos com a tabela que a meu ver, expõe os aspectos positivos e negativos da religião. De um lado a fé, como se costuma dizer, a fé move montanhas, é capaz de impulsionar o individuo, gerar optimismo e capacidade de enfrentar problemas da vida, tanto nos crentes como não crentes. Por exemplo, eu tenho fé que o Benfica ganhe a Liga Europa, mas não sou crente.
Por outro lado temos os aspectos negativos e só os mais ingénuos é que terão dúvidas sobre esta conclusão. É evidente que todo o ódio, guerras, etc.. não são unicamente inteira responsabilidade da religião, mas também o são.
Passei 3 noites a tentar perceber como colocar uma tabela no blog de forma simples, por isso ao menos dêem uma vistinha de olhos, ok?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Foi comprar cigarros e nunca mais voltou...


Parece um título do Jornal O crime, mas não. Trata-se da realidade no Hospital de Viana. Temos um digníssimo médico que muitas vezes, em serviço, lembra-se de passar do estado sólido a gasoso, ou seja, tem a invulgar capacidade de se evaporar, de desaparecer em serviço. Há relatos fidedignos que asseguram que vai prestar serviço(s) para outras freguesias e noutros departamentos. Questiono se os responsáveis não têm conhecimento da situação, ou fingem não ter??! Alguém que me esclareça p.f.
Obrigado.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Morangos com pimenta




Assusta-me pensar como serão as nossas crianças/adolescentes no futuro. Liga-se a televisão, vemos desenhos animados parvos e violentos (que é feito das Aventuras de Tom Sawyer, do Dartacão, da Alice no país das Maravilhas e do Benji e Oliver?!); séries tipo CSI's, NCIS's e outras que tais, onde o crime é o cenário principal (volta MacGyver, que saudades!); Concursos musicais género Ídolos e Nasci pra cantar ou Só um pode ganhar, onde se apresenta o mundo virtual da fama aos principais alvos, crianças e jovens, sedentos de protagonismo e afirmação (volta Bota Botilde, estás perdoada!) e por último temos o ex libris da parvoíce da televisão nacional, a novela Morangos com açucar, que já lá vai na 8ª ou 9ª série e promete ir para a 47ª ou mais, onde os putos são malcriados com os pais e entre eles, comem fastfood e os melhor sucedidos, nesse vazio conto, são aqueles que são mais bonitos, têm mais pinta e sabem cantar ou dançar, (já não se produzem novelas tipo, Meu pé de laranja lima, Roque Santeiro e Tiêta do Agreste). Aii a Tiêta.. Tiêta do Agreste, Lua cheia de tesão, É lua, estrela, nuvem, Carregada de paixão.. ops, desculpem já estava a cantarolar.

Bom adiante, mas perguntam vocês o que é que isto tem a ver com enfermagem??! Tem tudo.. cabe ao enfermeiro proporcionar uma boa saúde infantil, e como tal, educar, principalmente os pais, encontrando alternativas ao lixo da TV nacional (salvo raras excepções). Como estamos na época do download, que saquem As Aventuras do Tom Sawyer, olha eu vou fazê-lo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O senhor que esperava por otorrino


Nota prévia: Convém mais uma vez relembrar que esta e todas as outras histórias/crónicas são baseadas em factos reais e que todos os nomes nelas contidos são fictícios. Isto para não se pôr em causa questões de sigilo profissional, como de forma injusta e injustificável se mencionou num anterior comentário. Será importante realçar que esta e todas as outras histórias nunca têm como objectivo denegrir a imagem de quem quer que seja, (muito menos a dos utentes). Apenas pretendem alertar e consciencializar o leitor para situações de funcionamento inadequado, neste caso, dos serviços de saúde. Todos sabemos que os mesmos dificilmente serão perfeitos, mas podemos tentar que sejam cada vez melhor. Se qualquer uma destas histórias contribuir de alguma forma para isso, tanto melhor.
Acabou o turno, saio desgastado após triar 207 utentes. Triar é um trabalho mecanizado, de rápida sistematização, comparável ao de um operário fabril. Às vezes, quando vejo chegar as “fichas” em catadupa, penso, maldita a hora que a triagem foi atribuída aos enfermeiros, mas tenho que reconhecer que é útil e que os enfermeiros serão os mais aptos para tal.
Foi um pequeno desabafo, o que me traz aqui nem é isso, voltando atrás.
Acabou o turno, passo em passo rápido pelo corredor, olho para o lado e reparo com surpresa e comoção no senhor que esperava por otorrino.
O senhor Jorge tinha chegado às 9h, tal como lhe tinha sido indicado no dia anterior. Nesse mesmo dia anterior também esperava por otorrino e esperou… todo o dia. Fazia parte daqueles doentes que são encostados, atirados para o esquecimento. Doentes que chegam para uma especialidade que não está presente ou até nem sequer escalada, ficando assim atribuídos a uma outra que está em presença física e que pouco ou nada se vai interessar. Justo será mencionar que o excessivo volume de doentes neste (e outros) Serviço de Urgência agrava esta situação, pois os profissionais de saúde dificilmente conseguem atender aqueles utentes que estão sob a sua responsabilidade directa, quanto mais os outros. Foi outro pequeno desabafo, continuarei com a história que me fez meditar.
O senhor Jorge tinha cancro da laringe, o que consequentemente lhe provocava uma alteração de imagem. O que me despertou atenção e o sentido de reflexão, foi a sua evidente serenidade, como vos disse, esperava por otorrino há já um total de 24 horas, eu repito, 24 horas de espera e continuava sentado no corredor apinhado, com o olhar distante e de aparente indiferença ao seu infortúnio e espera prolongada. Parecia esse mesmo pescador tranquilo no paredão sob o reconfortante pôr-do-sol, aguardando paciente, o morder do anzol.
Agora questiono-me, porque outros de saúde plena, chamam uma ambulância sem necessidade, exigem atendimento imediato e destabilizam o ambiente pelo gosto do protesto sem razão?!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

I Aniversário pddse


13 de Outubro de 2008... como se costuma dizer, parece que foi ontem. A nossa página de reflexão, crítica e enterteiner já faz 1 ano, o nosso blog está de parabéns! O balanço transcende aquilo que eu alguma vez imaginaria, o que se iniciou por uma brincadeira, tornou-se, pelo menos para mim, um saudável vício. Sem a vossa presença e colaboração, isto não faria qualquer sentido, mas pelos vistos constituiu-se um sentido com destino, tal como a própria descrição do pddse predestinava.
Um abraço a todos e obrigado!!
Espero por vós aqui e sempre. Parafraseando Santana, andarei por aí...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Opiniões II - A crise na Enfermagem



