segunda-feira, 19 de novembro de 2018

QUAL O PROBLEMA DA GREVE CIRÚRGICA !........?


Aproxima-mo-nos de mais um momento importante na história recente de enfermagem e como tenho uma "costela" ou um gosto especial por História de Enfermagem, não poderia deixar de registá-lo no PDDSE, apesar do pouco tempo que tenho tido para o blogue, nesta fase. Para memória futura então, escrevo sobre a Greve Cirúrgica (GC) que aí vem.

Há muito que ando para escrever sobre ela, mas tenho adiado, porque sejamos francos, tenho alguma apreensão em ser enxovalhado pelos muitos "fundamentalistas" que temos na nossa classe e acreditem, temos muitos, pelo menos no Facebook abundam, julgo que hoje em dia, no meio virtual, se chamam haters - Ou estás comigo, ou és um idiota, odeio-te! Basicamente é este o princípio e como estou numa de fase Zen, evito o conflito, evito pôr-me a jeito, mas por outro lado, a minha opinião nunca poderia ficar condicionada por isso, até pela importância do assunto. Hoje em dia não é nada fácil ter e expor publicamente uma opinião controversa...

A pergunta no título pode ser feita de duas maneiras. A primeira pode ser feita em tom de confrontação - Mas afinal, qual o problema da greve cirúrgica ! 
Ao que responderia - Eu não estou contra a GC! Aplaudo os mentores deste e de outros movimentos, percebo completamente este momento de desgaste, frustração e revolta que os origina, faço parte dele. Repito, este é ou poderá vir a ser um momento histórico para a enfermagem.
A GC, independentemente de nos trazer resultados ou não, já constituiu mais uma demonstração de coesão e força, rapidamente se percebeu que o objectivo dos 300 000 eur seria facilmente alcançado e muito ruído na comunicação social e meio político houve e certamente haverá, em seu torno. É um sinal de alarme para o governo. Portanto na minha opinião, apesar das reticências foi e é positiva.

A segunda maneira, pode ser feita numa simples interrogação - Qual o problema da greve cirúrgica?

Não me oponho à GC, nem isto é uma forma de dissuadir seja quem for do que quer que seja, trata-se de uma opinião, um conjunto de dúvidas e questões no meio de tantas outras. 
Não apoiei monetariamente e já explicarei o porquê, mas estou solidário com os colegas dos Blocos que vão aderir e espero sem qualquer tipo de cinismo, que não venham a ter problemas, porque não o merecem.
A ideia da GC é inteligente e não é inédita. Em tempos o SEP desenhou-a, mas não foi avante, porque esbarrou em vários constrangimentos legais e não terá tido este apoio avassalador, que esta hoje tem. Se calhar foi esse o problema, quem sabe. Hoje a internet, as redes sociais, dão-nos outro poder, que no passado seria impossível. Mesmo assim, na minha opinião, a forma de organização da GC e toda a sua logística tem riscos e levanta-me algumas questões, principalmente sobre o assunto dinheiro. 

Porquê 300 000 eur? Quem gere, como gere, como vai ser distribuído? De quem é a conta e porque está em nome individual? Porque não numa conta dos sindicatos que estão a apoiar? As finanças, os descontos, como vai ser? Há base legal ? Há alguma base legal para estar a pagar a alguém para não trabalhar? Será ético? É moralmente aceite estar a pagar a alguém para fazer uma greve por tempo prolongado, quando "eu" raramente a faço e nunca participo nas manifestações?

Depois há a questão dos SIGICS, onde já se leu que alguns dos abrangidos pela greve iriam fazer SIGIC (a ser verdade, é preocupante), depois houve um erro básico de decretação que me levou a pensar que não se sabe bem o que se está a fazer. Enfim, várias dúvidas tive, dúvidas essas às quais não encontrei respostas na mesma rede social utilizada para a sua divulgação e quando assim é prefiro ficar quieto. 
Não apoio, não me oponho, mas tenho as minhas reservas que julgo que serão as de muitos e quer queiram, quer não, são legítimas e deveriam ser abordadas claramente, porque se é para abrir o jogo, é para abri-lo todo!

Para os haters, pelo menos vejam que fui honesto, disse explicitamente que não contribuí para a GC e o porquê, não fiz como aqueles que aplaudiam, mas não deram um tostão!
Concluindo, a minha posição é neutra, de abstenção. Nem tudo nesta vida tem que ser carne ou peixe, eu escolho a outra opção.
Acima de tudo, a luta continua, nesta e noutras frentes!

1 comentário:

  1. Eu discordo por completo da "Greve Cirurgia" e sempre me manifestei contra a o modo como foi organizada e financiada.

    1º - Quanto cobra a "PPL" aos enfermeiros que dão dinheiro para o fundo? 7,5% vão ficam na empresa privada que organizou a angariação. A "PPL" é uma empresa privada que vive destas coisas.
    Vinte sete mil euros - 27.000€ - foi quanto rendeu á PPL a greve. Não havia outro modo de fazer as coisas?


    2º - como é que até ao dia 27 de Outubro só havia 50% do dinheiro necessário e em 7 dias choveu no fundo os €€€€ em faltavam?
    https://ppl.pt/prj/greve-cirurgica#updates (podem consultar - dados da PPL).
    Será que um grupo gigantesco de enfermeiros que se organizou em simultâneo para dar as 15 dezenas de milhares de € que faltavam?
    Foi alguma alma benevolente?
    Caíram do céu?
    Ou foram os interesses ocultos a "ajudar" os enfermeiros nesta greve que só vai destruir o SNS que diz querer salvar?
    Aliás, já está na calha o envio de doentes para os privados. Nada é por acaso.

    2º - Termos de ser cautelosos e criteriosos na análise da greve.
    A quem realmente serve esta greve?
    Está a evidenciar o poder de bloqueio dos enfermeiros mas a curto/médio prazo vai destruir-nos.
    Neste momento está clara a origem partidária da greve e das consequências que vai ter para o futuro.
    Esperem pela proposta escrita de Lei de Bases da Saúde do ex-ministro Luís Filipe Pereira para verem como tudo isto se encaixa. Essa proposta de Lei de Bases da Saúde só visa uma coisa privatizar e desmantelar o SNS. Já a apresentou mas ninguém lhe ligou, qualquer dia ressurge com toda a oportunidade o mediatismo.
    Esta Greve vai ajudar e imenso essas propostas e vai dar-lhes a razão que lhes falta.
    Estamos a ser manipulados e usados por um partido politico que sempre se borrifou para nós. Estamos a ir atrás de "cantos de sereia" que nada de bom auguram.

    Estamos numa guerra de desgaste. Vamos ver quem se desgasta primeiro.

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