domingo, 31 de outubro de 2010

A década da decadència - Vol III

Esta também foi a década em que os hospitais se tornaram empresas. O principal objectivo seria o corte nas despesas e para isso aparecem economistas ou gestores, que apesar de perceberem de números, pouco ou nada percebem de gestão em saúde.
O meu hospital, após anos sucessivos de desaires orçamentais, anunciou balanços positivos nos últimos anos, isto apesar de ainda dever dinheiro aos enfermeiros. Outros, em vez de diminuir, aumentaram o défice, como em Braga p.e.
Parece evidente que de uma maneira geral cortou-se nas despesas, mas também se cortou na formação em serviço, qualidade de cuidados, qualidade de materiais, rácios e autonomia das classes, principalmente de enfermagem.
As gestões hospitalares do SNS cada vez se assemelham mais com as privadas, o que importa é ter anúncios bonitos à entrada a dizer que são os maiores, o que importa é o lucro sem se olhar aos meios, o lucro a qualquer custo com o menor número possível de profissionais de saúde a tratar o maior número de doentes possível

domingo, 17 de outubro de 2010

Olha pró que eu digo, não olhes pró que eu como

Hoje, dia 15 de Outubro, é o dia mundial da alimentação.
Parece que um canal de televisão andou a entrevistar profissionais de saúde sobre o que comiam.
Não é necessário ser muito observador para concluir que uma significativa parte destes tem maus hábitos alimentares. Em casa não sei o que comem, mas nos hospitais, que é onde a maioria passa a maioria do tempo, é o que se vê.

Sempre que vou ao bar do hospital, perco o apetite. O menu é quase sempre igual:
Panados, rojões, bife, fêveras e filetes, acompanhados de, invariavelmente, arroz aos grumos e batatas fritas ressequidas.
Também não será necessário ser perito em nutrição, para verificar as quantidades excessivas de gordura e hidratos de carbono que daqui advêm.
Na minha opinião um hospital deveria dar o exemplo no que diz respeito a hábitos alimentares e poderia começar pelo seu bar. Será que é por isso mesmo, por ser bar?! Bom… o refeitório muito melhor também não será, mas sempre há mais variedade e qualidade nutricional talvez, apesar de nem sempre estar acessível aos profissionais e ser um espaço pouco apetecível.

Acho que nestes últimos anos, as pessoas preocupam-se mais com o que comem e o conceito de cozinha alternativa surge em força.
Porque não repensar os menus? Seria um bom desafio para quem gere este bar. Aqui ficam algumas sugestões simples, económicas e saudáveis:
Empadão de espinafres
Hambúrgueres de soja com quinoa
Panados de peru com ervas
Sopa de batata doce e courgette
Croquetes de marisco com esparregado
Tagliatelle com pesto de rúcula
Arroz integral com grelos e panados de tofu
Douradinhas no forno com hortelã e batatinha assada
Truta em papelote com legumes salteados

... e sobremesas:
Tarte de arroz integral
Bolo de manga e coco
Aspic de fruta

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A década da decadência - Vol II


Ainda recordo o tempo em que haviam escolas de enfermagem que só admitiam alunos com uma nota mínima de 17. Eram raras as escolas com nota mínima de acesso abaixo de 14.
Hoje com 9,6 val. já se vai para enfermagem.
Enfermagem agora é um curso de escape para se entrar no ensino superior.
Passou de curso de primeira linha, a curso terciário. Desvalorizado completamente, passou de uma meta a um meio para atingir outra qualquer meta.
Quem é que no seu perfeito juízo vai colocar enfermagem nas suas opções de entrada no ensino superior?!
Perdeu-se por completo o rumo, as escolas estão pura e simplesmente a formar para o desemprego ou emigração.
Durante este trágico período, construíram-se novas escolas, aumentou-se exponencialmente o número de vagas, numa sede incontrolável de formação para o vazio.
Brevemente já nem os países importadores de enfermeiros aceitam novas remessas, já devem estar quase lotados.
Tenho fortes dúvidas sobre a competência das entidades que regulam este tipo de coisas. Tenho vergonha deste país que permite estas políticas.
Por muitos de defeitos que tenha a classe médica, dou-lhes valor, pois têm a inteligência de se resguardarem numa redoma, regulando assim as entradas para medicina.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A década da decadência - Vol I


Há uns tempos li um post dos colegas do Cogitare forumenfermagem, sobre alguns dos problemas que enfermagem atravessa e atravessou, ao longo destes últimos 10 anos. Esse título fez-me ver que, de facto, esta foi a... DÉCADA DA DECADÊNCIA PARA ENFERMAGEM.
E então lembrei-me de iniciar aqui uma colectânea de posts sobre este assunto. Vamos ver se não tem muitos volumes... A tua colaboração será sempre bem-vinda, caso esqueça algum ponto relevante, relembrem-me.
                                              .....

Após uma época de orgulho e sentimento de dever cumprido, com a conquista da legítima licenciatura para os enfermeiros, inicia-se inesperadamente a época negra para enfermagem.
Por pouco ou nada que ela viesse acrescentar (outros assuntos...), os enfermeiros eram definitiva e justamente licenciados.
O compromisso tinha sido estabelecido, os enfermeiros passariam brevemente a ser pagos e reconhecidos como licenciados.
Passados todos estes anos... nem uma coisa, nem outra.
A situação manteve-se e, para alguns, até se agravou.
A frustração, desmotivação e sentimento de injustiça e desconsideração são por demais evidentes nos discursos dos enfermeiros.
Continuamos uns simples técnicos bacharéis...

CONTINUA...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

GANÂNCIA, MANIPULAÇÃO E PASSIVIDADE

A ganância e manipulação incomodam-me profundamente.
Enquanto que, há VÁRIOS MESES, os enfermeiros esperam que lhes sejam pagas as horas extraordinárias, de turnos que são mesmo extraordinários, temos médicos, directores de serviço, que "sugam" as horas extraordinárias para si e são-lhes pagas pequenas fortunas a tempo e horas. Ou seja, fazem todos aqueles turnos valiosos de fins de semana e afins, onde são pagos a peso de ouro, porque estão no topo da hierarquia.
Vemos folhas de vencimento deste senhores com valores (SÓ DE PAGAMENTOS DE HORAS EXTRAORDINÁRIAS) superiores a 5000 euros.
Como é que isto acontece? Como é que isto é permitido? Expliquem-me!

Se os administradores hospitalares quiserem de facto demonstrar trabalho e poupança ao Sócrates, que tanto se queixa da crise, sejam justos, coerentes e rigorosos e não permitam esta vergonha!
Existe um site criado pelo PSD, que possibilita que o cidadão sugira medidas de poupança. Eu fiz o meu dever, expus este facto vergonhoso e ao mesmo tempo deixei uma alternativa, que não é nada mais nada menos, do que analisar esta situação e não permitir esta manipulação gananciosa.
Visitem http://www.cortardespesas.com/ e façam também a vossa sugestão. Ela é analisada obrigatoriamente pelo gabinete de estudos nacionais do PSD e eventualmente, caso seja pertinente, poderá ir à Assembleia. Depois não digam que ninguém vos ouve. Cá está a vossa oportunidade!
POR ROBIN DOS HOSPITAIS