A Enfermagem atravessa uma crise de identidade, ou se quiserem um deserto, que tem na sua base uma OE obsoleta, desconectada da realidade, onde promove acções de formação sobre a importância do aleitamento a crianças de 4 anos, em vez de gestantes!
A Lei sobre a Educação Sexual das Escolas já saiu, mas não está definido quem a fará, mas a OE em vez de defender que devem ser os Enfermeiros, mais se alheia à tomada de uma posição. Logo não faltará no futuro elementos NÃO ENFERMEIROS a reivindicar a Promoção da saúde como sendo sua!
Incentivem os Enfermeiros a aconselhar os utentes, que para sua segurança não devem fazer pensos ou injectáveis nas farmácias!
Revoltem-se contra o facto dos técnicos de laboratório estarem a fazer colheitas de sangue, usurpando dessa forma as nossas funções!
Denunciem o facto dos técnicos de Rx administrarem corticóides por via EV, aquando da realização de TACs com contraste.
REFLICTAM sobre o número de Enfermeiros que todos os anos se formam a nas Escolas a GRANEL.
Reflictam sobre o desemprego que reina na classe e sobre a EXPLORAÇÃO a que são sujeitos os recém-formados!
ENFIM ACORDEM PARA A REALIDADE
Por um anónimo

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Curtas estapafúrdias


Nota: Qualquer semelhança com anedota é pura coincidência. Baseadas em factos verídicos.
Na Triagem...
O enfermeiro questiona D. Florinda que, por sua vez, ouvia muito mal.
Boa noite! Então de que se queixa?
Dói-me o peito, Sr. Enfermeiro.
Dói-lhe o peito!? Certifica-se.
Nada feito?! Returque admirada
Também na triagem...
Sr. António o que o trouxe cá?
A mota Sr. Enfermeiro.
A descrição ao detalhe... ainda na triagem
Sr. Enfermeiro, na 6ª feira ia na carreira da Auto Viação Minho, o condutor era o Sr. Mário, caí no 2º degrau ao descer, estou toda dorida, dói-me o peito, o braço direito e as duas pernas... E o homem nem sequer se levantou para me ajudar.
Na consulta...
Doutor tenho comichão pelo corpo todo
Minha senhora, vá para casa coçar-se e volte amanhã.

Ao telefone...
O Sr. Fonseca está pior, está com mais falta de ar.
Mas é urgente, urgente, urgente?
(Resposta imaginada por mim - Não... é só urgente, urgente. Urgente, urgente, urgente, é demasiadamente urgente para o caso. Urgente quatro vezes é mesmo mesmo urgente e urgente cinco vezes é quando já não vale a pena fazer nada, porque já é tarde).
No internamento...
Dona Assunção vá lá baixo à urgência ter com a Drª Ana Lisa para assinar estas requisições.
Passados longos minutos...
Srª Enfermeira ando farta de perguntar mas ninguém me sabe dizer onde anda essa Doutora analista.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

o perdedor que venceu


Pela sondagem no pddse, o Bloco de esquerda ganharia com maioria absoluta. Em vez disso temos uma maioria relativa de um partido liderado por um vendedor, (sem desprimor pelos vendedores) onde são mais os maus do que os bons políticos. Deixo-vos com a análise de um entendido na matéria e com um vídeo delicioso. Agora cada qual faça a sua análise

O perdedor que venceu
por Baptista-Bastos

A "extraordinária vitória" do PS, proclamada pelo secretário-geral do partido, não assegura uma identidade "socialista". Coloquemos a euforia em formol, paremos um pouco para pensar, e verificaremos, assim, que o vencedor é refém da fluidez da sua vitória. O reordenamento parlamentar, com as subidas (essas, sim, extraordinárias) do Bloco e do CDS, causam uma dependência política do PS, sob uma espécie de dupla imposição, incapaz de afrouxar pela própria índole daqueles dois partidos. Não auguro nada de bom, para todos nós, nos próximos tempos.
O PSD está esfrangalhado. Não é de agora. Depois dos intermezzos cómicos de Durão e de Santana, Luís Filipe Menezes tentou conciliar o partido com o respeito por si mesmo. Menezes é um homem culto, lido, cortês, que procurou, na prática, ter em conta as "sensibilidades" do PSD e, acaso, restitui-lo à matriz inicial. Foi dizimado, entre outros, por Pacheco Pereira, para quem a convivência política torna-se num impedimento a suprimir. Com a derrota do PSD, o Pacheco é, por sua vez, olhado de viés, e os ajustes de contas não tardarão. Que faz correr, e ter atitudes intelectualmente reprováveis, este homem calculado, gelado e inteligente? O atabalhoamento com que tenta atenuar a derrota da sua estratégia chega a ser uma piada cruel, como abundantemente ficou demonstrado anteontem, na SIC-Notícias, no encontro com Pedro Silva Pereira.
Manuela Ferreira Leite, católica, antiga e distante, foi, de repente, colocada à frente de um partido cujas características variam, por ausência total de ideologia e excesso de ressentimentos. Dois terços do PSD não a tomavam a sério. O outro terço bajulava-a sem convicção. Uma fatia larga da vitória do PS deve-se à sua total incapacidade de criar laços e ao canhestro das suas proposições; não propostas, proposições.
Este imenso cenário está montado numa extraordinária bizarria do sistema. Vejamos: todos os partidos aumentaram de deputados, incluindo o PSD. O PS, o único que perdeu em votos e em parlamentares, foi, afinal de contas, o vencedor.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Faz-me espécie...


Às vezes penso que estamos a sofrer as consequências dos tempos das vacas gordas. Temos enfermeiros com anos consideráveis de serviço que ganham para cima de 4000 euros, por outro lado, temos enfermeiros com alguns anos de serviço que ganham para baixo de 900 euros, (tendo em conta que, na maioria dos casos, este último trabalha mais, tem mais responsabilidade e mais risco).
Outra coisa que me faz espécie são as ginásticas das chefias...
Ora agora vais chefiar o Bloco, depois, porque aquele senhor doutro quer, vais chefiar a Consulta externa, agora é melhor saíres da Consulta externa, porque parece mal, já lá há muitos chefes.
Ok boss..
Também há um serviço, se assim o poderei chamar, onde temos um enfermeiro chefe a chefiar um enfermeiro... imagino a complicação para fazer o horário e incutir dinâmicas de grupo. Depois temos a variante de um serviço com um enfermeiro chefe a chefiar zero enfermeiros. Ou seja, é um serviço onde o enfermeiro faz a coordenação... dele próprio. Também havia um célebre serviço onde coabitavam dois enfermeiros chefes para uma equipa, mas depois optaram pelo remendo mais acessível, dividir a equipa em duas, para assim encaixar as chefias. Por último, lá a beira lethes, temos o inverso, um enfermeiro chefe a chefiar duas equipas, constituindo-se assim um ser omnipresente. Tudo é possível, basta querer... e poder.

Chegou o Robin dos Hospitais!



Há um novo autor neste blog! Apelida-se de Robin dos Hospitais. Já alguns posts tinham sido publicados em seu nome, enviados para o meu email. Em jeito de comemoração do 1º aniversário do pddse, achei que devia torná-lo colaborador. Brevemente nas bancas um post da sua autoria. Promete...
Consulta o seu perfil na barra lateral "Quem é o Guilherme de Carmo, e já agora quem é o Robin dos Hospitais" e fica a conhecê-lo melhor. Não te esqueças... também tu poderás ser um colaborador, só é preciso originalidade, acutilância e pertinência.

sábado, 26 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Carreira, manifestação e política


... e a história continua, adiamento, reunião, retrocesso, manifestação.... e por aí adiante. Está mais que comprovado que o MS goza com os enfermeiros e trata-os com uma indiferença desmesurada.
Dou uma passagem pelos diversos comentários do blog doutor enfermeiro e desacredito cada vez mais na nossa capacidade em encontrar saída para este buraco, onde enfermagem se está a afundar. Vejo a maioria revoltada, furiosa com sindicatos, contra as formas de luta, (neste caso manifestações) e questiono-me, Porquê? Por que se revoltam contra as formas de luta, contra os sindicatos e não se revoltam contra o governo, mostrando a indignação.

E como se mostra a indignação?! A história prova-nos que é com manifestações, com a revolta na rua, diante do povo. Mas não... os enfermeiros são finos de mais, são chiques de mais para irem a manifestações, fica mal andar a gritar e a levantar bandeiras.
Claro que as greves são fundamentais, mas, lembrem-se disto colegas, para o povo, que é aquele que devemos ter como aliado, a manifestação é o maior sinal de injustiça. Mais uma vez vejam os professores e tantos outros exemplos, neste e noutros países, onde as classes saíram para a rua em massa e os governos tremeram e até ruíram. Imaginem uma manifestação de enfermeiros em larga escala!
Já há semanas, houve uma "campanha" anti PS pela blogsfera: "Enfermeiro não vota PS". Eu não quero acreditar que haja enfermeiros que o façam, que continuem a confiar na política que pisou esta e outras classes de trabalhadores, mais concretamente dentro da FP.
Eu não iniciarei campanha nenhuma, cada qual votará conforme os seus ideais, mas se de alguma forma vos ajudar com a alguma suposta indecisão e se vos interessar, deixo a minha preferência.
Eu cá votarei Bloco de Esquerda, e faço-o porque acredito no seu líder. Claro que os políticos são um pouco como os bancários, aliciar é com eles, mas na hora do aperto são como lobos, é sempre preciso ter o pé atrás. Mesmo assim, vejo o Louça como alguém inteligente, justo e com coragem, o único que, para mim, poderá constituir a solução dentro do vazio que nos apresentam.
O BE será o único partido com referências concretas a enfermagem, nos seus programas: Gestão das unidades do SNS: administradores seleccionados por concurso e directores técnicos por eleição dos respectivos corpos profissionais (médicos, enfermeiros); gestão participada por utentes e autarquias, sujeita a avaliação periódica pág. 22-Um programa de emergência para a formação de profissionais de saúde e para responder ao risco de ruptura de médio prazo com o agravamento da falta de enfermeiros e médicos;(pág. 24)-Integração de todos os técnicos de saúde especializados (médicos, enfermeiros, auxiliares) nos mapas de pessoal em regime de contrato de funções públicas.(pág. 25)-Providenciar formação continuada e ao longo da vida, enquadrada dentro da carreira profissional (carreira médica, carreira de enfermagem), e que não seja dominada pela indústria farmacêutica ou com custos incomportáveis para quem dela pretende usufruir.(pág. 26)-A formação de técnicos tais como médicos do trabalho, enfermeiros do trabalho, psicólogos, técnicos de segurança e outros, de molde a criar um quadro técnico competente e em número suficiente para cobrir as necessidades. (pág. 33)-O Bloco de Esquerda defende o princípio fundamental da separação entre o exercício de actividades privadas e públicas, criando-se uma carreira específica para profissionais de saúde dedicados em exclusivo ao SNS.
Estes são os temas, carreira, manifestação e política, quem quiser mande a sua posta e já agora vote na sondagem

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O problema dos Maqueiros


Sou contra a designação MAQUEIRO. Ao maqueiro associamos maca, indivíduo no qual o seu trabalho gira em torno de uma maca. É um termo, a meu ver, um tanto ou quanto redutor. Até porque sabemos que, no caso deste SU, para alguns maqueiros, o seu trabalho não fica unicamente confinado a uma maca. Às vezes repõem material, uma vez ou outra, a muito custo, colocam um urinol a um doente e uma vez já vi um maqueiro a limpar um vomitado... minto, duas. Numa das vezes estragou tudo quando, após o elogio de UMA auxiliar de acção médica, disse, "Isto devia ser para vós". Ora, daqui só me ocorre um termo - MACHISMO em bruto.
A ideia de que o maqueiro só serve para desempenhar funções exclusivamente de carga, trabalho de peso, só para homens, já devia ter terminado há muito, até porque a categoria de MAQUEIRO, já há muito foi extinta, agora são todos e muito bem, assistentes operacionais. Pena é que só o são de carreira, na teoria, porque na prática continuam como maqueiros.
Da mesma forma que eu vejo uma auxiliar a "puxar" macas, por que é que não vejo um maqueiro a mudar uma fralda?! Por que é que eu vejo uma auxiliar a ser escalada como maqueira e não vejo um maqueiro a ser escalado como auxiliar?! As mulheres são mais que os homens, é??!
Claro que neste momento não estou a ver muitos maqueiros com perfil para Auxiliar de acção médica na íntegra, capazes de ajudar a prestar cuidados ao doente, participar nas limpezas, esterilizações, etc, mas com formação tudo se consegue.
É evidente que se houvessem mais assistentes operacionais por turno, este problema não se colocaria e as coisas talvez pudessem continuar como estão. Mas não há... Nas circunstãncias actuais e com um serviço atómico, não se justifica perder 5 minutos atrás de uma auxiliar para preparar o doente para o internamento e mais 10 minutos para conseguir um maqueiro para o levar (e no fim desses 10 minutos já não pode porque é a passagem de turno ou a divisão para a refeição). Seria 2 em 1, um elemento assumia estas duas responsabilidades, quer fosse maqueiro, quer fosse auxiliar... o tempo que não se ganharia...
Quando vou ao Porto ou a Braga transferir doentes já reparo noutra cultura, os auxiliares fazem todos o mesmo, quer sejam homens ou mulheres. Em Viana é que mais uma vez continuamos atrasados.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Opiniões - Carreira de Enfermagem


Recebi há dias este email. Trata-se da opinião de dois colegas enfermeiros sobre a Carreira que recentemente foi acordada. É importante salientar desde já que não concordo com algumas ideias dos autores, mas de certa forma entendo-as. Fica aqui o meu agradecimento por participarem, agora seria interessante iniciar-se aqui uma discussão sobre aquilo que mais nos interessa e incomoda - a carreira de Enfermagem. Deixo-vos então com o email:
Caro colega:
Sou leitor diário do teu blog e após reflexão com uma colega da mesma Instituição onde trabalho, gostaria de expor e ver publicado no teu blog a nossa opinião relativamente às negociações da carreira de Enfermagem. Ficamos sinceramente "comovidos" com a ingenuidade de alguns colegas (de enfermagem) quando só conseguem ver aspectos positivos na nova Carreira de Enfermagem... Uma carreira onde ninguém é premiado por ter mais formação, onde a progressão é feita a conta gotas e de forma arbitrária (leia-se não premiando o mérito!) e onde a remuneração nem se imagina o que será! Ficamos realmente, surpreendidos com o argumento (reunião do SEP em Viana do Castelo) de que a formação na área da investigação (mestrados e doutoramentos) nada acrescentam ao exercício, no âmbito de competências técnicas.
Para além de discordar desta posição, por considerar que toda a formação dá contributos para o exercício desde que quem a faça saiba mobilizar e colocar em prática esse conhecimento, parece-me que estamos a assumir a nossa incapacidade (de todos os ENFERMEIROS!) de conduzirmos a enfermagem para uma CIÊNCIA, criando um limite de progressão (os Curso de Pós-Licenciatura em Enfermagem), ou seja, a Enfermagem é uma profissão que não irá evoluir para ciência ficando confinada a um domínio puramente técnico! Face a tudo isto, deixamos a nossa proposta aos colegas do sindicato: Revejam o vosso trabalho, lutem pelo interesse de TODOS aqueles que vocês representam e não pensem somente nos vossos interesses particulares, caso contrário, permitam-me o conselho: "Assumam a vossa falta de visão, DEMITAM-SE e venham para a prática serem vítimas da desgraça que conquistaram!"
Fernando Ricardo Sousa

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Prémio Blog


Fiquei a conhecer esta iniciativa com o reconhecimento dos amigos blogistas do Coguitare em saúde, quando nomearam o PDDSE. Já fiz questão de agradecer internetemente o "louvor". O jogo consiste em premiar cerca de 8 blogs, explicando os motivos. Confesso que visito com pouca frequência outros blogs, (mal tenho tempo para o PDDSE), mas ao que vejo, constato que há por aí grandes artistas. Mas este foi um bom motivo para conhecer melhor alguns blogs que já estavam na mira. Sendo assim,
Nota: Esta escolha não tem nenhuma ordem, são apenas os oito favoritos,
"Kaputodeblog", um blog que nada tem a ver com enfermagem, que descobri por acaso e que algumas vezes faz-me chorar... de tanto rir. Cuidado que é um tanto ou quanto... como direi... pouco convencional talvez.
"Enfermeiro com CIO", despertou-me o título, a guideline assemelha-se muito com o PDDSE, ou seja, o conceito vai de encontro aquilo que eu acho interessante, que são reflexões do nosso dia a dia. Tem posts muito interessantes, aos quais, já tinha feito questão de deixar o meu comment.
Evidentemente o "Doutor enfermeiro", por ser pioneiro (julgo eu), por ser mega conhecido, por ser um dos mais visitados blogs de blogosfera nacional e claro, por ser interessante, polémico e inteligente.
Ao "Coguitare em Saúde", até ficava mal não reconhecer... mas nem é por isso. Excelentemente organizado e pensado. Um dos primeiros blogs ao qual dediquei atenção.
"Esse enfermeiro é..." descobri pelos autores anteriores, é recente e promete. Gostei muito do "Karting"
"Cheirinho a éter", despertou-me também pelo curioso título. Original, um sentido de humor muito interessante, uma escrita acutilante.
"A beira Lethes", o blog que originou, de certa forma, o PDDSE. Apesar de por vezes manter um ligeiro atrito (internetemente) com o seu autor, não posso deixar de reconhecer que por vezes publica posts interessantes, com observações perspicazes.
"Não compreendo as mulheres", o design é do melhor que vi, a temática também. O autor nota-se que tem muita experiência nestas coisas de conseguir atrair grandes audiências, com as suas "conversas" sublimes.
O último louvor vai para o blog de alguém que eu não posso identificar, pelo risco de perder o meu próprio anonimato, mas ela sabe de quem estou a falar. Tem bom gosto, bons conselhos, boa música e observações tal e qual como ela própria.
Agora quem quiser entra no jogo.

domingo, 23 de agosto de 2009

Porque deixei de ser português


Ontem, como sabem, aconteceu uma tragédia numa praia do Algarve, 5 pessoas perderam a vida depois de uma derrocada. É muito provável qualquer um de nós pensar que estes 5 infelizes não deveriam estar naquela zona, pois havia um sinal a avisar o perigo. Muito mais provável será, qualquer um de nós, indo a uma praia no Algarve, nem sequer reparar no sinal, pois o que quer é desfrutar de uma sombra, lá vai imaginar que aquela semi-falésia ou aglomerado de terra e pedras vai ruir.
Decerto que todos nós já fomos às praias do Algarve, não sei se repararam, mas grande parte delas são minúsculas, têm um areal muito limitado e estão repletas daquelas semi-falésias, género aquela que vitimou estas 5 pessoas. Para mim a culpa, ao contrário do que muitos devem pensar, não é destas 5 pessoas, a culpa é das entidades responsáveis!
Por que é que nesta treta de país só se tomam medidas depois das merdas acontecerem??!! Agora já veio pra aí um iluminado qualquer dizer que se vai fazer uma vistoria às praias todas da costa Algarvia. Quer dizer, sabiam do risco, mas estavam à espera que alguém morresse para agir. Porra! Doa a quem doer é mesmo assim!! Faz-me lembrar o episódio da ponte de Entre-os-Rios, em que dezenas de pessoas morreram, quando todos sabiam que aquela ponte estava por um fio. Depois todos se apressaram a remendar a de Viana e outras que tais.
Mas há tantos outros exemplos por esse país fora que me deixam fo#?&do e a desejar "Porque deixei de ser português, ou melhor por que é que às vezes gostaria de deixar de o ser".
Quem é que nunca ouviu nas notícias qualquer coisa deste género: "Criança morre atropelada, após atravessar estrada sem semáforo, junto à escola", "População fartou-se de exigir passadeira e semáforo no local onde idosa foi atropelada", " 3 pessoas morrem em acidente de viação no IP9 numa curva onde os acidentes são comuns", "Casal de idosos é colhido por comboio numa passagem de nível", etc, etc, etc, etc e etc
Vivemos no país da tolerância 0 e já agora da prevenção 0.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ameaça de Bomba no piso 6


Aconteceu mesmo! Não é brincadeira! Ontem, dia 17, ameaça de Bomba no piso 6, serviço Medicina 1, 2ª fase.
Parece que a notícia foi abafada, mas deixo-vos aqui os pormenores em 1º mão,
Será que foi o Sr. Antunes que se fartou da comida do refeitório e decidiu por uma bomba no hall de entrada?! Ou será que a Al Quaeda anda por ai?! Deve ser o Ulsam Said...
Agora a sério...
A Brigada de Minas e Armadilhas foi chamada, após uma denúncia telefónica anónima. Com eles veio o Rex, o cão polícia (fonix não consigo parar de gozar... é que isto dá-me vontade de rir, desculpem...). Consta que levaram um embrulho e o assunto foi resolvido.
A ver se não é preciso chamar o CSI (lá estou eu...).

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eduardo, uma criança anorética


Ao longo da nossa curta/longa experiência como enfermeiros decerto que já nos deparamos com situações que mexeram connosco de alguma forma. Umas deitam-nos abaixo, outras engrandecem-nos, umas deixam-nos enfurecidos, outras fortalecem-nos. Mas acima de tudo há situações que marcam, que sensibilizam. Esta é uma delas,
A mãe do Eduardo já o teve fora de tempo, mas não seria por isso que seria indesejado, muito pelo contrário. A mãe teve uma gravidez de risco, o período fértil tinha sido ligeiramente ultrapassado. O Eduardo nasceu prematuro e de saúde débil. Foi a partir desse momento que se tornou o protegido da família. Era o menino querido dos olhos da mãe. Também era o único macho de três irmãos. Tinha os olhos doces, cor de mel, de um sorriso fino e meigo. Tinha 14 anos e costumava ser titular nos juvenis do Fão, jogava a central com número 5 às costas, o do seu ídolo, Fernando Couto. Nos últimos tempos tinha perdido a titularidade, passava os tempos mais nos hospitais. Tinha perdido 12 quilos em 9 meses, sofria de anorexia.
A sua fragilidade e superprotecção tinham alimentado o distúrbio.
Permanecia sereno, deitado numa maca, com sua mãe em pé, a seu lado. O seu coração trabalhava lentamente, era a forma do seu corpo responder ao défice de proteínas. Tinha alturas que batia a 30 pulsações por minuto, mas com o estímulo da conversa que com ele mantínhamos, logo subia para valores razoáveis. A Pediatra adoptou uma postura radical logo desde o início, o que eu não condenei, achei que podia funcionar esta terapia abrupta, Eduardo, tu podes morrer, se o teu coração continua a bater desta forma, podes morrer. Sua mãe chorou de imediato e eu engoli em seco. Ele apenas comunicava com os olhos, dando a entender que percebia a gravidade da situação. A médica também se comoveu e moderou o discurso, Tu não tens amigos? Sim, respondeu. E então não queres continuar a ter?! Olha o mundo lá fora, tens tanta coisa a tua espera. O dia ajudou, amanhecia lá fora, e mesmo dali dava para saborear aquele dia de Verão perfeito.
Os raios de sol penetravam timidamente pela vidraça e o silêncio da manhã reinava quando o Eduardo também chorou. As lágrimas deslizavam pela sua face esguia, a sua expressão permanecia quase inalterável. Aquelas lágrimas poderiam ser a sua salvação, senti-as como o sinal de mudança.

Assim o espero Eduardo, o mundo espera por ti.

Enfermeiros atirados aos leões


Quando comecei a trabalhar recordo que o tempo de integração era sagrado. Aquele mês, mês e meio, ou até mais, consoante o serviço, era cumprido à risca. Nessa altura os tempos eram outros, de certa forma valorizava-se o bem-estar e adaptação do enfermeiro.
Depois chegou a crise, as EPE´s, as perdas de autonomia e poder dos chefes e a gestão anárquica de recursos humanos, porque afinal de contas o que interessa é o $$$$.
Eu quero lá saber que aquele enfermeiro esteja ou não integrado, tem é que começar a trabalhar apartir do momento que eu o contrato, tem o curso, é porque já sabe fazer tudo, preciso dele é agora e não daqui a um mês, (isto sou eu a imaginar o que deve ir na cabeça dos gestores quando atiram um enfermeiro para os leões).
Os leões não são só os doentes, são: os protocolos, os circuitos, os programas, as rotinas, os materiais, os arrumos, as características, as patologias, as terapêuticas, as equipas, a logística etc etc etc, de todo um serviço.
Como é possível alguém estar em integração 2 ou 3 turnos e no seguinte ficar responsável por 20 doentes e uma área de Reanimação?!! De quem é a culpa? Será dos gestores, será dos chefes?! Ou não será de ninguém... é o mais provável, é não ser de ninguém.
Nota: Este post nasce da sugestão de um colega do S.U, não interessa quem.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Crónicas estapafúrdias Vol. VIII - O Cunólogo


As luzes do corredor já tinham sido desligadas, a urgência já andava a meio gás. Pouco passava das 4h da manhã, hora de relativa paz, quando um jovem nos visita com uma ferida feia. Tinha-se zangado com a namorada e decidiu concentrar a sua fúria num copo, partindo-o com a mão. Dr.Q, ortopedista (não sei se se recordam) foi chamado, pois o flexor tinha sido atingido. Acompanhado pelo Dr. J, assiste o jovem azarado. Mais fo#$-se , menos ca%&lho, a história foi mais ou menos assim,
Dr.Q - Então, ca#$lho! Que é que você faz aqui a estas horas?! Questiona enfurecido.
Jovem azarado - Ahh.. Doutor, responde acanhado, Parti um copo com a mão.
Dr. Q - Fo#&da-se... e que é andavas a fazer com o copo, ca&$lho?!
Jovem azarado - Zanguei-me com a namorada.

Dr.J, explorava a ferida, enquanto Dr.Q continuava o interrogatório, cada vez mais minucioso. A revolta de ter sido acordado tinha-se atenuado devido aos contornos interessantes do infeliz episódio.

Dr. Q - A tua namorada deve ser fo%$da! O que é que ela faz?

Jovem azarado - Ahh... Tem um estabelecimento em Valença...

Dr. Q - Um estabelecimento em Valença?! Não me digas que tem uma casa de putas?!

Dr. J e o enfermeiro hesitaram entre a gargalhada e o silêncio, mas não aguentaram. Até o próprio interrogado esboça um sorriso, talvez fosse melhor não levar a mal, afinal de contas era a sua mão que estava em jogo. Responde, por fim, após a risota geral,

Jovem azarado - Ahh.. não.. É uma casa de meninas.

Dr. Q - Meninas... pois. Então o que é que tu fazes lá?

Jovem Azarado - Humm... estou lá...

Dr. Q - Estás lá?! returque pouco convencido. Não me digas que és o cunólogo.

E a gargalhada foi ainda maior... e a história fica por aqui... é melhor

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Crónicas estapafúrdias vol. VII - Às vezes perco-me a tentar perceber a mente humana.


Nota prévia: Há já algum tempo que não editava as crónicas, por isso convém relembrar que todas as crónicas estapafúrdias são histórias reais, com personagens inventadas, para não ferir susceptibilidades.
O Enfº Y tinha recebido a informação, estava prestes a chegar ao SU um doente com o diagnóstico de tuberculose pulmonar, com alto risco de contágio. As medidas de precaução possíveis foram asseguradas e o senhor infectado seguiu directamente para o pseudo-isolamento do SU. Aqui , caros leitores, surge a primeira parte estapafúrdia.
Desde que se ergueu esta Urgência, há mais ou menos 30 anos, que existe uma sala que denominarei de pseudo-isolamento/sala de tratamentos/sala de espera de doentes para PSIQ-ORL-OFT. Tanto funciona para instalar doentes com tuberculose, como para, (em alturas distintas) deixar doentes à espera do psiquiatra ou, por exemplo, fazer um enema de limpeza a um doente ou ainda, mais recentemente, para deixar suspeitas de gripe A. É uma sala multi-usos!
Foi necessário a chegada do H1N1 para se começar a pensar em fazer umas obras a este pseudo-isolamento/sala de tratamentos/sala de espera de doentes para PSIQ-ORL-OFT, para que se torne unicamente (?) um isolamento à seria.
Para que tenham uma melhor ideia do que vos estou a falar, descrever-vos-ei o pseudo-isolamento/sala de tratamentos/sala de espera de doentes para PSIQ-ORL-OFT:
Dirigindo-se pelo corredor principal, encontra na 8ª porta à sua esquerda , a entrada para o pseudo-isolamento/sala de tratamentos/sala de espera de doentes para PSIQ-ORL-OFT, abre a porta, e vê um compartimento talvez do tamanho de um quarto de casal (de um apartamento modesto), no topo superior da parede de fundo, temos umas janelinhas, género as de uma garagem (do mesmo apartamento). Depois temos um lavatório dos anos 20 e um saco branco, e para terminar temos o ar condicionado ou incondicionado, pois mal funciona. Finalmente está em obras! Agora vamos ver é como vai ficar, pelo menos já estão a deitar paredes abaixo. Há males que vêm por bem.
Agora a segunda parte estapafúrdia,
O enfº Z equipa-se segundo as normas estabelecidas, para ir ter com o tal senhor que tinha uma tuberculose. Eis que entra em cena Dr X, (não sei se se recordam) e questiona enfurecido o Enfº Y: Quem é o responsável de turno? Quem é o responsável pelo enfº Z? Recebe a resposta e comenta, de forma a que acompanhantes, doentes e quem estivesse no seu raio de acção ouvisse, qualquer coisa do género: Só lhe falta levar o preservativo! Será que também leva preservativo?! A história foi difundida e pelo que se constou, a intenção não era ter piada, era mesmo criticar e condenar (o que está certo), mas se fosse para ter piada, não teve nenhuma, digo eu.. é por isso que às vezes perco-me a tentar perceber a mente humana.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Factor C ?!


Tenho recebido alguns comentários (que reencaminharei para este post), que mencionam dados estranhos acerca do concurso para entrada de novos enfermeiros na ULSAM. Sinceramente não tenho conhecimento real do que se está a passar, apenas ouvi uns rumores, por isso a exclamação e interrogação.
Convidei um anónimo, que abriu aqui neste blog esta discussão, para criar o post sobre este tema, mas ele(a) desapareceu. Os comentários que se seguem são da responsabilidade dos intervenientes... e minha, mas só acredita quem quer.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Aos meus colegas do SU


Esta é uma carta destinada para a caixa de reclamações/sugestões do SU. Gostava que os enfermeiros do SU a lessem e manifestassem aqui neste blog a sua aprovação ou reprovação. Caso aprovem, refiram se, tal como eu, a assinam. Caso assinem, ela há-de chegar às vossas mãos. (ainda não sei é como, porque eu não vos a posso entregar)

Em qualquer local de trabalho torna-se essencial um ambiente minimamente saudável. Num serviço de prestação de cuidados ao utente mais ainda se tornará, por razões evidentes. Com um ambiente cordial e harmonioso a eficiência será potencializada, assim como o atendimento e bem-estar do utente.
É sabido que o conflito é comum nas relações inter-pessoais, devido à complexidade das diversas situações com que diariamente nos deparamos, o que não é compreensível é o conflito criado sem sentido.
Enumeras foram as vezes em que os enfermeiros desta equipa relataram no seu seio, como forma de descomprimir, situações lamentáveis e evitáveis, criadas nas tais relações inter-pessoais. Quase nunca estas situações, muitas vezes com graves contornos, são expostas a quem de direito, por receio de que o ambiente de trabalho se deteriore ainda mais, ou até porque as pessoas não se querem incomodar ainda mais.
Os enfermeiros encontram-se no meio de uma cadeia de classes, por conseguinte, estabelecem um maior volume de interacções profissionais. Consequentemente, são os que mais sentem a pressão do possível conflito, são os que mais o vivenciam e são os que mais sentem necessidade de uma intervenção exterior.
No nosso meio, a relação médico enfermeiro será indubitavelmente a mais decisiva, porém, lamentavelmente, é a que mais atritos gera. Não se pretende denunciar esta ou aquela situação lamentável, nem se pretende denunciar este ou aquele médico que tiveram atitudes infelizes. Pretende-se alertar as pessoas que têm a capacidade de mudar o rumo da situação, para evitar que estes episódios sejam frequentes e que evoluam para desfechos ainda mais infelizes, como por exemplo, possíveis agressões físicas, (como já aconteceu).
Sendo assim sugerimos:
Formação obrigatória para todos os profissionais, com o tema (p.e.) – “Saber estar, saber respeitar em trabalho em equipa”, ou consulta de psicologia obrigatória para todos os funcionários de (p.e) 5 em 5 anos, ou sempre que o profissional achasse importante.
Poderia ser uma medida inovadora e quiçá pioneira no nosso sistema nacional de saúde.

Os signatários,

Guilherme de Carmo

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Agora é convosco.. leiam, discutam, sugiram, cá vos espero..

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Polémica no Hospital de S. João

Após a controvérsia causada pelo enfermeiro que decidiu, e bem, escrever uma carta ao P.R, queixando-se de injustiça, perseguição e discriminação por parte da chefia de um serviço do Hospital São João, nova polémica acontece nesta imponente instituição de saúde.
Gilson Alves, interno de cirurgia cardio-torácica, está, desde esta 2ª feira, em greve de fome, num gabinete no próprio hospital.
Tal como todo o interno que quer dar mostras da sua dedicação e interesse, pediu inicialmente para assistir a cirurgias, mesmo após longas horas de urgência. A adrenalina, a vontade desmesurada de aprender, falavam mais alto que o bom senso. Depressa estes horários absurdos e desumanos se tornaram um hábito. Gilson Alves começou a ficar saturado, cansado de ser explorado. Ao contrário de muitos, não se calou. Manifestou a sua indignação, apontou os culpados e por isso foi castigado. Permanece desde Março confinado a um gabinete, onde nada mais fez do que magicar o plano que o poderia salvar deste precipício, idealizou a greve de fome, criou um blog onde movimenta todas as suas emoções, através de textos e vídeos. É aqui que recebe as centenas de comentários, maioritariamente a aprovar a sua causa. Poderão visitá-lo clicando neste link. Fiquem a conhecer a discriminação e calúnia a que foi sujeito.
Poderão vos surgir algumas dúvidas quanto à veracidade de tudo o que afirma, só estamos a conhecer a sua versão. Porém, a magnitude dos seus actos merecem no mínimo a nossa atenção. isto não se trata de um problema de um indivíduo, de uma classe, mas sim de um problema geral, que atinge muitos portugueses, das mais variadíssimas classe laborais. Despertem porque amanhã podem ser vós, ou um dos vossos, ou todos vós.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O ciclo vicioso


Ainda não tinha feito o meu dever como enfermeiro, colega e blogista - divulgar esta grandiosa petição, (é que às vezes gosto de fazer umas pausas introspectivas).
Duvido que ainda haja alguém que desconheça a Petição das Petições, a Nº 1 e que chega mesmo a ultrapassar a da conhecida menina russa, mas poderá haver um ou outro mais distraído, por isso, se achas que este governo desrespeita os enfermeiros, visita e assina Petição - Todos pela carreira de Enfermagem, se achas que gostas de ser explorado, então não assines.
A ideia foi brilhante, a abrangência está a ser fantástica (últimos dados com 7115 signatários), quanto às repercussões falarei adiante. Na minha opinião, no seu texto de intervenção, há ali apenas um parágrafozito (o antepenúltimo) que não foi muito feliz, acho que está um pouco confuso, a rasar a ameaça, mas também são pormenores.
Confesso que estou um pouco saturado e pessimista, este longo processo tem sido mais troca, menos troca, da seguinte forma:
... Adiamento, adiamento, reunião, retrocesso, impasse, manifestação, adiamento, reunião, avanço, retrocesso, reunião, impasse, adiamento, reunião, impasse, greve, avanço, retrocesso, manifestação, impasse, adiamento, adiamento, reunião, impasse, impasse, greve, retrocesso e depois aconteceu algo fora do normal, que foi um... adiamento, seguido de manifestação, reunião, impasse, avanço, reunião, retrocesso, impasse, manifestação, impasse, reunião, impasse, reunião, greve, e depois se não me falha a memória, acho que houve um impasse, que me corrijam se estiver enganado, a seguir uma manifestação, greve, reunião, reunião, impasse, impasse e... Ah! Foi um impasse, seguido de adiamento, reunião, greve, greve, avanço, avanço (Ui! 2 avanços seguidos!) Retrocesso, retrocesso (bem me parecia...) e depois ou houve uma greve, ou uma reunião, é que já estou um pouco baralhado. Neste momento estamos a atravessar um impasse, aproximando-se uma reunião ou adiamento, ainda não se sabe.
Agora abro aqui um espaço de debate ou reflexão, como quiserem. Depois de tudo isto, quais são as tuas expectativas? Depois de todos os esforços, uns bem, outros menos bem conseguidos, será que vamos cair novamente no buraco da indiferença? Será que a petição vai funcionar? Será que estamos próximos de um final feliz, ou infeliz?
Para terminar, deixo-vos com a não menos importante petição sobre o problema que se passa em Ponte de Lima, visitem e assinem, se assim o acharem, fica aqui o link Hospital Conde Bertiandos, garanto-vos que os motivos são muito legítimos, e tal como na outra fazem a subscrição em 1 minuto.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Musicoterapia



Nina Simone - Ain’t Got No… I Got Life

Ain’t got no home, ain’t got no shoesAin’t got no money, ain’t got no classAin’t got no skirts, ain’t got no sweatersAin’t got no faith, ain’t got no beardAin’t got no mind
Ain’t got no mother, ain’t got no cultureAin’t got no friends, ain’t got no schoolingAin’t got no name, ain’t got no loveAin’t got no ticket, ain’t got no tokenAin’t got no God
What have I got?Why am I alive anyway?Yeah, what have I got?Nobody can take away
I got my hair, I got my headI got my brains, I got my earsI got my eyes, I got my noseI got my mouth, I got my smile
I got my tongue, I got my chinI got my neck, I got my boobsI got my heart, I got my soulI got my back, I got my sex
I got my arms, I got my handsI got my fingers, Got my legsI got my feet, I got my toesI got my liver, Got my blood
I’ve got life, I’ve got my freedomI’ve got the life
I got a headache, and toothache,And bad times too like you,I got my hair, I got my headI got my brains, I got my earsI got my eyes, I got my noseI got my mouth, I got my smile
I got my tongue, I got my chinI got my neck, I got my boobiesI got my heart, I got my soulI got my back, I got my sex
I got my arms, I got my handsI got my fingers, Got my legsI got my feet, I got my toesI got my liver, Got my blood
I’ve got life, I’ve got my freedomI’ve got life, I’m gonna keep itI’ve got life, I’m gonna keep it

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Um dia na vida de um Enfermeiro da Admissão - Último episódio


Cenas do último capítulo,
(...) Tenho que render novamente a colega da Triagem que fica radiante por me ver. Começo a triar,
Episódio IV
Utente ySr Enfermeiro, desde a semana passada, enquanto estava a ver o festival Eurovisão da canção, que tenho um formigueiro neste braço e uma pontada nas costas…
Seguro a gargalhada, a Triagem às vezes também nos proporciona momentos deliciosos. À sexta triagem entra a vmer repentina para a sala de emergência, soa o alarme estridente, dirijo-me à sala e levo já na mão uma pulseira vermelha. Devido a esta hora crítica do jantar, apenas um colega se encontrava na sala, juntamente com a equipa do carro amarelo. Passados segundos tinham chegado os médicos. Senti-me no dever de ficar a ajudar, afinal de contas enfermeiros de urgência são para estas situações. Tratava-se de uma senhora de 80 anos, que de repente, em casa, tinha-se lembrado de deixar de respirar. Durante 20 minutos tentamos reverter o inevitável, o desfecho não tinha sido favorável. Volto à triagem, 20 minutos ausente, 20 utentes em espera.
E.ABoa noite! Então que se passa?
Utente XDoí-me a barriga.
E.ADesde quando?
Utente XDesde ontem, mas hoje já estou melhor.
ENTÃO QUE RAIO ESTÁ CÁ A FAZER??! Imaginei dizer. Aquele principio de que, quando temos uma dor, tentámos resolver em casa, se melhorarmos, tanto melhor, se as coisas piorarem é que começamos a pensar em ir ao médico, a esta (e a outras) pessoa(s) não se aplicava, ou melhor, aplicava-se ao inverso.
Mais umas queixas e regressa a colega da Triagem, não lhe deixo um panorâma muito agradável, explico que aconteceu algo (im)previsto. Preparo-me para o último sprint, 3 internamentos em espera, 2 folhas de terapêutica de doentes que iam ficar em OBS…Macas, ou seja, um “OBS” onde se encostam os doentes em maca a uma parede, que muitas vezes parecia interminável. A cada um destes é atribuída uma letra, seguindo o abecedário, já ia na H. Era comum a competição para ver quem tinha tido mais macas, havia uns tantos enfermeiros que já se gabavam, por ironia, de ter chegado a ter a Maca B’, ou seja, tinham dado a volta ao alfabeto.
Um dos internamentos tinha ficado esquecido na secretária dos cirurgiões somente há 5 horas. Bem achava estranho aquele doente que se encontrava na Twilight Zone, nem num lado, nem no outro, mas também, mea culpa talvez, não me tinha dado ao trabalho de ir ver o que é que se passava com ele, talvez por permanecer calmo, indiferente à confusão em seu redor, talvez fosse daquele tipo de doentes tão crivado de hospitais, que se tornara imune à impaciência da espera. Tratava-se de um doente reencaminhado do Hospital de S. João, nem se justificava por ali passar, nada foi feito por enfermagem, apenas uma nota de circunstância.
Seria uma sorte, com a quantidade de exames em espera, conseguir um maqueiro para levar pelo menos um internamento antes das 23h, hora de passagem de turno. O meu colega continuava tarefeiro, no trinómio análises/soro/medicação, ao mesmo tempo que barafustava com a lentidão dos computadores. Com a impaciência, clicava sucessivamente até que davam o tilt. Esta Admissão mais parecia uma mini-central de computadores arcaicos que bloqueavam sistematicamente devido ao uso ininterrupto, o ruído que emitiam era oco e desgastante. O sistema Alert (programa criado para coordenar todos os procedimentos num SU) anda a 100 rotações por minutos, os enfermeiros da Admissão andam a 200, claro que dariam o pifo.
E.AEntão leva-me este internamento, se faz favor? Está prontinho!
Maqueiro 2Está bem. Onde está o processo?
Uii, estarei a ouvir mal?! Entrego-lhe o processo surpreendido e digo adeus e as melhoras ao senhor que estava esquecido. E assim terminava o tempo dos internamentos, senão ouvíamos das boas dos colegas lá de cima. Pego numa das folhas de terapêutica, escolho a de baixo, provavelmente a primeira a ser deixada na banca. Um senhor que tinha tido um pós-operatório complicado, tinha estado nos Intensivos e depois terá tido uma alta precoce. Continuava a perder sangue sabe-se lá por onde. Onde iria ficar? “OBS” Macas.
Tentámos numa última arfada, deixar o painel menos cintilante. Conseguimos finalmente atingir a meta, desta feita seria um atraso de 20 minutos. Nada mau…
Chega o colega da noite para receber o turno.
E a história termina da mesma forma que tinha começado,
E.AComo é tão bom ver-te! Deixa-me passar o turno que já estou saturado.
Casa, banho, cama… para a minha princesa.
Princesa - Então amor trabalhaste muito?!
E.A - Trabalhei…
Princesa - Também respondes sempre o mesmo, e adormece no meu peito.
FIM
Retiro-me com a escolha do Dj, espero que gostem,

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um dia na vida de um Enfermeiro da Admissão - Episódio III


Cenas do último Capítulo,
(...) Vejo o Colega de turno com cara de poucos amigos
E.A - Então que se passa?
Episódio III
Colega de turnoAli a tua amiga (médico 1), entrou aí a mandar vir por o doente do AVC ainda ai estar.
Respiro fundo e relembro os ensinamentos do yoga, utilizar as energias negativas, convertendo-as em positivas.
E.ADeixa lá isso, eu vejo a doente, continua tu no painel.
Doente 1Sr. Enfermeiro já chegaram as minhas análises?
E.AIsso é com o médico, respondo áspero.
Volto ao AVC, planeio ver temperatura, tensões e glicemia capilar, só encontro o termómetro, mais uma volta ao serviço para encontrar o aparelho para ver tensões e a maquineta para a picada no dedo, resultado 5 minutos perdidos. Mais 5 a corrigir as alterações, febre, hipertensão e hiperglicemia, ou seja tudo. Deixo a senhora pronta para o internamento, mais uma volta para encontrar maqueiro, desta vez com sucesso.
E.ASr. Maqueiro leve-me aquela senhora ao internamento.
Maqueiro 3Não posso, estou nas fichas.
E.APode, pode, eu falo com o enfermeiro das fichas.
E lá vai ele contrariado, remoendo umas palavras pouco agradáveis. É por isso que nunca se deve dizer “Não posso”, poder, podemos sempre, agora, “Não devo” é mais correcto, de facto não deve, mas pode. Tal como há falta de enfermeiros, também faltam maqueiros, já para não falar de auxiliares. Muitos são aqueles que dizem,
“Seria bom que aqueles que mandam, estivessem cá neste dias, talvez colocassem mais pessoal”.
Pois é caro cidadão (e esta é para ti Ângelo Miguel!) o enfermeiro não se queixa exclusivamente por ser mal pago, queixa-se, entre inúmeros aspectos, das más condições de trabalho, muito devido à falta de pessoal e que têm implicações directas no seu atendimento. Avaliem bem, Senhores gestores, os sítios onde não se faz nenhum – onde o pessoal poderia ser reduzido e transferido para onde efectivamente se faz. Bom… isto era um pequeno desabafo, já me estava a perder… voltando à série,
Nem tudo era mau na Admissão, este era o momento em que efectivamente estavam dois enfermeiros, onde se conseguia ter um pouco mais de controle da situação.
Colega de turno - Só análises, só análises!... A todos os doentes pedem análises.
E.AÉ mesmo! É impressionante!
Qualquer utente que queira uma análise de rotina, basta ir ao Serviço de Urgência e dizer que sente… qualquer coisa, é garantido que faça umas análises ao sangue, até mesmo que diga que sente que o futuro dos portugueses vai melhorar! Bom… aí é mesmo melhor pedir umas análises, pesquisa a opiáceos..
Várias são as vezes em que vejo esta urgência como um laboratório de análises. Por falar nisso, colho sangue a mais dois utentes, é melhor deixar um cateter, o mais provável é daqui a pouco estarem a pedir medicação.
Já não há macas para deitar doentes, nem muito menos cadeiras. Uma equipa de bombeiros espera há largos minutos, à entrada do corredor, uma vaga para deixar um doente. Mais duas corporações estão lá fora, se esses doentes precisarem de maca, vai haver engarrafamento, ou melhor, já há.
E.ASr. Amílcar, não se importa de levantar um pouco, para sentar esta senhora, para fazer umas análises? O Sr Amílcar era um velhote todo janota, marido da Dona Zulmira, tinham vindo à urgência por razões pouco específicas.
Sr. AmílcarCom certeza, com certeza, Sr. Enfermeiro .
Finalmente subia para o internamento a senhora do lenço na cabeça, não sei se recordam, pelo menos era paciente. Volto-me para um doente que estava sob a responsabilidade de Neurologia, estava suado, com o pulso oscilante. Reúno o material, abro o armário, já não havia o soro pretendido, mais uma volta ao outro extremo para buscar. Tenho que falar com o médico sobre este doente. Onde está?! Não está… Neurologia tinha saído às 20h. Vou ter com o médico de Medicina interna.
E.ADoutor, está ali um doente de Neurologia que está mal.
Médico 3 – NÃO QUERO SABER! SE É DE NEUROLOGIA! Responde, mais uma vez aos berros, como se eu fosse o culpado.
E.A – Pois, mas Neurologia não está.. Só lhe estou a comunicar, faça o que entender.
Médico 3 – ISTO É INSUPORTÁVEL, AMANHÃ VOU FALAR COM O DIRECTOR CLÍNICO! Desabafa, um pouco menos irritado.
E.AMeta-lhe uma cunha para ver se metem mais enfermeiros, acrescento, a tentar descongestionar o ambiente.
E lá foi ele, a ferver, ver o doente…
Aproximava-se a hora do jantar e com ela o tormento da colega de Pediatria que teria que se tornar omnipresente, estando em dois sítios ao mesmo tempo – Pediatria e Admissão. Em dias de caos, dificilmente alguma área escapava, como é habitual Pediatria estava recheada, para passar por lá era preciso fazer uma gincana. Encontro a colega no meio de uma miscelânea de brufens, brinquedos, sondas, pais, seringas, tabuleiros, biberons, desenhos, enfim numa encruzilhada. Digo-lhe com lamento,
E.ATemos que dividir para ir jantar…
Colega da PediatriaPodem ir, é certo que não vá lá, isto está impossível.
Volto costas e com o colega da Admissão, tentamos limpar um pouco mais o painel, ao fim de 5 minutos percebemos que era impossível, tínhamos que ir, continuavam a chover pedidos.
Fomos jantar, desta vez não numa hora, mas em meia. O tema de conversa eram as aventuras e dissabores durante este e outros turnos, o costume, conversa de enfermeiro.
Voltamos ao Vietname, país muitas vezes designado em tempos de crise. Passo uma olhadela pelo painel, atraso superior a uma hora, 3 painéis repletos de pedidos, podia ser pior, naturalmente a colega de Pediatria mal tinha conseguido vir à Admissão, ou seja, 37 doentes tinham sido vigiados por uma equipa de… fantasmas. Tenho que render novamente a colega da Triagem que fica radiante por me ver. Começo a triar,
Final do episódio III